Palavras-chaves: Preparação física. Futebol. Atletas



Documentos relacionados
A CIÊNCIA DOS PEQUENOS JOGOS Fedato Esportes Consultoria em Ciências do Esporte

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA ESPECIFICIDADE NO TREINAMENTO DO FUTEBOL CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: EDUCAÇÃO FÍSICA

FORMAÇÃO DE JOGADORES NO FUTEBOL BRASILEIRO PRECISAMOS MELHORAR O PROCESSO? OUTUBRO / 2013

PLANO DE TRABALHO FUTEBOL

Período de Preparação Período de Competição Período de Transição

Programa FAPESP. Pesquisa Inovativa EM. Pequenas Empresas

FACULDADE SETE DE SETEMBRO FASETE

Confederação Brasileira de Voleibol PREPARAÇÃO FÍSICA Prof. Rommel Milagres SAQUAREMA Dezembro 2013

II. Atividades de Extensão

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE RUGBY

A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NAS EMPRESAS

PROJETO DE EXTENSÃO FUTEBOL PARA TODOS EDUCANDO ATRAVÉS DO ESPORTE

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS - FAN CEUNSP SALTO /SP CURSO DE TECNOLOGIA EM MARKETING TRABALHO INTERDISCIPLINAR

Curso de Especialização em POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO E SERVIÇOS SOCIAIS

Curso de Especialização em TREINAMENTO DESPORTIVO: JOGOS, TESTES E PROVAS

MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA FERRAMENTA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO SOBRE PORTAL INSTITUCIONAL

Futebol e arbitragem: o resultado da preparação

PLANEJAMENTO ANUAL DO PERFIL FÍSICO DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CIRCUITO TREINO * O fator especificador do circuito será a qualidade física visada e o desporto considerado.

AVALIAÇÃO: A Ed. Física VALOR: 7.5 (SETE E MEIO) (AHSE) DATA: 22/09 HORA: Série: 1º ano Professores Ministrantes: Kim Raone e Marcus Melo

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES. 1. Conclusões e Recomendações

1 Aluno Curso de Educação Física,UFPB 2 Professor Departamento de Educação Física, UFPB 3 Professor Departamento de Biofísica e Fisiologia, UFPI

III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010

Curso de Especialização em GESTÃO DE EQUIPES E VIABILIDADE DE PROJETOS

A Proposta da IAAF 03. Campeonato para anos de idade 03. Formato da Competição 04. Organização da Competição 05.

1 SEPAGE Seminário i Paulista de Gestão em Enfermagem. Liderança Coaching e Desenvolvimento de Pessoas

22 DICAS para REDUZIR O TMA DO CALL CENTER. em Clínicas de Imagem

salto em distância. Os resultados tiveram diferenças bem significativas.

ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM SAÚDE OCUPACIONAL E GINÁSTICA LABORAL O

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA 1-INTRODUÇÃO (1) (1).

A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO. Quem nunca ouviu aquela velha frase O maior capital de nossa empresa é o capital

PREPARAÇÃO FÍSICA ARBITRAGEM FPF Fedato Esportes Consultoria em Ciências do Esporte

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE RUGBY

1. Introdução. 1.1 Apresentação

O QUE É TREINAMENTO FUNCIONAL? Por Artur Monteiro e Thiago Carneiro

INCLUSÃO DIGITAL ATRAVÉS DE CURSOS DE INFORMÁTICA NA ULBRA CAMPUS GUAÍBA

Curso de Especialização em EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

CURSO PRÉ-VESTIBULAR UNE-TODOS: CONTRIBUINDO PARA A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO *

Diminua seu tempo total de treino e queime mais gordura

o desenvolvimento, o crescimento e a disseminação moral, honestidade e cooperação real transparência, alta qualidade e preços justos

AS SALAS DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E A PRATICA DOCENTE.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA NO ENSINO REGULAR

O DESAFIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM PATOS, PARAÍBA: A PROFICIÊNCIA DOS ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS DE PATOS

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA BARREIRA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA

Pesquisa realizada com os participantes do 12º Seminário Nacional de Gestão de Projetos. Apresentação

Rotinas de DP- Professor: Robson Soares

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Mídias sociais como apoio aos negócios B2C

Curso de Especialização em METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA E FÍSICA

Distribuidor de Mobilidade GUIA OUTSOURCING

CRISTOVÃO PEDRO MAIA

Observatórios Virtuais

MÓDULO 14 Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9000)

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

Universidade Estadual de Maringá CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Mídias sociais como apoio aos negócios B2B

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Pós-graduação à distância e Mercado de Trabalho Sandra Rodrigues

APRESENTAÇÃO FGV APRESENTAÇÃO TRECSSON BUSINESS

UTILIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS.

A GESTÃO DE PESSOAS NA ÁREA DE FOMENTO MERCANTIL: UM ESTUDO DE CASO NA IGUANA FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA

LUTAS E BRIGAS: QUESTIONAMENTOS COM ALUNOS DA 6ª ANO DE UMA ESCOLA PELO PROJETO PIBID/UNIFEB DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1

Banco de Interpretação ISO 9001:2008. Gestão de recursos seção 6

Utilização dos processos de RH em algumas empresas da cidade de Bambuí: um estudo multi-caso

Ano 3 / N ª Convenção dos Lojistas do Estado de São Paulo reúne empresários lojistas.

CBA. Certification in Business Administration

Integrar o processo de ensino, pesquisa e extensão;

Treino em Circuito. O que é?

Planejamento de Aula - Ferramenta Mar aberto

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

Curso de Especialização EM MBA EXECUTIVO EM GESTÃO DE PESSOAS E RECURSOS HUMANOS

ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DE BRAGANÇA (Instituição de Utilidade Pública)

Administração de Pessoas

A PLANIFICAÇÃO DO TREINO DA FORÇA NOS DESPORTOS COLECTIVOS por Sebastião Mota

ORIENTAÇÕES PARA INSCRIÇÃO DE TRABALHOS:

Disciplina: Controle Motor e Fisiologia do Movimento. Flávia Porto RELEMBRANDO...

ANÁLISE DAS CARGAS E MÉTODOS DE TREINAMENTO UTILIZADOS NA PREPARAÇÃO FÍSICA DO FUTSAL FEMININO AMAZONENSE

Manual de Atividades Complementares

Mapeamento da atuação de psicólogos do esporte no Estado de São Paulo, desafios e perspectivas de futuro profissional.

PROGRAMA ATLETA PARCEIRO

Artigo Os 6 Mitos Do Seis Sigma

TIC Domicílios 2007 Habilidades com o Computador e a Internet

RETORNO EM EDUCAÇÃO CORPORATIVA DEVE SER MENSURADO

5 Análise dos resultados

Profissionais de Alta Performance

REPETIÇÃO MÁXIMA E PRESCRIÇÃO NA MUSCULAÇÃO

22/02/2009. Supply Chain Management. É a integração dos processos do negócio desde o usuário final até os fornecedores originais que

UFPB PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA EXECUTIVO EM MARKETING E GESTÃO DE EQUIPES

Relatório da ListEx02 Aplicação da Heurística do objetivo na definição das propostas do meu aplicativo de banco de dados e dissertação de mestrado

"O MEC não pretende abraçar todo o sistema"

RESOLUÇÃO Nº 003/2007 CONEPE

REDE TEMÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ADAPTADA

Curso de Especialização em ENSINO DE QUIMICA

REFORÇO DE PROGRAMAÇÃO ESTRUTURADA EM LINGUAGEM C PARA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE RECURSOS HUMANOS REFERENTES À AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES

2. METODOLOGIA DO TRABALHO DESENVOLVIDO NA PASTORAL DO MENOR E DO ADOLESCENTE

PROPOSTA DE TREINAMENTO DE CORRIDA. TREINO IDEAL Assessoria Esportiva

Transcrição:

A PREPARAÇÃO FÍSICA DOS ATLETAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL NOS CLUBES DE TERESINA: UM ESTUDO SOBRE A REALIDADE QUE ENVOLVE O TREINAMENTO João Luiz Naves da Silva Maria Helena Cavalcante Sérvio Dilma Aurélia de Carvalho Suele Bezerra de Sena RESUMO: O objetivo desse estudo foi o de conhecer os recursos humanos, estruturais e metodológicos disponíveis para a preparação física dos atletas de futebol profissional nos clubes de Teresina. Aplicou-se uma entrevista semi-estruturada aos preparadores físicos de cada clube. O futebol, atualmente, é uma atividade extremamente profissional que tem cada vez mais se expandido por todos os continentes, movimentando altas somas de dinheiro e proporcionando o envolvimento e o sustento de uma gama de diferentes profissionais. Para que ocorra a profissionalização, cada vez mais, aumentam as exigências em termos de estrutura física, recursos humanos, financeiros, metodológicos e tecnológicos para a preparação dos atletas. Destacando-se nesse meio a figura do preparador físico, responsável pela preparação dos atletas através dos modernos e científicos métodos de treinamento. Observou-se que 67% dos preparadores físicos são apenas graduados e com 33% de especialistas. Os métodos de treinamentos mais utilizados são o circuito-training, a musculação e o interval training. A avaliação física é realizada a cada bimestre ou a cada semestre, 100% dos clubes dispõe de material de consumo básico para o treinamento, mas 100% terceirizam academias; 67% possui campo próprio e 33% terceiriza; 67% terceirizam piscina e 33% possuem piscina. A comissão técnica, no geral, apresenta: um treinador, um auxiliar técnico, um preparador físico, um preparador de goleiros, um massagista e um roupeiro. Os demais serviços profissionais são terceirizados. Constatou-se com esta pesquisa que os clubes pesquisados deixam a desejar em termos de recursos humanos e estruturais para a preparação de seus atletas, o que pode levar ao mau desempenho em competições. Palavras-chaves: Preparação física. Futebol. Atletas INTRODUÇÃO Nos últimos anos o futebol tem cada vez mais se expandido por todos os continentes. Países que não dispunham de um futebol competitivo há alguns anos atrás, hoje já fazem parte da elite do futebol mundial, como por exemplo: Angola, Costa do Marfim, Gana, Togo, Sérvia e Montenegro e Ucrânia, que participaram da Copa do Mundo pela primeira vez em 2006. o que se observa é que, além do interesse pela plástica e a paixão que este desporto desperta nas pessoas, ele também passou a ser tratado como um meio para alcançar sucesso. Para que ocorra a profissionalização, cada vez mais, aumentam as exigências em termos de estrutura física, recursos humanos e tecnológicos para a preparação dos atletas; destacando-se nesse meio o preparador físico, que é o responsável pela preparação dos atletas através dos modernos e científicos métodos de treinamento. A prática do futebol ocorre desde tempos remotos, sendo utilizados os mais variados tipos de bolas e materiais para sua confecção. Com a evolução do desporto houve a necessidade de um aperfeiçoamento na preparação geral dos atletas e dos materiais esportivos, surgindo assim a estruturação de uma comissão técnica com integrantes das mais variadas áreas. Dentre eles, surge a figura do preparador físico, responsável por dar aos atletas uma das condições primordiais à prática do futebol, ou seja, o condicionamento físico. Para que este pudesse desenvolver seu trabalho da melhor forma possível, foi se aperfeiçoando através de estudos sobre o homem em todos os sentidos e fazendo uso da ciência para o desenvolvimento de métodos científicos para a preparação física dos atletas. Os jogos com bola, especialmente os praticados com os pés, existem desde o início do homem no planeta. Algumas teorias antropológicas sugerem a prática de jogos com uma bola de granito na pré-história, e que era prática comum entre os primeiros homens a diversão, chutando

frutas ou mesmo crânios humanos. Essa forma de jogo pode ser considerada como o mais remoto antepassado do futebol, em sua forma mais primitiva, e apesar destas teorias carecerem de uma maior fundamentação científica, indicam uma forte atração do homem desde o início dos tempos por objetos esféricos (LEAL, 2001 e FRISSELLI e MANTOVANI, 1999). Observa-se através da história que o homem vem aperfeiçoando os instrumentos, as técnicas, as regras e a organização para a prática do futebol desde os primórdios da humanidade. Há registros do futebol no Brasil desde cerca de 1870, introduzido através de marinheiros ingleses e/ou holandeses. Ainda há registros de que padres jesuítas haviam trazido o jogo da Europa, ou de ingleses radicados no Brasil, que organizavam jogos aqui ou acolá, ou ainda de marinheiros de diversas nacionalidades que teriam organizado partidas em horários de folga. Mas é a partir do trabalho de Charles Miller que o futebol começa a ser, de fato, difundido (FRISSELLI e MANTOVANI, 1999). A partir da introdução do futebol no Brasil e com a organização das primeiras equipes, começa uma crescente no que se refere à preparação dos atletas. As equipes passam a se estruturarem com a composição de suas comissões técnicas. Os primeiros indícios de treinamento físico no Brasil datam do início do século passado, por volta de 1904. As equipes paulistas tentaram substituir os treinamentos que reproduziam partidas, por outros tipos de treinamentos. O motivo inicial talvez tenha sido a dificuldade de se encontrarem atletas para realização desses treinos. O emprego de exercícios de condicionamento físico, como corridas de 100, 200, 400 e 800 metros, além de luta romana, ginástica alemã e halteres, passou a ser rotina entre as equipes. O importante a ser ressaltado era a preocupação com a força e não com a velocidade dos atletas (SANTOS NETO, 2000). Finalmente, a primeira atuação de um preparador físico ocorreu na Copa do Mundo de 1954, com a presença em algumas seleções de um elemento junto ao técnico, com a finalidade de dirigir as atividades físicas da equipe (BARROS, 1990). Para Alves (2006), atualmente está cada vez mais difícil preparar bem uma equipe de futebol, devido ao pouco tempo disponível para a preparação, o elevado número de jogos e o compromisso com o desempenho. Até a década passada o atleta dispunha de um período précompetitivo, relativamente suficiente para entrar no período competitivo (FORTEZA, 2001). Segundo Bompa (2002, p. 59) O treinamento físico é um dos mais e, em alguns casos, o mais importante ingrediente do treinamento para alcançar o desempenho máximo. Os principais objetivos do treinamento físico são: o desenvolvimento do potencial fisiológico e das habilidades motoras (DANTAS, 2003, p. 41). A importância de um profissional capacitado nos clubes é fundamental. O preparador físico deve estar presente em todas as categorias e não somente na categoria profissional, pois existem intensidades e cargas diferentes para cada faixa etária. Hoje o aspecto científico do treinamento físico está muito desenvolvido. Os profissionais se especializam cada vez mais utilizando computadores e os mais variados aparelhos eletrônicos possíveis, para determinar o nível de condicionamento e a evolução dos atletas. Portanto, percebe-se que a preparação física evoluiu de tal maneira que seria impensável a falta de um profissional especializado em treinamento físico integrando a comissão técnica de uma equipe (CUNHA, 2003). Segundo Dantas (2003), o embrião da comissão técnica surgiu no período do Empirismo do treinamento desportivo, quando o técnico passou a necessitar da colaboração de um médico. Porém somente com o advento da filosofia do Treinamento Total é que aparece a comissão técnica para controlar as diferentes variáveis introduzidas no processo. Tubino e Moreira (2003) define a comissão técnica como um grupo de pessoas reunidas em torno de um processo de treinamento, que traz especializações nas diferentes partes da preparação. Normalmente a comissão técnica básica é constituída de: supervisor, técnico, assistente técnico, preparador físico, treinador de goleiros, médico, massagista e mordomo ou roupeiro. Existem ainda outros membros, que não compõem o cotidiano da maioria dos clubes brasileiros, porém, são cada vez mais necessários; que segundo Frisselli e Mantovani (1999, p. 32), são eles: o fisioterapeuta, o fisiologista, o psicólogo esportivo, o nutricionista e um número maior de auxiliares, responsáveis por diversas funções, atendendo assim o princípio específico da preparação física. METODOLOGIA

O estudo caracterizou-se por uma abordagem descritiva, transversal e de campo (THOMAS E NELSON, 2002). Para a revisão bibliográfica foram selecionados textos referentes ao objeto de estudo em livros, revistas e sites. A amostra foi composta pelos preparadores físicos dos três clubes de futebol profissional de Teresina-PI, segundo a Federação Piauiense de Futebol. O instrumento utilizado foi uma entrevista semi-estruturada dirigida aos preparadores físicos do River Atlético Clube, Piauí Esporte Clube e Esporte Clube Flamengo. Após a realização das entrevistas e análise dos resultados, estes foram apresentados de forma discursiva e em forma de percentual. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Formação dos preparadores físicos Todos os clubes pesquisados possuem preparadores físicos com graduação em Educação Física, dos quais 33% possuem pós-graduação lato sensu, 67% são apenas graduados. Segundo Frisselli e Mantovani (1999, p. 39), a função do preparador físico ainda carece de um melhor entendimento, quanto à real importância desse profissional, por parte dos dirigentes esportivos, imprensa especializada e público em geral. Para confirmar essa afirmação basta observar que em inúmeras situações esse profissional é tratado como um fisicultor, em uma clara alusão, a pura e simples cultura e do físico e da forma dos futebolistas. A imagem de que o futebol está maduro e desenvolvido no país esconde a falta de infraestrutura nos clubes, de profissionais qualificados no corpo técnico e a resistência em relação ao conhecimento técnico e científico (GERMANA, s/d). Métodos de treinamento mais utilizados Nos clubes pesquisados observou-se que se utilizam dos métodos circuito-training e musculação, perfazendo um total de 100%, e que 33%, além dos métodos citados acima, utilizam ainda o interval-training. De acordo com Dantas (2003), o circuito-training é um método polivalente adequado a realizar tanto a preparação cardiovascular como a neuromuscular; a musculação é um método eclético, aplicável a diversas qualidades físicas como: RML, força dinâmica e força explosiva; e o interval-training constitui-se de um excelente método para o desenvolvimento da velocidade, resistência anaeróbica e resistência aeróbica. Faz-se importante ressaltar que dos clubes pesquisados, apesar de serem graduados em Educação Física, apenas 33% dos preparadores físicos, demonstrou saber relacionar o tipo de trabalho com o método correspondente. Segundo Leal (2001, p. 97), na prática, o método deve obedecer aos processos didáticos, seguindo sempre o caminho natural para o aprendizado: do mais simples para o mais complexo. Horário de trabalho dos clubes pesquisados Dos clubes pesquisados observou-se que 67% treinam no turno da manhã e no turno da tarde; sendo que na parte da manhã fazem o treinamento físico e à tarde o treino técnico e tático. Os outros 33% dos clubes treinam somente no turno da tarde, realizando os trabalhos físico, técnico e tático na mesma sessão. Segundo Viana e Rigueira (1990), o horário e os dias de treinamentos deverão obedecer à programação prevista para a semana, podendo ser de um ou mais turnos de trabalho, durante toda a semana ou parte dela, e de acordo com as estações climática, pois estas exercem influências no rendimento dos atletas. Períodos em que são realizadas as avaliações físicas Sendo a avaliação física o termômetro utilizado para medir a capacidade do futebolista, a mesma torna-se imprescindível, e nos clubes pesquisados observou-se que em 67% realizamna a cada bimestre, 33% a cada semestre. Sendo os métodos de avaliação comuns a todos: resistência aeróbica cooper 12 minutos; resistência anaeróbica tiros intervalados; RML

abdominal (1 minuto); flexibilidade sentar e alcançar o calcanhar; biométrico peso, altura, estatura e envergadura; potência de membros inferiores impulsão vertical e horizontal; velocidade 50m lançados; e exames laboratoriais. Apenas 33% haviam realizado exames cardiológicos, como o teste de esforça na esteira, eletrocardiograma e espiro métrico; 67% dos entrevistados nem mencionou os exames na entrevista. Somente é possível almejar resultados de alto nível, em qualquer desporto, quando ao se elaborar o planejamento se tenha em mãos dados reais e estatísticos sobre as potencialidades dos atletas que compõem a equipe com a qual se trabalhará. Para tal se torna necessário que se tenha um ponto de partida, o que seria conseguido por meio da elaboração de uma bateria de testes que se incluiriam atividades físicas, orgânicas e motoras, estritamente ligadas ao futebol, para posteriormente serem comparados por meio de sistemáticas reavaliações, dentro dos treinamentos executados (VIANA e RIGUEIRA, 1990, p. 19). Recursos materiais disponíveis nos clubes para execução dos trabalhos de treinamento Os recursos materiais disponíveis em 100% dos clubes são: bolas, redes, cones, estacas, cordas elásticas, bolas de medicinebol, em quantidades suficientes para a realização dos trabalhos propostos pelos treinadores. Para o trabalho de musculação 100% terceirizam academias; 67% utilizam-se de campo próprio e 33% terceirizam campo; 33% possuem piscina própria e 67% terceirizam. O que realmente é de suma importância para o futebol são bolas, jogadores e campo. Mas segundo Leal (2001, p. 126) para efeito de treinamento e facilitar o aprendizado, diversos materiais podem ser utilizados para demarcar setores, áreas (grids), embelezar o campo e, principalmente, diversificar as sessões de trabalho. São eles: cones, estacas, paredes, balizas móveis de tamanho oficial e pequenas, aros, bancos, plintos, barreiras, cordas normais e elásticas, etc.. Quanto à condição do campo, Leal (2001, p. 126) afirma que o clube deve oferecer tantos campos de futebol quanto necessários, considerando o número de equipes, a quantidade de atletas e as sessões de trabalho a executar por dia. O campo oficial de jogo deve ser preservado e utilizado exclusivamente para os dias de treinamento mais importantes, principalmente para o apronto final. Composição da comissão técnica dos clubes Quanto aos recursos humanos disponíveis, todos possuem uma comissão técnica básica, composta por um treinador, um auxiliar técnico, um preparador físico, um preparador de goleiros, um massagista, um roupeiro ou mordomo. No que se refere à equipe da área de saúde 67% dos clubes possuem um médico e 33% não contam com a colaboração desse profissional; 100% dos clubes pesquisados terceirizam serviços de fisioterapeuta, dentista e psicólogo; 100% dos clubes não contam com o apoio de nutricionistas. CONCLUSÃO Com esta pesquisa observou-se que: os preparadores físicos não apresentam uma formação e conhecimentos suficientes para levarem os jogadores a performance máxima; os clubes não apresentam uma estrutura ideal para a preparação dos seus atletas, tendo que terceirizar alguns espaços para o treinamento; não apresentam uma comissão técnica nos moldes das exigências atuais; deixam a desejar quanto ao acompanhamento médico, nutricional, fisioterapêutico e na avaliação física dos atletas. Acredita-se que um trabalho realizado nessas condições torna-se prejudicial para o rendimento técnico e tático dos atletas, o que, consequentemente, leva aos maus resultados obtidos pelos clubes nas competições que têm participado, seja a nível local, regional ou nacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, D. M. Futebol: metodologia do treinamento utilizada na equipe juvenil do Progresso F. C. http://www.efdesportes.com/revistadigital. Buenos Aires, año 11, nº 39, agosto de 2006 <acesso em 16.10.2007> BARATA, Germana. Preparação física mantém práticas antigas. Revista eletrônica de jornalismo científico. <acesso em 16.10.2007> BARROS, J. M. A. Futebol: Por que foi... Por que não é mais. Rio de Janeiro: Sprint, 1990. Cap. 2, p. 15-19. BOMPA, Tudor A. Teoria e metodologia do treinamento. 4 ed. São Paulo: Phorte, 2002. CUNHA, F. A. da. Histórico e importância da preparação física para o futebol no Brasil. Buenos Aires: Revista Digital, ano 9, nº 63, agosto de 2003. DANTAS, Estélio H. M. A Prática da preparação física. 5. Ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. FORTEZA, C. A. Treinamento desportivo, carga, estrutura e planejamento, São Paulo: Phorte, 2001. FRISSELLI, Ariobaldo e MANTOVANI, Marcelo. Futebol: teoria e prática. São Paulo: Phorte, 1999. LEAL, Júlio César. Futebol, arte e ofício. 2 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. SANTOS NETO, J. M. Visão do Jogo: primórdios do futebol no Brasil. São Paulo: Cosac & Naify, 2000. 117 p. (Coleção Zona do Agrião). THOMAS, J. R. e NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. TUBINO, Manoel José Gomes e MOREIRA, Sérgio Bastos. Metodologia científica do treinamento desportivo. 13 ed. São Paulo: Shape, 2003. VIANA, Adalberto Rigueira e RIGUEIRA, José Elias. Futebol prático: preparação física, técnica e tática. Viçosa: UFV, 1990.