Pós-Modernismo - Prosa

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Transcrição:

Pós-Modernismo - Prosa

Pós-Modernismo Prosa (Parte II) Texto para as questões 1, 2, 3 e 4. 1. O texto de Clarice Lispector aborda, genericamente, o insucesso de relações amorosas. Esse enfoque genérico está confirmado pelo uso da seguinte estratégia de construção textual: a) inadequação de tempo e de espaço na narrativa b) incoerência do discurso e da enunciação em 3ª pessoa c) indiferença do autor e do enunciador aos fatos narrados d) indeterminação dos nomes e de características dos personagens 2. O título do texto Por não estarem distraídos refere-se à causa do distanciamento dos amantes ao longo da relação estabelecida entre eles. A expressão não estarem distraídos apresenta o sentido de: a) falta de dedicação

b) excesso de cobrança c) necessidade de confiança d) ausência de comprometimento 3. A sinonímia recurso largamente conhecido no nível vocabular também pode se manifestar no nível textual, possibilitando a coerência entre diferentes passagens de um texto. Os fragmentos que indicam entre si uma relação de sinonímia estão apresentados em: a) - - 14) b) - - 22) c) - d) - 4. Todo texto possui unidades de sentido, interligadas por meio de relações lógicas, que lhe imprimem coerência. A relação que a segunda oração estabelece com a primeira está corretamente caracterizada na seguinte alternativa: a) - 7) modo b) - 13) comparação c) - 23) explicação d) - 28) causalidade 5. Leia o texto: O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro dá gosto! A força dele, quando quer moço! me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza.

Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa Marque a afirmação que não corresponde: a) trata-se de uma narrativa o b) c) d) e) ai espalhafatoso. 6. TEXTO I O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias, mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a vossas senhorias? MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1994 (fragmento) TEXTO II

João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A auto apresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens. SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro, Topbooks, 1999 (fragmentos) Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observase que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta: "Como então dizer quem fala / ora a vossas senhorias?". A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da: a) Descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador. b) Construção da figura do retirante nordestino com um homem resignado com a sua situação. c) Representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição. d) Apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta em sua crise existencial. e) Descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias. 7. Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa. Clarice Lispector, A Hora da Estrela Em A Hora da Estrela, o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a história. De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador: a) Iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário. b) Pós-moderno, para quem as preocupações de estilo são ultrapassadas. c) Impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima no relato. d) Objetividade, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato.

e) Autocrítico que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular. 8. Mas desconfio que toda esta conversa é feita apenas para adiar a pobreza da história, pois estou com medo. Antes de ter surgido na minha vida essa datilógrafa (Macabéa), eu era homem até mesmo um pouco contente, apesar do mau êxito na minha literatura. As coisas estavam de algum modo tão boas que podiam se tornar muito ruins porque o que amadurece plenamente pode apodrecer. LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. a) O narrador-autor reflete sobre sua escritura e une sua vida à de sua personagem, existindo com ela e para ela. b) Clarice enuncia ser a narradora, retomando questões próprias ao conjunto de sua obra. c) Sem qualquer empatia pela personagem, o narrador, da mesma classe social, recusa qualquer sentimento de culpa ou piedade por Macabéa. d) No relato de vida e morte de Macabéa, o foco narrativo detém-se nas conquistas e vitórias da personagem. e) Os fatos da vida da heroína, suas carências, são mostradas cruamente, sem qualquer reflexão. Texto para as questões 9 e 10: Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso por estúrdio que me vejam é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho... Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.

9. A expressão Este caso, em destaque no texto, refere-se: a) à existência do diabo. b) ao redemunho, reduto do diabo. c) à opinião do interlocutor. d) à velhice do narrador. e) ao estado preto do diabo. 10. A personagem Riobaldo dialoga com alguém que chama de senhor. Embora a fala dessa personagem não apareça, é possível recuperar, pela fala do narrador, os momentos em que seu interlocutor se manifesta verbalmente. Isso pode ser comprovado pelo trecho: a) O senhor aprova? b) Nenhum! é o que digo. c) Não? Lhe agradeço! d) Tem diabo nenhum. e) Até: nas crianças eu digo.

Gabarito 1. D 2. B 3. C 4. A 5. E 6. C 7. E 8. A 9. A 10. C