REVISÃO: CARACTERÍSTICAS E NECESSIDADES DE CRIANÇAS EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS: A CRIANÇA EM MOVIMENTO E MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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Transcrição:

1 REVISÃO: CARACTERÍSTICAS E NECESSIDADES DE CRIANÇAS EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS: A CRIANÇA EM MOVIMENTO E MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA REVISION: CHARACTERISTICS AND NEEDS OF CHILDREN AT DIFFERENT AGES: THE CHILD IN MOVEMENT AND MOTIVATION IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES Ramona Gadens. Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC, Centro de Ciências e Saúde e do Esporte-CEFID. gancha@ibest.com.br Caren Fernanda Muraro. Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. carenfernanda2009@hotmail.com Camila Ferreira da Silva. Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC, Centro de Ciências e Saúde e do Esporte-CEFID. camilaa_fs@hotmail.com Maria Helena da Silva Ramalho. Universidade do Estado de Santa Catarina- UDESC, Centro de Ciências da Saúde e do Esporte- CEFID, mhelena.ramalho@gmail.com RESUMO Atualmente as crianças passam por várias mudanças sem seu meio, mudanças estas extremamente importantes, nas quais estão associados aspectos de conduta e de solicitação motora. Sendo assim, de acordo com as mudanças que ocorrem nas fases iniciais do desenvolvimento humano, pode ter início uma sensível influência de fatores fisiológicos, os quais estariam relacionados com alguns aspectos de maturação biológica, ambientais e comportamentais, podendo desencadear determinantes tanto de natureza positiva como negativa. As fontes de informação empregadas para a revisão bibliográfica foram BIREME, MEDLINE, LILACS e SCIELO, no período que compreende de 1993 até 2012. Como conclusão deste estudo, torna-se pertinente sugerir aos profissionais educadores uma autoanálise sobre a forma como estes docentes estão desenvolvendo diariamente sua proposta de trabalho, bem como um olhar atento nos resultados positivos, e se estes resultados são adequados à realidade, necessidade e individualidade de cadaescolar. Palavras-Chave: Desenvolvimento Motor. Criança em Movimento. Motivação nas aulas de Educação Física. ABSTRACT Nowadays children go throughmany changes in their environment,these very important changes, which are associated with aspects of behavior and motor requests. So according to the changes that occur in the early stages of human development could start isamarked influence physiological factors, which could be related to some aspects of biological maturation, environmental and behavioral, that coud develop influiences of both positive and negative nature. Information sources used for the literature review BIREME, MEDLINE,LILACS and SciELO, in the period of 1993 until 2012. As a conclusion of this study, it is pertinent to suggest to professional educators a self-analysis of how they are developing daily work, if it is showing positive results and if they are adapted to the reality, needs and individuality of each student. Keywords: Motor Development. Children on the Move. Motivation in Physical Education classes. INTRODUÇÃO

2 Atualmente as crianças passam por várias mudanças em seu meio, mudanças estas extremamente importantes, cujo estão associadas aos aspectos de conduta e de solicitação motora, sendo assim ocorre nas fases iniciais do desenvolvimento humano uma sensível influência de fatores fisiológico que se relacionam com alguns aspectos de maturação biológica, ambientais e comportamentais, podendo desencadear influências tanto de natureza positiva como de negativa. Portanto, o desenvolvimento e índice do desempenho motor das crianças e adolescentes podem influenciar e contribuir de forma definitiva para a vida atual e futura dos mesmos (GUEDES,2007). De acordo com estudo de Garanhani (2002), ressalta que o Brasil possui escassez de estudos na área da educação infantil, principalmente no que se refere aos movimentos corporais. O autor observa ainda em seu estudo a necessidade de aderir há uma parceria com a área da educação, para abordar assuntos de caráter político pedagógico referente à formação dos educadores da infância, abordando uma concepção de valorização do movimento corporal da criança, está parceria poderia proporcionar a ampliação das informações e do conhecimento pedagógico relacionado ao movimento corporal da criança pequena no seu processo de escolarização. De acordo com Silva (2010) já existem inúmeros e diversificados conceitos de infância, criança e corpo, que traduzem o constante movimento das mudanças que se verificam no campo social, político, cultural, econômico da sociedade, sendo assim sugere em seu estudo que o trabalho a ser realizado para com as crianças na educação infantil deve englobar a integralidade na educação infantil, sendo esta primordial para que as habilidades possam se desenvolver em sua total potencialidade, dessa forma proporcionando a motivação para que a criança encontre soluções adequadas em relação às situações vivênciadas em seu cotidiano. Quando nos referimos à motivação podemos observar que este tema está diretamente ligado à aprendizagem, principalmente nos ambientes escolares. No entanto tem um papel fundamental nos resultados que os professores e alunos desejam, pois um estudante motivado mostra-se ativamente envolvido no processo de aprendizagem, engajando-se e persistindo em tarefas desafiadoras, despendendo esforços, usando estratégias adequadas, buscando desenvolver novas habilidades de compreensão e de domínio (MINELLI et. al., 2010). O mesmo autor ainda ressalta que a motivação intrínseca é um dos grandes desafios para motivar os estudantes nas aulas de educação

3 física, no entanto as relações interpessoais entre professores e alunos podem revelar-se como um dos fatores de grande importância de satisfação ou frustração dos estudantes. Em razão das diferentes abordagens oferecidas ao acompanhamento do desempenho motor em crianças, e da constante evolução observada nos últimos anos nesse campo, torna-se conveniente revisar a literatura já existente, para que desta forma as ações de motivação nas aulas de Educação Física possam se potencializar, buscando assim a reflexão da prática pedagógica e contribuindo efetivamente no desenvolvimento motor, individual e social dos sujeitos aprendizes. Portanto o presente estudo tem como objetivo revisar a literatura nos seguintes aspectos do desenvolvimento motor: Características e necessidades de criança nas diferentes faixas etárias; A criança em movimento e Motivação nas aulas de Educação Física. Desta forma compreendendo que a importância desta breve revisão está em expor as possibilidades educativas da Educação Física, despertando assim a atenção do profissional para a nova era do ensinoaprendizagem, onde o estigma de mera atividade seja ampliado em contribuir para a construção de uma identidade evolutiva da criança, e ainda, refletir sobre uma possível prática onde se constrói uma relação cotidiana com o contexto escolar, reformulando assim criticamente a ação educativa sobre a estimulação nas aulas de educação física associando à realidade da vida diária do aluno. MÉTODOS Este estudo foi construído através do levantamento de dados encontrados na literatura já existente. Foram realizadas pesquisas bibliográficas por meio de livros e nas bases de dados da Scielo, Bireme, Mediline e Lilicas, onde foram consultados artigos originais e de revisão sobre a temática características e necessidades de crianças em diferentes faixas etárias: a criança em movimento e motivação nas aulas de educação física. O período do estudo compreende os meses entre abril 1992 e março 2012. Foram selecionados estudos longitudinais e transversais, além de referências adicionais encontradas na bibliografia desses artigos, com a mesma metodologia especificada acima, que foram capturadas e que preenchiam os critérios de seleção para atender o objetivo proposto. Para a seleção da revisão bibliográfica foram pesquisados no total de cinquenta referencias, sendo consideradas no presente estudo somente 18 dessas referencias por atenderem aos critérios estipulados para o manuscrito.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Características e necessidades de criança nas diferentes faixas etárias Através dos jogos, esportes e dança, a criança aprende o que é capaz de fazer, como controlar o seu corpo, comunicar o que sente seus sentimentos e idéias, adaptar-se e conhecer o mundo que cerca. Por isso, é importante que o professor conheça as atividades que deve ensinar, encorajando a criança a usar suas habilidades e o potencial de movimento que possui (BORGES, 1992). Segundo Ferreira (1999), a criança desde cedo é motivada a prática do esporte através de diversos agentes de socialização: a família, o espaço escolar, os grupos de amigos próximos á habitação (vizinhança), etc. O autor ainda relata que o contexto social é para a criança uma referência fundamental quanto á criação de motivações de valores e normas de conduta na prática das atividades motoras e lúdicas. Portanto, o professor de Educação Física deve fazer com que o aluno perceba o seu sentir e o seu relacionar-se despertando uma maior percepção da cultura corporal do movimento, pois é nesta fase que ocorrem processos de transição da percepção do aprendizado, no qual os objetivos, interesses e as características dos alunos, sejam respeitados em seu tempo e individualidade no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem (BETTI; ZULIANI, 2002). Para Borges (1992), as características e necessidades dos quatro a seis anos são: a criança está voltada a si mesma, é individualista mesmo brincando em grupo, aprecia a companhia do adulto, gosta de mexer e saber de tudo e tudo querem experimentar, gostam de imitar, é inquieta, barulhenta, empurra e puxa os outros, gosta de agarrar, correr, trepar e pular. Suas necessidades são: jogos que envolvam os grandes músculos, pois ainda não possui domínio dos pequenos, jogos de imitação, pois gostam de imitar as pessoas que a rodeiam, bem como outras coisas e objetos (tem muita imaginação). Borges explica que as crianças de seis a sete anos já demonstram melhor coordenação que na idade anterior. Nesta faixa etária as crianças são capazes de correr rapidamente sem cair, gostam de movimentar-se constantemente todo o corpo, repetem os jogos em que consigam êxito, bem como atividades de imitação e dramatização. Possuem atenção reduzida e pouca resistência física. Brincam sozinhas ou em grupos, não permanecendo

5 muito tempo neles. Portanto, é pertinente observar na prática estas necessitam de incentivo, estímulos criativos, boa orientação e fiscalização permanente em suas atividades. Autores (Borges, 1992; Betti; Zuliani, 2002) sugerem que os jogos devem oferecer características de: correr, trepar, saltar, bem como a estimulação da imaginação e atividades de curta duração. De acordo com estudos as crianças na faixa etária de oito e nove anos, possuem características de crescimento físico lento, desenvolvimento muscular incompleto e desigual (os grandes grupos ainda são mais desenvolvidos que os pequenos), maior coordenação motora, ampla facilidade de movimentar-se. Sua coordenação óculomanual progride de forma acelerada promovendo assim um domínio para com as habilidades motoras que figuram jogos. Os mesmos autores observam que nesta faixa etária é desenvolvido nas crianças o apreço pelo competir entre si, é neste momento que ocorre também a necessidade maior em participar de atividades em grupo como as que envolvem jogos com bola, regras, liberdade de escolha, organização das equipes, ou seja, é nesta fase que se desenvolve a necessidade de vivenciar o próprio controle motor e habilidades, para que assim ocorra a percepção de si e comparação entre colegas (BORGES, 1992; BETTI ; ZULIANI, 2002). Entretanto, na faixa etária de dez a dose, Kishimoto (1996) demonstra que as características neste período se dão de forma calma, porém de rápido crescimento em altura e peso, iniciando assim a fase da puberdade, que implica em importantes transformações no aspecto físico e psíquico, onde as características sexuais secundárias começam a desenvolver-se. As meninas amadurecem mais rapidamente e seus interesses divergem dos meninos, iniciando uma etapa da separação dos sexos podendo existir grandes diferenças de tamanho, de comportamento, personalidade e de gosto ou preferência devido à grande variedade de interesses e diferenças individuais. Este autor ainda ressalta que nesta fase ocorre uma potencialização das necessidades pôr atividades ao ar livre, jogos de competição, atividades que sejam específicas para meninos e meninas. Estas atividades neste momento podem ser favoráveis, devido à diferença de interesses e ao amadurecimento. A criança em movimento O desenvolvimento motor pode ser visto pelo desenvolvimento progressivo das habilidades de movimento, ou seja, a iniciação para o desenvolvimento motor é dada

6 através do comportamento de movimento observável do sujeito (GALLAHUE; OZMUN, 2001). Em seu modelo teórico, Gallahue (2005), apresenta o desenvolvimento da transacionalidade, a interação indivíduo, ambiente e tarefa. Com os domínios, cognitivo, afetivo e motor, o autor descreve seu modelo desde a fase dos movimentos reflexos até a fase dos movimentos especializados. O processo de desenvolvimento motor é apresentado através das fases dos movimentos reflexos, rudimentares, fundamentais e especializados. Para cada fase do processo de desenvolvimento motor são indicados estágios com idades cronológicas correspondentes. Os movimentos para Gallahue e Ozmun (2001) podem ser caracterizados com estabilizadores, locomotores ou manipulativos, que se combinam na execução das habilidades motoras ao longo da vida. Para Pérez Gallardo (1994), a fase pré-escolar é a época da aquisição de habilidades motoras básicas, os movimentos fundamentais são considerados verdadeiros núcleos cinéticos. Esta capacidade para mover-se cada vez de forma mais autônoma está relacionada com diversos fatores: maturação neurológica que permite movimentos mais completos; crescimento corporal, que ao final deste período vai permitir maior possibilidade de domínio corporal, facilitando o movimento e disponibilidade em realizar atividades motoras, etc. Gallahue e Ozmun (2001) mostram que, para se chegar ao domínio de habilidades desportivas, é necessário um longo processo, onde as experiências com habilidades básicas (movimentos fundamentais) são de fundamental importância. Na pré-escola, a criança de 4 a 6 anos de idade abrange a fase dos movimentos fundamentais, com o surgimento de múltiplas formas (correr, saltar, arremessar, receber, quicar, chutar) e suas combinações. Nesta fase, os movimentos fundamentais vão servir de base para as combinações em habilidades desportivas, de modo que a aquisição dos movimentos fundamentais reveste-se da maior importância no modelo proposto por Gallahue. Gallahue (2005) divide o desenvolvimento motor em três estágios: inicial, elementar e maduro. O estágio inicial, da fase do desenvolvimento fundamental representa as primeiras tentativas orientadas e meta da criança ao desempenhar uma habilidade fundamental. O movimento é caracterizado pela perda ou seqüência imprópria das partes, com o uso restrito ou exagerado do corpo, com a fluência rítmica e coordenação pobre. O estágio elementar envolve um maior controle e uma melhor coordenação rítmica dos movimentos fundamentais. O estágio maduro dentro da fase de

7 movimento fundamental é caracterizado por uma mecânica eficiente, coordenado e com performances controladas. A aquisição desses padrões fundamentais de movimento é de vital importância para o domínio das habilidades motoras. A Educação Física adquire papel importantíssimo na medida em que ela pode estruturar o ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando numa grande auxiliar e promotora do desenvolvimento humano, em especial ao desenvolvimento motor e garantir a aprendizagem de habilidades específicas nos jogos, esportes, ginásticas e dança (TANI et. al., 1988; GALLAHUE, 1989). Os mesmos autores ressaltam ainda, que para estas habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê à criança oportunidades de desempenhá-las. Em estudos recentes autores como (Guedes, 2007; Silva, 2010), observam que movimentar-se é de grande importância biológica, psicológica, social e cultural, pois, é através da execução dos movimentos que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros, apreendendo sobre si, seus limites, capacidades e solucionando problemas. Estes autores relatam como é comum encontrar indivíduos que não atingiram o padrão maduro nas habilidades básicas, nas quais apresentam um nível inicial ou elementar, poderiam prejudicar todo o desenvolvimento posterior, portanto sugere que a preocupação que os profissionais de Educação Física deveriam ter em relação ao conhecimento sobre a aquisição e desenvolvimento dos padrões fundamentais de movimento, elegendo-o como foco principal para o desenvolvimento da Educação Física pré-escolar e séries iniciais no ensino fundamental. Com isso muitos fatores são percebidos e um deles é a motivação. Motivação nas aulas de Educação Física Motivação pode ser definida como a totalidade daqueles fatores, que determinam a atualização de formas de comportamento dirigido a um determinado objetivo (SAMULSKI, 2002). Este autor verifica que a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). Portanto para a prática esportiva depende da interação entre a personalidade (expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente como facilidades, tarefas atraentes, desafios e influências sociais. No decorrer da vida de uma pessoa, a importância dos fatores

8 pessoais e situacionais acima mencionados podem mudar, dependendo das necessidades e oportunidades atuais. Para Kunz (2004) o esporte é uma das estratégias educativas, mas se for mal utilizada pelo educador pode acarretar especialização precoce, competitismo intenso e outros fatores desmotivantes. Já para Cratty (1984) motivação é um dos fatores fundamentais para uma boa aula de Educação Física, sendo que é conceituada como o processo que leva as pessoas a uma ação ou inércia em diversas situações. Entretanto, este processo pode ser ainda o exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo, e executar algumas tarefas com maior empenho do que outras. Podemos destacar ainda que motivação diz respeito à ausência de intenção ou pensamento em relação a qualquer comportamento do indivíduo. No entanto percebe-se a falta entre as ações e os resultados, sem motivos para o indivíduo realizar determinada atividade (MINELLI et. al, 2010). Para Siqueira Neto (2007), com o avançar da idade, nota-se novo momento de se construir a motivação. Uma forma de exemplificar este processo na psicologia infantil são as competências adquiridas. Tornar-se competente em seu meio social, leva a criança à motivação, pois uma habilidade motora específica nos esportes pode ser desenvolvida sendo capaz de acionar o desejo de se empreender tal atividade com determinado empenho. O reforço externo, relativo à performance das habilidades adquiridas vindo dos pais e conhecidos, possibilita o incentivo a motivação. Se a performance for percebida pela criança, ao adquirir um aperfeiçoamento, então, poderá levá-la a uma boa auto-estima, e também à motivação intrínseca ou interna. Complementando esta afirmação, (Maslow, 1970) considera que a motivação pode ser de opção que se divide em intrínseca e extrínseca. A motivação intrínseca é aquelas onde as pessoas agem levadas por um impulso interno, por uma necessidade interior. Já a motivação extrínseca, ocorre quando uma pessoa sente-se levada a fazer algo para evitar uma punição ou para conquistar uma recompensa. a iniciativa para a realização da tarefa não partiu da própria pessoa, mas de um terceiro, que a estimulou para que ela se movimentasse em direção ao objetivo pretendido. O segredo está em conseguir conciliar o desenvolvimento da motivação intrínseca da criança (pela auto percepção dos avanços obtidos e o processo necessário), com o apoio da motivação extrínseca ou externa (avaliação dos adultos, informações a respeito, elogios verdadeiros, etc). Este tipo de desenvolvimento requer acompanhamento, contato e participação. Os afetos devem estar presentes, uma vez que

9 é fonte fundamental de motivação, além das informações que se fazem presentes em cada situação. Boa dose de paciência e vontade complementa o arsenal de instrumentos necessários ao adulto para que colabore quanto ao desenvolvimento motivacional da criança (SIQUEIRA, 2007). Campos (1986) acrescenta que a compreensão e o uso adequado das técnicas motivadoras poderiam resultar em interesse, concentração da atenção, atividade produtiva e eficiente de uma classe, as faltas de motivação poderiam conduzir ao aumento de tensão emocional, problemas disciplinares, aborrecimentos, fadiga e aprendizagem pouco eficiente da classe. Por isso, percebe-se a necessidade da motivação dos alunos para a prática permanente dos esportes, devendo-se observar os seus objetivos, fazendo o possível para criar valores de estímulos positivos e atraentes ao maior número de participantes ou até mesmo, todos os alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo sugere uma reflexão perante a responsabilidade do profissional de Educação Física e ou dos educadores na difícil arte de lidar com o corpo em ambientes educativos. E pertinente observar de acordo com autores citados no presente estudo que diferenças distintas no entendimento sobre os conceitos de infância, criança e corpo, que traduzem os constantes movimento das mudanças que se verificam no campo social, político, cultural, econômico da sociedade, desta forma qualquer processo de ensino para ser eficiente e eficaz deve levar em conta o nível de desenvolvimento da criança e o seu nível de desempenho motor adequado a sua faixa etária, conhecimentos e habilidades que já adquiridos. Sendo assim, o professor de educação física deve conhecer os estágios, e as fases das crianças, proporcionando estímulos adequados a cada etapa. Portanto, o processo de aprendizado da criança será mais harmônico, prazeroso e sem traumas no que se refere ao campo motor, cognitivo e afetivo-social, trabalhando assim, o ser a integral. De acordo com estudos citados nesta revisão, torna-se conveniente sugerir aos profissionais educadores uma autoanalise sobre a forma como está desenvolvendo o seu trabalho proposto diariamente, bem como se o mesmo está demonstrando resultados positivos e se este ocorre de forma adequada à realidade, necessidade e individualidade de cada escolar.

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGÁRFICAS BETTI, M.; ZULIANI, R, L. Educação Física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. V. 1, n. 1, pp. 73-81, 2002. BORGES, C, J. Educação física para Pré-escola. Rio de Janeiro: Ed Manoela, 1992. CAMPOS, D. M. S. Psicologia da aprendizagem. 19 ed. Petrópolis: Vozes, 1986. CRATTY, B, J. Psicologia do Esporte. 2 ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1984. FERREIRA, N. C. A. Motricidade e Jogo na Infância. Rio de Janeiro: Ed Sprint, 1999. GALLAHUE, D. L. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Editora: Phorte, São Paulo, 2005. GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Editora: Phorte, São Paulo, 2001. GARANHANI, M. C. A educação física na escolarização da pequena infância. Pensar a Prática, v. 5, pp. 106-122, 2002. GUEDES, D. P. Implicações associadas ao acompanhamento do desempenho motor de crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.21, p.37-60, 2007. KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1996. KUNZ, E. Didática da Educação Física. 3 ed. Ijuí: Unijuí, 2005.

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