EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA ADOLESCENTES: NUTRIÇÃO SEM MODISMO. PALAVRA CHAVE: Perfil nutricional; Alimentação; Adolescentes.

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1 EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA ADOLESCENTES: NUTRIÇÃO SEM MODISMO Área Temática: Saúde Autores: Ana Flávia de OLIVEIRA 1, Rafaela ANDRADE 2, Reigieli LOPES 3, Diana Souza Santos VAZ 4 (Orientadora do projeto). RESUMO: No Brasil, 20% da população é composta por adolescentes, ainda que representem uma porção significativa da população, não são alvo das políticas públicas, tanto no que diz respeito às campanhas, quanto no atendimento de saúde. O objetivo do projeto foi conhecer o estado nutricional e realizar um trabalho de educação nutricional com os adolescentes do Colégio Estadual Antonio Tupy Pinheiro Ensino Fundamental, Médio e EJA, situado no município de Guarapuava Paraná. Foram avaliados 59 alunos, entre eles 33 eram do sexo feminino e 26 do sexo masculino, a avaliação nutricional foi realizada por 48 alunos, em que 4,16% estavam com baixo peso, 56,25% estavam eutróficos, 22,91% estavam com sobrepeso, 14,48% estavam obesos e 2,08% estavam com obesidade grau II. Os 11 alunos que não fizeram a avaliação não estavam na escola no dia da sua realização. A partir dos resultados encontrados na avaliação antropométrica, notou-se a necessidade de desenvolver com os alunos educação nutricional em que foram abordados os temas alimentação saudável, macronutrientes e micronutrientes. Com esse projeto foi possível concluir que novos projetos ou abordagens são necessárias, pois a mudança de comportamento alimentar é um processo lento e que deve ser tratada de forma mais efetiva e sistêmica. PALAVRA CHAVE: Perfil nutricional; Alimentação; Adolescentes. 1. INTRODUÇÃO/CONTEXTO DA AÇÃO A adolescência é uma fase muito importante da vida, marcada pelo crescimento físico e psicológico, em que o indivíduo passa por mudanças cognitivas, sociais, emocionais e biológicas, que refletem na sua saúde. No Brasil, 20% da população é composta por adolescentes, ainda que representem uma porção significativa da população, não são alvo das políticas públicas, tanto no que diz respeito às campanhas, quanto no atendimento de saúde. A falta de políticas públicas voltadas para os adolescentes justifica-se pelo baixo risco de morbimortalidade, porém sabe-se que essa etapa representa uma época de experimentação e desenvolvimento de hábitos que vão acompanhar os indivíduos na sua vida adulta, sendo assim, merece uma atenção especial (ARAÚJO et al., 2009; GONÇALVEZ, 2006; FERREIRA et al., 2013). 1 Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Nutrição da UNICENTRO. annaf.oliveira@hotmail.com 2 Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Nutrição da UNICENTRO. rafinhaa12@hotmail.com 3 Acadêmico do 3º ano do curso de graduação em Nutrição da UNICENTRO. reigilopes@gmail.com 4 Professora do Departamento de Nutrição da UNICENTRO. nutridianavaz@gmail.com

2 Do ponto de vista nutricional, os adolescentes são considerados indivíduos vulneráveis por causa de seu atual padrão alimentar, que é tipicamente baixo em micronutrientes e ricos em açúcares e gorduras. Atualmente, a obesidade na adolescência é uma doença universal, com uma prevalência crescente, assumindo a natureza epidemiológica de um problema de saúde pública. A promoção de uma dieta saudável é uma das principais estratégias de saúde pública para enfrentar estes problemas de alimentação e nutrição no contexto atual, porque eles consistem de uma estratégia capaz de prevenir deficiências nutricionais e de reduzir a incidência de doenças crônicas não transmissíveis como o excesso de peso, obesidade, diabetes e hipertensão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Como os adolescentes passam um período significativo do seu dia na escola, esse ambiente é considerado cenário chave para projetos de intervenção destinados a promoção da saúde (MATOS; CARVALHOSA, 2001). A escola compartilha de funções sociais, políticas e educacionais e é responsável pela transmissão de conhecimento, influenciando na formação do cidadão. Logo, torna-se uma instituição fundamental para desencadear o processo de evolução social, emocional, físico e intelectual das pessoas (DESSEN; POLONIA, 2007). Sendo assim, orientações a fim de estimular práticas alimentares saudáveis, atividade física e proporcionar conhecimento para que o adolescente faça escolhas saudáveis, são fundamentais para a promoção da saúde e qualidade de vida nessa população (TORAL et al., 2007). No ambiente escolar, a educação nutricional pode envolver abordagens educativas que busquem compreender a alimentação em sua complexidade, tanto na dimensão biológica quanto na social e cultural. Dessa forma, auxiliar os adolescentes a desenvolver a capacidade de entender a necessidade de práticas e comportamentos saudáveis, além de optar por elas, é muito importante (BOOG, 2003; RODRIGUES; BOOG, 2006). O objetivo do projeto foi realizar um trabalho de educação nutricional com os adolescentes do Colégio Estadual Antonio Tupy Pinheiro Ensino Fundamental, Médio e EJA, situado no município de Guarapuava Paraná, conhecer o estado nutricional dos adolescentes matriculados no Ensino Médio. 2. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES E/OU DA METODOLOGIA O projeto de educação nutricional foi realizado com 48 adolescentes, de ambos os sexos, com idade entre 16 a 20 anos, devidamente matriculados no terceiro ano matutino, no Ensino Médio do Colégio Estadual Antonio Tupy Pinheiro, na cidade de Guarapuava/Paraná. Para a avaliação do estado nutricional foi utilizado o método antropométrico conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde, em que as medidas antropométricas efetuadas foram peso e estatura, a partir dessas medidas foram construídos índices antropométricos: índice de massa corporal (IMC) para a idade e estatura para a idade. Posteriormente, classificados de acordo com os valores de escores z da (OMS, 2007). A partir da análise dos resultados foi realizada educação nutricional com base no Manual de Avaliação Nutricional da Criança e do Adolescente (SBP, 2012), Manual de Atenção à Saúde do Adolescente (Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, 2006), Caderno do Adolescente (SESI Departamento Regional do Paraná) e Nutrição em Pediatria: da Neonatologia à Adolescência. A partir dessas referências foram elaborados materiais para orientação dos adolescentes, por meio de palestras, filmes e dinâmicas. O Colégio Estadual Antonio Tupy Pinheiro disponibilizou os equipamentos para

3 avaliação nutricional (balança e estadiômetro) e os materiais necessários para demais atividades foram de responsabilidade da coordenadora do projeto. 3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO Estavam matriculados no terceiro ano 59 alunos, entre eles 33 eram do sexo feminino e 26 do sexo masculino. A avaliação nutricional foi realizada por 48 alunos, em que 4,16% estavam com baixo peso, 56,25% estavam eutróficos, 22,91% estavam com sobrepeso, 14,48% estavam obesos e 2,08% estavam com obesidade grau II. Os 11 alunos que não fizeram a avaliação não estavam na escola no dia da sua realização. Foi encontrada prevalências similares aos do presente estudo com o estudo de Ferreira et al. (2013), onde avaliou 977 adolescentes com idade entre 10 a 18 anos, de escolas públicas do Distrito Federal (DF), estimou-se a prevalência da composição corporal com base no IMC, e os resultados revelaram que a maioria dos adolescentes (79,1%) estavam eutróficos, 11,7% apresentaram excesso de peso e 9,2% com baixo peso. Segundo Carvalho et al. (2007) em um estudo na cidade de Campina Grande-PB, envolvendo 180 adolescentes de ambos os sexos com faixa etária de 14 a 17 anos de uma escola pública e privada, com objetivo de identificar prevalência de sobrepeso/obesidade e outras alterações por meio do IMC, o percentual de estudantes do ensino público foi maior (52,8%) quando comparada com o ensino privado (47,2%). Os resultados da avaliação antropométrica mostram que o percentual de alunos com sobrepeso foi maior na escola pública (15,8%) do que na privada (12,9%), e nos meninos (15,7%) do que nas meninas (13,3%). Não houve registro de obesidade e o percentual de desnutrição foi inexpressivo, correspondendo a 1,7%. Diferente dos alunos do colégio Tupy que apresentaram resultados significativos para sobrepeso e obesidade. Sendo assim, a educação nutricional nas escolas é fundamental, pois a composição corporal inadequada nos adolescentes pode trazer prejuízos ao crescimento, desenvolvimento e saúde. O período da adolescência torna os indivíduos vulneráveis a excessos, carências e desequilíbrios nutricionais, devido às transformações da própria adolescência, da adoção de práticas e comportamento incorretos que estão associados à complexa interação entre os fatores biológicos, culturais e psicossociais (Gonçalves, 2006). A partir dos resultados encontrados na avaliação antropométrica, notou-se a necessidade de desenvolver com os alunos educação nutricional. Dessa forma, foram abordados os temas alimentação saudável com base nos 10 passos para uma alimentação saudável do guia alimentar para a população brasileira. Macronutrientes e micronutrientes abordando a função, importância, alimentos fonte e benefícios para a saúde. No primeiro encontro os alunos participaram e fizeram várias perguntas sobre o tema, após o resultado da avaliação nutricional apresentada demonstraram interesse quanto ao encaminhamento para consulta na Clínica Escola de Nutrição da Universidade Estadual do Centro-Oeste (CENUT), no segundo momento foram elaborados cartazes sobre proteína, carboidratos e lipídeos e dúvidas foram tiradas ao final da palestra e no último encontro foi desenvolvido um trabalho sobre micronutrientes, além de oferecer uma salada de frutas para incentivar o consumo de frutas e reforçar a importância da sua inclusão na alimentação diária. A avaliação aplicada no último encontro para conhecer a opinião dos alunos e a compreensão da importância de ter alimentação saudável, observou-se que 96,7% gostaram de participar do projeto, 100% julgaram as informações apresentadas importantes, 51,61% não

4 mudaram nada na sua alimentação mesmo após participar do projeto, 48,38% gostaram mais do tema alimentação saudável 19,35% do tema macronutrientes e 32,25% do tema micronutrientes. Podemos observar que a educação nutricional teve grande aceitação, e que as informações repassadas foram julgadas importantes pelos alunos, porém há uma quantidade significativa que não mudou seus hábitos alimentares mesmo depois de saberem o que uma alimentação não saudável pode ocasionar na saúde. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com esse projeto foi possível concluir que novos projetos ou abordagens são necessárias, pois a mudança de comportamento alimentar é um processo lento e que deve ser tratada de forma mais efetiva e sistêmica. Sendo assim, seria interessante dar continuidade aos trabalhos, envolvendo uma equipe multiprofissional, e principalmente a família que tem influência direta nos hábitos alimentares dessa população. REFERÊNCIAS ARAÚJO, C. et al. Estado nutricional dos adolescentes e sua relação com variáveis sociodemográficas: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE), Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.15, n.2, p , BOOG, M.C.F Utilização de vídeo como estratégia de educação nutricional para adolescentes comer... o fruto ou o produto? Revista de Nutrição de Campinas, Campinas, v.16, n.3, p BRASIL. Guia Alimentar para a População Brasileira: Ministério da Saúde. 2ªEd. Brasília (DF), BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Guia Alimentar da População Brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; CARVALHO, D.F.; PAIVA, A.A.; MELO, A.S.O.; RAMOS, A.T.; MEDEIROS, J.S.; MEDEIROS, C.C.M.; CARDOSO, M.A.A. Perfil lipídico e estado nutricional de adolescentes. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 10, n. 4, p , DERAM, S O peso das dietas: emagreça de forma saudável dizendo não às dietas. São Paulo: Editora Sensus. DESSEN, M.A.; POLONIA, A.C A Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano. Revista Paidéia, Ribeirão Preto, n.17, v.36, p FERREIRA, A.A.; NOGUEIRA, J.D.; WIGGERS, I.; FONTANA, K.E Composição e percepção corporal de adolescentes de escolas públicas. Revista de Motricidade, Portugal, v.9, n.3, p.19-29, GONÇALVES, I. Hábitos alimentares em adolescentes. Revista Portuguesa de Clínica Geral, Portugal, v.22, p , MATOS, M.G.; CARVALHOSA, S.F A saúde dos adolescentes: ambiente escolar e bem-estar. Revista Psicologia, Saúde e Doença, Lisboa, v. 2, n.2, p.43-53, RODRIGUES, E.M.; BOOG, M.C.F. Problematização como estratégia de educação nutricional com adolescentes obesos. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.22, n.5, p , SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento de Nutrologia. Manual de

5 orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar; escolar; do adolescente e na escola. 3. Ed. Rio de Janeiro: SBP, p. THE WHOQOL GROUP: The World Health Organization Quality of Life Assessment. Universitária do município de São Paulo Tese-Programa de Pós Graduação em Nutrição e Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública, São Paulo, v.41, n. 10, p , TORAL, N.; SLATER, B.; SILVA, M.V Consumo alimentar e excesso de peso em estudantes de Piracicaba, São Paulo. Revista de Nutrição de Campinas, Campinas, v.20, n.5, p WORLD HEALTH ORGANIZATION -WHO. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bulletin of the World Health Organization; 85: