Aula 10 CLASSIFICANDO O CONTRATO DE DOAÇÃO SIMPLES UNILATERAL

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Transcrição:

Turma e Ano: CAM MASTER B 2015 Matéria / Aula: Direito Civil Obrigações e Contratos Aula 10 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitor: Mário Alexandre de Oliveira Ferreira Aula 10 CLASSIFICANDO O CONTRATO DE DOAÇÃO SIMPLES UNILATERAL GRATUITO DOAÇÃO SIMPLES CONSENSUAL SOLENE (art. 541, CC) Com relação à doação, o art. 541, em seu parágrafo único, admite a doação verbal de bens de pequeno valor, desde que seja marcada pela tradição. Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

CLASSIFICANDO O CONTRATO DE DOAÇÃO SIMPLES UNILATEL (o encargo não é uma obrigação do donatário, mas tão somente uma faculdade) ONEROSO DOAÇÃO MODAL (DOAÇÃO COM ENCARGO) CONSENSUAL SOLENE CLASSIFICANDO O CONTRATO DE MÚTUO (EMPRÉSTIMO DE BEM FUNGÍVEL) UNILATERAL (apenas o mutuário tem obrigação, qual seja, a de devolver o bem) GRATUITO (só gera vantagem para o mutuário) MÚTUO REAL (só se aperfeiçoa com a tradição do bem) NÃO SOLENE Além do mútuo, podemos destacar outros contratos reais: Comodato, Depósito e Contrato Estimatório (popularmente chamado de Contrato de Consignação). A regra é os contratos serem Consensuais.

CLASSIFICANDO O CONTRATO DE MÚTUO FENERATÍCIO (art. 591, CC) UNILATERAL ONEROSO MÚTUO FENERATÍCIO REAL NÃO SOLENE No mútuo feneratício, ocorre a incidência dos juros compensatórios e, por isso, ao contrário do mútuo simples, ele é classificado como oneroso. 5) PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 1 A) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE: segundo ele, os contratos devem ser cumpridos. É o tradicionalíssimo princípio do Pacta sunt servanda. Com o passar do tempo, deixou de ser tão absoluto e deve ser visto sob a ótica do Rebus sic stantibus, ou seja, os contratos devem ser cumpridos desde que mantidas as condições iniciais. É a máxima Rebus sic stantibus que fundamenta a Teoria da Imprevisão, prevista, por exemplo, nos artigos 317 e 478 do Código Civil. B) PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DAS VONTADES: as partes têm liberdade para contratar. Tanto é assim que podem celebrar contratos atípicos (não previstos em lei), não sendo à toa que a regra, segundo o Código Civil, em seu artigo 425, é a atipicidade, aliada ao informalismo. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. C) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE: em regra, os contratos somente produzirão efeitos entre as partes. Apesar de não estar positivado em nosso ordenamento jurídico, infere-se que ele decorre do Principio da Autonomia das Vontades. D) PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO: segundo ele, os contratos, em regra, se aperfeiçoam pelo encontro de vontades. Como exceções, os contratos reais, que se aperfeiçoam pela tradição (mútuo, comodato, depósito e estimatório). E) PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO 1 Dicas de livro: A Proibição de comportamento contraditório (Anderson Schreiber) e Função Social dos Contratos: do Código de Defesa do Consumidor ao Código Civil de 2002 (Flávio Tartuce)

F) PRINCÍPIO DA BOA FÉ OBJETIVA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A FUNÇÃO SOCIAL E A BOA FÉ OBJETIVA AFINIDADE Ambos os princípios são concretizações do Princípio da Solidariedade Social Constitucional no âmbito das relações privadas, na busca por uma igualdade material entre os contratantes, a partir da limitação da autonomia da vontade. Portanto, ambos têm base constitucional. DIFERENÇA A Boa Fé Objetiva tem natureza interna (endógena) e tem aplicação horizontal, ao passo que busca regular a relação entre os contratantes. Já a Função Social tem natureza externa (exógena) e tem aplicação vertical, na medida em que visa a regular o âmbito externo do contrato, ou seja, a postura de terceiros diante da relação contratual. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO CONCEITO: A função social do contrato, disciplinada no artigo 421, CC, mitiga o Princípio da Relatividade, ampliando o conceito de partes, obrigando terceiros, estranhos à relação contratual, a concorrerem para o seu adimplemento. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Classicamente, entende-se por PARTES aqueles que manifestaram vontade para a formação do contrato. O terceiro passa a ser parte a partir do momento que não pode obstaculizar a execução do contrato. Assim, os terceiros deverão concorrer para o adimplemento do contrato. Se, de alguma forma, o terceiro atrapalhar o adimplemento do contrato, entende-se que há violação ao Princípio da Função Social do Contrato. Portanto, se assim o fizer, deverá responder pelo inadimplemento. Neste sentido, o Enunciado 21, CJF 21 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. Exemplos clássicos de função social dos contratos: i) Indústria do tabaco nos EUA (filme O Informante ): O canal de televisão foi acusado de incentivar a quebra da cláusula de sigilo de um executivo com a fabricante de cigarros em que ele trabalhava. Nisto, esta fabricante processou o canal de televisão, alegando violação à função social

do contrato, sendo o pedido julgado procedente e a emissora condenada a uma indenização vultosa. ii) Zeca Pagodinho: o cantor tinha um contrato com a Nova Schin. Nisto, a Ambev o aliciou e assinaram um contrato com valores muito maiores. Todavia, a Nova Schin não conseguiu a procedência do pedido, uma vez que não foi comprovado o dano. iii) O STJ, nos anos 90, aplicou muito a Função Social em situações de acidentes de trânsito. Assim, o Tribunal admitia que a ação fosse ofertada em face da seguradora. Tal entendimento foi consagrado no Código Civil de 2002, apenas se exigindo que o segurado também figure no polo passivo. iv) Art. 608, CC (Contrato de prestação de serviços) Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.