Síntese Teórica: PNAN Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) (Setembro 2016)
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- Helena Lisboa Leveck
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1 Síntese Teórica: PNAN Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) (Setembro 2016) Relembrando, a PNAN tem como propósito melhorar as condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição. Dessa forma, insere-se como um dos eixos estratégicos da política, compondo a segunda diretriz: Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS). A PAAS tem por objetivo apoiar estados e municípios brasileiros no desenvolvimento da promoção e proteção à saúde da população, possibilitando um pleno potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. Além disso, reflete a preocupação com a prevenção e com o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição como a prevenção das carências nutricionais específicas, desnutrição e contribui para a redução da prevalência do sobrepeso e obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis, além de contemplar necessidades alimentares especiais tais como doença falciforme, hipertensão, diabetes, câncer, doença celíaca, entre outras. Portanto, Alimentação Adequada e Saudável é a prática alimentar apropriada aos aspectos biológicos e socioculturais dos indivíduos, bem como ao uso sustentável do meio ambiente. Deve estar em acordo com as necessidades de cada fase do curso da vida e com as necessidades alimentares especiais; Referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e etnia; Acessível do ponto de vista físico e financeiro; Harmônica em quantidade e qualidade; Baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis; Com quantidades mínimas de contaminantes físicos, químicos e biológicos. A PAAS deve estar presente em âmbito intersetorial, perpassando a agenda de diversos setores como Educação (no Programa Nacional de Alimentação Escolar PNAE), na Saúde (através da PNAN), Desenvolvimento Rural (na Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural), SAN (mediante equipamentos de alimentação), e Trabalho (através do Programa de Alimentação do Trabalhador), dentre outros.
2 As Ações de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no SUS e no SISAN possuem como marcos políticos que as potencializam: a PNAN, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das DCNT, o PLANSAN, o Marco de Referência para Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade, e o Pacto Federativo pela Alimentação Adequada e Saudável. O Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) para as Políticas Públicas tem o objetivo de promover um campo comum de EAN que tenham origem, principalmente, na ação pública, e que contemple os diversos setores vinculados ao processo de produção, distribuição, abastecimento e consumo de alimentos. Assim, o Marco de Referência pretende apoiar os diferentes setores de governo em suas ações de EAN para que, dentro de seus contextos, mandatos e abrangência, possam alcançar o máximo de resultados possíveis. Nesse sentido, a EAN integrada a estratégias mais amplas para o desenvolvimento, poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida da população. Segundo o Marco de Referencia da EAN, Educação Alimentar e Nutricional, no contexto da realização do Direito Humano à Alimentação Adequada e da garantia da Segurança Alimentar e Nutricional, é um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. A prática da EAN deve fazer uso de abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais, considerando todas as fases do curso da vida, etapas do sistema alimentar e as interações se significados que compõem o comportamento alimentar. Enquanto ação de política pública, a EAN pode ocorrer em diversos setores e deverá observar os princípios organizativos e doutrinários do campo no qual está inserida. Assim, na esfera da SAN, deverá observar os princípios do SISAN; na saúde, os princípios do SUS, na educação, os princípios da PNAE, na rede sociassistencial, os princípios do SUAS e assim sucessivamente. A esses princípios estruturantes se somam: - Sustentabilidade social, ambiental e econômica - Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade - Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas - A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória - A Promoção do autocuidado e da autonomia - A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos - A diversidade nos cenários de prática - Intersetorialidade
3 - Planejamento, avaliação e monitoramento das ações Atendendo a estes princípios, todas as estratégias de EAN têm como referência o Guia Alimentar para a População Brasileira que apresenta as diretrizes oficiais brasileiras para a alimentação saudável. Diferentes estratégias têm sido pensadas no sentido de estimular a autonomia dos indivíduos para a realização de escolhas e de favorecer a adoção de práticas alimentares e de vida saudáveis. Nesse sentido, as ações de PAAS fundamentam-se nas dimensões de incentivo, apoio, proteção da saúde e devem combinar iniciativas focadas em: Políticas públicas; Criação de ambientes favoráveis à saúde nos quais o indivíduo e comunidade possam exercer o comportamento saudável; Reforço da ação comunitária; Desenvolvimento de habilidades pessoais por meio de processos participativos e permanentes; Reorientação dos serviços na perspectiva da promoção da saúde; Regulação e controle de alimentos; Educação alimentar e Nutricional. Exemplos ações de incentivo: Publicação de materiais e desenvolvimento de campanhas/atividades para promoção da alimentação adequada e saudável, para profissionais e para a população: Guia Alimentar para População Brasileira, Alimentos Regionais, Marco de Referência para EAN, Dez passos para Crianças Menores de Dois Anos, Manual das Cantinas Escolares Saudáveis. Exemplo de ações de Apoio: Rede Brasileira de Bancos de leite: Rede organizada e exitosa na coleta, processamento e distribuição de leite humano para recém-nascidos internados e na promoção e apoio ao aleitamento materno. Sala de Apoio à Amamentação: Espaços dentro da empresa em que a mulher, com conforto, privacidade e segurança, pode esvaziar as mamas, armazenando seu leite em frascos previamente esterilizados para, em outro momento, oferecê-lo ao seu filho. Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil: Qualificação do processo de trabalho dos profissionais da atenção básica para o fortalecimento das ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar para crianças menores de dois anos. Para a efetivação da estratégia, os estados e municípios deverão se organizar para formar os profissionais da atenção básica por meio de duas ações: formação de tutores e oficinas de trabalho na Unidade Básica de Saúde (UBS):
4 Oficina de formação de tutores - Visa qualificar profissionais de referência que serão responsáveis em disseminar a estratégia e realizar oficinas de trabalho nas suas respectivas UBS. Esses profissionais são os pilares da estratégia e devem apoiar o planejamento, o acompanhamento e/ou fortalecimento das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável nas UBS, de forma contínua. O Ministério da Saúde, a partir de março de 2013, formou 1000 tutores em todos os estados brasileiros para capilarizar a estratégia nos municípios. Oficina de trabalho na UBS - Visa discutir a prática do aleitamento materno e alimentação complementar saudável com os profissionais da UBS e planejar ações de incentivo à alimentação saudável na infância, de acordo com a realidade local. Essa oficina é o ponto de partida para o desenvolvimento de ações com o objetivo de promover, proteger e apoiar a prática do aleitamento materno e alimentação complementar saudável. Essas oficinas acontecem a partir de um cronograma firmado entre as UBS e a secretaria de saúde, que em um primeiro momento deve ser de cinco horas, de acordo com a metodologia proposta. Em um segundo momento, uma oficina mais curta deve ser realizada para discutir temas específicos segundo a realidade de cada UBS. Como exemplo dessas discussões estão o manejo do aleitamento materno, prática da alimentação complementar, desenvolvimento infantil, Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), entre outros. Exemplo de ações de Proteção: São ações de caráter regulatório que impedem a exposição de coletividades e indivíduos a fatores e situações estimuladores de práticas não saudáveis. Regulação da publicidade de alimentos: O Estado brasileiro é responsável por favorecer a criação de ambientes propícios à promoção da saúde. A escolha por alimentos saudáveis depende de sua disponibilidade e acessibilidade e, por isso, há a obrigação de proteger a saúde da população, a partir da regulação das atividades de terceiros, a fim de evitar a interferência nos direitos de outras pessoas à alimentação e saúde adequadas. O processo de regulação da publicidade e propaganda de alimentos busca aliar o direito à informação com a proteção do consumidor a práticas abusivas. Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL): conjunto de normas que regulam a promoção comercial e a rotulagem de alimentos e produtos destinados a recém-nascidos e crianças de até três anos de idade, como leites, papinhas, chupetas e mamadeiras. Seu objetivo é assegurar o uso apropriado desses produtos de forma que não haja interferência na prática do aleitamento materno, configurando-se como importante instrumento para o controle da publicidade indiscriminada dos alimentos e produtos de puericultura que concorrem com a amamentação.
5 Bibliografia indicada: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, (páginas 31 a 34) BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília, DF: MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a população brasileira. 2ª ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 1.920, DE 5 DE SETEMBRO DE Institui a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e AlimentaçãoComplementar Saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Para saber mais, consulte cursos de auto-aprendizagem disponibilizados nas redes sociais REDE NUTRI e Ideias na Mesa: - Cantinas Escolares Saudáveis: promovendo a alimentação saudável (RedeNutri / MS, UnB, OPAS) - Guia Alimentar para a População Brasileira: novos princípios e recomendações (RedeNutri / MS, UnB, OPAS) - Qualificando a oferta de alimentação adequada e saudável no âmbito de entidades atendidas pelo Programa de Aquisição de Alimentos PAA (Ideias na Mesa / MDS. UnB) - Educação Alimentar e Nutricional: uma estratégia para promover o Direito Humano à Alimentação Adequada nos serviços socioassistenciais (Ideias na Mesa / MDS, UnB).
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