AULA 5 Sociedades. Empresárias ou simples. Personificadas e não personificadas. Sociedades empresárias, espécies. 5.1. Desconsideração da personalidade jurídica da empresa Em algumas situações, o patrimônio da empresa se esgota completamente. Quando isso ocorre e existem credores com a intenção de impedir que a personificação da pessoa jurídica seja instrumento para assegurar a impunidade, nosso ordenamento jurídico adota a desconsideração da personalidade jurídica da empresa. Esta prática consiste em colocar de lado a autonomia patrimonial da sociedade, possibilitando a responsabilização direta e ilimitada dos sócios pelas dívidas assumidas pela empresa. O dinheiro obtido por meio da penhora desses bens será a garantia de pagamento das dívidas de seus credores. 5.2.1. Personalidade jurídica da sociedade Com o registro do estatuto ou contrato social surge a personalidade jurídica e a sociedade passa a ser pessoa jurídica, sujeito de direitos e obrigações, tendo capacidade contratual, legitimidade processual ativa e passiva e responsabilidade civil contratual ou extracontratual e penal. No momento em que se opera o assento do contrato social ou do estatuto no registro competente a pessoa jurídica começa a existir, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações a ter capacidade patrimonial, constituindo seu patrimônio, que não tem nenhuma relação com o dos sócios, adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com seus membros. Com a inscrição da pessoa jurídica no registro competente teremos:
a) pessoa jurídica distinta da pessoa natural do sócios pois passará em seu nome, a contrair obrigações e a exercer direitos, possuindo: nacionalidade, capacidade e domicilio próprio. b) patrimônio social separado dos sócios: o registro tem força constitutiva pois alem de servir de prova possibilita a aquisição da capacidade jurídica. 2. Capacidade da pessoa jurídica A capacidade da pessoa jurídica decorre da personalidade decorrente de seu registro. Tem direito à identificação, a denominação, domicilio e nacionalidade. Logo tem: a) direito a personalidade: ao nome, marca, liberdade, imagem, privacidade, própria existência, segredo, boa reputação b) direitos patrimoniais: c) direitos industriais d) direitos obrigacionais e) direitos à sucessão 6. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES 6.1. Quanto ao fim a que se propõe: a. Sociedade simples São as sociedades cuja atividade não for profissional e organizada, nem visar a produção e circulação de bens e serviços no mercado. Devem ser registradas no regime civil das pessoas jurídicas e no cartório de títulos e documentos. O capital e o fim lucrativo não constituem elementos essenciais por não se entregarem à atividade empresarial. Exemplos: sociedade criada por um grupo de médicos, apoiado por enfermeiras, atendentes, fisioterapeutas, etc., sociedade imobiliária e sociedade cooperativa
b. Sociedade empresária Nas sociedades empresárias há capital e fim lucrativo, que são essenciais à sua constituição, por exercerem atividade própria de empresário sujeito a registro, devendo ser assentado no Registro Público de Empresas Mercantis. 6.2. Quanto à extensão dos bens com os quais concorrem os sócios a sociedades simples podem ser: a) Universais Se abrangerem todos os bens presentes, ou todos os futuros, quer uns e outros na sua totalidade, quer somente os seus frutos e rendimentos. Exemplo: como ocorre na comunhão universal entre cônjuges durante a vigência da sociedade conjugal. b) Particulares se compreenderem apenas os bens ou serviços declarados no contrato ou se forem constituídas especialmente para executar em comum certa empresa, explorar certa indústria ou exercer certa profissão. 6.3. Quanto a nacionalidade, poderão ser: a) Nacionais se organizadas conforme a lei brasileira tendo no Brasil a sede de sua administração. c) Estrangeiras
Aquelas que, qualquer que seja seu objeto, não poderão, sem autorização do Poder Executivo, funcionar o Brasil, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionistas de sociedade anônima. 6.4. Quanto ao regime ou à natureza de sua constituição ou dissolução a) Sociedades contratuais São aquelas cujo ato constitutivo é o contrato social, exigindo unanimidade para sua dissolução. É o que ocorre com a sociedade simples, a sociedade limitada, a em comandita por ações e a sociedade em nome coletivo. b) Sociedades institucionais se oriundas de estatuto social, podendo dissolver-se pela decisão da maioria dos sócios, apresentando causas de dissolução como intervenção e liquidação extrajudicial. 6.5. Quanto ao tipo de capital: a) Sociedade de capital fixo o capital social esta definido em cláusula do seu ato constitutivo. b) Sociedade de capital variável como as cooperativas, pois suas decisões não se baseiam no capital investido por cada um dos cooperadores, mas no valor ou nas qualidades das pessoas que as compõem. 4.6. Quanto a responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais: a) Sociedades ilimitadas Se todos os sócios responderem ilimitadamente pelas obrigações sociais. b) Sociedades mistas Se uma parcela dos sócios tiver responsabilidade ilimitada.
c) Sociedades limitadas Quando todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. 6.7. Quanto às condições de alienação da participação societária: a) Sociedade de pessoas Se os sócios puderem vedar o ingresso de pessoa estranha no quadro societário adquirindo suas quotas, por estarem fundadas no relacionamento pessoal e na affectio societatis, visto terem sido constituídas intiuito personae. b) Sociedade de capital Por permitirem livre circulação das ações, uma vez que, por serem constituídas intuitu pecuniae dão preferência ao capital acionário e não à pessoa do acionista. 6.8. Quanto à personalidade jurídica: a) Sociedade não personificada A sociedade não personificada é a que não possui personalidade jurídica, ante o fato de não ter providenciado o arquivamento de seu ato constitutivo no registro competente. Sociedade em comum Enquanto o ato constitutivo da sociedade não for levado a registro, não se terá uma pessoa jurídica, mas um simples contrato de sociedade. A sociedade comum é a que não tem personalidade jurídica, por falta de inscrição de seu ato constitutivo no registro competente, apesar de apresentar sócios e exercer atividade produtiva para a consecução de resultado econômico a ser partilhado entre
seus membros. Ela, portanto, tem existência, e esta em funcionamento, vivendo de fato e produzindo efeitos como negócio jurídico. É uma situação de irregularidade em que se encontra uma sociedade por falta de prévio registro de seu ato constitutivo no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (se simples) ou no Registro Público e Empresas Mercantis (se empresária) ou de requerimento de arquivamento de qualquer modificação de seu contrato social no órgão competente. b. Sociedade personificada São aquelas em que seu contrato ou estatuto social foi devidamente registrado em órgão competente, pode ser: sociedade simples, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade anônima ou sociedade por ações e sociedade em comandita por ações e cooperativas.