i dos Pais A pré-adolescência Pré-Adolescência A fase de transição entre a infânicia e adolescência é uma fase de grande mudanças desenvolvimentais, ocorrendo mudanças repentinas ao nível físico, psicológico e social. Esta transição de um corpo e mente infantil para um corpo e mente com características adultas, inscreve o jovem num dilema existencial onde as novas capacidades e potencialidades dialogarão taco a taco com os novos desafios, exigências sociais e relacionais e incertezas da idade. As transformações em curso instauram um processo de reestruturação da identidade que resultante da adaptação às mudança da puberdade, vai desde à requalicifação de uma imagem corporal coerente, passando pela integração da personalidade com uma maior capacidade reflexiva, a uma redefinição dos papeis sociais. Nesta fase dá-se também uma alteração profunda das relações, que deixam de ser perdominantemente familiares, passando o pré-adolescente a relacionar-se mais intensamente com os pares. Por outro lado, observa-se a aquisição de competências ao nível da reflexão sobre a realidade, abandonando-se o pensamento concreto e adquirindo-se o pensamento abstrato e formal. O pré-adolescente começa também a agir segundo uma postura de procura de valores, demostrando possuir (e querer possuir) uma maior independência em comparação com a etapa anterior.
Desenvolvimento Físico na Puberdade Na pré-adolescencência ocorrem alterações ao nível do sistema hormonal, que são responsáveis pelas transformações características da puberdade. Desta forma, este período é marcado pela emergência da puberdade, que contempla alterações físicas, transformações ao nível psicológico, ao nível da capacidade de raciocínio e ao nível social. Com o ínicio da puberdade, o pré-adolescente começa a desenvolver a representação do próprio corpo e a iniciar um processo simbólico sobre as suas implicações. A puberdade é, então, caracterizada como um processo biológico com efeitos relevantes ao nível social e emocional, sendo o seu processo contínuo e envolvendo uma série de mudanças hormonais e físicas, que se focam no desenvolvimento das capacidades reprodutivas e em aspetos da vida da idade adulta. Observa-se uma aceleração do crescimento, seguida por uma redução do mesmo, um aumento do tecido muscular e um desenvolvimento ao nível do sistema circulatório e respiratório. Consequentemente há um aumento da força e da resistência, ocorrendo também a maturação dos caracteres sexuais secundários. O desenvolvimento das características é diferenciado entre sexos, observando-se um aparecimento das mudanças mais tardio nos rapazes que nas raparigas. De um ponto de vista psicológico, o aparecimento da menarca nas raparigas, e a primeira ejaculação nos rapazes, provocam alterações ao nível emocional, colocando o préadolescente numa situação nova sobre a qual deverá adaptar-se. Estas mudanças são sinais de perda do corpo e vida infantil, e provocam uma necessidade de adotar novos papeis na sociedade, influenciando a perceção de si, a sua autoestima e o lugar social entre os pares. Desta forma, não é de estranhar que estas alterações possam provocar alguma instabilidade no pré adolescente. Desenvolvimento Psicológico Na pré-adolescência a construção da identidade é um processo dinâmico e complexo que integra as dimensões do corpo, da personalidade e da história de vida, que exige continuidade e coerência, e no qual o papel da família, dos amigos e da escola se cruzam perante o facto do pré adolescente estar a entrar num mundo desconhecido, até aqui. Os pré-adolescentes não procuram, como em crianças, os modelos familiares e escolares da mesma forma. As novas capacidade psicológicas colocam-no na condição de pela primeira vez na sua vida ser sujeito em primeira pessoa que pode pensar e dar sentido ao que experiência dentro de si e ao mundo em redor que vai experienciando no processo de gradual autonomização. É por este motivo que vai contrastando as imagens e ideias da infância com as do agora, os modelos que os pais e a escola lhe transmitem com os outros disponíveis no espaço social e cultural.
Aqui os amigos e a cultura juvenil adquirem particular relevo. É predominantemente junto dos pares que o pré-adolescente vai procurar ajuda para pensar em si e no mundo e para fantasiar o seu dia-a-dia e a si próprio experimentando e explorando versões ou possibilidades de si e outras questões prementes da idade como a sexualidade. Estas relações passam a ser pautadas pela necessidade da lealdade, confiança e sentimento de pertença e não somente pela partilha de brincadeiras e interesses comuns, como acontecia na infância. Assim os pais deixam de ter o exclusivo de serem figuras de suporte afectivo, sentimento de segurança emocional, e reguladores do sentido e normas da realidade, assim como deixam de ser o público exclusivo do palco experimental do jovem em formação. É por esta razão que as confidencias na intimidade da família diminuem. Desta forma, a liberdade constitui-se como um bem precioso: não necessariamente a liberdade comportamental, mas a liberdade para se expressar e poder gerir as suas relações e responsabilidades sociais, cabem do aos pais um papel de monitorização à distância, de suporte à construção de sentidos e raciocínios e de disponibilidade emocional para ajudar quando as dificuldades surgem. Nesta fase ocorre o desenvolvimento de um novo modo de pensar que é fundamental nesta fase. Como já foi referido, na pré-adolescência adquire-se a capacidade de pensar de forma abstrata, começando-se a formular hipóteses de forma gradual e desenvolvendo-se competências para antecipar e pensar sobre as consequências de determinadas ações. As competências de pensamento abstrato vão permitir que, para além de começar a refletir sobre o seu pensamento e o pensamento dos outros, comece a imaginar a reação dos outros no seu pensamento, e a construção especulativa de sentidos e novos significados. Este facto pode conduzir a que o pré-adolescente adquira a ideia de que os seus pensamentos podem ser acedidos pelos seus pares e, desta forma, o pré-adolescente tenha um público imaginário, que o observa e julga. É desta forma que por vezes se observa o pré-adolescente a transformar o seu pensamento na sua história fantasiada. A par das transformações corporais, da maior consciência do corpo adulto mais efectivo (capaz, sexual e agressivo), corpo de desejo e alvo de desejo, com significado e instrumento onde se pode agir no palco das relações sociais para fins vários, esta aquisição ao nível do pensamento irá ser responsável pela flutuação do humor e o aumento de sentimentos de vergonha, insegurança, inveja, etc., que exigem um trabalho psicológico árduo e a necessidade de suporte por parte de figuras de referência adultas (extensões dos pais: tutores, prof. Musica, treinadores, amigos adultos, etc.) que são sentidos como menos ameaçadoras, menos infantilizantes, não julgadores, menos limitadores, etc..
É entre os 10 e os 15 anos de idade, que se desenvolvem competências para se colocar sobre o ponto de vista do outro, começando a perceber a reciprocidade das relações dos diferentes pontos de vista. Nesta etapa, a família, a escola e o ambiente social desempenham um papel fundamental, na medida em que podem ajudar na construção de um relato do mundo adequado, cultivando o seu potencial ao nível do pensamento pela estimulação intelectual, oferecendo oportunidades de tomada de decisão e de assunção da responsabilidade das suas ações. Assim, os diferentes agentes educativos devem orientar o percurso dos jovens dentro das limitações a que estão sujeitos, promovendo a sua autonomia e capacidade de pensar perante contingências externas, o que enriquece o processo de construção de identidade. Desenvolvimento Emocional Na pré-adolescência o desenvolvimento emocional encontra-se já completamente estabelecido no que diz respeito à capacidade de experimentar um amplo leque de emoções simples e complexas. Contudo a sua capacidade para estar mais consciente das emoções que experimenta aumentam devido ao desenvolvimento das psicológicas a ocorrer simultaneamente. Tal não se traduz necessária mente na capacidade para pensar e comunicar adequadamente em situações de stress. O desafio coloca-se efectivamente a este nível: na capacidade de vir a ser capaz autonomamente de encontrar múltiplas estratégias adequadas para gerir melhor os momentos difíceis, de um ponto de vista da sua personalidade e de um ponto de vista social. Neste processo de transição que é a pré-adolescência e na construção deste novo mundo, está presente uma identidade em construção. O próprio pré-adolescente pode aperceber-se como tal: com a noção de que o seu eu está ainda em suspensão. Neste sentido, o pré-adolescente pode sentir-se, por um lado, impaciente e inquieto, e por outro, com vontade de explorar e adquirir o seu espaço. É um período em que ocorre uma discrepância entre a maturação biológica e a capacidade de se organizar a si mesmo e à sua própria vida, pelo que o préadolescente pode sentir que necessita de explicar-se a si mesmo e reorganizar-se. Contudo, por vezes pode sentir que é incapaz de o fazer, podendo surgir a questão eu sou normal?. Os préadolescentes podem experienciar sentimentos de ansiedade e stress, não conseguindo prever e evitar os mesmos, perdendo a sensação de segurança, certeza e controlo. Devido às mudanças das capacidades físicas e sexuais, podem surgir sentimentos de confiança e independência que alternam com sentimentos de medo e necessidade do outro. O pré-adolescente pode demonstrar alguma dificuldade em assumir as emoções sentidas, revelando timidez e vergonha, sendo natural que possam correr mudanças repentinas entre a alegria e desespero. Esta é, de facto, uma característica desta fase: a alternância comportamental e emocional. Assim, cercado de diferentes contingências sociais e mudanças internas, o pré-adolescente procura um caminho e
estratégias de adaptação, de forma a continuar a sua caminhada ao longo do processo de desenvolvimento, onde um melhor conhecimento sobre os próprios ciclos de humor facilita a capacidade de pensar-se e gerir as situações afectivas. Desenvolvimento Social A curiosidade, o desejo de explorar novos espaços, e a necessidade de conquista de um espaço externo, leva o pré-adoescente a distanciar-se, de certa forma, da sua família, sendo um processo que provoca sensação de (ainda) dependência dos pais, mas ao mesmo tempo duma necessidade de busca dos pares com quem partilhar as suas dúvidas, questões ideológicas e interesses. Entre os 10 e 11 anos os pré-adolescentes podem revelar hábitos de partilha e relacionamneto com elevado número de amigos que vai dimnuido ao longo do crescimento. Para as raparigas, a amizade tem como finalidade a descoberta das relações afectivas, a partilha de interesses de conhecimento e a comunicação. Já para os rapazes, a amizade baseia-se numa realção afectiva (afiliativa) distinta, na qual se procura explorar as suas capacidades no meio em que se inserem: sentimento de pertença e aceitação no grupo de pares. Há, assim, uma diminuição gradual do efeito dos modelos parentais, e o grupo de pares desempenha um papel fundamental ao nível do suporte no crescimento e da expansão dos próprios limites, constituindo-se como um espaço de partilha e como um espelho através do qual se alcança uma nova consciência de si. Esta partilha permite que o pré-adoelscente se sinta seguro e acompanhado para experienciar um novo eu. Como não possui ainda as competências de instrospecção suficientes para se compreender, recorre aos outros para se reconhecer a si, e assim vai adquirindo autonomia, e competências para se regular a si a ao seu comportamento, aprende. Este afastamento da família e busca dos pares provoca, muitas vezes, alguma ansiedade e/ou receio nos pais ou cuidadores e conduz frequentemente a altercações entre os mesmos e o pré-adolescente. No entanto, o papel dos pais e cuidadores, ainda que aparentemente paralelo e secundário, é fundamental em todo este processo, devendo apoiar e promover oportunidades para o desenvolvimento e manutenção das relações, e simultaneamente, mostrar-se disponíveis e presentes para os momentos de dúvida e receio do pré adolescente, e ajudar a pensar afectivamente. A equipa Chão d andar e-mail: chaodandar@gmail.com Chão d andar