Ano VII Número 12 Janeiro de 2009 Periódicos Semestral INFLUENZA AVIÁRIA

Documentos relacionados
Avicultura e Ornitopatologia Prof. Bruno Antunes Soares. Influenza Aviária

Vigilância de síndrome respiratória aguda

Gripe. (Aspectos Epidemiológicos. gicos) Prof. Doutor Saraiva da Cunha. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Influenza aviária ( gripe aviária ) e o significado de sua transmissão aos humanos

DOENÇA DE NEWCASTLE PRODUÇÃO, NUTRIÇÀO & SANIDADE ANIMAL. PROF. MSc MARCOS FABIO P N S A. IFRJ -

A bronquite infecciosa (BI) é uma doença viral e contagiosa das aves, disseminada no mundo todo.

Disciplina IMT 2005 Curso Bacharelado em Saúde Pública Agosto 2017

Encefalomielite Aviária

INFLUENZA INFLUENZA INFLUENZA INFLUENZA INFLUENZA 1. ETIOLOGIA INFLUÊNCIA INFLUENZA 7. BIBLIOGRAFIARECOMENDADARECOMENDADA INFLUENZA

Programa Analítico de Disciplina VET446 Doenças de Aves

Laringotraqueíte Infecciosa das Galinhas

Grandes endemias Influenza

INFLUENZA. Prof. Dr. Paulo Eduardo Brandão VPS/FMVZ/USP

Descrição epidemiológica e clínica

DOENÇA DE NEWCASTLE. Figura 1: Distribuição da doença de Newcastle. Julho a Dezembro de Fonte: OIE.

INFLUENZA SUÍNA 1. Eduarda Almeida 2, Quezia Neu 2, Flavio Vincenzi Junior 3 ; Patrícia Diniz Ebling 4

Avicultura e Ornitopatologia DOENÇA DE NEWCASTLE. Prof. Bruno Antunes Soares

A r g avo v s o s Ep E i p de d m e i m ol o óg ó i g co c s CON O CEI E T I OS DOE O N E ÇA

Vírus da Influenza: Histórico, Variabilidade Genética e HELIO JOSÉ MONTASSIER

Patologia Aviária SÍNDROME DA QUEDA DE POSTURA EDS-76

O que vamos compartilhar. Influenza Suína: avaliação de patogenicidade isolada ou combinada a outros agentes. O vírus. Publicações (Camp.

Vacina Influenza. Andrea Lucchesi de Carvalho Pediatra/Infectologista Pediátrica Presidente do Comitê de Infectologia Pediátrica da SMP

SÍNDROME DA QUEDA DE POSTURA

Programa Analítico de Disciplina VET343 Saúde Aviária

Guilherme H. F. Marques Diretor do Departamento de Saúde Animal/SDA/MAPA

Vigilância sindrômica: Síndromes febris ictero-hemorrágicas Síndromes respiratórias

O VÍRUS INFLUENZA E A GRIPE: RELAÇÃO ANIMAL

Doenças Infecciosas e Transmissão de Doenças: Conceitos Básicos

Uma nova pandemia de gripe? Quais são as evidências?

Anemia Infecciosa das Galinhas

VIROLOGIA 2006/2007. APRESENTAÇÃO 7 (Vírus de RNA-) Maria Filomena Caeiro

CLOSTRIDIOSES EM AVES

Processos de interação vírus célula. e replicação viral

INFLUENZA VIRUS. INSTITUTO BUTANTAN Dra. Viviane Fongaro Botosso Outubro 2016

GRIPE INFLUENZA TIPO A H1N1. Prefeitura Municipal de Campinas Secretaria Municipal de Saúde Coordenadoria de Vigilância em Saúde

Pestvirus. Msc. Anne Caroline Ramos dos Santos

Síndrome de Insuficiência Respiratória Aguda Grave (SARS)

HC UFPR COMITÊ DE INFLUENZA SUÍNA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS HEPATITES VIRAIS. Adriéli Wendlant

DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

INFLUENZA VIRUS. INSTITUTO BUTANTAN Dra. Viviane Fongaro Botosso.

Programa Analítico de Disciplina VET344 Doenças Virais

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Vírus associados à surtos alimentares (Rotavirus, Norovirus e Hepatite A)

INFLUENZA. Cinthya L Cavazzana Médica Infectologista COVISA/CCD

Patogêneses virais II. Profa Dra Mônica Santos de Freitas

Prevenção da disseminação de norovírus em Serviços de Saúde

1.4 Metodologias analíticas para isolamento e identificação de micro-organismos em alimentos

Influenza aviária. 28ago

Gripe H1N1: o que é, sintomas, tratamentos e como prevenir

Retrovírus Felinos. Fernando Finoketti

Capítulo 1. Isolamento e caracterização molecular do vírus de Influenza Suína. Rejane Schaefer Iara Maria Trevisol

Orthomyxoviridae. Vírus Influenza. Curso: Medicina Veterinária Disciplina: Virologia III. Prof a. Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia

Brazilian Journal of Animal and Environmental Research

Processos de Replicação Viral. Vírus com genoma a RNA

PROF. DR. ARIPUANÃ WATANABE

Diagnóstico de infecções virais

ENFERMAGEM DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. OUTRAS DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Aula 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

GRIPE PERGUNTAS E RESPOSTAS

FORMULÁRIO DE APRESENTAÇÃO DE DISCIPLINA. Nome da Disciplina: BIOSSEGURANÇA E BIOCONTENÇÃO EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA

Audiência Pública Situação das gripes H1N1 e H7N9 e a fabricação de vacinas antivirais no Brasil

Indicadores de ocorrência de doenças em populações

Carteira de VETPRADO. Hospital Veterinário 24h.

Vírus Influenza. Disciplina: Relação Parasita-Hospedeiro Profa. Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia

Agentes de viroses multissistêmicas

A Gripe Aviária como uma ameaça no Brasil

Silvia Viana e Márcia Danieluk Programa Nacional de Imunização Departamento de Vigilância Epidemiológica. -março de

Doença Infecciosa da Bolsa Doença de Gumboro

Gripe Aviária. Influenza Aviária (Gripe Aviária) -Refere-se à infecção de aves pelo vírus de Influenza Aviária do tipo A.

Influenza no mundo: Situação epidemiológica e preparação para a Pandemia OPS

9º ano em AÇÃO. Assunção contra o mosquito!

1. Introdução à epidemiologia CURSO DE EPIDEMIOLOGIA VETERINÁRIA, ACT Prof. Luís Gustavo Corbellini EPILAB /FAVET - UFRGS 23/09/2014 1

Forma de ocorrência das doenças CURSO DE EPIDEMIOLOGIA VETERINÁRIA, ACT Prof. Luís Gustavo Corbellini EPILAB /FAVET - UFRGS

ANEMIA INFECCIOSA EQÜINA OU FEBRE DOS PÂNTANOS ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA. FAMÍLIA: Retroviridae SUBFAMÍLIA: Lentivirinae

VÍRUS QUE AFETAM O TRATO RESPIRATÓRIO (Parte 1)

Código Sanitário para Animais Terrestres Versão em português baseada na versão original em inglês de Versão não oficial (OIE)

COES Febre Amarela CENTRO DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA SOBRE FEBRE AMARELA

COES Febre Amarela CENTRO DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA SOBRE FEBRE AMARELA

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral COCCIDIOSE AVIÁRIA

Febre hemorrágica da Dengue: Localização de antígenos virais em lesões hepáticas, pulmonares e renais.

Carbúnculo ou antraz Bacillus anthracis

COES Febre Amarela CENTRO DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA SOBRE FEBRE AMARELA

Shigella. Topicos. Prof. Assoc. Mariza Landgraf. Introdução. Características da doença Tratamento Prevenção e Controle 03/04/2017

Desafios e Oportunidades

Vigilância sindrômica 2: Síndromes febris ictero-hemorrágicas 2018

Pandemia de Gripe, Lições em Saúde Pública. Margarida Tavares

Ministério da Saúde Plano Brasileiro de Preparação para uma Pandemia de Influenza

Vírus da Imunodeficiência Humana

Programa Analítico de Disciplina BIO270 Virologia Geral e Molecular

Pandemia Influenza. Márcia Regina Pacóla. GVE XVII Campinas SES - SP.

ESPECÍFICO DE ENFERMAGEM PROF. CARLOS ALBERTO

Influenza Campanha de vacinação no estado de São Paulo Influenza Vaccination campaign in the State of São Paulo 2016

MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA A INFECÇÃO PELO VÍRUS INFLUENZA A (H1N1) Por Amélia Maria Ribeiro de Jesus*

Andressa Caroline Trautenmüller 2.

Influenza A Novo subtipo viral H1N1, MSP

Produção de raios-x, Interação com a Matéria, Proteção Radiológica, Instrumental Prof. Dr. Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques

Diagnóstico Laboratorial de Infecções Virais. Profa. Claudia Vitral

(FONTE: ANVISA, FAO, MAPA, OMS, UBA E USDA)

Epidemiologia das Doenças Infecciosas HEP0142_EDI

Transcrição:

INFLUENZA AVIÁRIA PAIVA, Leandro José Mondi leandrojmpvet@hotmail.com OLIVEIRA, Leandro Rodrigues AIRES, Welington Ollier Discentes da Faculdade de Medicina Veterinária, FAMED, Garça - SP PEREIRA, Rose Elisabete Peres Docente da Faculdade de Medicina Veterinária, FAMED, Garça - SP RESUMO A influenza aviária é uma doença exótica no Brasil, o sistema de criação da avicultura predominante no país (galinhas e perus) emprega a mais atual tecnologia e conhecimento científico na produção, no qual os plantéis são gerenciados com biosseguridade, avaliação permanente dos pontos críticos, sistema de qualidade total e programas de vacinações que garantem a prevenção de inúmeros problemas sanitários. A prevenção da Influenza Aviária é favorecida pelo sistema e tipo de construção (galpões) para o alojamento dos plantéis das espécies. A localização geográfica da avicultura nacional, localizada fora das rotas migratórias das aves-reservatório, pode também exercer papel importante na ausência de focos de influenza no Brasil. Além disso, o baixo índice de replicação dos AIV nas aves migratórias durante a estada na região subtropical também influi para a menor ocorrência. Tendo como objetivo no trabalho, fazer uma revisão de literatura destacando os principais aspectos da Influenza Aviária, bem como, etiologia, patogênese, mutações, transmissão, diagnóstico, tratamento para humanos, prevenção e controle. Palavras-chave: Aves, Influenza Aviária, Infecção. ABSTRACT The avian influenza is an exotic disease in Brazil, the system of farming predominant in the country's poultry (chicken and turkey) employs the latest technology and scientific knowledge in the production, in which the stocks are managed with Biosecurity, ongoing monitoring of critical points, total quality system and programs that provide vaccinations for the prevention of many health problems. The prevention of Avian Influenza is favored by the system and methods of construction (building) for the accommodation of the stocks of these species. The geographical location of the national poultry industry, located outside the routes of migratory-bird reservoir, may also exert an important role in the absence of outbreaks of influenza in Brazil. Moreover, the low level of replication of AIV in migratory birds during their stay in the subtropical region also influences to the lowest occurrence. With the goal at work, doing a literature review highlighting the main aspects of Avian Influenza and, etiology, pathogenesis, mutation, transmission, diagnosis, treatment for humans prevention and control Keywords: Birds, Avian Influenza, Infection. 1. INTRODUÇÃO A influenza aviária (AI) inclui uma amplitude de síndromes que se manifestam desde infecção subclínica, a uma doença suave respiratória das vias superiores ou

doença fatal generalizada em aves domésticas. Inúmeros diferentes isolados do vírus da influenza aviária (AIV) circulam entre diversas espécies animais ao redor do mundo. Embora AIV possa infectar uma enorme diversidade de espécies das classes de aves e mamíferos, são tidas como reservatórios naturais as aves aquáticas, aves habitantes das praias e gaivotas, sendo consideradas ocasionais as infecções em galinhas, perus, suínos, eqüinos e humanos (SUAREZ, 2000). O alto nível de recombinação genética, observado especialmente entre integrantes dos AIV do tipo A, é conseqüência do genoma segmentado, que permite permutações de genes, em contraste com integrantes dos vírus da família Paramyxoviridae, como exemplo o vírus da doença de Newcastle, que não apresenta recombinação detectável por apresentar genoma não segmentado (KINGSBURY, 1990.) A baixa incidência dos AIV nos períodos migratórios sub-tropicais das aves aquáticas (MURPHY e WEBSTER, 1996) pode explicar a baixa ou rara ocorrência no Brasil. O presente estudo propõe-se a fazer uma revisão do tema, com o objetivo de rever a literatura sobre o Vírus Influenza A Aviária (H5N1) e apresentar alguns dados de pandemias por influenza, bem como a epidemiologia, patogenia e transmissibilidade, quadro clínico, diagnóstico e tratamento, medidas de prevenção. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Etiologia Os vírus da influenza aviários (AIV) pertencem a família Orthomyxoviridae, Influenza tipo A. Os tipos Influenza B e C não ocorrem em aves podendo acometer humanos. 2.2 Patogênese Os vírus da Influenza Aviária patogênicos foram por algum tempo relacionados com a presença de Hemaglutininas (HA), que são formações glicoprotéicas presentes no envelope viral (antígenos de superfície) (SOUZA e SALLE 2000) do subtipo H7, embora existissem estirpes não virulentas do mesmo subtipo isoladas de aves normais. A terminologia de peste aviária (fowl plague),

associada a H7 foi sendo abandonada e substituída adotando-se critérios de classificação levando em conta a virulência (especialmente AIV de alta virulência: HPAIV-High Pathogenicity Avian Influenza), conforme as recomendações. Atualmente a definição proposta pela OIE para HPAIV são: 1- Qualquer vírus de influenza letal a 6, 7 ou 8 de 8 galinhas com 4-6 semanas de idade em um período 10 dias, inoculadas via intravenosa com 0,2 ml de líquido alantóide a 1:10 sem bactérias; 2. Qualquer vírus da influenza dos subtipos H5 e H7 que não atinja o critério acima, mas apresente seqüência de aminoácidos no sítio de clivagem da HA compatível com as estirpes de alta virulência (múltiplos aminoácidos básicos); 3. Qualquer vírus da influenza não integrante dos subtipos H5 e H7 que cause a morte de 1 a 5 das galinhas de 4 a 6 semanas de idade via intravenosa (item 1), em 10 dias e seja replicado em monocamadas celulares na ausência de tripsina (PROCEEDINGS, 1994). As lesões dos sistemas respiratório incluem seios paranasais com secreção fibrinosa, mucopurulenta ou catarral, traquéia com edema e secreção de intensidade variável na mucosa, sacos aéreos espessados e com exsudato seroso, fibrinoso ou fibrinopurulento. Ovoposição ectópica em poedeiras pode resultar em peritonite por ovo ectópico e por contigüidade dos sacos aéreos. Poedeiras podem ainda apresentar salpingite com acumulação de exsudatos no oviduto. Enterite hemorrágica, fibrinosa (graves) ou catarral (leve) pode ser observada e é mais comum em perus (intestino delgado e cecos). 2.3 Mutações Variações pequenas, leves ou sutis nos genes que codificam a hemaglutinina e neuraminidase não resultam sempre em alterações antigênicas capazes de modificar sítios antigênicos relacionados à indução de proteção, permanecendo a estirpe no mesmo subtipo de HA e/ou NA (antigenic drift). Estas modificações podem acumular e resultar em mudança do subtipo de HA e/ou NA (antigenic shift), que ocasiona os surtos de influenza nas populações animais e humanas.

As grandes alterações genéticas (shift) resultam de mutações, recombinação genética e/ou adaptação ao hospedeiro (seleção natural do AIV viável frente as barreiras da imunidade). 2.4 Transmissão A principal via de transmissão do vírus da IA é, sem dúvida, a horizontal, representada, principalmente, por excreções e secreções de aves migratórias, principalmente as fezes contaminadas. Como a infecção pelo vírus da IA ocorre, primordialmente, em células de rápida multiplicação, como as do trato respiratório e digestório, secreções respiratórias e fezes podem conter elevada carga viral. Por isso, a transmissão mecânica é importante. Proprietários, trabalhadores, técnicos e visitantes eventuais das granjas podem transferir fezes de lotes contaminados, por meio de calçados ou de outro material (veículos de transporte, ração, cama, comedouros, bebedouros, gaiolas), para lotes suscetíveis. 2.5. Diagnóstico sorológico Pode-se empregar os testes de inibição da hemaglutinação, inibição da neuraminidase ou imunoenzimáticos (ELISA) para a monitoração sorológica. Kits para ELISA comerciais estão disponíveis para a detecção de anticorpos contra a nucleoproteína (NP) de AIV do tipo A e outros para a caracterização do subtipo de AIV quanto à hemaglutinina (HA) durante a identificação de estirpes. Detalhes dos ELISA comerciais estão descritos nos manuais dos fabricantes ou nos manuais de diagnóstico de doenças aviárias. A caracterização da resposta quanto à especificidade dos anticorpos para as diversas HA existentes (subtipos) é mais complexa e pode requerer um ensaio de captura de glicoproteína de cada subtipo (H1 a H15) e/ou anticorpos monoclonais. Há variações na intensidade da resposta imune natural para a NP conforme a espécie de ave, sendo os títulos em patos muito baixos ou não detectáveis em comparação com altos títulos em perus e faisões (EASTERDAY et al., 1997). 2.6 Influenza Aviária como Zoonose

A influenza em humanos parece ocorrer desde os primórdios da humanidade, segundo a literatura antiga, que data, por exemplo 2000 a.c., com o registro de doença respiratória aguda com duração de poucos dias ou semanas (TONIOLO NETO, 2001). A evolução de variantes de AIV capazes de apresentar caráter zoonótico é constante e tem sido demonstrada experimentalmente. As etiologias pelo menos das últimas duas pandemias (1918-1919 e 1968) foram caracterizadas como estirpes híbridas que continham genoma recombinante de AIV de aves e humanos. A ameaça de pandemia por AIV em humanos é preocupação permanente dos agentes de saúde pública, uma vez que há evidências dos vírus H5N1 e H9N2 terem sido transmitidos de aves para humanos nos mercados de aves de Hong Kong (HORIMOTO e KAWAOKA, 2001). Alguns subtipos de AIV têm importância direta em saúde humana. O AIV H5N1, que ocasionou o óbito de 6 pessoas em Hong Kong em 1997, foi transmitido diretamente de galinhas para humanos. As manifestações clínicas da influenza aviária H5N1 no homem têm como base os pacientes hospitalizados. A freqüência de doença leve, infecções subclínicas e apresentações atípicas (encefalopatia e gastroenterocolite) não é conhecida, mas relatos de casos mostram que elas podem ocorrer. A maioria dos pacientes era crianças de baixa idade e adultos previamente saudáveis Em geral, os pacientes apresentaram como sintomas iniciais febre elevada e manifestações de infecção em trato respiratório inferior com dispnéia (mediana de cinco dias após o início), taquipnéia, insuficiência respiratória e estertores. A produção de escarro é variável e algumas vezes com sangue. Quase todos os pacientes tinham pneumonia com achados radiológicos de infiltrados difusos, multifocais ou intersticial e consolidações segmentares e lobares com broncograma aéreo, podendo apresentar também dor de garganta e casos raros de conjuntivite. Diarréia, vômitos, dor abdominal, dor pleural e sangramento pelo nariz e gengivas ocorreram no início da doença, em alguns pacientes. A diarréia aquosa parece ser mais freqüente do que com os vírus da influenza humana e pode preceder as manifestações respiratórias em até uma semana. 3. CONCLUSÃO

Sabendo-se que, a Influenza Aviária é uma doença infecto-contagiosa e principalmente uma zoonose, é necessário cuidados especiais, como a prevenção, impedindo a contaminação de humanos e das aves, pelo vírus ser facilmente difundido, evitando assim grandes perdas causando impactos econômicos consideráveis na avicultura. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EASTERDAY B.C.; Influenza. In: Diseases of Poultry, 10ª ed. Editores B.W. Calnek HJ Barnes, CW Beard LR. McDougald YM. Iowa State University Press, Ames, Iowa, EUA, 1997. p. 583-605. HARIMOTO T. KAWAOKA Y. Pandemic threat posed by avian influenza A viruses. Clinical Microbiology Review 2001; 14: 129-149. KINGSBURY DW. Orthomyxoviridae and their replication. In: Virology, Second Edition, Edited by Fields BN, Knipe DM, Raven Press, New York, 1990. MURPHY BR, Webster RG. Orthomyxoviruses. In: Fields Virology, Editores B.N. Fields, DM Knipe, PM Howley, Lippincott Raven Publishers, Philadelphia, 1996. p. 1397-1445. OIE BULLETIN - November-December 1997. International disease statistics. Bulletin Office International des Epizooties 1997; 109(6): 551-576. Proceedings 98 th Annual Meeting of the US Animal Health Association 1994. Report of the Committee on Transmissible Diseases of Poultry and Other Avian Species Spectrum Press, Richmond, VA, 1994. p. 522. SUAREZ D.L., SENNE D.A.; Sequence analysis of related low-pathogenic and highly pathogenic H5N2 avian influenza isolates from United States live bird markets and poultry farms from 1983 to 1989. Avian Diseases 2000; 44: 356-364. TONIOLO NETO J. A história da gripe. ed. Dezembro Editorial, São Paulo, 2001. WEBSTER R.G., BEAN W.J., GORMAN O.T., CHAMBERS T.M., KAWAOKA Y.; Evolution and ecology of influenza A viruses Microbiology Reviews 1996; 56(1): 152-179. SOUZA H. L. M., SALLE C. T. P.; Doença das Aves. ed Facta, Campinas, 2000. p. 285-286.