COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ESCOLARES EM RELAÇÃO A FRUTAS E HORTALIÇAS 1

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1 COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ESCOLARES EM RELAÇÃO A FRUTAS E HORTALIÇAS 1 NÖRNBERG, Marcele Leal 2 ; PAPALIA, Jéssica 2 ; EINLOFT, Fabiana 2 ; CASARIN, Gleica 2 ; ANNES, Thais 2 ; VANHOVE, Nathalia 2 ; STORCK, Cátia Regina 3 1 Trabalho de Pesquisa _UNIFRA 2 Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 3 Professora Orientadora do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil marcele_nornberg@hotmail.com; catia.sm@gmail.com RESUMO Hábitos alimentares inadequados tem sido um problema de saúde pública atual. A falta de consumo de frutas e hortaliças pelas crianças acaba por desencadear o sobrepeso, o que justifica a realização deste estudo. Assim objetivou-se verificar se as crianças identificam o sabor e se gostam ou não de frutas e hortaliças. A metodologia utilizada foi um estudo observacional, envolvendo turmas do 2º ano do ensino fundamental de uma Escola Estadual do município de Santa Maria. Os resultados mostraram que a maçã, a banana e a cenoura tiveram maior preferência; a maçã, a banana e a beterraba apresentaram maior grau de identificação; o mamão, a manga e o chuchu apresentaram menor grau de preferência; o melão, a manga, a abobrinha e o chuchu apresentaram menor grau de identificação. Conclui-se que é necessário projetos de educação nutricional que incentivem habitos alimentares saudaveis levando informação nutricional para as crianças no periodo escolar. Palavras-chave: Comportamento alimentar de escolares; Consumo de frutas e hortaliças; Educação nutricional. 1. INTRODUÇÃO A alimentação durante a infância ao mesmo tempo em que é importante para o crescimento e desenvolvimento, pode também representar um dos principais fatores de prevenção de algumas doenças na fase adulta. A intervenção na promoção de comportamentos alimentares saudáveis deve incidir com maior ênfase nos primeiros anos da infância para que permaneça ao longo da vida. A família, os fatores ambientais, os fatores sociais, entre eles a escola, a mídia, as condições socioeconômicas e culturais são determinantes na formação de hábitos alimentares das crianças, como também, pelas escolhas e hábitos dos pais (ROSSI et al., 2008). A alteração no padrão alimentar, associada à maior oferta de alimentos processados de baixo custo, favorece o aumento do consumo de alimentos com alta densidade energética e baixa densidade nutricional. A falta de conscientização quanto aos benefícios 1

2 do consumo de frutas e hortaliças, assim como de educação nutricional, desde a fase escolar, podem ainda contribuir para a baixa procura da população por estes grupos alimentares (FALLER e FIALHO, 2009). A implementação de um programa de educação nutricional nas escolas e a consequente criação de um ambiente favorável à saúde e à promoção de práticas alimentares e estilo de vida saudáveis constituem-se em importantes estratégias para enfrentar problemas alimentares e nutricionais como obesidade e doenças crônicas não transmissíveis associadas. O ambiente escolar é um local importante para o desenvolvimento de estratégias de intervenção para a formação de hábitos de vida saudáveis, podendo propiciar aos escolares opções de lanches nutricionalmente equilibrados, exercícios físicos regulares e programas de educação nutricional (FERNANDES et al., 2009). Estima-se que o consumo de frutas e hortaliças no Brasil corresponda a menos da metade das recomendações nutricionais, sendo ainda mais deficiente em famílias de baixa renda (JAIME et al., 2007). As frutas e hortaliças são componentes essenciais de uma dieta saudável, auxiliando na prevenção e controle de doenças e agravos não transmissíveis. Estudos mostram que o baixo consumo de frutas e hortaliças reforça a necessidade de ações educativas sobre a importância destes alimentos para a promoção da saúde e prevenção de doenças (TOLEDO et al., 2012), o que justifica a realização deste estudo. Desta forma, objetivou-se verificar se as crianças reconhecem o sabor e se gostam ou não de frutas e hortaliças. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo observacional, envolvendo duas turmas de escolares do 2º ano do ensino fundamental de uma Escola Estadual do município de Santa Maria. A coleta dos dados foi realizada no período de maio de Foi realizado um Jogo de Análise Sensorial onde foi verificada a percepção das características organolépticas de algumas frutas como banana, maçã, laranja, melão, manga e mamão, onde participaram 32 alunos e de algumas hortaliças como pepino, chuchu, abobrinha, beterraba e cenoura, onde participaram 25 alunos. A atividade foi realizada com seis alunos de cada turma por vez. Foram postas seis mesas no lado de fora da sala de aula para apoio das amostras. Os alunos tiveram os olhos vendados no momento da análise. Cada aluno degustou um pedaço pequeno de cada fruta e de hortaliça, respondendo qual fruta e hortaliça era, se gostou, se não gostou ou se achou indiferente, estimulando a degustação e, por conseguinte, o consumo. Utilizou-se o banco de dados em uma planilha Excel para registro e análise estatística dos dados. 2

3 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram do estudo das frutas 32 alunos sendo 21 do sexo masculino e 11 do sexo feminino. Estavam ausentes 13 alunos, sendo que todos desejaram participar. No estudo das hortaliças participaram 25 alunos sendo 10 do sexo masculino e 15 do sexo feminino. Estavam ausentes 09 alunos e 10 não desejaram participar. Para análise dos resultados, a distribuição dos dados foi feita segundo a identificação e a preferência dos alimentos, que se encontra na Tabela 1. Tabela 1: Percentual de identificação e preferência de frutas e hortaliças por crianças de uma Escola Frutas Verduras Estadual do município de Santa Maria. Alimento Identificação (%) Preferência (%) Sim Não Gostou Indiferente Não gostou Banana 93,3 6,7 96,7 3,3 - Laranja 83,3 16,7 83,3 6,7 10 Maçã 93,3 6,7 96,7 3,3 - Mamão 63,3 36,7 73,3 13,3 13,3 Manga 46,7 53,3 76, ,3 Melão ,3 6,7 10 Abobrinha 8, ,0 Beterraba Cenoura ,0 Chuchu Pepino Pelo percentual de identificação e preferência exposto acima (Tabela 1), observa-se que as frutas maçã e banana e a hortaliça cenoura apresentaram maior grau de preferência. Ainda, as frutas maçã e banana e a hortaliça beterraba obtiveram maior grau de identificação pelas crianças. As frutas melão e manga e as hortaliças abobrinha e chuchu apresentaram menor grau de identificação. As frutas que obtiveram menor grau de preferência por parte dos alunos foram o mamão e a manga e a hortaliça foi o chuchu. Podemos relacionar a identificação e a preferência por frutas e hortaliças presentes na cultura e no cotidiano dos estudantes, como, por exemplo, a preferência pela banana que se deve, principalmente, a seus aspectos sensoriais, valor nutricional e conveniência (MATSUURA et al., 2004). Segundo Corso et al. (2004), estudos internacionais têm mostrado que o sobrepeso em crianças tem se tornado um problema de saúde pública. Apesar de serem apresentados resultados positivos quanto à identificação e aceitação de frutas e hortaliças, as crianças atualmente apresentam risco de sobrepeso por hábitos alimentares inadequados. 3

4 O consumo de cinco porções ou mais de frutas e hortaliças é recomendado mundialmente por possuírem combinações de micronutrientes, antioxidantes, fibras e outras substâncias bioativas. Evidências indicam que uma dieta rica em frutas e hortaliças pode estar associada com um risco reduzido de obesidade através de ganho de menor peso de todo o ciclo da vida (CLARO et al., 2010). A aplicação de programas contínuos de educação nutricional desde a infância parece ser a melhor maneira de se tentar reverter o quadro de consumo alimentar inadequado (FERNANDES et al., 2009). 4. CONCLUSÃO O estudo mostra que é necessário projetos de educação nutricional que incentivem habitos alimentares saudaveis e que levem informação nutricional para crianças no periodo escolar. Embora a aceitação tenha sido positiva, o percentual de identificação mostrou-se abaixo de 50% para as frutas e principalmente para as hortaliças, o que indica o baixo consumo destes alimentos. Sugere-se ações educativas em nutrição no currículo escolar, aliadas à prática de atividades físicas. Enfatiza-se também a importância da integração de toda a comunidade escolar e da família a fim de propiciar à criança a formação de hábitos de vida saudáveis, prevenindo assim o aumento da prevalência da obesidade. REFERÊNCIAS CLARO, Rafael Moreira et al. Discrepância entre dados ecológicos, domiciliares e individuais sobre o consumo de frutas e hortaliças no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de janeiro, n.11, v.26, CORSO, Arlete Catarina Tittoni; VITERITTE, Paulo Luiz; PERES, Marco Aurélio. Prevalência de sobrepeso e sua associação com a área de residência em crianças menores de 6 anos de idade matriculadas em creches públicas de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, Florianópolis, SC, FALLER, Ana Luísa Kremer; FIALHO, Eliane. Disponibilidade de polifenóis em frutas e hortaliças consumidas no Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, n.2, v.43, FERNANDES, Patrícia et al. Avaliação do efeito da educação nutricional na prevalência de sobrepeso/obesidade e no consumo alimentar de escolares do ensino fundamental. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v.85, n.4,

5 JAIME, Patricia Constante et al. Educação nutricional e consumo de frutas e hortaliças: ensaio comunitário controlado. Revista de Saúde Pública, São Paulo, MATSUURA, Fernando César Akira Urbano; COSTA, Jane Iara Pereira da; FOLEGATTI, Marília Ieda da Silveira. Estudos internacionais têm mostrado que o incremento da previdência de sobrepeso em crianças tem se tornado em problema de saúde pública. Revista Brasileira Fruticultura, São Paulo, v.26, n.1, ROSSI, Alessandra; MOREIRA, Emília Addison Machado; RAUEN, Michelle Soares. Determinantes do comportamento alimentar: uma revisão com enfoque na família. Revista de Nutrição, Campinas, v.21, n.6, TOLEDO, Mariana Tâmara Teixeira de et al. Consumo de frutas e hortaliças de usuário de serviços de atenção primária a saúde. Revista Nutrição em Pauta, São Paulo, n.112,