1 MATERIAL DE APOIO PARA MONITORIA DE DIREITO CIVIL II FAG MONITORIA DO DIA 09/06/16 MONITOR: Fabrício Marcelino de Lima TEMA: 1 - DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: Dos vícios do consentimento: erro ou ignorância, dolo, coação, estado de perigo e lesão, 2 VÍCIOS SOCIAS: 2.1 - Fraude contra Credores; 2.2 simulação. 3 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: CONCEITO ESPÉCIES: SUBSTANCIAL: Incide sobre as circunstâncias e os aspectos relevantes do NJ, se o agente conhecesse a verdade, não realizaria o negócio. ART. 139: I natureza do negocio: pretende celebrar um tipo de NJ, mas acaba realizando outro. Ex. ERRO DOLO COAÇÃO ESTADO DE PERIGO LESÃO É a falsa percepção da É a ameaça (física ou É a situação de extrema realidade. O agente moral) que obriga o agente necessidade que conduz engana-se sozinho a praticar o negócio a pessoa a celebrar NJ jurídico É o artifício malicioso que induz alguém à pratica de um ato que o prejudique. Enquanto o erro é espontâneo o DOLO é provocado intencionalmente. PRINCIPAL: conhecido também por essencial ou substancial é aquele que dá causa ao NJ. anulável ACIDENTAL: não impede a realização do NJ, realizase o NJ em condições mais onerosas. COAÇÃO FÍSICA: VIS ABSOLUTA não há o consentimento, tem por consequência a INEXISTÊNCIA do NJ. 1º degrau da escada Ponteana. Ausência da declaração de vontade. COAÇÃO MORAL: VIS COMPULSIVA não retira assumindo obrigação desproporcional e excessiva. Salvar-se ou salvar pessoa de sua família ou pessoa próxima (caso concreto) A outra parte DEVE SABER que o agente está em Estado de perigo ELEMENTOS: I situação de necessidade, decorrente da iminência de dano atual e grave II nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano. O perigo é determinante. É um prejuízo de desproporção entre a prestação assumida em relação ao seu real valor, em razão da inexperiência ou da necessidade de uma das partes NÃO É NECESSÁRIO A OUTRA PARTE SABER QUE O AGENTE ESTÁ EM LESÃO Ocorre quando uma pessoa sob premente necessidade, ou inexperiência se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (art. 157)
2 pessoa empresta uma coisa e a outra entende que ouve doação. II Objeto principal da declaração: relacionado a identidade do objeto. Ex. aquisição de um quadro do aprendiz por achar que era de um pintor famoso. III Qualidade essencial do Objeto principal: ocorre quando o agente se engana em relação a qualidade essencial e determinante do objeto. Ex. aquisição de anel de ouro, quando na verdade o anel é de cobre IV identidade ou qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade: Relacionada aos negócios intui personae. Ex. casar com uma pessoa e descobrir que ele é criminoso. V erro de direito: é o falso conhecimento ou ignorância na interpretação da norma jurídica. Ex. pessoa contrata a importação de mercadoria ignorando a existência de lei que proíbe a importação. *** Para ser válido, mas obriga a satisfação de perdas e danos. POSITIVO (COMISSIVO): dolosa ação NEGATIVO (OMISSIVO): oculta algo que a parte contrária deveria saber. DOLUS BONUS: é tolerado pelo direito. Ex. vendedor que elogia demasiadamente sua mercadoria. DOLUS MALUS: emprego de astucia para enganar alguém. anulabilidade RECÍPROCO (TORPEZA BILATERAL): neutraliza o delito, sendo considerado NJ válido DE TERCEIRO: - se o beneficiado sabia ou devesse saber do dolo: NJ anulável. - se o beneficiado NÃO sabia ou devesse saber do dolo: NJ VÁLIDO, o 3º responderá pelas perdas e danos. Art. 148 totalmente a vontade. Há um consentimento viciado. REQUISITOS: art. 151 I causa determinante do NJ: a grave ameaça ou violência é o motivo determinante para a realização do negocio. II injusta: contrario ao direito. III Dano iminente: ** não é considerado coação se a ameaça for de mal impossível, remoto ou evitável. IV dano grave: deve haver fundado temor em relação à vitima. Pode ser dano moral ou patrimonial. *** NÃO SE CONSIDERA A RAZÃO DO HOMEM MÉDIO, MAS SIM O CASO CONCRRETO. V dirigida a sua pessoa, a família, seus bens ou ainda a pessoa não integrante da família mas com laços consideráveis. Cabe ao juiz decidir sobre essa última hipótese. anulável. NJ III Pessoa ameaçada de dano: ele próprio, pessoa da família, pessoa próxima (depende de avaliação do juiz) IV conhecimento do perigo pela parte beneficiária. Se a outra parte não sabia do perigo, não se anula o NJ, mas reduz-se o excesso. V Obrigação excessivamente onerosa. NJ anulável. ** aplicação por analogia do art. 157 2º (lesão) por determinação do enunciado 148 JDC. Não será decretada a anulação do NJ se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Ex. cirurgião que exige honorários excessivos para atender paciente REQUISITOS: OBJETIVO (MATERIAL):manifesta desproporção entre as prestações recíprocas. SUBJETIVO: - DA PARTE LESADA: premente necessidade ou inexperiência. *** não se exige dolo de aproveitamento (intenção de auferir vantagem exagerada de outrem) Ex. empregado que compra mantimentos em armazém da própria fazenda a preços exorbitantes.
3 considerado essa hipótese de erro, não deve implicar recusa à aplicação da lei. O NJ é anulável se perceptível por pessoa de diligencia normal. Art. 138 *** O erro não prejudica a validade do NJ quando a pessoa a quem a manifestação de dirige, se oferecer a executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Art. 144 ERRO ACIDENTAL: recai sobre as qualidades secundárias do objeto ou da pessoa. Mesmo que o agente em erro conhecesse a realidade, ainda assim, realizaria o NJ. o NJ é valido. Art. 143. O erro de calculo não é causa de anulação do NJ, mas de retificação da declaração de vontade EXCLUEM A COAÇÃO: 1 ameaça do exercício normal de um direito. Ex. se não pagar a divida inscreverei seu nome no SPC 2 simples temor reverencial: comunicarei ao seu esposo(a) o atraso de sua prestação COAÇÃO TERCEIRO: DE Será anulável se o beneficiário soube ou devesse saber da coação. Responsabilidade SOLIDARIA. Será válido se o beneficiário não soube ou não devesse saber da coação. O 3º sozinho responderá por perdas e danos. com risco à vida.
4 2 - VÍCIO SOCIAL 2.1 Fraude contra credores: É a fraude contra credores. Ensina Wander Garcia (2016) que a fraude contra credores se dá com a transmissão de bens ou remissão de dividas feitas pelo devedor já insolvente ou por elas reduzidas à insolvência. ELEMENTOS: 1 OBJETIVO: é o prejuízo dos credores decorrentes da insolvência. 2 SUBJETIVOS: (consillium fraudis) é o conluio fraudulento (má-fé) *** CREDORES QUIROGRAFÁRIO: é o credor que tem o seu crédito decorrente de titulo ou documento escrito (ex. nota promissória, cheque). Tem como única garantia o patrimônio do devedor. *** CREDORES COM GARANTIAS ESPECIAS: são aqueles que possuem um direito real sobre um bem do devedor. Ex. hipoteca. O QUE SE CONFIGURA FRAUDE EM RELAÇÃO AOS CREDORES: 1 atos de transmissão gratuita de bens e a remissão de dividas; 2 Atos de transmissão onerosa: é passível de anulabilidade estando o devedor já insolvente e aquele que adquire os seus bens saiba dessa situação. *** o NJ será válido se o adquirente ignorar ( no sentido de não saber da insolvência) do alienante. Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. 3 pagamento antecipado de dividas; 4 concessão fraudulenta de garantias. *** art. 160: Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigarse-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. A anulação do ato praticado em fraude contra credores ocorre por meio de ação revocatória, denominada ação pauliana. 2.2 Simulação: CONCEITO: è a declaração enganosa da vontade. Tem por objetivo finalidade diversa da que aparenta ser. Ex. A quer doar bem a concubina ( ato proibido pelo direito), então simula a venda do bem a B, um terceiro (laranja), e posteriormente B doa o bem a concubina de A. o que se queria desde o principio era a doação, no entanto, para ludibriar a lei simula uma compra e venda para que o bem chegue efetivamente a quem se queria doar. CARACTERISTICA: 1 em regra ato jurídico bilateral; 2 Declaração diversa da real intenção;
5 3 tem por finalidade enganar a lei ou terceiros. ESPÉCIES: 1 ABSOLUTA: A simulação exprime um negocio Jurídico, mas na verdade não há intenção de realizar negocio algum. Ex. Marido que, ante iminente separação judicial, simula negocio com amigo, contraindo falsamente uma divida, para transferir-lhe bens em pagamento, visando a prejudicar a esposa na partilha. 1 2 RELATIVA: É aquele em que a pessoa, sob aparência de um Negocio fictício, pretende realizar outro, que é o verdadeiro objetivo diverso do primeiro. (revisão por mapas mental. Direito Civil. Prof. Marcelo Leite e Thiago Strauss.) Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Simulado: é o negócio ficto. É aquele que aparenta ser, mas na verdade não é. Dissimulado: é o negocio verdadeiro, é o que desde inicio o sujeito objetivava fazer. 3 CONSEQUÊNCIAS: Simulação absoluta: NULA efeito ex tunc. Simulação Relativa: Em relação ao NJ simulado, é nulo. No entanto, o negocio dissimulado (a real intenção), será valido se for possível em relação a forma e/ou substancia. 1 Exemplo extraído de: revisão por mapas mental. Direito Civil. Prof. Marcelo Leite e Thiago Strauss.
6 3 - PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA: PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA CONCEITO: É a causa extintiva da pretensão por seu não exercício no prazo estipulado em lei. ** ação condenatórias EXEMPLOS: Pedido de alimentos atrasados após 2 anos Despedida sem justa causa de empregado CARACTERÍSTICAS: 1 A parte que se beneficia só pode renunciar ao direito após o decurso do prazo. 2 os prazos não podem ser alterados pela vontade das partes 3 juiz pode reconhecer de oficio. 4 pode ser reconhecida a qualquer tempo. 5 relativamente incapaz e PJ têm ação contra os seus responsáveis. 6 prescrição iniciada com uma pessoa continua a correr contra seu sucessor PRAZOS: GERAL: ocorre em 10 anos quando a lei não lhe fixado prazo especial; ESPECIAL: elencados no art. 206 É a causa extintiva do direito potestativo pelo seu não exercício no prazo estipulado em lei. ** ações constitutivas 1 - salvo disposição em contrário, não se aplicam os casos de suspensão, impedimento e interrupção do art. 207 2 não corre prazo decadencial contra absolutamente incapaz 3 é nula a renuncia à decadência legal ( art. 209), mas a decadência convencional pode ser alterada pelas partes 4 O juiz DEVE conhecer de oficio a decadência legal 5 pode ser reconhecida a qualquer tempo 6 o prazo decadencial para ação rescisória prorroga-se para o 1º dia útil seguinte, caso caia em recesso forense.