Modelo de Harrod-Domar

Documentos relacionados
MODELO DE HARROD-DOMAR

O Modelo de Crescimento de Solow. José Luis Oreiro Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília Pesquisador Nível IB do CNPq.

12 Flutuações de Curto Prazo

Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2012/2013 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Economia Fechada. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulos 3, 4 e 7

Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2013/2014 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

MODELO DE SOLOW: O MODELO BÁSICO. Profa. Maria Isabel Busato

Parte 2 Fundamentos macroeconômicos Sessão 2

[80] O efeito multiplicador em questão pressupõe que a economia esteja em desemprego.

Macroeconomia Aberta. CE-571 MACROECONOMIA III Prof. Dr. Fernando Nogueira da Costa Programa 1º semestre.

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Economia Fechada. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulos 3, 4 e 7

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISA EM ECONOMIA E GESTÃO GOVERNAMENTAL (CEPEGG): Curso Regular de Macroeconomia

Aula 07 Modelo IS-LM Parte I

MODELOS NEOCLÁSSICOS DE CRESCIMENTO - SOLOW: O MODELO BÁSICO. Profa. Maria Isabel Busato

MODELO DE SOLOW: COM PROGRESSO TÉCNICO EXÓGENO. Profa. Maria Isabel Busato

INSS Economia Macroeconomia Keynesiana Fábio Lobo

Modelos de determinação da renda: o Modelo Clássico

Demanda Agregada salários e preços rígidos

Economia. Modelo Clássico. Professor Jacó Braatz.

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Economia Fechada. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulos 3 e 4

Acumulação de Capital, grau de utilização da capacidade e distribuição nos modelos pós Keynesianos *

Existe uma diferença fundamental entre a abordagem neoclássica para o crescimento econômico

Desenvolvimento Econômico com Oferta Ilimitada de Mão de Obra: O Modelo de Lewis (1954)

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Economia Fechada. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulos 3 e 4

SIMULADO PROVA DE MACROECONOMIA. 19/07/2012 Quinta-Feira HORÁRIO: 08:00h às 10:15h

Economia. Modelo Keynesiano. Professor Jacó Braatz.

Desenvolvimento numa Perspectiva Keynesiana

O MODELO DE DESENVOLVIMENTO DE KALDOR

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PROFESSOR JOSÉ LUIS OREIRO

CP Aceleracionista, Regra Monetária e Taxa de Sacrifício

CP Aceleracionista, Regra Monetária e Taxa de Sacrifício

1. Teoria Quantitativa da Moeda 1.2. Modelo Clássico e o Processo Cumulativo de Wicksell

1. Teoria Quantitativa da Moeda 1.2. Modelo Clássico e o Processo Cumulativo de Wicksell

2. Demanda por Moeda em Keynes 2.1. Keynes e a economia monetária de produção

1.Crítica externa monetária: Keynes e o principio Princípio da Demanda Efetiva

Influência das políticas monetária e fiscal sobre a demanda agregada.

O MODELO DE CRESCIMENTO NEOCLÁSSICO A UM SETOR

Conteúdo Programático

Introdução à. Macroeconomia

EAE0111 Fundamentos de Macroeconomia. Lista 3

é maior (menor) do que zero. Assim, o multiplicador em (c) será maior se b 1 é grande (investimento é sensível à renda),

PROGRAD / COSEAC Ciências Econômicas Niterói - Gabarito

Porque há um elevado custo de manutenção das reservas internacionais brasileiras e o paradoxo da parcimônia de Keynes

Oferta (Cap. 8) 2º SEMESTRE 2011

2. Em um modelo Keynesiano observa-se um aumento exógeno da produtividade do trabalho. Essa mudança apresenta o seguinte corolário:

Fig. 1-1 Procura e oferta agregadas no longo prazo. Produto (Y)

Introdução à Macroeconomia. Danilo Igliori Um modelo para a renda nacional

Introdução à Macroeconomia

ECONOMIA. Macroeconomia. Escola Clássica Parte 01. Prof. Alex Mendes

IGEPP GESTOR Prof. Eliezer Lopes

Aula 3. Modelos de Crescimento Endógeno. Wilson Correa. June 3, 2015

CURVA DE OFERTA AGREGADA. Prof. Pedro Carvalho de Mello Palestra 5 de Junho de 2017 Curso TEORIA MACROECONÔMICA I ESALQ LES

COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 2º SEMESTRE 2011

Introdução à Macroeconomia. Danilo Igliori

Macroeconomia Equilíbrio Geral

Modelo de Factores Específicos

INTRODUÇÃO A ECONOMIA AULA 1

1E207 - MACROECONOMIA II

MICROECONOMIA MICRO PARA ADM*

Introdução à Macroeconomia

Modelo Clássico de Determinação da Renda. Prof.: Antonio Carlos Assumpção

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Economia Fechada. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulos 3 e 7

MOEDA E INFLAÇÃO Macro VI

Demanda por moeda e preferência pela liquidez

Fatores Aceleradores, Mantenedores e Sancionadores da Infl

ECONOMIA. Macroeconomia. Teoria Keynesiana Parte 02. Prof. Alex Mendes

Comércio em Smith e Ricardo

EAE-206 Teoria Macroeconômica I Prof. Márcio I. Nakane Lista de Exercícios 4 Mercado de trabalho e AS AD. 1. Blanchard, cap.

Por que um limite para a dívida da União?

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PROFESSOR JOSÉ LUIS OREIRO

4. Modelo Monetarista 4.1. Demanda por moeda em Friedman: o restabelecimento da TQM

Renda e produto de equilíbrio

2. KEYNES: PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA E INCERTEZA

O Monetarismo Petista: Uma análise da economia brasileira com enfoque na poĺıtica monetária

LEC206 - MACROECONOMIA II

Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2014/2015 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

O Modelo de Solow. Alexandre Nunes de Almeida

Quanto a economia brasileira pode crescer no longo-prazo? *

A Política Monetária de Milton Friedman

Economia. Prof. Responsável: Wilson Mendes do Valle

AULA 27 02/06/2010 CAP. 33 MANKIW DEMANDA AGREGADA E OFERTA AGREGADA. Três fatos chaves sobre flutuações econômicas

Macroeconomia Equilíbrio Geral

Demanda por moeda e preferência pela liquidez

Produção Parte Produção com Dois Insumos Variáveis 4. Rendimentos de Escala

Avaliação Distribuída 1º Mini-Teste (2 de Abril de h30) Os telemóveis deverão ser desligados e guardados antes do início do teste.

Mr. Keynes and the "Classics", A Suggested Interpretation

I MACROECONOMIA BÁSICA: AGREGADOS MACROECONÔMICOS,

Teorias do Crescimento Económico

SIMPÓSIO - O PAC e os requerimentos necessários ao crescimento econômico O PAC e a performance da economia brasileira 1.

4. Modelo Monetarista 4.1. Demanda por moeda em Friedman: o restabelecimento da TQM

4. Modelo Monetarista

Universidade de São Paulo - USP Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto Departamento de Economia LISTA 1

Flutuações Econômicas no Curto Prazo OA e DA CAPÍTULO 33

BRASIL. Paulo André de Oliveira. Conjuntura Econômica JUROS. Ciclos de expansão da Economia 1. Ciclos de expansão da Economia 2

MACROECONOMIA (Curso de Economia Brasileira, DEP)

Parte 4 Integração entre microeconomia e macroeconomia e implicações sobre as políticas econômicas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ COORDENADORIA DE CONCURSOS CCV

Teoria do Desenvolvimento de Schumpeter

Transcrição:

Modelo de Harrod-Domar Adaptação de Keynes para o LP Desejo de realismo, de simplicidade e de aplicação em políticas Objetivo: determinar a taxa de crescimento compatível com o pleno emprego e com preços estáveis Suposto: K e L combinados em proporções fixas Modelo de Domar Oferta Agregada: Y S = (Y/K) K Produtividade média do capital = Y/K = σ (sigma) Simplificando, Y/K = Y/ K (média = marginal, com tecnologia constante) K = I (Investimentos líquidos) Y/I Y S = σi Y: aumento potencial do produto, com a plena utilização da 1 capacidade produtiva expandida

Demanda agregada: Y = C + I Y = C + cy + I Y cy = C + I Y = (1/(1-c))(C + I) Y D = 1/s I (multiplicador) Efeito duplo dos I: são demanda (primeiramente) e também ampliam a capacidade produtiva (crescimento) (posteriormente) Assimetria: variação da oferta depende de I e variação da demanda depende de I Se I líquido fica constante, oferta aumenta mas demanda não, gerando capacidade ociosa: I líquido irá cair Paradoxo essencial do I: deve crescer, período após período, para não cair (economia não pode ficar estática). Demanda agregada deve crescer para comprar o produto potencial ampliado que não é consumido. 2

Taxa de crescimento de equilíbrio: - Com I líquido positivo, qual a taxa de crescimento dos I que assegura que a economia não retroceda? - O aumento da demanda agregada real ( Y D ) deve ser igual ao aumento da capacidade produtiva potencial ( Y S ) - Partindo do pleno emprego, sua manutenção exige que as variações da oferta e da demanda sejam iguais: Y D = Y S 1/s I = σi I/I = sσ Taxa requerida de crescimento dos Investimentos líquidos para que o produto real acompanhe a evolução do produto potencial = Propensão marginal a poupar x Produtividade do capital 3

- Como Y D = σi e I = S = sy (em equilíbrio), Y D = σsy, ou seja, Y D /Y D = sσ - Portanto, a taxa de crescimento do produto real deve ser igual à taxa de crescimento dos investimentos líquidos para que o produto real permaneça igual ao produto potencial: Y/Y = I/I = sσ - Pleno emprego exige taxa de crescimento constante, período após período, do produto Y e dos Investimentos. - Quanto maiores a produtividade do capital e a propensão a poupar, maiores precisam ser as taxas de acumulação de capital e de crescimento do produto para manter a economia no pleno emprego. - É possível manter o pleno emprego a longo prazo, mas sob as condições acima. - Se taxas de crescimento de Y e de I forem diferentes de sσ: desemprego ou inflação: ciclos como possibilidade real 4

Modelo de Harrod Adicionar uma teoria do investimento, que é a teoria da aceleração, representando as expectativas dos empresários. I p = λ (Y t Y t-1 ) I p é o investimento induzido planejado λ (lambda): acelerador ou relação capital-produto (K/Y), igual à recíproca da produtividade do capital σ (Y/K) Variações do produto aceleram a demanda por bens de capital 5

- Harrod: qual a taxa garantida de crescimento para manter o equilíbrio? Exige-se: I p = I t = S p = S t = sy t (ausência de erros de previsão) Ou seja: sy t = λ (Y t Y t-1 ) = λ ( Y t ) Y t / Y t = s/λ g e = s/λ g e : taxa de crescimento que proporciona a plena utilização de um crescente estoque de capital g e depende da fase do ciclo econômico - Taxa garantida própria da economia: em pleno emprego - Taxa realizada de crescimento (g t ) pode ser igual, superior ou inferior à taxa requerida g e. - Aumento de s gera aumento da taxa requerida e redução da taxa realizada, devido ao menor multiplicador: as duas taxas andam em sentidos contrários. 6

Desvios entre g t e g e não se compensam nos períodos seguintes: a) g t < g e I induzido < S planejado deficiência de demanda ou excesso de capacidade (estoque de capital existente é maior que o desejado pelas empresas ao nível corrente de Y) Paradoxo: excesso de capacidade resulta de insuficiência de I Isso leva a uma redução da renda e do produto efetivos que, por meio do acelerador [I = f( Y)] geram redução ainda maior de I Resultado: depressão ou estagnação profunda e prolongada 7

b) g t > g e I induzido > S planejado excesso de demanda ou escassez de capacidade (estoque de capital existente é menor que o desejado pelas empresas ao nível corrente de Y) Paradoxo: escassez de capacidade resulta do fato de que as empresas investiram demais Isso leva a um aumento da renda e do produto efetivos que, por meio do acelerador [I = f( Y)] geram aumento ainda maior de I (pois as empresas tentam compensar a escassez), produzindo excesso de demanda ainda maior Resultado: euforia econômica prolongada - Investimento é demanda antes de ser oferta 8

- Divergência inicial gera forças centrífugas que levam o sistema, não de volta a g e, mas para posições cada vez mais distantes dela - Padrão de crescimento inerentemente instável (equilíbrio instável), com longos períodos de boom ou de estagnação - Trajetória de crescimento equilibrado: fio da navalha - Possibilidade de superprodução, de recessão ou de pontos de estrangulamento: necessidade de ação estatal 9

Emprego de mão-de-obra: - Capital é o único fator de produção explicitado. Suposição de proporções fixas (K e L perfeitamente complementares): mãode-obra empregada resulta do montante de capital utilizado. - Suposição de retornos de escala constantes: aumento de 1% de K e de L resultam em mais 1% de capacidade produtiva - Taxa natural de crescimento: g n (taxa de crescimento exógena da força de trabalho ponderada pela tecnologia, influenciada por fatores demográficos de LP) - Tecnologia exógena - Para haver pleno emprego: g e = g t = g n a) g e = g t > g n acúmulo de fábricas e equipamentos ociosos, pois haverá mais K adicionado que trabalhadores para operálos. I seria bloqueado. Portanto, g t máxima = g n, o que geraria crise b) g e = g t < g n gera-se desemprego estrutural de trabalho, mesmo com plena utilização do crescente estoque de K 10

- Primeiro problema de Harrod: improbabilidade do equilíbrio, com g e = g t = g n (as 3 taxas são determinadas de forma independente) Problema de longo prazo, entre g e e g n, entre o crescimento do capital e da força de trabalho em unidades de eficiência - Segundo problema de Harrod: instabilidade da taxa garantida de PE, ou fio da navalha Problema de curto prazo, cíclico, entre g e e g t Conclusões: a) Possibilidade do crescimento com pleno emprego b) Improbabilidade c) Instabilidade 11

Políticas econômicas: Em países em desenvolvimento normalmente g n > g e. Precisa reduzir g n e/ou aumentar g e : - Reduzir g n : menor crescimento populacional. - Reduzir o progresso tecnológico que economiza mão-de-obra, o que pode ter impactos negativos sobre o padrão de vida - Diminuir a relação K/Y com o uso de técnicas mais intensivas em mão-de-obra (g e = s/λ) - Aumentar a taxa de poupança (s). Ex.: via reforma tributária - Políticas anti-cíclicas permanentes para igualar g e a g t 12

- Idade de Ouro : H-D errados ou políticas corretas? Papel das expectativas (fio da navalha): mas é um modelo de expectativas. Empresários poderiam não ser tão pessimistas. - Problema das conclusões: dependência da hipótese de tecnologia do tipo Leontieff (combinação dos fatores em proporções fixas) - Relação K/Y constante implica relação L/Y constante e, portanto, não substituibilidade K-L (g e = s/λ ; λ = K/Y) - Se g e g t, mudança em g e por mudança em λ poderia evitar instabilidade (fio da navalha). - Por que K/Y constante? Quatro abordagens: 1- Tecnologia rígida 2- Relação K/Y pode variar, mas não o suficiente 3- Preços do K e do L são rígidos 4- Taxa de juros de longo prazo determinada de uma maneira 13 que não ajusta g e e g t (taxa de juros constante ou rígida)

Controvérsia de Cambridge (GB x EUA): - Teoria neoclássica: Relação K/Y se adapta. Mecanismo de preços (no LP os preços seriam totalmente flexíveis) ajusta insumos. Todo o estoque de K pode ser combinado com qualquer quantidade de trabalho: existe um leque de técnicas a escolher Se g n > g e a relação K/Y cai, elevando g e (g e = s/λ) Se g n > g e a relação K/Y sobe, reduzindo g e 14

- Rigidez tecnológica: cada safra de K possui exigências bastante específicas de L. Só com planejamento seria possível escolher formas alternativas. Fora disso, a hipótese de H-D não seria tão irrealista De ano para ano: proporções variam, o que é importante depois de vários anos Hipótese intermediária seria melhor? - Taxa de juros: Sem risco e em concorrência perfeita: taxa de juros = taxa de lucro = produtividade marginal do capital ( Y/ K) Sendo taxa de juros constante, Y/ K é constante e Y/K (e K/Y) é constante Mercado de capitais não gera a taxa de juros variável necessária. Taxa de juros de LP mais ou menos constante 15 Isto mesmo com flexibilidade tecnológica

Críticas e alternativas keynesianas: - Realidade: Idade de Ouro de 1950 a 1973 - Incompatibilidade da teoria de Harrod-Domar com a realidade - Keynesianos: Kaldor, Robinson e Pasinetti modelos com trajetória de pleno emprego e estável - Leva em conta distribuição funcional da renda (salário e lucros) que ajustam S e I - Como I determina S? Via efeito multiplicador [ Y = f(i)] e via mudanças na distribuição de renda (2º efeito) 16

Kaldor e Pasinetti: - Em H-D só existe uma s (exógena) para que g e = g t = g n - Essa s depende de hábitos e costumes - Em H-D, se s aumenta, aumenta g e (g e = s/λ), provocando g e g t e o problema da instabilidade - Mas s agregada é determinada pela média ponderada das s individuais ou pela distribuição de renda. A s de capitalistas (a partir de lucros, com pressão competitiva) é maior que a s de trabalhadores (a partir de salários) - Assim, s agregada não é constante e pode se ajustar, dada a flexibilidade da distribuição funcional da renda - Como os trabalhadores não são capazes de determinar sua taxa de salário real e os capitalistas ganham o que gastam, esses seriam capazes de determinar a distribuição de renda 17

- P/Y aumentaria nas fases de expansão e diminuiria nas de declínio: - Se g n > g e e ocorre expansão, P/Y e s aumentam, elevando g e. Pode ocorrer reação dos trabalhadores e inflação - Se g n < g e e ocorre recessão, P/Y e s diminuem, reduzindo g e. Pode ocorrer reação dos empresários - Ou seja, qualquer que seja I, a distribuição de renda se ajustaria para produzir S compatível. - A distribuição funcional da renda é a variável de ajuste entre g e e g n - Assim, g e e g t não são funções independentes - Com isso, encontra-se uma taxa de lucro (Equação de Cambridge) compatível com uma trajetória de crescimento equilibrado. 18

Modelo de Kaldor e Pasinetti (a partir de Kalecki): Y = W + P I = S S = S w + S p I = s p P + s w W = s p P + s w (Y P) = (s p - s w )P + s w Y I/Y = (s p - s w )P/Y + s w ou I/Y = s p P/Y com s w = 0 P/Y = 1/(s p - s w )(I/Y) s w /(s p - s w ) ou P/Y = 1/ s p (I/Y) com s w = 0 g e = s/λ (Harrod) g e λ = s = S/Y = I/Y (= s p P/Y) Com salários flexíveis, a taxa garantida se ajustará à taxa natural via uma mudança em P/Y. 19

Taxa de lucro: P/Y = 1/s p (I/Y) P = 1/s p (I) R = P/K = 1/s p (I/K) Como g e λ = s p P/Y, para que g e = g n a participação dos lucros na renda deve ser: P/Y = λ g n /s p (pois R=P/K e K=(K/Y)Y=λY e R=P/(λY) e P/Y= λr= λ g n /s p e R=g n /s p ) Equação de Cambridge: R = g n /s p (Taxa de lucro da Idade de Ouro ) 20

Joan Robinson Mas: o que determina I? - Não decorre da teoria anterior que g n determine g e g = I/K = φ (R r; Θ) - Taxa desejada de acumulação = função da taxa de lucro (R) em comparação com a taxa real de juros (r) e do animal spirits (Θ) - Taxa de lucro corrente como proxy das expectativas dos empresários (convenção de estabilidade) - Animal spirits : instinto (fraco ou forte) espontâneo de agir ao invés de não fazer nada. - Instabilidade de g decorrente do animal spirits - O pleno emprego não é garantido 21

- Relação bilateral entre lucros e I de Kalecki e Robinson: R = 1/s p (I/K) e I/K = φ (R r; Θ) Duas funções (curvas) com inclinações que são influenciadas pela política econômica, como taxas de juros, tributação, déficits orçamentários e taxas de câmbio. 22

Múltiplas trajetórias de crescimento: (equilíbrios múltiplos) Com múltiplos perfis de distribuição de renda g efetiva: função do animal spirits e da fração dos lucros que os empresários desejem poupar, com as restrições de g n como máximo, de R mínima (dado o risco) e de salários de subsistência. Trajetórias possíveis: a) Idade de Ouro: g e = g t = g n b) Idade de Ouro capenga: g produz uma taxa de lucro que mantém esse g, mas abaixo de g n (desemprego cresce) c) Idade de Ouro limitada: g maior que g n (inflação) 23

Paradoxo da parcimônia no longo prazo: Joan Robinson Maior s p redução da taxa de lucro redução de I/K e, portanto, de S redução da taxa de lucro... Novo ponto de equilíbrio inferior. Lado da Oferta? g n como limite Ênfase na demanda agregada (princípio da demanda efetiva) Tratamento sumário das condições da produção e oferta Controvérsia do capital de Cambridge: o que colocar no lugar? Tecnologia à Leontief, progresso técnico exógeno em geral Como explicar impactos sobre g de I G em infra-estrutura, em educação, capital humano, P&D etc.? 24