Ferramenta de Apoio à Decisão para Detecção de Fatores de Risco para Doença Arterial Coronariana



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Transcrição:

Ferramenta de Apoio à Decisão para Detecção de Fatores de Risco para Doença Arterial Coronariana Silvia Sidnéia da Silva 1, Edilson Carlos Caritá 2, Aline Cazarini Felicio 2 1 Curso de Enfermagem 2 Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Brasil Resumo Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um sistema de apoio à decisão (SAD) para análise dos dados do evento Unaerp Solidária. Teve como objetivo levantar os fatores de risco para a doença arterial coronariana na população participante do evento, utilizando o referencial Campo de Saúde. Os dados coletados foram armazenados no SGBD Microsoft Access 2000 através de uma interface implementada em Delphi 7, possibilitando cadastro de dados antropométricos do cliente, da história clínica e relacionados ao estilo de vida; além de dados dos exames médicos. A implementação do SAD deu-se através de um Data Mart baseado no modelo Star. Foram efetuados alguns cálculos para chegar-se a indicadores de hipertensão, idade, valores de colesterol total e cálculo do IMC. Após a migração dos dados para o Data Mart foi criado um cubo multidimensional, através da ferramenta Microsoft Query e para analisar os dados foi utilizada a ferramenta OLAP do Microsoft Excel XP. Como resultado destaca-se a estrutura amigável e de baixo custo que foi criada para analisar as informações coletadas no evento. Conclui-se que a partir do uso da ferramenta OLAP podem-se fazer análises que antes não eram possíveis, de maneira rápida e flexível com maior acuricidade nas tomadas de decisão. Palavras-chave: Sistemas de Apoio à Decisão, Fatores de Risco, Doença Arterial Coronariana. Abstract This work presents the development of a decision support system (DSS) for analysis of data of event UNAERP Solidária. It had as objective the knowledge of factors risk for the coronaries arterial disease in the participant population of event, using as referential the "Health Field". The collected data were stored in SGBD Microsoft Access 2000 through an interface implemented in Delphi 7, making possible register of customer's given anthropometrics data, of the clinical history and related to the lifestyle; besides data of medical examinations. The implementation of DSS happened through a Data Mart based on the Star model. Some calculations were made to arrive to hypertension indicators, age, values of total cholesterol and calculation of ICM. After the migration of data for Data Mart a multidimensional cube was created, through the tool Microsoft Query and to analyze the data the tool OLAP of Microsoft Excel XP was used. As result stands out the receptive and low cost structure that was created to analyze the information collected in the event. It is ended that starting from the use of tool OLAP can be done analyses that before were not possible, in fast and flexible way with larger precision in the taken of decision. Key-words: Decision Support Systems, Risk Factors, Coronaries Arterial Disease. Introdução A ação comunitária Unaerp Solidária realizou-se no mês de junho do ano de 2005 na Esplanada do Teatro Pedro II em comemoração aos 81 anos da Universidade de Ribeirão Preto e ao aniversário de 149 anos da cidade de Ribeirão Preto e ofereceu à comunidade 40 tipos de atendimentos nas mais diversas áreas, além de apresentações musicais e de dança, com o objetivo de aproximar a universidade da população, levando a ela toda a Rede de Serviços Unaerp. Dentre as ações referidas, os profissionais dos cursos de Enfermagem, Engenharia de Computação, Análise de Sistemas e do Centro Clínico Electro Bonini desenvolveram um questionário eletrônico pautado no referencial Campo de Saúde de Lalonde para coletar dados referentes à saúde da população, com a finalidade de levantar os fatores de risco para a doença arterial coronariana. A coleta dos dados se justifica porque a doença isquêmica cardíaca, também conhecida como doença arterial coronariana, tem papel de destaque dentre as doenças cardiovasculares, pois a ocorrência destas patologias vem

aumentando significativamente ao longo das décadas, uma vez que pesquisadores assinalaram percentuais de 11,8% em 1930; 30,8% em 1980; 28% em 1994 e 45% em 1998 de todas as mortes [1] e [2]. Assim, a doença arterial coronariana, diante da alta incidência e prevalência, no ano de 1990, incluiu-se no grupo das doenças crônico-degenerativas [3] e mereceu investigação visando detecção de suas causas, controle e prevenção. O desenvolvimento do conceito de fatores de risco e suas relações com a incidência de coronariopatias decorreram de estudos epidemiológicos prospectivos realizados nos Estados Unidos da América [4]. No início da década de 60, do século passado, o Estudo de Framingham começou a estabelecer relação entre estilo de vida e doença arterial coronariana. Esses estudos demonstraram uma associação consistente entre as características observadas num dado momento, em indivíduos aparentemente saudáveis e a incidência subseqüente de coronariopatia. As associações incluem um aumento de concentração de colesterol plasmático, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, obesidade, idade, sexo e a ocorrência de coronariopatia [4]. Diante destas constatações, evidencia-se a necessidade de estudos para diagnóstico, prevenção e tratamento da doença arterial coronariana na comunidade e propõe-se, então, o desenvolvimento de um sistema de apoio à decisão para análise dos dados coletados no evento com o objetivo de levantar os fatores de risco para a doença arterial coronariana na população participante do evento, utilizando o referencial teórico de Campo de Saúde por proporcionar uma interpretação holística dos problemas dos portadores de coronariopatias [5]. do cliente: nome, sexo, data de nascimento, peso e altura; dados da história clínica como históricos de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemias, doença vascular periférica e acidente vascular cerebral; dados relacionados ao estilo de vida, como se o cliente consome bebidas alcoólicas, o tipo de bebida a freqüência, o uso de tabaco, tempo e quantidade de cigarros por dia; se pratica alguma atividade física e a modalidade; dados do exame médico como valores de pressão arterial, colesterol e glicose. A implementação do sistema de apoio à decisão deu-se através da criação de um Data Mart baseado no esquema Star (Figura 1). Esse esquema é a representação do modelo dimensional em bancos de dados relacionais. Segundo Kimball [11] esse nome já vem sendo utilizado há algum tempo para descrever modelos dimensionais e o diagrama é semelhante a uma estrela com uma tabela grande no centro rodeada por tabelas auxiliares exibidas em um padrão radial. Ao contrário do modelo entidaderelacionamento, o modelo dimensional é muito assimétrico. No esquema estrela existe uma tabela dominante no centro do diagrama com múltiplas junções conectando-a as outras tabelas. As outras tabelas possuem uma única junção com a tabela central. A tabela central é chamada fato e as outras são chamadas de dimensão. Metodologia O Modelo de Campo de Saúde é um referencial que analisa os problemas de saúde não só pela ótica dos aspectos biológicos, estabelecendo-se o conceito de Campo de Saúde constituído por quatro elementos principais compreendendo a biologia humana, o meio ambiente, o estilo de vida e a organização dos serviços de saúde [6], [7], [8] e [9]. Após esclarecimentos sobre a pesquisa e a aquiescência dos clientes em participar, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, deu-se início a coleta de dados; considerando os preceitos éticos da autonomia, da beneficência, da não maleficência e da justiça [10]. Os dados coletados foram armazenados no sistema gerenciador de banco de dados Microsoft Access 2000 através de uma interface implementada pela plataforma de desenvolvimento Delphi 7. A interface possibilitou o cadastro de dados antropométricos Figura 1 Modelagem do Data Mart Foram efetuados cálculos para se chegar a indicadores como hipertensão arterial (utilizando-se os valores de referência adotados pelo Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial), idade, valores de colesterol total (considerando-

se os valores de referência de ILIB [12]), cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal, que avalia o grau de obesidade e é calculado dividindo-se o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em m)), entre outros. Após a migração dos dados para o Data Mart foi criado um cubo multidimensional, através da ferramenta Microsoft Query e para analisar os dados do Data Mart foi utilizada a ferramenta OLAP do Microsoft Excel XP. Resultados A amostra constituiu-se de 495 indivíduos, sendo que 23 (5%) dos sujeitos não informaram o sexo, 271 (54%) são do sexo feminino e 201 (41%), masculino. Em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), segundo a classificação da International Lipid Information Bureau Latino America [12], na tabela 1 observa-se que 36,2% dos clientes apresentavam índice de massa corpórea acima de 25 Kg/m2; desconsiderando os indivíduos que não informaram o sexo e/ou não existiu este dado. Por ser a obesidade um fator de risco para as doenças cardiovasculares [13] e [14], embora haja uma preocupação com a melhora do padrão alimentar na sociedade contemporânea, verificase que a intervenção no processo de aquisição de peso se faz necessária para estes clientes, através de orientações dietéticas e programas de exercícios físicos supervisionados [15] e [16]. Tabela 1 Distribuição de clientes segundo índice de massa corporal (IMC) e sexo (M ou F), desconsiderando os indivíduos que não informaram o sexo e/ou não existiu este dado. Ribeirão Preto, 2005. SEXO % M % F % Total IMC(Kg/m2) Peso normal (<25) 69 38,8 109 61,2 178 Sobrepeso (25 a 27,4) 61 54 52 46 113 Obeso (27,5 a 39,9) 29 48 31 52 60 Obesidade grave ( 40) 0 0 06 100 06 Não medido 42 37 73 63 115 Considerando o hábito de fumar, 61 (12%) são fumantes sendo 54% indivíduos do sexo feminino, 41% sexo masculino e 5% não informaram o sexo; 434 (88%) não fumantes, num percentual de 54% sexo feminino, 41% sexo masculino e 5% não informaram o sexo. O risco do tabagista para desenvolver doença cardiovascular está relacionado ao número de cigarros utilizados e ainda com a profundidade da inalação; havendo maior proporção nas mulheres após menopausa [15] e [16]. Neste estudo evidencia-se a maior exposição das mulheres por se apresentarem em maior percentual como fumantes. Quanto aos valores de colesterol, os participantes apresentaram colesterol total com valores aumentados em 04 (1%) da amostra, representada por 75% sujeitos do sexo feminino e 25% do sexo masculino; valores normais de colesterol total ocorreram em 191 (39%) indivíduos; sendo 54% de clientes do sexo feminino, 42% sexo masculino e 4% não informaram o sexo. Reitera-se, a partir destes dados, a necessidade de intervenção no padrão alimentar destes clientes, através de orientações dietéticas e programas de exercícios físicos supervisionados [15] e [16]. Considerando as alterações dislipidêmicas, 70 (4%) dos sujeitos referiram ter tido ou estar com alterações dislipidêmicas, num percentual de 65% sexo feminino, 26% sexo masculino e 9% não informaram o sexo; 133 (27%) não souberam referir: 54% sexo feminino, 41% sexo masculino e 5% não informaram o sexo e 292 (59%) negaram a ocorrência, sendo 52% sexo feminino, 44% sexo masculino e 4% não informaram o sexo. Evitar frituras é uma das recomendações dietéticas para o tratamento das dislipidemias [17]. Analisando eventos isquêmicos ou quadros clínicos compatíveis com acidentes vasculares cerebrais, 11 (2%) afirmaram ter apresentado quadros compatíveis compreendendo 18% sujeitos do sexo feminino e 82% sexo masculino; confirmando dados da literatura como do estudo de Silva [9], onde o acidente vascular cerebral e a doença venosa periférica apresentam-se como co-morbidades associadas à angina pectoris. Com relação à doença vascular periférica, 79 (16%) referiram doença vascular periférica em 65% dos sujeitos do sexo feminino, 32% sexo masculino e 3% não informaram o sexo; 81 (16%) não souberam informar constituindo-se de 62% sexo feminino, 31% sexo masculino e 7% não informaram o sexo; e 335 (68%) da amostra negaram a patologia com 51% cidadãos do sexo feminino, 45% sexo masculino e 4% não informaram o sexo. No dia do evento, o aumento da glicemia (com valores de glicose acima de 110mg/dl) confirmou-se em 114 (23%) dos clientes compondo-se de 50% do sexo feminino, 46% sexo masculino e 4% não informaram o sexo. Cabe informar que os clientes não se apresentavam em jejum para a realização do exame e que durante a avaliação dos valores glicêmicos destes sujeitos, 68 (14%), apresentaram valores glicêmicos acima de 110 mg/dl, tendo referido ter diabetes mellitus e realizar tratamentos; sendo 58% do sexo feminino, 38% sexo masculino e 4% não informaram o sexo. Vale lembrar que o diagnóstico de diabetes mellitus não muda com a

idade, a glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dl ou ao acaso maior que 200 mg/dl, em duas ocasiões de verificação, determinará a doença [18]. Quanto à pressão arterial, realizou-se a aferição no dia do evento em 158 (32%) sujeitos que apresentaram hipertensão arterial (cifras tensionais maiores ou iguais a 140 mmhg x 90 mmhg), com 46% indivíduos do sexo feminino, 50% sexo masculino e 4% não informaram o sexo; 256 (52%) mantiveram cifras tensionais normais (menores que 140 mmhg x 90 mmhg) sendo 58% sujeitos do sexo feminino, 38% sexo masculino e 4% não informaram o sexo, e 81 (16%) não mensuraram. Durante a verificação dos valores das cifras tensionais foram feitas orientações gerais com relação à alimentação, realização de exercícios físicos após avaliação de saúde, além de questionar se já possuíam hipertensão arterial. Neste último grupo, de indivíduos sabidamente hipertensos, foram encontrados 181 (37%) sujeitos que se apresentavam hipertensos com 56% sexo feminino, 39% sexo masculino e 5% não informaram o sexo; 297 (60%) cidadãos não apresentaram alterações sendo 54% do sexo feminino, 42% sexo masculino e 4% não informaram o sexo, e 17 (3%) não verificaram. Segundo recomendações da IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial [15], é necessário ser criterioso para diagnosticar e classificar um indivíduo como hipertenso, pois a doença tem caráter multifatorial, bem como a técnica de mensuração das cifras tensionais e condições de equipamentos para tal procedimento, exigem tais cuidados específicos. Os valores de pressão arterial presentes na amostra (geral ou sabidamente hipertensa) sugerem a necessidade de tratamento mais intensivo e controle mais rigoroso da hipertensão arterial uma vez que a doença está presente em um percentual de 32% e 37% dos clientes da amostra, respectivamente. Comentando a ingesta de bebidas, 131 (26,5%) ingerem cerveja num percentual de 36% sexo feminino, 58% sexo masculino e 6% não informaram o sexo; 04 (0,8%) bebem pinga com 50% clientes do sexo feminino, 50% sexo masculino; 27 (5,4%) tomam vinho sendo 81% sexo feminino e 19% sexo masculino; 01 (0,2%) toma whisky, do sexo masculino; 325 (65,6%) não bebem sendo 61% sujeitos do sexo feminino, 35% sexo masculino e 4% não informaram o sexo; e 07 (1,4%) ingerem outros tipos de bebidas. O consumo de bebida alcoólica para redução das doenças cardiovasculares é ainda motivo de controvérsias, pois mesmo havendo relação com a redução de eventos cardiovasculares por apresentar substâncias antioxidantes, além de aumentar o nível de HDLcolesterol; a ingesta de bebida alcoólica poderá levar ao alcoolismo, ser prejudicial às funções hepáticas e miocárdicas; ainda que utilizada na quantidade recomendada de 75ml de bebidas destiladas, 600ml de cerveja ou 250ml de vinho [19], [15] e [20]. A utilização do álcool como profilaxia aterosclerótica é discutida, pois a utilização de vegetais e frutas ofertaria o flavonóide, sem a possibilidade de outras complicações [21]. Conclusões A população que freqüentou o evento Unaerp Solidária com relação aos fatores de risco para a doença arterial coronariana foi constituída por 495 clientes com idades entre 09 e 85 anos, sendo 54% do sexo feminino e 41% masculino. Quanto à biologia humana, 36,2% dos clientes tinham índice de massa corpórea acima de 25 Kg/m2; 37% eram portadores de hipertensão arterial sistêmica, embora no dia da aferição apenas 32% estavam com níveis tensionais maiores ou iguais a140 mmhg x 90 mmhg; 14% referiram ter tido ou estar em tratamento para dislipidemias; 14% referiram ser diabéticos mas, 23% estavam com glicemia superior a 110 mg/dl no dia do evento. Quanto ao estilo de vida, 34,3% dos participantes consomem bebidas alcoólicas regularmente e 12% eram fumantes. Os achados deste levantamento reforçam a importância de ações de prestação de serviços à comunidade, pois identificam a existência de fatores de risco para a ocorrência da doença arterial coronariana na comunidade pesquisada, evidenciando a necessidade de conscientização de toda a equipe de saúde para se articular num esforço permanente de estimular a mudança de estilos de vida das pessoas, enfatizando a prevenção dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, além da promoção da saúde dos indivíduos. Ainda é preciso ressaltar que como resultado destaca-se a estrutura amigável e de baixo custo que foi criada para analisar as informações coletadas na Ação Unaerp Solidária 2005, possibilitando concluir que a partir do uso da ferramenta OLAP podem-se fazer análises que antes não eram possíveis, de maneira rápida e flexível garantindo assim, maior acuricidade nas tomadas de decisão, além de interação entre as áreas de diferentes saberes técnico-científicos em busca de qualidade de vida dos cidadãos e adoção de hábitos saudáveis para a população em geral. Referências Bibliográficas [1] Neto, J. R. F.; Chagas, A. C. P.; Luz, P.L. Síndromes coronárias: avanços na fisiopatologia. Rev. Soc. Cardiol. Estado São Paulo, v. 9, n. 1, jan./fev. 1999.

[2] Timerman, R. S.; Souza, M. F. M.; Serrano, C. V. Aspectos epidemiológicos das doenças cardiovasculares em nosso meio: tendência da mortalidade por doença isquêmica do coração no Brasil de 1979 a 1996. Rev. Soc. Cardiol. Estado São Paulo, v. 11, n. 4, p. 715-223, jul./ago. 2001. [3] Lessa, I. O adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia das doenças crônicas não transmissíveis. São Paulo: Editora Hucitec, 1998. [4] Braunwald, E. Tratado de medicina cardiovascular. 5. ed. São Paulo: Editora Roca, 1999, v.2, p. 1179 1460. [5] Lalonde, M. A new perspective on the health of canadians: a working document. Otawa: National Health and Welfare, 1974. 76 p. [6] Dantas, R. A. S. Perfil de pacientes com infarto agudo do miocárdio na perspectiva do modelo de Campo de Saúde. 1996. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, Ribeirão Preto, 1996. [7] Simão, M. Fatores de risco para as doenças cardiovasculares em trabalhadores de uma destilaria do interior paulista. 2001. 88f. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Ribeirão Preto, 2001. [8] Siqueira, F. P. C. Estilo de vida e Hipertensão. 2002. 183f. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Ribeirão Preto, 2002. [9] Silva, S. S. Angina Pectoris Instável: Perfil de Cliente de uma Instituição Privada. 2003. 101f. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Ribeirão Preto, 2003. [10] Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Ribeirão Preto: EERP, 1999. 44p. [11] Kimball, R. Data Warehouse Toolkit. São Paulo: Makron Books, 1998. [12] International Lipid Information Bureau (ILIB) Latino America. Recomendaciones de ILIB para el diagnóstico de las dilipidemias en Latino America. Cardiovasc. Risk factors, v.3, n.1, p.10-27, 1994. Suplemento 1. [14] Doréa, E. L.; Lotufo, P. A. Framingham heart study e a teoria do contínuo: duas contribuições da epidemiologia para a associação entre pressão arterial e doença cardiovascular. Rev. Bras. Hipertens., v. 8, n. 2, p. 195-200, 2001. [15] Sociedade Brasileira de Hipertensão. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Sociedade Brasileira de Nefrologia. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Campos do Jordão, 2002. [16] Oliveira, A. L. B.; Vanderlei, L. C. M. A importância da fase de aquecimento em programas ambulatoriais de exercícios físicos para pacientes cardíacos. Rev. Soc. Cardiol. Estado São Paulo, v. 12, n. 5, p. 10-15, set./out. 2002. [17] Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 3. Rev. Bras. Cardiol., n. 3, p. 92-133, 1999. [18] Forti, A. C.; Martins, M. R. A. Diabetes mellitus em situações especiais. Rev. ILIB, ano 3, n. 1, 2001. [19] Zaffari, D.; Baldi, A. B.; Muttoni, S. M. P.; Manfroi, W. C. Tratamento dietético em pacientes submetidos a transplante renal. Rev. Soc. Cardiol. Estado São Paulo, v. 12, n. 6, p. 8-14, nov./dez. 2002. Suplemento A. [20] Guimarães, A. C. Atualização na prevenção das doenças cardiovasculares. Hipertensão. Rev. Soc. Hipertens., v.13, n. 2, p. 61-65, 2003. [21] Luz, P. L.; Coimbra, S. R. Álcool e oxidantes na prevenção da aterosclerose. In: Timerman, A.; Cesar, L. A. M. Manual de cardiologia do Estado de São Paulo/ SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 25, p. 120-122. Contato Silvia Sidnéia da Silva Docente do curso de Enfermagem UNAERP Enfermeira R. XI de Agosto, 798 Apt. 51 Campos Elíseos 14085-030 Ribeirão Preto - SP Fone: (16) 3603-6840 / 3603-6887 sssilva@unaerp.br [13] Loures-Vale, A. A.; Martinez, T. L. R. Prevenção: importância e estratificação de risco. Rev. Atheros, v. 12, n. 1, p. 5-6, 2001.