Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte Acúmulo de macronutrientes em roseiras em função do manejo do solo Iara Cristina Santos Curvelo (1), Elka Fabiana Aparecida Almeida (2), Marília Andrade Lessa (3), Simone Novaes Reis (2), Tainá da Cruz Taques (1), Bethânia Gabrielle dos Santos (1) (1) Bolsistas PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, iaracristina7lagoas@hotmail.com, taina.taques@hotmail.com, bethania.biologia@hotmail.com; (2) Pesquisadoras/Bolsistas BIP FAPEMIG/EPAMIG - São João del-rei, MG, elka@epamig.br, simonereis@epamig.br; (3) Bolsista Pós-Doc FAPEMIG/EPAMIG, marilialessa@terra.com.br INTRODUÇÃO Dentre os aspectos que envolvem o processo produtivo de rosas de corte, a nutrição destaca-se por assumir papel bastante importante, pois as roseiras são plantas de elevada exigência nutricional, por ter colheita contínua de flores durante o ano. Dessa forma, a adubação mineral no cultivo de roseiras é realizada de forma excessiva e frequente, acarretando a salinização dos solos, o que desencadeia vários outros problemas ambientais. Com o intuito de minimizar a aplicação de adubos minerais nas culturas agrícolas, a utilização de esterco de animais, biofertilizantes e adubos verdes tem surgido como alternativa para o fornecimento de nutrientes em plantas cultivadas. Essas fontes alternativas de adubação, além de apresentarem custo inferior, comparado com a adubação química, apresentam menor risco à saúde do trabalhador rural e reduzem a contaminação dos solos e das águas subterrâneas. A prática da adubação verde consiste no aproveitamento de plantas cultivadas ou crescidas espontaneamente no próprio local ou importadas de outras áreas com a finalidade de preservar e melhorar a fertilidade do solo (CHAVES; CALEGARI, 2001). No entanto, sabe-se que os efeitos da adubação verde no fornecimento de nutrientes são bastante variáveis, dependendo da espécie utilizada, do manejo dado à biomassa, da época de plantio e de corte, do tempo de permanência dos resíduos no solo,
EPAMIG. Resumos expandidos 2 das condições locais e da interação entre esses fatores (FONTANÉTTI; SANTOS, 2010). Este trabalho teve como objetivo avaliar o acúmulo de macronutrientes em rosas Carolla, cultivadas em diferentes manejos de solo, no Sistema de Produção Integrada. MATERIAL E MÉTODO O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Risoleta Neves (FERN), da EPAMIG Sul de Minas, localizada em São João del-rei, MG (Brasil), utilizando-se as normas do Sistema de Produção Integrada. Mudas de rosas da variedade Carolla, produzidas pelo método de enxertia foram plantadas em casa de vegetação, em canteiros com 15 cm de altura, em fileira simples com espaçamento de 1,20 m entrelinhas e 0,20 m entre plantas. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial, com oito tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos de quatro porcentagens da adubação química recomendada para a cultura da roseira (25%, 50%, 75% e 100%) versus presença e ausência de consórcio com adubo verde (Calopogonium mucunoides). Os tratamentos que não receberam 100% de adubação química foram incrementados com dois tipos de biofertilizantes (Bokashi e Supermagro). As parcelas de 3 m 2 foram constituídas de três linhas com seis plantas cada, totalizando 18 plantas por parcela, sendo utilizadas seis plantas como parcela útil. As avaliações foram realizadas três vezes por semana e os dados avaliados são referentes a um ano de colheita de rosas. Os dados foram enviados para análise química de macronutrientes e os resultados foram interpretados por meio de análise de variância com o auxílio do software Sistema de Análise de Variância para Dados Balanceados (Sisvar) (FERREIRA, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao avaliar o acúmulo de macronutrientes em hastes florais de rosa Carolla, cultivadas no período de um ano, pode-se observar diferença
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte 3 significativa entre as porcentagens de adubação química somente para a variável acúmulo de fósforo (P). Como mostra o Gráfico 1, as plantas que acumularam maior quantidade de P foram aquelas que receberam 75% da adubação química recomendada para a cultura da rosa no estado de Minas Gerais. Esse resultado mostra que a roseira Carolla não respondeu ao maior (100%) fornecimento de adubação química, o que significa que é possível reduzir em 25% a adubação química para a cultivar em estudo. Esse resultado é satisfatório, pois, além de reduzir os custos de produção, também pode minimizar problemas ambientais, como, por exemplo, a salinização do solo que é decorrente do uso excessivo de fertilizantes químicos nos sistemas de produção agrícola. Para os demais nutrientes avaliados (Tabela 1), não foi observada diferença significativa entre o acúmulo do nitrogênio (N), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S), quando as plantas foram submetidas a diferentes porcentagens de adubação química. Dessa forma, subentende-se que as plantas da roseira Carolla acumulam a mesma quantidade de macronutrientes, com exceção do P, quando submetidas a diferentes dosagens de adubação química. Isso significa que não é necessário utilizar altas porcentagens de adubação química para a produção de hastes florais da roseira Carolla. Ao avaliar o consórcio da roseira Carolla com o adubo verde (Calopogonio munconoides), pode-se observar que o acúmulo de macronutrientes comportou-se de forma distinta (Tabela 2). Para os nutrientes N, K e Mg, as plantas, quando cultivadas sem a presença do calopogônio, apresentaram maiores valores em acúmulo. Já para o P, o consórcio do calopogônio favoreceu a obtenção de maior acúmulo deste nutriente. A presença ou ausência do calopogônio não diferiram no acúmulo do Ca e S.
EPAMIG. Resumos expandidos 4 CONCLUSÃO O cultivo da roseira Carolla, consorciada com o adubo verde (C. munconoides) e a redução da adubação química para 75% favoreceram o acúmulo de P. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas. REFERÊNCIAS CHAVES, J.C.D.; CALEGARI, A. Adubação verde e rotação de culturas. Informe Agropecuário. Agricultura alternativa, Belo Horizonte, v.22, n.212, p.53-60, set./out. 2001. FERREIRA, D.F. Sisvar: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, Lavras, v.6, n.1, p.36-41, 2008. FONTANÉTTI, A.; SANTOS, I.C. dos. Manejo da fertilidade do agroecossistema e a sustentabilidade da agricultura familiar. Informe Agropecuário. Tecnologias para a agricultura familiar: produção vegetal, Belo Horizonte, v.31, n.254, p.7-13, jan./fev. 2010.
1 ) Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 9., 2012, Belo Horizonte 5 0.35 Acúmulo de Fósforo (g/planta) 0.3 0.25 0.2 0.15 0.1 0.05 0 y = 0,0000x 2 + 0,0050x 0,1065 R 2 = 96,94% 25 50 75 100 Porcentagem de adubação química (%) Gráfico 1 - Acúmulo de fósforo em hastes florais da roseira 'Carolla' em função das diferentes porcentagens de adubação química Tabela 1 - Acúmulo de macronutrientes em hastes florais da roseira 'Carolla' em função das diferentes porcentagens de adubação química Adubação química (%) Macronutriente (g/planta) N K Ca Mg S 25 1,65 a 1,14 a 0,91 a 0,14 a 0,11 a 50 1,58 a 1,10 a 0,83 a 0,13 a 0,10 a 75 1,76 a 1,23 a 0,87 a 0,15 a 0,11 a 100 1,68 a 1,20 a 0,81 a 0,14 a 0,10 a Tabela 2 - Acúmulo de macronutrientes em hastes florais da roseira 'Carolla' em função da presença e ausência do calopogônio (Calopogonio muconoides) Adubo verde Macronutriente (g/planta) N P K Ca Mg S Com 1,57 b 0,33 a 1,09 b 0,81 a 0,13 b 0,10 a Sem 1,77 a 0,19 b 1,24 a 0,90 a 0,15 a 0,11 a