O JOGO PRA QUÊ? POR QUE O JOGO? * Eli Geneci Dorneles Camargo * Vilson Ramos da Silva A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM. O professor precisa se comprometer com o processo de ensino e aprendizagem do aluno, e por que não fazê-lo de maneira lúdica, despertando entusiasmo e prazer aos integrantes deste contexto. Os jogos e brincadeiras podem ser aproveitados dentro das atividades pedagógicas e não como um momento à parte, reservado apenas para aqueles que conseguem concluir as tarefas em primeiro lugar, pois brincando as crianças estabelecem relações e assim vão construindo o conhecimento. É visível o interesse das crianças quando se fala em recreação e em aula de Educação Física, pois nestes momentos elas podem desfrutar de atividades que vão de encontro a sua realidade interior, a sua naturalidade. Analisando como está sendo tratada a questão do lúdico na sala de aula, percebe-se a necessidade que de mostrar a relevância deste assunto. A presença do brincar na vida da criança exerce grande influência sobre o seu desenvolvimento sendo forte de estímulo e de descoberta, levando à conquista de novos saberes. As brincadeiras e os jogos podem ser adaptados na escola nas mais variadas situações, proporcionando prazer e favorecendo a criatividade através da imaginação, além de contribuir para a capacidade de atenção, imitação, memória, interação no grupo e convívio com regras durante as brincadeiras favorecendo a socialização da criança. Verificando a valorização das atividades lúdicas na sala de aula é importante salientar que estas não sejam consideradas como simples recreação, mas que possuam um propósito preenchendo a atividade básica da criança, sendo um motivo para ação e para a experimentação das coisas do mundo. Segundo Vygotsky: O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual da sua idade, além do seu comportamento diário, no brinquedo é como se ela
fosse maior do que é na realidade. Como foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento de forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. Ao promover momentos lúdicos, é importante ter em mente, objetivos para este brincar, pois não basta oferecer brinquedos, é necessário que estejamos dentro de uma situação criativa e coerente com a necessidade e interesses de acordo com a faixa etária e o nível de desenvolvimento. O brincar faz parte da realidade da criança, através dele ela fala, pensa, elabora sentidos para o mundo e para as coisas, efetivando as relações com os demais. É fundamental que ela o possa vivenciar de forma concreta, experimentar, criar, agir, pois através das próprias atividades a criança desenvolve suas estruturas intelectuais. Através da ação da criança sobre os objetos e da sua interação com o mundo é que ocorrem as construções tanto no aperfeiçoamento de suas estruturas como no conhecimento da realidade. Brincando a criança se comunica consigo mesma e com o meio em que vive. Sendo um aspecto fundamental para seu desenvolvimento motor, cognitivo e sócio-afetivo. Se a escola propõe o desenvolvimento global do educando, deve priorizar vivências significativas, por isso o educador deve estar consciente da importância do lúdico para a criança e entrar no seu mundo para melhor conhecê-la e auxiliá-la. Ao Brincar a criança pode destruir seus medos e angústias, exprimir sua agressividade de forma natural, reestruturando sua realidade interna. Para elevar sua capacidade de criar e inovar, a criança necessita agir sobre os jogos e as brincadeiras reorganizando a sua maneira, desconsiderando normas rígidas que poderão desvincular o sentido a que se propõe. É importante e necessário entender que o brincar envolve uma responsabilidade pedagógica, pois o aprender e o brincar devem sempre andar juntos, não podemos apenas deixar brincar, mas efetivar as brincadeiras com atividades que proporcionem a construção de aprendizagens. O educador deve efetivar ambientes lúdicos, assim todos poderão construir muitos aspectos importantes para o desenvolvimento, pois o brincar/jogar possibilita que se dominem as angústias, o controle dos impulsos,
assimilando-se emoções e sensações. Com as brincadeiras se estabelecem contatos sociais e começa-se a conhecer e compreender o meio, a satisfazer os desejos, desenvolver habilidades, conhecimentos e a criatividade. Devemos brincar e jogar com as crianças porque estas atividades geram um espaço para pensar, onde fazemos avançar o raciocínio desenvolvendo o pensamento, já que a atividade lúdica, justamente por pressupor ação, provoca a cooperação e a articulação de pontos de vista, estimulando a representação e ativando a operatividade. As interações que são oportunizadas, através das brincadeiras, favorecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia e introduzem, especialmente no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo. As brincadeiras proporcionam às crianças o desenvolvimento das habilidades motoras, sensitivas e do pensamento, portanto são essenciais para o desenvolvimento global. O lugar do brincar também é importantíssimo, desta forma a sala de aula e os outros locais lúdicos devem ser preparados para proporcionar um ambiente rico de estímulos para os alunos. A própria arrumação da sala de aula é um indicador não apenas da possibilidade de exercício da atividade lúdica, mas da atividade em geral permitida: salas de aula muito arrumadas indicam que as crianças não agem, não brincam; salas muito desarrumadas sinalizam que seus alunos não estão responsabilizados para arrumar. O arranjo espacial da sala de aula é, em si mesmo, favorável ou não ao desenvolvimento da atividade lúdica e diferentes arranjos espaciais permitem diferentes atividades lúdicas, a partir de diversas modalidades de interação. Por isso, a formação física da sala de aula deve ser considerada como um aspecto importante, pois é estrutura básica e estimuladora para a criança, influenciando na forma de brincar e de aprender dos alunos. É necessário que o educador insira o brincar em um projeto educativo, o que supõe intencionalidade, ou seja, ter objetivos e consciência da importância de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil. A simples oferta de brinquedos já é o começo do projeto educativo, porém a disponibilidade não é suficiente. O educador deve realizar seu trabalho
pedagógico de forma lúdica e observar as crianças brincando e fazer disto ocasião para reelaborar suas hipóteses e definir novas propostas de trabalho. Deve perceber que o melhor jogo é aquele que dá espaço para a ação de quem brinca e instiga e engendra mistérios. O educador deve intervir no brincar não para apartar brigas ou para decidir quem fica com o quê ou quem começa, e sim para estimular a atividade mental e psicomotora dos alunos com questionamentos e sugestões. As experiências lúdicas de uma criança vão lhe sofisticando as representações do universo social. Pelo brinquedo acontecem às adaptações, os acertos e os erros, as soluções de problemas que vão torná-lo sujeito autônomo. A brincadeira é fonte de estímulo e motivação para as crianças. Seguidamente, ouvimos das crianças a pergunta: Quem tá a fim de brincar? Isso demonstra que o brincar vem da natureza da criança, então não podemos barrar esta naturalidade, e sim usá-la como um instrumento de construção de conhecimento. A criança, através das brincadeiras irá aprender com naturalidade, pois este mundo lúdico faz parte da essência infantil, desta forma todo o ambiente lúdico acrescentará positivamente para o desenvolvimento integral do aluno. A natureza da criança é lúdica, de movimento, de curiosidade, de espontaneidade. Negar essa natureza é negar a própria criança. Uma criança ao entrar no universo do brinquedo, estará vivenciando e lidando com a sua própria estruturação e desenvolvimento da inteligência. Nas primeiras fases de maturação da criança, o jogo serve como um dos principais suportes de formação, de inteligência, personalidade, coordenação psicomotora, e auxilia nas relações com o meio, com os objetos e o outro. Ao se observar uma criança brincando, verifica-se o quanto se concentra no que está fazendo. Naquele momento, ela incorpora as suas fantasias e reproduz cenas do seu cotidiano, que tanto pode ser violento tenso e cheio de privações, quanto alegre, terno e prazeroso. Uma criança, com possibilidades lúdicas variadas, terá mais riqueza de criatividade, relacionamentos, capacidade crítica e de opinião. O contato, a exploração do meio ambiente, brinquedos, expressão musical, artes, dança, teatro e vivências corporais ampliam sua visão de mundo na medida em que
com ele interage. Assim sendo, ela própria vai instituindo seus limites, desafios e criando novos brinquedos. E esta relação com o mundo e com a ludicidade traz muitos descobrimentos e muito prazer, proporcionando felicidade e realização para as crianças. Quando elas criam alguma coisa diferente nos mostram com orgulho. Com a modernidade e a era da informática, os brinquedos virtuais aparecem, tomando conta de quase todo o tempo livre das crianças. Não cabe negá-los, mas não deixar de possibilitar vivências lúdicas corporais em vários ambientes e espaços, com materiais e equipamentos múltiplos que vão efetivamente contribuir no desenvolvimento infantil. Quando toda a criança, indiscriminadamente, puder brincar em espaços alternativos, com equipamentos diversificados, jogar com outras crianças de várias faixas etárias, descobrir o novo, manipular e construir brinquedos, desafiar seus limites, construir regras, ser intuitiva e espontânea transformando-se em personagens, estará atingindo o principal objetivo que é o de fazer com que ela incorpore a sua essência e constitua-se num sujeito mais inteligente e social. Cabem aos educadores, famílias escolas e instituições que atuam na fase da infância, responsabilizar-se pela disponibilização de espaços que darão oportunidades para o desenvolvimento de projetos e programas lúdicos para o mundo infantil que, por natureza, é infinitamente rico, criativo, curioso e investigatório de conhecimento, possibilitando crianças mais felizes, integradas da sociedade. Eli Geneci Dorneles Camargo Licenciada em Pedagogia - ULBRA Vilson Ramos da Silva Pedagogo Orientador Educacional - ULBRA Pós-graduado em Gestão e Supervisão - FACOS Tutor UAB Universidade Aberta do Brasil