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Transcrição:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 34 a Câmara Seção de Direito Privado Julgamento sem segredo de justiça: 09 de novembro de 2009, v.u. Relator: Desembargador Irineu Pedrotti Apelação Cível nº 992.05.041387-1 (1004260/3-00) Comarca de São Paulo - Foro Central Apelantes: C. de S. B. do E. de S. P. S., V. A. S. e A. P. S. Apeladas: As partes PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ÁGUA E ESGOTO. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. A redução do prazo prescricional para a ação de cobrança decorrente de débito referente à tarifa de fornecimento de água, nos casos em que não tenham atingido a metade do tempo previsto na legislação anterior, conta-se da vigência do novo Código Civil. AÇÃO DE COBRANÇA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ÁGUA E ESGOTO. CONTAS MENSAIS. INADIMPLÊNCIA. ÔNUS DA PROVA. Os Requeridos não trouxeram elementos que evidenciassem o desacerto dos valores exigidos pela Requerente. O ônus da prova, como estabelece o inciso II, do artigo 333 do Código de Processo Civil, estava a cargo dos Requeridos e, eles não comprovaram nenhum fato que pudesse extinguir, modificar ou impedir o direito da Apelada, sobretudo porque, ao contestar a ação não negaram o débito. RECURSO ADESIVO. INTERPOSIÇÃO EM PEÇA ÚNICA COM AS CONTRA- RAZÕES. PREPARO E PORTES DE REMESSA E RETORNO DOS AUTOS NÃO RECOLHIDOS. DESERÇÃO. NÃO-CONHECIMENTO. O recurso adesivo interposto pelos Requeridos, embora não tenha recebido análise em primeiro grau de jurisdição, não ultrapassa o juízo de sua admissibilidade, porque indevidamente deduzido em peça única com as contra-razões e desprovido do necessário preparo e portes de remessa e retorno dos autos. Voto nº 13.814. Visto, C. DE S. B. DO E. DE S. P. S. ingressou com Ação de Cobrança contra V. A. S. e A. P. S., caracteres e qualificação das partes nos autos sob a proposição afirmativa:... Os Requeridos são proprietários do imóvel situado na Rua Charles Camoin, nº 117, nesta capital....... referido imóvel está em débito com a Autora, decorrente dos serviços prestados pelo fornecimento de água e coleta de esgoto (...) totalizando até 15.08.03 o valor de R$ 11.999,74... (folha 2). Formalizada a angularidade e, em audiência, inviabilizada a conciliação, os Requeridos apresentaram contestação, que foi impugnada (folhas 21/25 e 31/35). Vencida a instrução, seguiu-se a prestação jurisdicional: Apelação Cível nº 992.05.041387-1 - Voto nº 13.814 M120507-1 -

... julgo PROCEDENTE EM PARTE esta AÇÃO DE COBRANÇA (...) e o faço para o efeito de condenar os réus a pagar para a autora a quantia correspondente as contas de consumo incidentes sobre o imóvel indicado nos meses de setembro, outubro e novembro de 1998, no valor original de R$ 96,36 cada uma....... Considerando o sucumbimento parcial, as custas processuais e os honorários advocatícios serão distribuídos e compensados entre as partes na proporção de metade para cada lado... (folha 69). C. DE S. B. DO E. DE S. P. AS. interpôs recurso de apelação:... Trata-se (...) de tarifa pública, cuja cobrança não está sujeita ao prazo prescricional de cinco anos (...) assim como não está a constituição do crédito sujeita ao prazo decadencial (...) logo não há que se falar em ocorrência da causa extintiva da obrigação... (folha 80). V. A. S. e A. P. S. apresentaram contra razões (folhas 92/96) e interpuseram recurso adesivo (folhas 96/98). Aduzem:... o Apelante é o grande perdedor da ação e deve arcar com os honorários do advogado... (folha 98). Relatado o processo, decide-se. Os recursos passam a ser apreciados nos limites especificados pelas razões para satisfação do princípio tantum devolutum quantum appellatum, com reflexão sobre a diretriz sumular que não admite o reexame das provas em caso de recursos constitucionais 1. Prescrição, prejudicial de mérito, no sentido jurídico consiste na forma pela qual o direito se extingue, tendo em conta o não exercício dele por certo lapso de tempo. Pode-se dizer, então, que corresponde à extinção de um direito em razão do curso do prazo imposto por lei, onde houve negligência da parte interessada. Trata-se de matéria de ordem pública e, por isso, expressamente regulada em lei com condições e formas de aplicação. Para que seja afastada, ou acolhida, a matéria, esse império legal exige que a decisão seja fundamentada. A lei consagra a prescrição para que as ações atinjam a um fim e, assim, seja concedido aos homens ambiente de tranqüilidade e de segurança, fatores sem os quais a vida seria inevitavelmente insuportável e, que, somente são encontrados no direito e na justiça pelo rigor das leis. A ação foi ajuizada em 3 de setembro de 2003 (folha 2); os débitos referem-se ao período de fevereiro de 1997 a agosto de 1998. A matéria que era regulada pelo artigo 177 do Código Civil de 1916, vigente ao tempo do consumo, atualmente é disciplinada pelo artigo 206, 5º, inciso I, do novo estatuto. 1 - STF. Súmula 279: "Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário". STJ. Súmula 7: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial". Apelação Cível nº 992.05.041387-1 - Voto nº 13.814 M120507-2 -

O prazo prescricional para a cobrança de dívidas líquidas foi reduzido de 20 (vinte) para 05 (cinco) anos. Não ocorreu a prescrição. A redução do prazo prescricional para a ação de cobrança decorrente de débito referente à tarifa de fornecimento de água, nos casos em que não tenham atingido a metade do tempo previsto na legislação anterior 2, conta-se da vigência do novo Código Civil. "Para que se reconheça prescrição à pretensão de reparação civil de danos decorrentes de sinistro ocorrido sob a égide de lei revogada, cujo prazo restou reduzido, é preciso que se observe o prazo já transcorrido. Ou seja, se já transcorreu mais da metade do tempo estabelecido, observa-se o fixado na lei revogada, incidindo a lei nova em caso contrário, mas o termo inicial é a data do início de vigência do novo Código Civil. Não há, por falta de expressa previsão, o efeito retroativo." 3 "As disposições do Código Civil de 2002 não se aplicam retroativamente, à míngua de previsão expressa. A lei se destina a reger comportamentos futuros e, portanto, deve se reconhecer a redução do prazo prescricional, a que alude o artigo 206, a partir de sua vigência." 4 Sobre a questão da prescrição são considerados os argumentos do digno Desembargador NESTOR DUARTE, expendidos em situação análoga: A regra do artigo 206, 3º, todavia, não encontra correspondência no Código Civil anterior, porque a matéria estava sujeita à prescrição geral vintenária das ações pessoais (art. 177 do Código Civil de 1916). Neste passo, necessário divisar que tanto no Código revogado, como no que em vigor, os prazos de prescrição se classificam em ordinário e especial, como diz Câmara Leal: 'Os prazos de prescrição, estabelecidos pelo nosso Cód. Civil, dividem-se em duas classes: ordinários, gerais ou comuns e especiais' ('in' Da Prescrição e da Decadência pág. 244 3ª edição Forense, 1978). Ora, a redução de prazos a que alude o artigo 2028 do Código Civil se refere àqueles da mesma classe, ou seja, não se pode reconhecer redução quando a lei nova institui prazo especial para hipótese antes regulada pelo prazo geral. A hipótese presente, portanto, não é de conflito de leis no tempo que, para qualificar-se deve referir-se ao mesmo objeto. Trata-se, no presente caso, de direito novo, cuja regra se sujeita ao princípio do efeito imediato (art. 6º da Lei de Introdução ao Código Civil), atingindo, apenas, as partes posteriores dos fatos pendentes (cf. R. Limongi França A irretroatividade das leis e o Direito Adquirido pág. 210 5ª edição Forense, 1998). Deste modo, a prescrição trienal só se inicia a partir da vigência do novo Código Civil. 2 - Artigo 2.028 do Código Civil. 3 - ext. 2ºTACivSP - AI 865.315-00/0-8ª Câm. - Rel. Juiz KIOITSI CHICUTA - J. 7.10.2004. 4 - ext. 2ºTACivSP - AI 854.410-00/4 11ª Câm. - Rel. Juiz ARTUR MARQUES J. 9.8.2004. Apelação Cível nº 992.05.041387-1 - Voto nº 13.814 M120507-3 -

Evidentemente, como o objetivo do legislador foi estabelecer um prazo especial menor, em hipótese alguma, terá o credor prazo maior do que aquele que disporia segundo a lei antiga. Assim, o prazo prescricional não se consumou, tanto porque não transcorrido o lapso de dez (10) anos da data do fato até a vigência do novo Código Civil, nem do lapso de três (03) anos consoante atual Código. 5 É fato incontroverso nos autos que os Requeridos são proprietários do imóvel situado na Rua Charles Camoin, nº 117, nesta Capital. A Requerente sustenta que eles estão em débito com as tarifas mensais do período de fevereiro de 1997 a novembro de 1998, no total de R$ 11.999,74. Encartou relatórios de débitos e segundas vias das contas de água e esgoto inadimplidas (folhas 9 e 38/59). Eles (Requeridos) não negam o débito; sustentam: 1. ocorreu a prescrição em relação aos débitos vencidos de fevereiro de 1997 a julho de 1998; 2. o imóvel foi locado em fevereiro de 1997; 3. a Requerida devia provar que houve a utilização do serviço no montante apresentado. Não juntaram documentos e, instados à manifestação sobre o interesse de audiência de instrução e julgamento, quedaram-se inertes. Os Requeridos não comprovaram irregularidade sobre os valores exigidos; remanesce íntegra a responsabilidade pela obrigação. O ônus da prova, como estabelece o inciso II, do artigo 333 do Código de Processo Civil, estava a cargo dos Requeridos e, eles não comprovaram nenhum fato que pudesse extinguir, modificar ou impedir o direito da Requerente, sobretudo porque, ao contestarem a ação não negaram o débito. O recurso adesivo interposto pelos Requeridos, embora não tenha recebido análise em primeiro grau de jurisdição, não ultrapassa o juízo de sua admissibilidade, porque indevidamente deduzido em peça única com as contra-razões e desprovido do necessário preparo. "Não se conhece de recurso adesivo manifestado em contra-razões de apelação, e não como peça independente." 6 "Energia elétrica - Cobrança de diferença de consumo baseada em suposta fraude - Termo de Ocorrência de Irregularidade (TOI) - Produção de prova unilateral - Inexigibilidade do débito. Contra-razões - Pedido de reforma da r. sentença - Falta de interposição de recurso adesivo em peça autônoma - Nãoconhecimento. Apelação não provida." 7 Procedente a pretensão, condena-se os Requeridos aos pagamentos: a) das quantias correspondentes às contas de consumo de água dos meses de 5 - TJSP AI 901.662-00/8 34ª Câm. Dir. Priv. Rel. Des. NESTOR DUARTE J. 6.7.2005. No mesmo sentido: TJSP AI 899.300-00/8 34ª Câm. Dir. Priv. Rel. Des. NESTOR DUARTE J. 22.6.2005. 6 - RT 471/237. No mesmo sentido: RTFR 128/269. 7 - TJSP Apelação nº 997825005 33ª Câm. Rel. Desembargador SÁ MOREIRA DE OLIVEIRA J. 2.3.2009. Apelação Cível nº 992.05.041387-1 - Voto nº 13.814 M120507-4 -

fevereiro de 1997 a novembro de 1998 (folha 9), com correção monetária e juros de mora na forma definida pela sentença; b) das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 15% sobre o valor da condenação. Em face ao exposto, dá-se provimento ao recurso da Requerente na forma ut supra e não se conhece do recurso adesivo. IRINEU PEDROTTI Desembargador Relator. Apelação Cível nº 992.05.041387-1 - Voto nº 13.814 M120507-5 -