TÍTULO: AUTORES INSTITUIÇÃO INTRODUÇÂO

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Transcrição:

TÍTULO: POLIFÔNICAS IDÉIAS: PELA EXTENSÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO AUTORES: Ana Cecília Aragão Gomes 1 (anacecilia.ag@uol.com.br) e Maria da Conceição de Almeida 2 Orientadora (calmeida17@hotmail.com) 1 Estudante de Graduação do Curso de Comunicação Social Jornalismo, Bolsista de Iniciação Científica (CNPq-PIBIC) do GRECOM. 2 Antropóloga, Profª Drª dos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Ciências Sociais, Coordenadora do Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM). Natal, RN, Brasil. INSTITUIÇÃO: Universidade do Rio Grande do Norte INTRODUÇÂO Polifônicas Idéias é um projeto de divulgação científica coordenado pelo Grupo de Estudos da Complexidade GRECOM (UFRN Natal). Trata-se de uma página semanal de artigos, impressa aos sábados, no caderno de cultura VIVER do Jornal Tribuna do Norte Natal/RN. A página semanal que começou a veicular em junho de 2000, se constitui, a partir de março de 2002, em um projeto da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nasceu como resposta a um imperativo de nosso tempo: a Universidade, o conhecimento científico e a ciência abrem mão da obsessão de explicar o mundo para aceitar o desafio de dialogar com os mistérios do mundo. Quer ser mais que um espaço de respiração do conhecimento científico sobre o mundo e o homem. Almeja a religação entre Ciência, Arte e Literatura. Essa maneira de entender a missão da Universidade é, ao mesmo, tempo um desejo de politizar o pensamento que deve ser capaz de responder com tenacidade aos graves problemas de nosso tempo e, uma vontade essencial de abrir o conhecimento à poesia do mundo, à leveza que subjaz a qualquer compreensão. O objetivo primeiro da atividade é fazer a ciência chegar aos segmentos sociais alijados da educação formal e do ensino universitário. O projeto é uma parceria entre a UFRN, o Jornal Tribuna do Norte, o GRECOM (Grupo de Estudos da Complexidade) e o NAC (Núcleo de Arte e Cultura). Os artigos tratam de questões da ciência, da filosofia, da educação e da arte, e são assinados por pesquisadores do GRECOM e intelectuais de várias regiões do Brasil e do mundo. Até o momento já foram publicados de 102 artigos. Entre os autores de expressão científica internacional podemos citar Edgar Morin, Dietmar Kamper, Henri Atlan, Teresa Vergani, entre outros.

O Polifônicas Idéias pretende ser mais que uma página semanal que divulga artigos em um jornal da Cidade do Natal. É um compromisso com uma ciência da complexidade que quer chegar às ruas e as praças, como fala Edgar Morin. Para isso, ousa e pretende ser uma extensão de emergências cognitivas, marcadas pela estética de um pensamento dialogante capaz de construir narrativas que excedam os limites do texto estritamente acadêmico. Isso não implica em simplificações ou reduções, mas na produção de textos mais leves que possam chegar a um maior número de pessoas e que sejam provocadores de reflexões sobre a ciência, o homem e o mundo. Desta forma, o projeto assume um compromisso com a sociedade através da divulgação do conhecimento científico. Os artigos têm tido o acolhimento e repercussão além do esperado, e isso tanto no nível local, como nacional e internacional. Professores da rede pública estadual da Cidade do Natal têm feito uso dessa publicação como ferramenta importante em suas salas de aula.também temos informações dessa utilização por parte de professores universitários em vários estados brasileiros. No nível internacional a Universidade de Évora (Portugal), para citar só um exemplo, nos fez relato a essa utilização. É expressivo o efeito multiplicador desse projeto de extensão. A Universidade Federal de Ouro Preto (MG) expressaram junto a Pró- Reitoria de Extensão da UFRN a intenção de levar e fazer essa experiência como um projeto em parceria do GRECOM e PROEX UFRN. O Polifônicas Idéias é uma das atividades da Cátedra Itinerante UNESCO Edgar Morin para o Pensamento Complexo, que tem no GRECOM-UFRN (Grupo de Estudos da Complexidade) o primeiro ponto brasileiro da Cátedra latino-americana que é presidida pelo Dr. Raul Motta, sediada no Instituto Internacional para o Pensamento Complexo, da Universidade El Salvador, em Buenos Aires/Argentina. OBJETIVO No desenvolvimento do Polifônicas, o Grupo de Estudos da Complexidade tem identificado questões pertinentes para a investigação científica. Uma delas é a que apresento nesta comunicação. Trata-se de um estudo que tem por finalidade identificar as matrizes metafóricas presentes nos artigos publicados no Polifônicas Idéias. METODOLOGIA A metodologia se deu em três movimentos. O primeiro intitulado Olhar e ler consistiu na coleta, organização, leitura e análise de 70 artigos publicados no Polifônicas Idéias, no período de 17 de junho de 2000 a 27 de novembro de 2001.

No segundo, denominado Religar: agrupamento dos artigos por aproximação temática perguntamo-nos sobre a possibilidade de interligarmos, através de elos temáticos, os artigos. Assim, chegamos a algumas matrizes metafóricas, tais como: saber científico, arte, corpo, lugar, tempo, tecnologia, dentre outras. Após essa interligação, optamos por religar essas matrizes nas três áreas da ciência (Ciências do Homem, Ciências da Vida e Ciências do Mundo Físico). Com isso, percebemos como os artigos se conectam, apesar de isoladamente não possuírem muitos laços de proximidade. Por fim, o terceiro movimento, que chamamos de Criação consistiu na tentativa de estreitar as ligações entre Ciência, Arte e Literatura de uma forma estética. Então, reorganizamos o estudo numa estética-expressiva de imagens e palavras metafóricas. De um lado, as imagens que traduzem e permitem questionamentos filosóficos, ideológicos e culturais, levando em consideração o humano, suas ambivalências, suas vivências e o seu paradoxo de estar no mundo; seu confronto permanente consigo e com o outro; e de outro, as palavras que descrevem vivências, conceitos, idéias, poesia, o corpo e a alma humana. DESENVOLVIMENTO Esse estudo parte das idéias de alguns pensadores de expressão mundial no panorama da ciência, tais como: George Lakoff, Mark Johnson, Edgar Morin, dentre outros. Com esse aporte teórico desenvolvemos algumas análises sobre o que é a metáfora e como ela se apresenta nos artigos selecionados. A maior parte do nosso sistema conceitual é de natureza metafórica, através dela percebemos, pensamos e atuamos no mundo. Além de ajudar a refletir sobre nossa cultura e sobre as estruturas de ações que executamos ao pensar, dialogar ou escrever. A essência metafórica está no entendimento e experimento de um tipo de coisa em relação a outra, utilizando-se como base nossas vivências cotidianas. Utilizando a metáfora podemos construir ou mesmo des-construir discursos identificando suas matrizes. Um exemplo de matriz metafórica muito usada é a terra como mãe, e é a partir desse tipo de relação subtendida que tecemos nossos discursos. Essas idéias estão tão presentes em nosso cotidiano que não as vemos como metáfora. Podemos identificar outras também muito usadas: a vida é um jogo ou o discurso como uma guerra. Geralmente, utilizamos as metáforas para referir, quantificar, identificar aspectos, estabelecer metas e motivações a algo que temos necessidade de explicar com base em nossas próprias ações e motivações, pois as metáforas partem de valores arraigados da cultura.

Para Edgar Morin, a metáfora não se reduz a um recurso discursivo. A metáfora é com freqüência um modo afetivo e concreto de expressão e de compreensão. Poetiza o cotidiano transportando para a trivialidade das coisas a imagem que surpreende, faz sorrir, comove ou mesmo maravilha. Faz navegar o espírito através das substâncias, atravessando as barreiras que encerram cada setor da realidade; ultrapassa as fronteiras do real e o imaginário (MORIN; 1986; pág.173-174). Essa ferramenta cognitiva permite-nos novas formas de vermos e imaginarmos o mundo, transferindo-nos de fronteiras entre conceitos e idéias, a partir de um mundo imaginário para um real, das experiências cotidianas à Ciência. Ultrapassa os limites do conceito e das explicações, possibilitando assim uma reorganização do pensamento. Nos movimentos percebemos a força metafórica e de religações entre os artigos. No primeiro movimento, o uso de metáfora é identificado e armazenado. No segundo, já podemos perceber as conexões entre os temas dos artigos e suas matrizes metafóricas. Esses exercícios permitiram identificar as multiplicidades de temas abordados e foi capaz de nos indicar diálogos mais respeitosos com as áreas da ciência, com a literatura e com a arte. Foi no último movimento que encontramos o terreno fértil para melhor trabalharmos com a metáfora, a imaginação e o diálogo. Desse movimento, produzimos um banner metafórico sobre o projeto intitulado Polifônicas Idéias: por uma ciência aberta. Para a criação do banner, abrimos a mente para que fluíssem falas que melhor comunicassem através do imaginário e que despertassem a emoção capaz de induzir e fundamentar a compreensão através de uma comunicação de sentimento. Para isso, o compomos com imagens e palavras num jogo de contradições e complementaridades que alimentam a imaginação. Essa composição resultou em um espaço de respiração imagética capaz de religar Ciência, Arte e Literatura. A isso acrescento o que escreve Henriette Bessis (1994; p.160), historiadora de arte: A imaginação sempre está na base das descobertas do cientista e do artista. (...)A ciência é, essencialmente, uma das componentes do campo artísticos. Pois a arte, como a ciência, não pode ser compreendida sem ter presente que todo artista deve conhecer o seu métier, deve conhecer-lhe a técnica, dominar o seu material, contemplar a sua cozinha, ser expedito na ciência das cores, do desenho, da linha, da curva, da perspectiva, etc.

A idéia era ir além da forma, era buscar uma estética expressiva para o design cognitivo. Foi por uma ética como estética da vida, que acolhemos o abraço como estética para criação, que de acordo com Maria da Conceição Almeida (1999): O abraço é a aptidão para empreender a partilha, o consolo, a solidariedade, o afeto. Abraçar é prover, pela relação dos corpos, a dialógica dos espíritos. Por vezes, entretanto, o abraço prescinde da própria matéria, e podemos falar, sem exageros, que abraçamos idéias, utopias, projetos políticos, esperanças. Pudemos, assim, compor nossa criação interligando os conceitos de diálogo entre a ciência e a arte, com as metáforas que brotam das palavras e com a força imagética das imagens. RESULTADO Ao final desse trabalho, identificamos matrizes metafóricas no âmbito da complexidade que alargam a compreensão a respeito de fenômenos e processos do mundo. As matrizes são múltiplas e conexas. Podemos identificar nos artigos matrizes, como: corpo como sujeito, ciência como árvore, vida como arte, entre outros. Observamos que é por uma melhor produção e transmissão do pensamento que a metáfora é bastante utilizada nos artigos permitindo o encurtamento das distâncias entre os conceitos científicos e o público em geral, possibilitando maior facilidade de compreensão e reorganização do pensamento ao ampliar os significados homogêneos e unitários. Configurando-se, assim, como um recurso relevante para a divulgação científica. CONCLUSÕES Desse modo, a utilização dessas ferramentas do pensamento é fundamental na divulgação científica, pois permite maior compreensão de um espaço dialógico mais solidário e respeitoso com outros saberes não dominados pelos códigos da ciência. Ao ampliarmos para a ciência identificamos que os cientistas usam metáforas, mesmo que clandestinamente, a fim de construir pontes entre real e imaginário, estimulando ou provocando a formação de novos modos de organização do conhecimento e do pensamento. (MORIN; 1986; pág. 174). Com a exposição do banner na Feira de Ciência e Tecnologia realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte em novembro de 2001, obtivemos surpreendentes respostas por parte do público. Houve discussões e o surgimento de uma gama

de interpretações e interrogações. Com isso, percebemos que ao trabalhamos com metáfora e imaginário é impossível falar de uma forma fechada e concluída. Esses recursos cognitivos abrem possibilidades, brechas imagéticas para que surjam novas maneiras de ver, sentir e pensar o mundo. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, MCX de. Complexidade e Ética como estética da Vida. 1999. (texto inédito) ALMEIDA, MCX de. Castelos de areia. Por uma ciência que sonha. 1999. (texto inédito) ALMEIDA, MCX de. A idéia de complexidade e as ciências do homem. 1998. (texto inédito) ALMEIDA, Maria da Conceição de. Complexidade e cosmologias da tradição. Belém: EDUEPA; UFRN/PPGCS, 2001, 145p. CASTRO, G.; CARVALHO, E.; ALMEIDA, M. C. X (Organizadores). Ensaios de Complexidade. Porto Alegre: Sulina, 2002. 3 a edição. 246p. JESUS, Sônia Meire S. A. A organização do pensamento metafórico no processo de comunicação. Comunicação: Cadernos UFS. Aracaju. Ed. UFS, 1997. LAKOFF, George e JOHNSON, Mark. Metáforas de la vida cotidiana. 2º edición. España: Teorema, 1980. MORIN, Edgar. O método III. O conhecimento do conhecimento. Portugal: Europa América, 1986. BESSIS, Henriette. A imagem da Ciência na Pintura. In: Reeves, H et all. A ciência e o imaginário. Brasília: Ed UnB, 1994, 191p.