Mesa redonda 2 : Evidências para ações em saúde pública

Transcrição

1 Mesa redonda 2 : Evidências para ações em saúde pública

2 Reflexões sobre o uso da evidência científica na formulação, implementação e avaliação de ações em saúde pública Exemplos: Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) do SUS

3 Evidências para ações em saúde pública Informar e influenciar o processo de decisão: Diagnóstico e vigilância em saúde Determinantes e modelos causais Intervenção (promoção, prevenção e cuidado integral / avaliação de processo e impacto e custoefetividade)

4 Tipologia do uso da evidência científica nas políticas sociais Uso instrumental: Aplicação direta da evidência gerada pela pesquisa na tomada de decisão política e/ou prática Uso conceitual: Efeito indireto e não pragmático Conhecimento, entendimento e atitudes dos tomadores de decisão (gestores e profissionais) e outros atores envolvidos (controle social) Uso processual: Ênfase no delineamento e condução da pesquisa, não somente nos seus achados Mecanismo de aprendizagem, engajamento e motivação Fonte: Nutley et al, Using Evidence: How Research Can Inform Public Services. 2007

5 Perspectiva de uso continuum de pesquisa em políticas sociais Percepção Conhecimento e entendimento Atitudes e representações sociais Mudança nas práticas e políticas Uso mais conceitual Uso mais instrumental Fonte: Nutley et al, Using Evidence: How Research Can Inform Public Services. 2007

6 Políticas de Saúde Baseadas/Orientadas por evidencias

7 1. Não avaliar 2. Iniciar tardiamente a avaliação 3. Avaliar o impacto sem avaliar o processo 4. Usar metodologia inadequada 5. Não envolver os gestores 6. Ignorar o contexto 7. Não avaliar as desigualdades Qualificar a relação entre Academia e Governo/Gestão das Políticas

8 Modelo interativo do uso da evidência DIFUSORES DO CONHECIMENTO - Fatos Advocacy Lobby - Idéias / Representacoes - Interesses Influências empíricas GESTORES / PROFISSIONAIS Solução Problema PESQUISADORES Agenda prioritária Problemas de serviço Possibilidade de intervenção AGÊNCIAS de FINANCIAMENTO Incentivos Agenda de pesquisa Fonte: adaptado de Nutley et al, Using Evidence: How Research Can Inform Public Services. 2007

9 Reflexões sobre o uso da evidência científica na formulação, implementação e avaliação de ações em saúde pública Exemplos: Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) do SUS

10 NUTRIÇÃO EM SAÚDE PUBLICA: PRIORIDADES

11 POLITICA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Portaria GM nº 2.715, de 17 nov Propósito: Melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição.

12 4.Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição 5.Participação e Controle Social 6.Qualificação da Força de Trabalho Diretrizes 3.Vigilância Alimentar e Nutricional 7. Controle e Regulação dos Alimentos 2.Promoção da Alimentação Adequada e Saudável 1.Organização da Atenção Nutricional 8. Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição 9. Cooperação e Articulação para Segurança Alimentar e Nutricional

13 Exemplo 1: Promoção da Alimentação Saudável

14 Promoção da Alimentação Saudável Políticas Públicas Saudáveis Oferta de alimentos saudáveis em ambientes institucionais Reforço da ação comunitária Reorientação dos serviços de saúde Educação Alimentar e Nutricional Regulação e controle de alimentos Conjunto de estratégias que proporcionem aos indivíduos e coletividades a realização de práticas alimentares adequadas e saudáveis.

15 - Ação em saúde pública: Promoção da Alimentação Saudável - Publicado em 2006 (1as diretrizes oficiais) - Características: baseado em alimentos, nutrientes e porções (abordagem biológica e prescritiva / formato técnico) - Revisão: Parceria MS e NUPENS/USP

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17 EVIDÊNCIA: Consumo de alimentos e estado nutricional da população brasileira Estado nutricional: Queda da desnutrição em menores de 5 anos Emergência do sobrepeso/obesidade nas demais idades. Deficiência de micronutrientes crianças e mulheres em idade fértil ENDEF ; PNSN 1989; PNDS 1996 e 2006; POF ; VIGITEL 2006 a Consumo de alimentos: determinado pelo sistema alimentar e determinante do estado nutricional Implicações para as políticas de saúde e de segurança alimentar e nutricional

18 EVIDÊNCIA: impacto do consumo de alimentos ultra-processados na saúde

19 Mecanismos que ligam produtos alimentícios ultraprocessados ao excesso de consumo de calorias e à obesidade Alta densidade energética Calorias líquidas Hiper-palatabilidade Adição (alguns produtos) Marketing agressivo Porções gigantes

20 Alimentos com variação significativa na disponibilidade domiciliar total de alimentos (Áreas metropolitanas do Brasil: POF ) 6 Δ % TOTAL KCAL 4 REFRIG/DOCES OUTROS 2 PÃES BISCOITOS EMBUTIDOS 0-2 ARROZ FEIJÃO CARNES LEITE -4-6 AÇÚCAR/ÓLEOS/ GORDURAS/FARINHAS Fonte: NUPENS/USP. Updated from Monteiro et al 2011 Public Health Nut 14(1): 5-13

21 Variação na disponibilidade domiciliar de alimentos e a Nova Classificação de Alimentos (Áreas metropolitanas do Brasil: POF ) 6 Δ % TOTAL KCAL 4 2 G1: Alimentos não ou minimamente processados PÃES BISCOITOS REFRIG/DOCES EMBUTIDOS OUTROS PUP 0-2 ARROZ FEIJÃO CARNES LEITE G3: Produtos ultraprocessados (prontos para consumo) -4-6 AÇÚCAR/ÓLEOS/ GORDURAS/FARINHAS G2: Ingredientes culinários Fonte: NUPENS/USP. Updated from Monteiro et al 2011 Public Health Nut 14(1): 5-13

22 6 Variação na disponibilidade domiciliar de alimentos e as práticas alimentares / comensalidade (Áreas metropolitanas do Brasil: POF ) Δ % TOTAL KCAL Lanches e comida rápida 4 REFRIG/DOCES 1 OUTROS PUP 2 PÃES BISCOITOS EMBUTIDOS 0 FEIJÃO -2 ARROZ CARNES LEITE -4-6 AÇÚCAR/ÓLEOS/ GORDURAS/FARINHAS Fonte: NUPENS/USP. Updated from Monteiro et al 2011 Public Health Nut 14(1): 5-13

23 Princípios que norteiam a revisão do Guia Alimentar Bem-estar Contexto Sustentabilidade Alimentação e a promoção do pleno bem-estar, para além da ausência de doenças Relação entre Alimentação e Saúde deve considerar nutrientes, combinação de alimentos e as práticas alimentares no contexto do sistema alimentar Alimentação saudável deriva de sistema alimentar sustentável. Promoção de consumo e praticas alimentares que respeitam o ambiente

24 Princípios que norteiam a revisão do Guia Alimentar Ético Racionalidade Empoderamento Guias alimentares devem contribuir para promoção do Direito Humano à Alimentação Saudável. Guias alimentares devem se apoiar em conhecimentos e evidencias provenientes de diferentes disciplinas e campos Consumidores informados e cidadãos ativos para conformação de ambientes alimentares mais saudáveis

25 Exemplo 2: Prevenção e controle da anemia na primeira infância

26 Atenção Nutricional Compreende os cuidados relativos à alimentação e nutrição voltados a promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento de agravos, que devem estar associados às demais ações de atenção à saúde do SUS, para indivíduos, famílias e comunidades, contribuindo para a conformação de uma rede integrada, resolutiva e humanizada de cuidados.

27 Estado nutricional na infância no Brasil. Crianças menores de 5 anos PNDS ,9% Anemia 17,4% Hipovitaminose A 7,4% Excesso de peso 6,8% déficit de altura 1,6% déficit de peso

28 Prevalência de Anemia em crianças <5 anos. Brasil, Estudos No. estudos Amostra (n) Prevalência (%) Brasil PNDS/2006* ,9 Base Populacional** ,1 Escolas/Creches** ,0 Área de iniquidades** ,5 Serviços de Saúde** ,2 Povos Indígenas*** ,3 Fontes: * Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher 2006 ** Viera & Ferreira (2010) Rev. Nutr. 23: *** Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas 2008/2009

29 EVIDÊNCIA: Peso da anemia na saúde e desenvolvimento infantil Crianças com anemia Danos ao desenvolvimento neuropsicomotor (Grantham-McGregor et al 2001; Beard et al 2008) Repercussões futuras na idade escolar e na adolescência Mesmo tratadas menor capacidade de aprendizagem (Lozoff et al 2000; Lozoff, Jimenez, Smith 2006) Adultos com menor capacidade produtiva Entre os 20 fatores que diminuem a expectativa de vida o mundo (OMS 2009) Repercussões na economia dos países (Ross e Horton 1998)

30 Apontam os principais agravos que acometem crianças e mulheres no mundo Elencam os principais fatores de risco Identificam prioridades de intervenção Recomendam intervenções que funcionam

31 Nutrição na primeira infância no âmbito do SUS Oportunidades para potencializar a saúde e o pleno desenvolvimento Infantil

32 Estratégias para prevenção e controle da Anemia no âmbito do SUS Fortificação das farinhas com ferro e ácido fólico Educação Alimentar e Nutricional Suplementação com ferro ou micronutrientes

33 Por fim... Tomada de decisão nas Políticas de Saúde Hammond K R (1996). Human Judgment and Social Policy: Irreducible uncertainty, inevitable error, unavoidable injustice. Pesquisa Científica Evidência Processo de Decisão Razão entre análise e intuição Valores e preferências Decisão transparente, explícita e defensável

34 Patricia Jaime Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição Departamento de Atenção Básica Secretaria de Atenção à Saúde Ministério da Saúde cgan@saude.gov.br Tel