A MATEMÁTICA COM UMA INTERPRETAÇÃO PARA A VIDA: UNIDADES DE MEDIDAS DE COMPRIMENTO E DE VOLUME NO PROGRAMA MULHERES MIL

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Transcrição:

A MATEMÁTICA COM UMA INTERPRETAÇÃO PARA A VIDA: UNIDADES DE MEDIDAS DE COMPRIMENTO E DE VOLUME NO PROGRAMA MULHERES MIL Yara Patrícia B. Q. Guimarães 1 1 CEFET-MG/Grupos de Pesquisa: GRUPIMEM e CEFEMAT, yarapatricia@deii.cefetmg.br Resumo O Mulheres Mil é um programa do Governo Federal iniciado em 2007, através de uma parceria entre o Brasil e o Canadá; o objetivo principal é oferecer cursos de Formação Profissional para mulheres com baixo poder aquisitivo, vítimas de violência doméstica, etc. Em uma turma desse Programa aconteceu uma prática educativa para o aprendizado da Matemática, em que a vivência de experiências originou este relato de experiência educacional, apresentado sob a forma de pôster. Foram planejadas e executadas algumas oficinas para os conteúdos a serem estudados na disciplina Conhecimentos Matemáticos, dentre as quais serão detalhadas duas em especial. Particularmente, o curso para a turma em questão era oferecido pelo Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais/Campus Pirapora, e era composta por 50 mulheres que frequentaram as aulas três vezes por semana, sendo que as alunas, em sua maioria, não tinham o Ensino Fundamental completo. Dentre os conteúdos estudados havia: Revisão de Operações com Números Racionais, Unidades de Medidas de Volume e de Comprimento. As oficinas ocorreram durante as aulas de Matemática do curso, em que a coordenadora era também a professora da disciplina; a turma foi dividida em grupos e os materiais utilizados foram seringas diversas, copos-medidas, água, sucos artificiais e amido de milho, trenas e fitas métricas. As práticas aconteceram no Laboratório de Enfermagem, na sala de aula e no pátio da Instituição mencionada, com duração total aproximada de 350. Palavras-chave: Ensino de Matemática. Mulheres Mil. Oficinas pedagógicas. INTRODUÇÃO O Mulheres Mil é um programa do Governo Federal que está estruturado em três eixos educação, cidadania e desenvolvimento sustentável, e tem como objetivo a inclusão social, por meio da oferta de formação focada na autonomia e na criação de alternativas para a inserção no mercado de trabalho 1 de mulheres desfavorecidas do Brasil. Ao assumir a disciplina Conhecimentos Matemáticos, logo foi possível perceber que as aulas deveriam acontecer de maneira diferenciada, pois as alunas teriam pouco tempo para aprender tópicos matemáticos em problemas reais que seriam vivenciados brevemente. Particularmente, a turma aqui retratada estava locada no Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Norte de Minas Gerais, Campus Pirapora, e estava recebendo preparação para atuarem como Cuidador de Idosos. As alunas dessa turma (como os de qualquer outra) precisavam de algo mais do que a simples teoria da Matemática; precisavam conhecer o conteúdo aplicado. Diante dessa necessidade, partindo-se da questão Como utilizar as Unidades de Medidas de Volume e de Comprimento em um curso profissional de Cuidador de Idosos? foram planejadas e 1 O que é? in: mulheresmil.mec.gov.br, acesso em 21/07/2015.

executadas algumas oficinas para os conteúdos a serem estudados, dentre as quais serão detalhadas duas em especial, que serviram de inspiração para este trabalho. As oficinas aconteceram durante as aulas de Matemática, com a turma dividida em 02 grupos e com materiais levados de casa pela coordenadora e outros obtidos na própria escola. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Por acreditar que o aprendizado da Matemática acontece mais facilmente se houver a vivência de experimentações com o conteúdo estudado foi que surgiu a ideia para essas oficinas. A ação ensinar deve ter como reação o aprender, pois se não for assim, não há como dizer que aconteceu o ensino. O trabalho com oficinas contribui de forma significativa para o aprendizado, como bem mostram Paviani e Fontana (2009): uma oficina é uma forma de construir conhecimento, com ênfase na ação, sem perder de vista, porém, a base teórica. Essas mesmas autoras citam Cuberes apud Vieira e Volquind (2002, p. 11) para conceituar oficina: Um tempo e um espaço para aprendizagem; um processo ativo de transformação recíproca entre sujeito e objeto; um caminho com alternativas, com equilibrações que nos aproximam progressivamente do objeto a conhecer. (Cuberes apud Vieira e Volquind, 2002, in Paviani e Fontana, 2009). O perfil da turma de que trata este texto não admitia um ensino teórico dos conteúdos matemáticos tal como prega o sistema tradicional de ensino no Brasil. Assim, a opção pelo desenvolvimento dos conteúdos por meio de oficinas gerou boas expectativas tanto por parte das alunas como por parte da coordenadora. As alunas já sabiam que não passariam por provas escritas, o que já representou um alívio para muitas delas; mas também a grande maioria tinha a preocupação se aconteceria realmente o aprendizado do conteúdo em tão pouco tempo. Novamente conforme Paviani e Fontana (2009): Uma oficina é, pois, uma oportunidade de vivenciar situações concretas e significativas, baseada no tripé: sentir-pensar-agir, com objetivos pedagógicos. Nesse sentido, a metodologia da oficina muda o foco tradicional da aprendizagem (cognição), passando a incorporar a ação e a reflexão. Em outras palavras, numa oficina ocorrem a apropriação, construção e produção de conhecimentos teóricos e práticos, de forma ativa e reflexiva. (PAVIANI e FONTANA, 2009) No momento em que ocorrem a apropriação, construção e produção de conhecimentos teóricos e práticos, como mostram as autoras citadas, acontece o processo da ação e reação, em que os estudantes participam ativamente da atividade oferecida favorecendo a reflexão, o que provocará a reação imediata do entendimento e assimilação do conteúdo estudado. Zabala (2007) contribuiu de forma significativa no planejamento das oficinas, pois foi possível organizá-las seguindo a sua sugestão: planejamento, execução e avaliação. Uma sequência didática significa:

um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos. (Zabala, 2007, p. 18) Sendo assim, todo esse trabalho com as oficinas aconteceu da forma sugerida pelo autor. Munidos do objetivo que visa o aprendizado do conteúdo Unidades de Medidas de Volume e de Comprimento, com um enfoque muito mais prático do que teórico, as oficinas foram planejadas e organizadas (vide Quadros 01 e 02) logo que a coordenadora assumiu a turma como docente da disciplina Conhecimentos Matemáticos, o que permitiu muita segurança e confiança na sua execução. A avaliação do trabalho aconteceu em conjunto com a turma, por meio de discussão envolvendo a recíproca ação X reação. DESCRIÇÃO DAS OFICINAS O objetivo geral dessas oficinas é vivenciar experiências práticas envolvendo medições com o uso de seringas, trenas e/ou fitas métricas. Como objetivos específicos, podem ser citados: estudar as transformações que podem ser feitas com as Unidades de Medidas de Volume e de Comprimento, e efetuar algumas operações mentais envolvendo números decimais. As atividades das oficinas tiveram a duração total de, aproximadamente, 350, divididos em 07 aulas de 50 cada. Uma breve descrição das oficinas é apresentada no Quadro 01: Quadro 01: etapas da oficina pedagógica. Ordem Atividade Local Recursos Didáticos Tempo Apresentação do tema, Sala de aula. 30 01 objetivos e atividades da Quadro e pincéis. oficina, pela coordenadora. 02 03 04 Revisão das operações básicas de números inteiros e números decimais. Mistura da água e suco artificial, e da água com o amido de milho (ajuda da auxiliar de serviços gerais). Realização de medições com as seringas, coposmedida, água colorida e água espessa; cálculos mentais com medidas envolvendo números decimais. Sala de aula. Cozinha da instituição. Laboratório de Enfermagem. Quadro, pincéis, livros didáticos, caderno, lápis, borracha, canetas e calculadora. Torneira, garrafas de plástico, panela, fogão (gás e fósforos), colheres, água, suco artificial, amido de milho. Seringas de vários tamanhos, coposmedida, colheres, garrafas de plástico, panela, água colorida com suco artificial, e água com amido de milho. 100 10 70 05 Discussão sobre os Sala de aula. Expressão verbal. 20

06 07 08 resultados das atividades 01, 02, 03 e 04. Observação e breve estudo sobre o uso de trenas e fitas métricas. Medição de diferentes áreas da escola: dimensões da sala de aula e da porta da mesma sala; dimensões de vigas contidas no corredor de acesso às salas de aula; estudo das medidas da entrada principal para pedestres do Campus. Avaliação do trabalho realizado. Sala de aula. Laboratório de Enfermagem, pátio da instituição. Sala de aula. Trenas, fitas métricas, quadro e pincéis. Fitas métricas, trenas, papel, lápis, borracha e canetas. Expressão verbal e anotações da coordenadora. 10 70 20. O Quadro 02 mostra alguns exemplos de experimentações realizadas: Quadro 02: experimentações realizadas pelas alunas da turma. Medir 2,5 ml do líquido ralo com uma seringa e 2,5 ml do líquido espesso com outra seringa. Sentir a diferença entre puxar um líquido e outro com a seringa. Medir 3,5 ml de qualquer dos líquidos com a seringa de 10 ml, sabendo que a seringa é marcada de 2,5 em 2,5 ml. Medir 5 ml em cada uma das seringas e comparar a altura alcançada na seringa de 10 ml e na seringa de 25 ml. Medir a largura da porta de entrada da sala de aula. Medir a distância entre uma mesa e um armário que estão próximos um do outro, no Laboratório de Enfermagem. Medir a distância a ser percorrida entre a porta de saída do prédio principal e o portão de entrada/saída da instituição, observando também os obstáculos que podem surgir. Os comentários e as perguntas das alunas durante a atividade foram anotados para efeito de avaliação e pesquisa; alguns merecem destaque, e serão mostrados no pôster. As Figuras 01 a 03 ilustram o momento em que a turma participava das oficinas:

Figura 01: a turma Cuidador de Idosos junto com a professora, no Laboratório de Enfermagem. Fonte: dados da pesquisa. Figura 02: grupo 01 realizando medições com as seringas. Fonte: dados da pesquisa. A Figura 01 mostra a turma no Laboratório de Enfermagem, no início da Oficina Trabalhando com as Unidades de Medidas de Volume. Nesse momento, foi apresentado às alunas quais seriam as etapas do trabalho e qual seria o papel de cada participante ali presente. A execução dessa oficina pode ser vista na Figura 02; as alunas trocaram experiências entre si quanto ao uso correto das seringas, quanto à dificuldade em puxar um líquido mais espesso, sobre a maneira correta de oferecer um medicamento a um idoso, e muitas outras experiências interessantes. Esse Laboratório também serviu de cenário para o início da Oficina Trabalhando com as Unidades de Medidas de Comprimento. As alunas juntamente com a coordenadora simularam um ambiente habitado por idosos e, por meio da obtenção das medidas das mesas, cadeiras e armários, além das distâncias entre as mesas e armários, realizou-se uma discussão sobre a segurança apropriada em ambientes para idosos. Figura 03: grupo 02 realizando medições com as seringas. Fonte: dados da pesquisa.

A Figura 03 mostra o Grupo 02 realizando o mesmo trabalho com as seringas. Para as medições foram utilizadas água colorida (vermelha e laranja) buscando uma melhor visualização da altura alcançada pelo líquido em determinada medida. Para melhor ilustrar os diferentes tipos de medicamentos que um profissional Cuidador de Idosos poderá encontrar, além da água colorida, também foi utilizada uma água mais espessa, engrossada com o Amido de Milho. Algumas alunas logo identificaram: Ah, esse aí pode ser um antibiótico! e Pode ser também uma alimentação via sonda. Após a conclusão dessa oficina, aconteceu a Oficina Trabalhando com as Unidades de Comprimento. O trabalho começou também no Laboratório de Enfermagem, como já mencionado, e seguiu-se para o pátio da instituição. No pátio, aconteceram medições de pilares, da largura de portas, largura do corredor e observação do significado de 1 m 2. Nesse momento, uma aluna se lembrou das medidas de uma cadeira de rodas modelo padrão, e aí se iniciou uma discussão sobre os locais de difícil acesso para um cadeirante. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da necessidade de aprendizado do profissional Cuidador de Idosos, ou seja, diante do que precisavam aprender em Matemática e de acordo com a finalidade, percebese que o trabalho com oficinas foi bastante enriquecedor, possibilitando uma maior interação entre o ensino e a aprendizagem. Após a realização das atividades no laboratório e no pátio, foi iniciado um debate com a turma sobre a relevância dos conteúdos estudados e a maneira como isso aconteceu. Todas as alunas, sem exceção, manifestaram boa compreensão sobre a aplicação dos tópicos matemáticos discutidos, reconhecendo também a importância de se conhecer a teoria do assunto. A experiência com essas oficinas foi bastante prazerosa para a coordenadora, pois foi a oportunidade de vivenciar conteúdos matemáticos na prática, fora da sala de aula, além da oportunidade de conhecer um pouco sobre a experiência de vida de várias alunas, que já atuam há algum tempo como Cuidador de Idosos. O Laboratório de Enfermagem foi utilizado, nesse momento, como um Laboratório de Matemática, mostrando que a Matemática realmente está presente em todos os ambientes, basta que sejam vislumbrados. Com base nas observações realizadas durante a execução das oficinas e dos comentários das alunas, foi possível perceber que estas foram bastante proveitosas e contribuíram de forma satisfatória para o aprendizado e vivência do conteúdo matemático nessa atividade profissional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PAVIANI, N. M. S.; FONTANA, N. M. Oficinas pedagógicas: relato de uma experiência. Revista Conjectura. V. 14, n. 2, p. 77 88. Caxias do Sul: maio/ago, 2009. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. São Paulo: Artmed, 2007. O que é?. Disponível em: <mulheresmil.mec.gov.br>. Acesso em: 21 jul. 2015.