ANÁLISE DOS HÁBITOS ALIMENTARES DOS TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE ARAPONGAS PR SANTOS, J.F. Resumo: A formação dos hábitos alimentares sofre influências durante toda a vida. Uma boa alimentação no ambiente de trabalho traz vantagens para a empresa e funcionários. O objetivofoi verificar a mudança nos hábitos alimentares de trabalhadoresque fazem suas refeições no restaurante da empresa. Apenas 42,35% relataram mudança de hábitos, e a mudança foi considerada positiva. Conclui-se que a implantação do restaurante não é suficiente para que as pessoas mudem seus hábitos. Palavras-chave: Alimentação saudável; Unidades de alimentação e Nutrição; Doenças crônicas não transmissíveis. Abstract: The formation of habits is influenced throughout life. Good nutrition in the workplace brings advantages for the company and employees. The aim was to assess the change in eating habits of workers who eat their meals in the restaurant business. Only 42.35% reported changing habits, and the change was considered positive. It is concluded that the deployment of the restaurant is not enough for people to change their habits. Keywords:healthy eating; Food and nutritionunit; chronic noncommunicable diseases Introdução:A formação dos hábitos alimentares é um processo gradual, que se inicia na infância. Neste processo estão envolvidos valores culturais, sócioeconômicos e afetivos, então, é de suma importância que estes hábitos sejam construídos de forma a contribuir para a qualidade de vida dos indivíduos, desde a infância e ao longo de toda a vida. Uma vez que esses hábitos são formados inadequadamente, revertê-los pode ser um problema, devido à
dificuldade de adaptação do indivíduo ao novo estilo de alimentação. Vanin et.al, 2007, destaca que uma alimentação balanceada está diretamente ligada ao aumento da produtividade e do rendimento do trabalhador, e ainda a diminuição do risco de acidentes de trabalho.as empresas, portanto, podem ser consideradas como agentes promotoras de saúde e qualidade de vida para seus trabalhadores. Esta atitude de promoção de saúde tem o apoio do governo, através do PAT, que prevê benefícios para todos os envolvidos: empresa, trabalhador e governo.o objetivo do presente trabalho é analisar se o acesso à alimentação na empresa favorece a mudança de hábitos alimentares dos colaboradores, observar qual fator mais influenciou para que a mudança ocorra e avaliar se trouxe algum benefício para a saúde dos mesmos. A pesquisa foi realizada em uma empresa do segmento moveleiro na cidade de Arapongas - PR, no mês de julho de 2013, sendo que a escolha do local utilizou como critérios: possuir um restaurante na empresa supervisionado por um nutricionista e estar inscrito no PAT.Foi utilizado um questionário com nove perguntas fechadas de múltipla escolha, contendo questões de informações pessoais e sobre hábitos alimentares. A pesquisa foi realizada durante o almoço, sendo assim, a amostra foi composta por 280 trabalhadores do sexo masculino e feminino, que frequentam o restaurante da empresa. Referencial teórico: A definição de alimento saudável é um assunto complexo. O termo DN é definido como a proporção da quantidade de nutrientes em relação ao consumo energético do alimento por porção geralmente consumida, ou seja, os alimentos com maior DN são os que contribuem com maior quantidade de nutrientes. Este conceito já passou por diversas alterações, sendo que atualmente apresenta os melhores resultados é o da NNR, cuja proposta é avaliar a qualidade dos alimentos consumidos em relação às recomendações e estipular o valor de referência de 2.000 kcal (VITOLO, 2008). No Brasil, a formação dos hábitos alimentares deve-se inicialmente à miscigenação de diferentes culinárias (indígena, portuguesa, africana), e no decorrer da história assimilou-se a outras características por influência de diversos povos que migraram para o país, não havendo uma cultura alimentar única (KUWAE; MONEGO; FERNANDES, 2009).Vários fatores podem influenciar o hábito alimentar de adolescentes, tais como: maior tempo fora de casa, amigos e o próprio ambiente doméstico (FERREIRA; CHIARA;
KUSCHNIR, 2007). Durante a vida adulta, várias ocasiões podem também influenciar nos hábitos alimentares dos indivíduos, tais como mudança profissional, situação familiar, disponibilidade de tempo para preparação dos alimentos e até mesmo o aparecimento de enfermidades (FREITAS; FONTES; OLIVEIRA, 2008).Há alguns anos atrás, a grande preocupação no Brasil era com problemas relacionados à desnutrição energético-protéica. No entanto, ocorreu um processo de transição nutricional, onde as DCNT ganharam maior importância devido à sua alta prevalência. Tais doenças se caracterizam por apresentar longo período de latência, tempo de evolução prolongado, sua etiologia não é totalmente conhecida, lesões irreversíveis e complicações que acarretam graus variáveis de incapacidade ou óbitos precoces (DUTRA-DE- OLIVEIRA; MARCHINI, 2008; MARIATH et al., 2007).Segundo Bandoni, Brasil e Jaime (2006) o local de trabalho é um local estratégico para a promoção de saúde e alimentação saudável. A OMS considera que o ambiente de trabalho deve dar oportunidade e estimular os trabalhadores a fazerem escolhas saudáveis.estudos demonstram a relação entre uma alimentação saudável e a produtividade, assim como acontece com a alta ingestão calórica e o baixo rendimento do trabalho. A má nutrição pode desencadear consequências relacionadas à redução da expectativa de vida, da produtividade, resistência à doenças, aumento à pré-disposição aos acidentes de trabalho e a baixa capacidade de aprendizado. A oferta de refeições aos trabalhadores durante a jornada de trabalho pode representar um acréscimo de 10% na produção (VANIN et al., 2007). Conclusão: Das 280 pessoas que almoçavam no restaurante e faziam parte da amostra, se dispuseram a participar da pesquisa apenas 229 clientes do local avaliado. Dos questionários respondidos, 59 foram descartados devido ao preenchimento incorreto ou incompleto dos mesmos.quando questionados se tiveram mudanças nos hábitos alimentares após começar a fazer suas refeições no restaurante, somente 42,35% dos entrevistados disseram ter mudado o hábito alimentar, sendo que destes, 87,5% consideraram a mudança positiva, e 12,5% consideraram negativa. A mudança de hábitos foi maior entre as mulheres do que entre os homens. Quando classificados pela faixa etária, observa-se que a mudança de hábitos é maior entre os indivíduos acima de 36
anos.no presente estudo, o maior nível de escolaridade parece não estar associado a hábitos saudáveis, tendo em vista que a maior mudança de hábitos foi entre indivíduos que relataram ter apenas o 1º grau e foi menor entre os que têm ou estão cursando o 3º grau.a saúde foi o fator mais citado (51,39%) como incentivo para que a mudança ocorresse tanto entre os homens (50%) quanto entre as mulheres (52,27%), seguido de educação nutricional, apresentação dos pratos, estética, facilidade ao acesso dos alimentos e variedade das preparações.quando questionados sobre o aumento da frequência de consumo de alguns alimentos, após começar a fazer as refeições no restaurante da empresa, o mais citado foi o aumento do consumo de verduras (29,43%), e o menos citado foram as frituras (5,68%).A maioria das pessoas que julgou a mudança de hábitos negativa relacionou com o maior consumo de suco industrializado, doces em geral e fritura.a prevalência de DCNT foi relativamente baixa, sendo que 7,64% dos entrevistados relataram HA, 6,47% obesidade, 1,76% diabetes e colesterol, 1,17% doenças cardiovasculares. Entre os que relataram algum problema de saúde, 55,5% disseram ter percebido melhora no quadro clínico, e 44,4%não observaram mudanças. Entre as pessoas que relataram melhora dos sintomas, 66,6% disseram ter aumentado o consumo de verduras, 46,6% de legumes e 26,6% o consumo de frutas.mariathet al. (2007) observou em sua pesquisa que o excesso de peso tende a aumentar com a idade, sendo que o risco de desenvolver obesidade é maior acima dos 40 anos. Como se sabe, o excesso de peso é considerado fator de risco para o desenvolvimento de diversas DCNT, como DM, HA, dislipidemias entre outros. O fato de a amostra deste estudo ter sido composta por aproximadamente 68% de indivíduos entre 15 e 35 anos, pode explicar a baixa prevalência de DCNT encontrada.conclui-se que somente a implantação do restaurante não é suficiente para que as pessoas mudem seus hábitos e passem a ter uma alimentação melhor, necessitando de constantes ações de educação nutricional, principalmente em assuntos voltados à prevenção da saúde.
Referências: DUTRA-DE-OLIVEIRA, J. E.; MARCHINI, J. Sérgio. Ciências nutricionais..2.ed..ed. SÃO PAULO: Sarvier, 2008 FERREIRA, Adriana; CHIARA, Vera Lúcia; KUSCHNIR, Maria Cristina Caetano. Alimentação saudável na adolescência: consumo de frutas e hortaliças entre adolescentes brasileiros. Adolescência & Saúde, 2007. FREITAS, MCS.; FONTES, GAV.; OLIVEIRA, N.Escritas e narrativas sobre alimentação e cultura [online]. Salvador: EDUFBA, 2008. <http://books.scielo.org>. KUWAE, Christiane Ayumi; MONEGO, Estelamaris Tronco; FERNANDES, Joana Aparecida. (Trans)Formações de hábitos alimentares dos goianos. Ceres: Nutrição & Saúde, 2009. MARIATH, AlineBrandão et al. Obesidade e fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis entre usuários de unidade de alimentação e nutrição.caderno de Saúde Pública, 2007. VANIN, Michele et al. Adequação nutricional do almoço de uma unidade de alimentação e nutrição de Guarapuava PR. Revista Salus, Guarapuava PR, 2007. VITOLO, Márcia Regina. Nutrição da gestação ao envelhecimento.. RIO DE JANEIRO: Editora Rúbio LTD., 2008