Resumo COMPORTAMENTO DE RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES EM UNIVERSITÁRIAS UMEBARA, L.M.; VIROTE, W. Os transtornos alimentares tiveram aumento na incidência nos últimos anos, principalmente entre a população estudantil. O objetivo do trabalho foi analisar o comportamento de risco para anorexia nervosa e bulimia em universitárias da cidade de Apucarana-Pr. A pesquisa foi realizada em uma faculdade privada, com 72 mulheres dos cursos de Enfermagem e Fisioterapia. A incidência foi de 63,88% para comportamento de risco para bulimia e 55,55% com risco pra desenvolver anorexia nervosa. Descritores: anorexia nervosa, bulimia, universitárias Abstract Eating disorders have increased in incidence in recent years, especially among the student population. Objective: To analyze the risk for anorexia nervosa and bulimia in university city Apucarana-Pr. Method: The research was conducted in a private college, with 72 women of the Nursing and Physiotherapy. Results: The incidence was 63.88% for risk behavior to bulimia and 55.55% at risk for developing anorexia nervosa. Keywords: anorexia nervosa, bulimia, university Introdução Dentre os transtornos da alimentação duas síndromes importantes são descritas: anorexia nervosa e a bulimia. Elas são graves distúrbios psiquiátricos considerados importantes problemas de saúde. Pessoas com transtornos alimentares têm em comum uma preocupação excessiva com peso e dieta, geralmente apresentando distorção da imagem corporal, comportamentos alimentares anormais e práticas inadequadas para controlar o peso. Sua ocorrência é mais elevada em mulheres, consequência da elevada
cobrança social pela busca do corpo perfeito no sexo feminino. A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar, caracterizado por um inexplicável medo de ganhar peso ou de tornar-se obeso, mesmo estando abaixo do peso, além da distorção da imagem corporal. A bulimia nervosa é caracterizada pela ingestão de grande quantidade de alimentos muito rapidamente, acompanhada de métodos compensatórios inadequados para controle do peso como vômitos, abuso de laxantes, diuréticos, dietas e exercícios físicos. O sexo feminino de uma maneira geral é muito vulnerável a aceitação das pressões sociais, econômicas e culturais associadas aos padrões estéticos. A sociedade rejeita, discrimina e reprova pessoas obesas. Perante esta situação muitas mulheres encontram-se insatisfeitas com seu corpo. As adolescentes insatisfeitas com a imagem corporal, geralmente adotam comportamentos alimentares anormais e práticas inadequadas para controlar o peso, como o uso de diuréticos, vômitos auto-induzidos, uso de laxativos, excesso de realização de atividade física, ficando mais suscetíveis ao desenvolvimento de transtornos alimentares. Referenciais Teórico-metodológicos Os transtornos alimentares têm etiologia multifatorial, onde apenas uma interação complexa de fatores biológicos, psicológicos, socioculturais e familiares pode determinar o aparecimento e a perpetuação dessas doenças. (MORGAN, 2002; CORDAS 2004). Em comum, os transtornos da alimentação estão relacionadas a respostas como: preocupação excessiva com o estado atual e/ ou um possível aumento da forma e do peso corporal; desejo de emagrecer; alterações na imagem corporal; utilização de práticas danosas para controle de peso; busca exagerada pelo emagrecimento; culpa ao se alimentar, entre outros. (VALE, ELIAS, 2011). Algumas pesquisas mostram que os jovens estão cada vez mais vulneráveis a mudanças de comportamento por causa da proximidade com a vida adulta e do ingresso no meio universitário, que proporciona novas relações sociais. (MIRANDA et.al, 2012).
O trabalho foi realizado em uma faculdade privada da cidade de Apucarana-Pr, com 72 universitárias. A pesquisa foi feita através de dois questionários, o BITE (Teste de investigação bulímica de Edimburgo) e o EAT-26 (Teste de atitudes alimentares) para investigar comportamento de risco pra anorexia nervosa. A pesquisa envolveu somente mulheres adultas, de 18 a 30 anos de idade, dos cursos de Enfermagem e Fisioterapia. Conclusão Na população investigada, foi encontrado um n= 100 universitários para o estudo. Destes, 13 apresentaram idade maior que 30 anos, 8 eram homens, 5 não quiseram participar e 2 pessoas não preencheram corretamente os questionários. Portanto, participaram efetivamente da pesquisa 72 universitárias com idade entre 18 e 30 anos. Em relação ao questionário EAT, o presente estudo encontrou mais de 20% das adolescentes com escores superiores a 20, ou seja, EAT+ com risco de desenvolver um transtorno alimentar. Escore de 10 a 19, considerado baixo risco para desenvolver a anorexia, apresentaram 33,3% das pesquisadas. E escore de 0 a 9 estão fora de risco para sintomas de anorexia nervosa, apresentando 44,4% da amostra. (Figura 1). Segundo Benavente et al., prevalências de sintomas em torno de 9% são consideradas abaixo da média, indicando uma característica positiva da população estudada em relação aos transtornos alimentares. Por outro lado, prevalências maiores de 20% são bastante preocupantes. Figura 1.
Fonte: Autora do trabalho, 2012. De acordo com os resultados de presença de sintomas de transtorno alimentar do questionário BITE (figura 2), 16,6% das universitárias apresentaram escore igual ou maior que 20, que significa presença de comportamento alimentar compulsivo com grande possibilidade de preencher critérios diagnósticos para bulimia. Em relação ao padrão alimentar não usual, 47,2% das universitárias apresentaram escores entre 10 a 19. Escores abaixo de 10, ou seja, padrão alimentar normal, apresentaram 36,1% da amostra. Figura 2. Fonte: Autora do trabalho, 2012. Cenci et al. encontraram uma prevalência de 3,6% para sintomas de bulimia nervosa em uma amostra de 220 universitárias da UFSC. Bosi et al. utilizaram o BITE em 175 graduandas em psicologia e encontraram uma prevalência de 2,5% para a faixa em questão; para graduandas de educação física, Bosi et al. identificaram a prevalência de 2,5%, e para graduandas de nutrição, a prevalência do BITE para sintomas de bulimia nervosa foi maior (3,2%) em estudo com 193 universitárias. Diante disso, pode-se concluir que o comportamento de risco para transtornos alimentares é frequente entre universitárias brasileiras. Estes resultados apontam para uma relação inadequada com o alimento e com o corpo, que pode ter sérias consequências físicas e psíquicas devendo ser considerada por profissionais de saúde e educadores para planejamento de estratégias de
educação nutricional e programas de prevenção de transtornos alimentares. Referências BENAVENTE, M.D; MORILLA, F.R.; LEAL, C.M.; BENJUMEA, M.V.H. Fatores de risco relacionados com transtornos da conduta alimentar em uma comunidade de escolares. Aten Primaria, 2003; 32:403-9. BOSI, M.L.M.;LUIZ, R.R.; MORGADO, C.M.C.; COSTA, M.L.S.; CARVALHO, R.J. Autopercepção da imagem corporal entre estudantes de nutrição: um estudo no município do Rio de Janeiro. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 55(2): 108-113, Rio de Jabeiro, 2006. CENCI, M., PERES, K.G.A., VASCONCELOS, F.A.G. Prevalência de comportamento bulímico e fatores associados em universitárias. Revista Psiquiatria Clínica. 2009; 36:83-88. CORDÁS, Taki Athanássios. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Revista de Psiquiatria Clinica. São Paulo. 31 (4); 154-157, 2004. MIRANDA, V.P.N.; FILGUEIRAS, J.F.; NEVES,C.M.; Paula Costa TEIXEIRA,P.C.; FERREIRA, M.A.C. Insatisfação corporal em universitários de diferentes áreas de conhecimento. Jornal brasileiro de psiquiatria. 2012, vol.61, n.1, pp. 25-32. MORGAN, C.M.; VECCHIATTIA, I.R; NEGRAO, A.B. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Revista Brasileira de Psiquiatria 2002; 24 (Suppl III): 18-23. VALE, A.M.O.; ELIAS, L.R. Transtornos alimentares: uma perspectiva analítico-comportamental. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva. 2011, vol.13, n.1, pp. 52-70.