UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a sua constituição Por: Rachel Gomes da Silva Jorio Orientador Prof. Francis Rajzman Rio de Janeiro 2012

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a sua constituição Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de Pós Graduação Lato Sensu. Por: Rachel Gomes da Silva Jorio

3 AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer aos meus familiares e amigos, especialmente a Fernanda Lopes e Bianca Figueiredo e pela companhia nas aulas e pelo incentivo material e moral.

4 DEDICATÓRIA Gostaria de dedicar esta monografia ao meu eterno companheiro.

5 RESUMO A presente monografia tem por objetivo analisar aspectos teóricos e práticos relativos à nova lei 12.441/2011 que introduziu no ordenamento jurídico pátrio uma figura até então desconhecida pela doutrina brasileira: a empresa individual de responsabilidade limitada. Essa figura jurídica, já presente em algumas legislações alienígenas, ao adentrar em nosso ordenamento, trouxe algumas polêmicas doutrinárias que atraem reflexos práticos significativos. Dentre as controvérsias surgidas na doutrina podemos destacar os requisitos para a constituição de uma empresa individual de responsabilidade limitada. São eles: capita social da empresa em formação, denominação social da empresa e a possibilidade ou não de participação da pessoa jurídica como sócia única da EIRELI ou se somente a pessoa física poderia sê-lo. Essa monografia busca trazer um panorama do que vem se defendendo na doutrina pátria acerca do tema, e traz também, como argumento de reforço, a análise detalhada da referida lei bem como dos atos normativos infra-legais já editados sobre o tema, dentre eles as instruções normativas do Departamento Nacional de Registro de Comércio.

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7 METODOLOGIA A metodologia adotada para a produção desta monografia foi a análise detalhada da leitura de livros, artigos científicos, legislação legal e infra-legal, bem como jurisprudência acerca do tema. O método adotado para a pesquisa inclui ainda observações de como o assunto é abordado pela doutrina estrangeira. Por se tratar de tema extremamente novo, não há uma farta jurisprudência sobre o tema, sendo assim as respostas aqui apresentadas se baseiam na leitura e análise aprofundada de doutrinas publicadas seja através de livro, seja através de artigos científicos.

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9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I - O Empresário Individual e a Sociedade Empresária 11 CAPÍTULO II - A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e seus Aspectos Gerais 25 CAPÍTULO III A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e sua Constituição 35 CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46 ÍNDICE 47 FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

10 INTRODUÇÃO Antes de entrar em vigor a Lei 12.441/2011, em janeiro de 2012, existiam somente duas formas, previstas em lei, para a exploração da atividade empresarial: empresário individual e sociedade empresária. O primeiro ocorre quando a pessoa física, em nome próprio, exerce a atividade empresária, com responsabilidade ilimitada. Aqui não há separação de patrimônios, é um único patrimônio respondendo pelas dívidas pessoais e sociais do empresário individual. Já o segundo ocorre quando a sociedade empresária exerce a atividade através de seus sócios. Nesse caso, constitui-se uma pessoa jurídica com personalidade jurídica própria, diferente da de seus sócios, para exercer a empresa. Cabe aos sócios da sociedade empresária escolher o tipo societário a ser adotado e, a partir daí, haverá reflexos diretos na responsabilidade limitada ou ilimitada de seus sócios. Com a entrada em vigor da Lei 12.441/2011, o ordenamento jurídico brasileiro passou a prever uma terceira forma para se exercer a empresa, qual seja: a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). É importante destacar que a criação da EIRELI não afasta a figura do empresário individual, isso porque, assim como a sociedade empresária, a empresa individual de responsabilidade limitada é uma pessoa jurídica, com personalidade jurídica diversa da de seus sócios. A presente monografia busca trazer os principais aspectos da EIRELI, dando destaque para a análise da sua constituição.

11 CAPÍTULO I O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL E A SOCIEDADE EMPRESÁRIA 1.1 A Empresa O Código Civil brasileiro de 2002 adotou o mesmo critério do Código Italiano, vale dizer, não conceituou o termo empresa, mas sim fixou parâmetros para se definir quem é o empresário. Como propõe Rubens Requião: A empresa apresenta-se como um elemento abstrato, sendo fruto da ação intencional do seu titular, o empresário, em promover o exercício da atividade econômica de forma organizada (REQUIÃO, 2000, p. 59). A empresa configura a manifestação de uma organização técnico-econômica, ordenando o emprego de capital e trabalho para a exploração, com fins lucrativos, de uma atividade produtiva. Ela nasce a partir do início da atividade economicamente organizada, sob o comando do empresário. Será exercida através do fundo de empresa (estabelecimento). Em suma, a empresa não possui personalidade jurídica. O ordenamento jurídico brasileiro não concebe personificação à empresa, sendo,

12 pois, objeto de direito. Por sua vez, o empresário sim ostenta a condição de sujeito de direito. Não há que se confundir, então, empresa com empresário nem com sociedade, estes sim, detentores de personalidade jurídica própria e sujeitos de direito. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (artigo 985 e 45, do Código Civil). A sociedade empresária passa a desfrutar da personalidade jurídica com o arquivamento de seus atos constitutivos (contrato social ou estatuto) na Junta Comercial; já a sociedade simples adquire personalidade jurídica com o registro no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 1.2 O Empresário A figura do empresário individual vem normatizada no Capítulo I, do Título I, do Livro II, do Código Civil. A disciplina normativa, nessa primeira etapa, se estabelece a partir da pessoa física do empresário. Considerando o preceituado no artigo 966 do Código Civil, podemos conceituar empresário, genericamente falando, como a pessoa física ou jurídica que exerce profissionalmente, com habitualidade e escopo de lucro, atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços no mercado. Genericamente falando porque estamos considerando aqui a pessoa que exerce a atividade, podendo ser ela pessoa física ou jurídica.

13 1.3 - O Empresário Individual O empresário individual é a pessoa física, titular da empresa. Sua denominação se dará a partir de uma firma, constituída a partir de seu nome, completo ou abreviado, podendo a ele ser aditada designação mais precisa de sua pessoa ou do gênero da atividade. O empresário individual responderá com todas as forças do seu patrimônio pessoal, que seja passível de execução, pelas dívidas contraídas durante o exercício da empresa, uma vez que o direito brasileiro não admite a figura do empresário individual com responsabilidade limitada e, conseqüentemente a distinção entre patrimônio empresarial (o patrimônio do empresário individual afetado ao exercício de sua empresa) e patrimônio particular do empresário, pessoa física. Não há que se confundir o empresário individual com o sócio de uma sociedade empresária. O sócio, com efeito, não é empresário, mas sim integrante de uma sociedade empresária. O empresário poderá ser pessoa física, que explore pessoal e individualmente a empresa (empresário individual), ou uma pessoa jurídica, a qual, detentora de personalidade jurídica própria, distinta da de seus membros, exerce diretamente a atividade econômica organizada (sociedade empresária). Também não há que se confundir o empresário individual com o denominado profissional autônomo. O empresário exerce atividade econômica organizada, enquanto ao profissional autônomo, se por um lado, exerce atividade econômica, por outro, não o faz de forma organizada. Daí a distinção. Nos termos do artigo 966, parágrafo único, do Código Civil, não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza

14 científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Não são, pois, juridicamente empresários, devendo observar o regime do Direito Civil. Os médicos, advogados, psicólogos, sociólogos, dentistas, jornalistas (profissão intelectual de natureza científica) escritores (natureza literária), músicos, profissionais dedicados ao desenho artístico ou de modas, fotógrafos (natureza artística), por exemplo, não são considerados empresários. No âmbito das sociedades, aquelas de caráter uniprofissional também não estariam qualificados como empresários, sendo denominadas de sociedades simples. Mas tanto o profissional liberal que é uma pessoa física, quanto a sociedade que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística poderão vir a se qualificar como empresárias, caso o exercício da profissão venha a constituir elemento de empresa. Esses elementos se caracterizam como uma ordenação de fatores adotados como estratégicos, dentre eles, podemos citar a título de exemplificação: investimento em marketing; desenvolvimento de uma marca que lhe distinga os serviços; utilização da figura do título de estabelecimento, que consiste na identificação do estabelecimento físico onde se desenvolve a atividade, sendo a forma pela qual o empresário acaba por ser conhecido perante os seus clientes e públicos; desenvolvimento de técnicas de administração, com contratação de profissionais que ajudem a pensar e executar a empresa, não sendo assim simples auxiliares ou colaboradores na dicção que o Código conferiu a esses vocábulos; etc.

15 Concorrendo esses elementos, o exercício da profissão intelectual será elemento de empresa, nele não se encerrando a própria atividade. A sociedade que se qualifica como empresária passa a ter um regime jurídico particular diverso do regime da sociedade simples, embora as regras desta última se apliquem subsidiariamente àquelas. As sociedades empresárias, diversamente das simples, estarão sujeitas a registro na Junta Comercial (artigo 982, CC), submetem-se à falência, podem requerer recuperação judicial e negociar com credores o plano de recuperação extrajudicial (artigos 1º, 48 e 161, da lei 11.101/2005), bem como devem manter escrituração especial (artigos 1179 e 1180). Esses são os efeitos que se projetam sobre as sociedades empresárias. O empresário individual, para ser considerado regular, deverá inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis do local onde se encontra sua sede, a cargo das Juntas Comerciais, antes de iniciar a sua atividade econômica. As Juntas Comerciais são possuem uma divisão de funções por estados da federação, não há uma centralização de informações em um órgão comum. Sendo assim, caso o empresário individual ou coletivo queira instituir sede em outra localidade, deverá realizar o registro também na Junta Comercial competente. Caso o empresário individual queira admitir sócio ou sócios, com vistas a que a exploração da empresa passe a ser realizada por sociedade empresária, fica-lhe facultado requerer, perante o Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação de seu registro de empresário individual para o de sociedade empresária. Tal modificação não possui o condão de afetar a continuidade do exercício da empresa.

16 Tendo em vista as disposições trazidas pelo Código Civil de 2002 e os princípios que delas se podem extrair, tem-se que a condição jurídica de empresário individual reclama a concorrência dos seguintes requisitos: exercício profissional de atividade própria de empresário, tal qual definida no artigo 966, do Código Civil, e a capacidade. Para se qualificar como empresário precisará o indivíduo ou a sociedade realizar o efetivo exercício profissional da atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. É a partir desse exercício que alguém pode obter a condição de empresário individual ou de sociedade empresária. A outra condição é a capacidade, conforme se depreende do artigo 972, do Código Civil. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, iniciando-se a personalidade civil a partir do nascimento com vida e terminando a existência da pessoa natural com a morte, na dicção do artigo 2º do mesmo diploma legislativo. Portanto, tem-se que toda pessoa maior de dezoito anos, independentemente de sexo, estado civil e nacionalidade pode, pelo exercício da atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens ou serviços, constituir-se como empresário. Logo, não pode o incapaz exercer atividade empresarial, não podendo ser enquadrado como empresário. Embora o incapaz não possa exercer inicialmente a empresa, o Código Civil, no artigo 974, admite que poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança. 1.4 A sociedade Empresária

17 Nas sociedades, o ponto central da união de seus integrantes é a exploração de atividade com finalidade econômica, buscando a obtenção e divisão dos ganhos havidos nessa exploração. O que aproxima seus participantes, denominados sócios, é o escopo de partilhar lucros. Constituem uma sociedade as pessoas que mutuamente se obrigam a combinar esforços ou recursos para lograr fins comuns, repartindo, entre si, os dividendos. A sociedade vai resultar da união de pessoas, físicas ou jurídicas que, reciprocamente, se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício competente de atividade econômica e a partilha, entre si, dos respectivos resultados, nos termos do artigo 981, do Código Civil. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, na realidade, tem natureza jurídica de sociedade, mas de uma sociedade unipessoal, instituída por pessoa (a lei não especifica se física ou jurídica), única titular da totalidade de sócios, embora no 2º, do artigo 980-A, fale textualmente em pessoa natural, o que traz a maioria da doutrina a defender que somente pessoa natural poderá instituir EIRELI. Dessa forma, diversamente das sociedades em geral, não resulta da união de pessoas que, de forma recíproca, se obrigam a contribuir para o exercício da atividade econômica e a partilha dos lucros daí advindos. tem-se que: Para alguns doutrinadores pátrios, dentre eles Sergio Campinho, Apresenta-se dita pessoa jurídica de direito privado com um viés institucional e não contratual, guardando, outrossim, um perfil que lhe é particular. (CAMPINHO, 2011, p. 37).

18 Portanto, a par do que foi dito, pode-se definir sociedade, sob o pressuposto da pluralidade de sócios, como o resultado da união de duas ou mais pessoas, naturais ou jurídicas, que, voluntariamente, se obrigam a contribuir, de forma recíproca, com bens ou serviços, para o exercício competente da atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados auferidos nessa exploração (sociedade pluripessoal). Para a formação de sociedade pluripessoal imperiosa se faz a affectio societatis, nesse sentido Sérgio Campinho: a affectio societatis se traduz pela vontade dos sócios de se unirem por um vínculo societário, realizando colaborações voluntárias, conscientes e ativas para a consecução de propósitos comuns. Revela, por assim dizer, o estado de espírito de estarem unidos em sociedade, marcado pela convergência dos interesses em aceitar e suportar as áleas comuns. (CAMPINHO, 2011, p. 39). Mas o conceito clássico de sociedade, consagrado à luz da tradição do nosso direito positivo, deve ser revisto, para também contemplar a ideia de poder ser a sociedade o resultado, nas hipóteses previstas em lei, do ato de vontade de uma só pessoa (sociedade unipessoal). Isso porque a pluralidade de membros deixa de ser essência para formação de uma sociedade e a sociedade unipessoal não mais ostenta um caráter meramente temporário ou de restrita exceção no atual estágio de nosso ordenamento jurídico. A sociedade, nessa perspectiva que o ordenamento veio a lhe conferir, passa a ser um recurso jurídico que a eleva a uma estrutura patrimonial e organizativa autônomas. É marcada, assim, por um esquema

19 organizativo/patrimonial, revelado por modelos disponibilizados pela lei para servir de instrumento ao desenvolvimento de iniciativas econômicas, função essa que subsiste quando integrada por uma coletividade de membros ou por um único sócio. Em suma, a sociedade se manifesta como uma técnica de exploração da atividade econômica, adaptável tanto à pluralidade como à unicidade de sócios. 1.5 Classificação das Sociedades 1.5.1 Responsabilidade dos Sócios Uma questão de suma importância é estudar a classificação das sociedades tendo em mira a responsabilidade dos sócios, tendo em vista que o objeto da presente monografia é estudar um instituto cuja grande inovação é limitar a responsabilidade daquele que exerce a empresa de forma individual. Temos, nesse contexto, três grupos de sociedades: as de responsabilidade ilimitada (sociedades em nome coletivo), as de responsabilidade mista (sociedades em comandita por ações e em comandita simples) e as de responsabilidade limitada (as sociedades limitadas e anônimas). O núcleo central do conceito reside no modo de responsabilidade do sócio pelas dívidas da sociedade. Inclusive, a definição dos próprios tipos societários tem por arrimo esse princípio. Portanto, quando se fala em sociedades de responsabilidade limitada, na verdade, esse foco da limitação se refere ao sócio e não à sociedade. Como pessoa jurídica, a sociedade irá sempre responder, seja qual for o tipo de que venha a se revestir, de forma ilimitada por suas obrigações.

20 Na verdade a questão da limitação ou ilimitação de responsabilidade tem por perspectiva o sócio e não a sociedade. Dependendo do tipo societário, os sócios irão responder limitada ou ilimitadamente pelas dívidas contraídas pela sociedade no exercício de sua atividade. Daí ser imprópria a designação de sociedade de responsabilidade limitada ou ilimitada, eis que a responsabilidade da sociedade é sempre ilimitada. As chamadas sociedades de responsabilidade limitada são aquelas em que a responsabilidade dos sócios fica restrita às suas contribuições para o capital (sociedade anônima) ou à própria soma do capital (sociedade limitada). Ilimitadas são aquelas nas quais os sócios responderão em caráter subsidiário e ilimitado pelas dívidas sociais, podendo-se dizer que os sócios respondem de forma pessoal (patrimônio pessoal), subsidiária (pressupõe o esgotamento do patrimônio da sociedade), solidária (o credor pode exigir a integralidade do crédito em face de todos os sócios com essa modalidade de responsabilidade, sendo, pois, a solidariedade entre os sócios e não entre estes e a sociedade) e ilimitada (respondem com todas as forças do seu patrimônio pessoal). Já as sociedades com responsabilidade mistas são aquelas onde convivem sócios com responsabilidade subsidiária e ilimitada e sócios com responsabilidade limitada ao investimento que realizaram ou se obrigaram a realizar na sociedade. As sociedades simples, pelo que se depreende do inciso VIII, do artigo 977, do Código Civil, quando não adotarem uma das formas das sociedades empresárias, poderão apresentar-se como sociedades de responsabilidade ilimitada ou limitada. Tudo vai depender da previsão que os sócios venham a realizar no contrato social, já que a lei considera como uma

21 de suas cláusulas fundamentais a explicitação se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente pelas obrigações sociais. 1.5.2 Sociedades Contratuais e Institucionais Outra classificação de suma importância é aquela que se dá em razão da natureza dos atos constitutivos da sociedade, dividindo-as em sociedades contratuais e sociedades institucionais. Em ambos os tipos, a sociedade vai se formar em função da manifestação volitiva de seus sócios. Nas contratuais, essa manifestação se assenta em um contrato celebrado entre os seus integrantes. Constitui-se por um contrato entre os sócios, logo o vinculo formado é de natureza contratual. Já nas sociedades institucionais, o vínculo formado entre os sócios não vem revestido de natureza de contrato. O seu ato de criação não é um contrato, mas um ato complexo. Para sua formação são necessários vários atos, que se consubstanciam no seu ato constitutivo. Decorrem, assim, de um conjunto de atos dos fundadores para criar uma instituição. São contratuais as sociedades limitadas, em nome coletivo e em comandita simples. As sociedades simples também são constituídas por contrato. Institucionais são as sociedades anônimas e em comandita por ações. Nas sociedades por ações, não há entre os subscritores do capital um contrato. Falta ao ato de subscrição a feição de contrato. Tal fato fica evidente quando se denota a constituição da sociedade anônima de capital aberto.

22 A iniciativa de constituir a companhia parte de uma pessoa, física ou jurídica, denominada de fundador, que pretende captar no mercado financeiro recursos imprescindíveis para a colocação em prática do negócio concebido. Essa constituição da companhia vem composta em três fases perfeitamente distintas: a) registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários CVM; b) colocação das ações a serem emitidas pela companhia à disposição dos investidores para a respectiva subscrição, devendo o capital social fixado no estatuto estar totalmente subscrito não necessariamente integralizado, visto que a integralização que se realiza pelo pagamento do preço de emissão das ações subscritas pode ser dar à vista ou a prova ao final do processo, sob pena de ficar sem efeito o projeto de constituição; c) assembleia dos fundadores para promover a avaliação dos bens, caso o capital social venha a ser formado com contribuições por parte dos subscritores em bens a integralização do preço de emissão pode se dar em dinheiro ou em bens suscetíveis de avaliação em dinheiro -, e para deliberar sobre a constituição da companhia, a qual estará constituída a partir da verificação de que foram observadas todas as formalidades legais e da inexistência de oposição por parte dos subscritores que representem mais da metade do capital social, tudo de acordo com o previsto na Lei 6.404/76. Quanto ao ato constitutivo das sociedades que se formam por contrato, temos que esse contrato é plurilateral. O Código Civil Italiano de 1942, base inspiradora do nosso Código de 2002, adotando a doutrina professada por Tullio Ascarelli, definiu o contrato de sociedade como o contrato de mais de duas partes, cuja prestação de cada uma se dirige à consecução de um fim comum.

23 Já para Rubens Requião não se assemelha correto pressupor que a pluralidade de partes comporte necessariamente mais de duas pessoas a integrar a sociedade. Nesse sentido: Quando se fala em pluralidade, em relação aos que participam do contrato, é bom explicar, não se tem em consideração o número de partes, mas a indeterminação do número, ou melhor, a possibilidade de participação de um número variável de partes. É ele aberto para a adesão de novas partes. A circunstância de ser reduzido a dois o número de membros não tira ao contrato de sociedade o traço típico de plurilateralidade. (REQUIÃO, 2000, p. 345). Tem-se, portanto, uma modalidade de contrato em que se possibilita a existência de mais de duas partes, todas elas voltadas à exploração conjunta de uma atividade econômica. As prestações dos sócios são dirigidas paralelamente para a realização de uma finalidade comum. As prestações são qualitativamente iguais e não correspectivas, sinalagmáticas, como nos contratos bilaterais. Ainda que possam existir interesses opostos entre os sócios, que subscrevem o contrato de sociedade, estes são dirigidos, coordenados para uma direção paralela que se inspira na realização de um fim comum. Não estão as partes colocadas uma frente à outra, mas uma ao lado da outra. Haverá uma integração de interesses, coordenados para uma direção paralela que se inspira na realização de um fim comum. O código Civil de 2002 se dedicou à disciplina das sociedades contratuais, permanecendo as sociedades por ações sob a regência de lei especial, chegando, entretanto, a traçar o perfil essencial da sociedade em comandita por ações.

24 A lei 12.441/2011, conforme se verá mais detalhadamente ao longo desta monografia, introduziu em nosso ordenamento jurídico a figura da empresa individual de responsabilidade limitada. Essa pessoa jurídica de direito privado, para a grande parte da doutrina que já se manifestou sobre o referido tema, tem natureza jurídica de sociedade, apesar de o nome adota para representá-la ser empresa. Trata-se de uma sociedade unipessoal, constituída por uma única pessoa natural titular da totalidade do capital social (artigo 980-A). Não é ela dotada, pois, da pluralidade de sócios e seus atos de constituição não possuem feição contratual. Isso porque ela se constitui da manifestação de vontade de uma só pessoa, o que confere caráter institucional ao ato de sua criação.

25 CAPÍTULO II A EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA E SEUS ASPECTOS GERAIS 2.1 Histórico Há muito tempo empresários e juristas desejavam limitar a responsabilidade do empresário individual, fosse com a criação de responsabilidade limitada em relação ao empresário, pessoa física, fosse com a criação de um tipo societário para alcançar tal intuito. A discussão, no Brasil, quanto à instituição da figura da empresa individual de responsabilidade limitada, vem desde o início da década de oitenta. A ideia foi estudada no Programa Nacional de Desburocratização, idealizado e posto em prática pelo Ministro Helio Beltrão. Quando da sua realização, a ideia era aplicar a limitação da responsabilidade apenas para as microempresas, já que seu estatuto estava sendo concebido naquele mesmo momento, no entanto, a prioridade naquela ocasião era resolver o tratamento quanto a questão tributária, o que fez com que a proposta de criação das Empresas individuais de Responsabilidade Limitada fosse adiada. Na década de noventa, tivemos o Programa Federal de Desregulamentação, que foi apresentado ao governo na forma de um anteprojeto sobre o assunto. A ideia era permitir que o empresário, individualmente, pudesse explorar a atividade econômica, sem colocar em risco seus bens pessoais, tornando mais claros os limites das garantias oferecidas a terceiros.

26 Finalmente, após trinta anos de discussões e debates, entra em vigor a Lei nº 12.441/2011, que trata da criação da empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). Fazendo um paralelo com o direito comparado, temos o direito europeu onde a matéria está prevista e vem sendo desenvolvida a anos, se apresentando de forma muito mais estável do que aparece em nosso ordenamento pátrio.o Direito Alemão, por exemplo, passou a admitir que uma sociedade limitada, uma vez constituída com dois ou mais sócios, prosseguisse, mesmo se no decorrer de sua atividade empresarial, passasse a ter um único sócio em seu quadro social. Tempos depois, foi consagrada na legislação a constituição de sociedade limitada com apenas um sócio. No Direito Francês tem-se a denominada sociedade unipessoal de responsabilidade limitada, e, no Direito Português o denominado estabelecimento individual de responsabilidade limitada. A previsão, no cenário internacional, da matéria tratada já se apresenta de forma tão evoluída que o próprio Conselho da Comunidade Européia publicou uma diretriz com o fim de sintetizar e harmonizar as diversas denominações dadas à mesma matéria, em âmbito comunitário. Isso porque são quase trinta anos de experiência do instituto no direito europeu. Fazendo um apanhado geral dos países europeus que positivaram o instituto em seus ordenamentos jurídicos, podemos citar, a título de exemplificação: França, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Portugal, Alemanha, Itália, Países Baixos e Bélgica. Mas não é só o direito europeu que se apresenta de forma extremamente evoluída na matéria, também na América do Sul, temos exemplos de países que já realizaram a limitação da responsabilidade do empresário individual. Dentre ele, podemos citar, a título de exemplo, o Direito

27 Chileno, que incluiu em seu ordenamento jurídico a empresa individual de responsabilidade limitada, nos idos dos anos 2000. Apesar de todos esses exemplos presentes no direito alienígena, somente em 2012, mais especificamente no dia 8 de janeiro, é que entrou em vigor a lei brasileira que prevê o instituto da empresa individual de responsabilidade limitada. Nesses termos, temos o informativo editado pela Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (JUCERJA) em janeiro de 2012: A possibilidade de criação dessa nova empresa, uma sociedade de apenas um sócio, sujeito a ser responsabilizado até o limite do capital de sua respectiva EIRELI quando e se for o caso, representa a materialização de instituto que há anos era discutido pelos bastidores do legislativo (INFORMATIVO JUCERJA, ANO 3, Nº 43, JANEIRO DE 2012). Antes da citada lei, àquele que quisesse explorar determinada atividade econômica, enquadrada como empresarial, de forma individual, sem possuir sócios, tinha como opções: ou se registrar como empresário individual e, assim, assumir pessoalmente os riscos da atividade empresarial, o que se demonstra extremamente desaconselhável, ou, alternativamente, se associar a outra pessoa para ser possível constituir a já conhecida sociedade de responsabilidade limitada. Essas opções acabavam, muitas vezes, por desestimular o empresário a desenvolver atividade econômica, o que é extremamente prejudicial para a economia do país, com o temor de ver o seu patrimônio de anos, construído através de trabalho árduo, ameaçado caso a atividade fosse ruinosa.