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Edição Divisão de Estudos e Pesquisa Editor Responsável Manuel Cambeses Júnior Projeto Gráfico Mauro Bomfim Espíndola Wânia Branco Viana Jailson Carlos Fernandes Alvim Abdias Barreto da Silva Neto Revisão de Textos Dirce Silva Brízida Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica Idéias em Destaque / Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica. n.1, 1989 v. Quadrimestral. Editada pela Vice-Direção do INCAER até 2000. Irregular: 1991 2004. 1. Aeronáutica Periódico (Brasil). I. Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica. II. INCAER. CDU 354.73 (05) (81)

Apresentação Apraz-se a direção do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica INCAER em apresentar o exemplar de número 17 do periódico Idéias em Destaque. Nesta edição, relativa ao primeiro quadrimestre do ano em curso, foram introduzidas significativas modificações, tanto no aspecto visual, apresentando um novo e moderno layout, quanto no conteúdo dos instigantes textos elaborados por diversos autores nacionais, civis e militares, prestimosos colaboradores de nossa revista. Faz-se mister ressaltar que, nesta edição, procurou-se contemplar uma miríade de assuntos e temas que julgamos relevantes e importantes de enfatizar, dentro de uma linguagem escorreita, atraente e agradável. Destarte, acreditamos, estaremos contribuindo, sobremaneira, para a difusão da História da Aeronáutica brasileira, de cultura geral e do pensamento estratégico nacional. Ten.-Brig.-do-Ar Ref. Octávio Júlio Moreira Lima Diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica

Idéias em Destaque Nº 17 jan./abr. 2005 Sumário 1. Pensamento Original e Sobrevivência...7 Lauro Ney Menezes 2. Echelon x Segurança Nacional...11 Silvio Potengy 3. Maj.-Brig. Lysias Rodrigues: sua vida e sua obra...17 Manuel Cambeses Júnior 4. Antropologia da Aviação...25 Solange Galante 5. Nação e Defesa...39 Luiz Paulo Macedo Carvalho 6. Uma visão da Atualidade Mundial...49 Carlos de Meira Mattos 7. Chegada a Natal... 59 Milton Mauro Mallet Aleixo 8. Soberania e Defesa da Amazônia... 65 Durval Antunes Machado Pereira de Andrade Nery 9. As Forças Armadas e a Política de Defesa Nacional...73 Manuel Cambeses Júnior

Lauro Ney Menezes Pensamento Original e Sobrevivência Lauro Ney Menezes Criado com o Ministério da Aeronáutica, o nosso primeiro Instituto de Ensino a então Escola de Aeronáutica pouco mais fez do que se transmutar de um Curso de Armas das Escolas Militar e Naval em Academia de Formação de Oficiais. Esposando teses ambíguas, envergando uma filosofia de ensino mista de verde-oliva e azul-marinho, tumultuada pelos compromissos da Segunda Guerra Mundial, a Escola de Aeronáutica não chegou a consolidar os ideais que estimularam sua criação. A essa melée de idéias e pensamentos, adicionamos, importamos e adaptamos soluções, desfigurando nosso esperado produto final, distorcendo a meta idealística a atingir. Essa mistura gerou o sabor (até hoje, às vezes, sentido) de insatisfação e da sensação do objetivo não-atingido, criando o desejo constante de uma reforma de princípios e posições. Em suma, da necessidade de fixar uma concepção FABIANA e BRASILEIRA para os assuntos magnos de seu interesse. Ainda envolvido com esta primeira fase (não resolvida), partiu o Ministério da Aeronáutica para enfrentar a tarefa de instalar seus Institutos de Estudos intermediários e superiores: os cursos de Pós-Graduação para oficiais de nível Unidade Aérea e os de Estado-Maior e de Administração Superior. Da mesma maneira porém em graus e degraus diferentes repetiu o approach : foram misturadas soluções, importadas e adaptadas soluções. A implantação dos Programas de Instrução e Padrões de Eficiência (PIPE), da Doutrina Básica, da sistemática de treinamento e qualificação operacional, da estrutura organizacional etc. como não podia deixar de ser sofreu ponderável influência da experiência vivida nos Cursos e Estágios no estrangeiro e, fundamentalmente, do batismo de fogo da Segunda Guerra Mundial. Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 7-10, jan./abr. 2005 7

Lauro Ney Menezes De uma certa forma, essa foi a conduta adotada, várias vezes, durante a vida como Força Singular Organizada. Fomos seguidores e fruto de uma corrente de elaboração intelectual-profissional gerada (na realidade) extrafronteiras. Transformamo-nos em grandes tradutores, adaptadores, e geramos um grande escritório de copydesk da cultura militar e aeronáutica, alienada da realidade brasileira (e FABiana). Mas, sendo tudo isto uma verdade, cabe compreender e justificar nossos antepassados e fundadores, e a nós mesmos: a criação e a consolidação de uma Organização, como a do Ministério da Aeronáutica, nascida de uma cirurgia interna do Exército e da Marinha e, ainda, fruto de uma época mundial em ebulição, exigia uma manobra rápida: a queima de etapas, o que justificava, portanto, a importação e a adaptação de soluções e fórmulas. Mas este modus faciendi ganhou foros de solução única, durante longo período, e passou a ser justificado (?) para todos os tipos de atividade. Na realidade, em todos os campos da atividade comunitária e organizacional, essa foi a maneira de conduzir a manobra: importando, adaptando, imitando e copiando. Hoje, a situação já se configura de maneira diferente. Se, àquela época, estávamos pressionados pela necessidade de existir rapidamente no cenário militar da Nação, estávamos justificados pelo atropelo. Se não tínhamos tempo (nem massa disponível) para conceber, estabelecer, implantar, concluir e arrazoar sobre os resultados de um programa interno de concepção e elaboração de idéias, estávamos justificados. Se não havíamos preparado a formação de uma elite intelectual capaz de arguta e inteligentemente, produzir idéias originais, fecundá-las, fazendo-as florescer, agigantando-se até preencher os espaços, então tomados pelas fórmulas e soluções importadas, estávamos justificados. Mas a situação brasileira evoluiu rapidamente e, de uma Nação classificada no elenco mundial como pobre, emergimos para uma faixa de riqueza que chega a dificultar, em certos momentos, a obtenção de recursos financeiros desonerados e subsidiados. 8 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 7-10, jan./abr. 2005

Lauro Ney Menezes Hoje, exportamos produtos acabados e manufaturados; somos a oitava economia do mundo, e ascendemos até ao palco dos marchand des cannons. Ultrapassamos a faixa dos adaptadores e cultores do produto importado e passamos ao terceiro lugar do marketing internacional, não só de produtos como, principalmente, de idéias. E, certamente, ao exportarmos uma plataforma aérea ou um instrumento de combate, uma ferramenta de trabalho ou instrumento sofisticado, supõe o nosso cliente que, por trás, esteja uma concepção e um pensamento original, também made in Brazil... Vale a pena recordar que, no começo do século, o geopolítico RUDOLF KJELLEM considerava como atributos principais de uma grande potência: o espaço geográfico, a liberdade de movimento e a coesão interna. Em conceito mais recente, uma potência moderna é aquela que tem capacidade de exercer um poder coordenador sobre área maior do que seu território. O Brasil preenche todas essas condições. Porém, para termos capacidade de exercer o poder coordenador em um campo de ação maior do que nosso território há que sustentar nossas posições por meio de algo mais duradouro e menos efêmero, mais substancioso e menos vazio do que aquilo que é copiado ou adaptado. Algo que dure e perdure, e que deixe nosso timbre, indelevelmente marcado; algo capaz de resistir à ação deteriorante da inconsistência e das interrogações sem resposta, das soluções novas para velhos problemas. Reduzindo o presente raciocínio a um campo de ação de menor envergadura, poderíamos dizer que a Força Aérea será cada vez maior quanto maior for sua capacidade de atuar em área além daquela que naturalmente lhe cabe... E, para tanto, necessário se faz que essa atuação se processe, não mais pelo método simples da tradução e importação de palavras, frases, técnicas, normas ou doutrinas. Mas, sim, por um processo de substituição de idéias, capazes de gerar modificação de comportamento e de conceituações, e de sustentar novas teses ou posições, e criar novas saídas... made in FAB. Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 7-10, jan./abr. 2005 9

Lauro Ney Menezes Aqui nos referimos ao pensamento ou à idéia original renovadora. Fruto ou resultado de um processo de elaboração intelectual, gerado na busca, na pesquisa, na criatividade do nosso homem fardado de azul baratéia... Em um mundo de produtores de idéias em que mais simples e cômodo é adaptar, copiar, imitar, traduzir, do que conceber, criar, elaborar e gerar, não nos deve faltar ânimo para renovar o brado de alerta, clamando pela sobrevivência e afirmação, cada vez maior, do Poder Aeroespacial e da Força Aérea, através das idéias. Parafraseando um filósofo que concluiu que a Pátria será altiva ou submissa, consciente ou amorfa, progressiva ou retrógrada em razão direta do que a educação fizer de seus cidadãos, poderíamos também dizer que a Força Aérea será eficiente ou incapaz, indispensável ou substituível, respeitada ou ignorada, eterna ou passageira, na razão direta em que as idéias e pensamentos originais, no seu âmago gerados, assegurarem uma perene e inquestionável sobrevivência... Repitam-se, aqui, as palavras de Camões, aos responsáveis pela grande empreitada dos desbravadores e descobridores. Não justificarei Capitão que disser: Não cuidei! Cuidemos, pois! O autor é Major-Brigadeiro-do-Ar Reformado e Presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Caça. 10 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 7-10, jan./abr. 2005

Silvio Potengy Echelon x Segurança Nacional Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 11-15, jan./abr. 2005 Silvio Potengy Segurança Nacional, segundo a Escola Superior de Guerra, é conceituada da seguinte forma: A Segurança Nacional é a garantia relativa, para a Nação, da conquista e manutenção dos seus objetivos permanentes, proporcionada pelo emprego do seu Poder Nacional. Um dos temas debatidos hoje, em todo o mundo, é até que ponto a Segurança Nacional dos Estados tem sido afetada sem que saibamos. O fato novo que gerou toda essa discussão foi um projeto conhecido como Rede Echelon. Em fevereiro do corrente ano, esse projeto deu início a uma polêmica de múltiplas dimensões. Interesses políticos, estratégicos e comerciais, além da condução da política pública e análise de aspectos legais, passaram a ser alvo da preocupação de estudiosos, de empresários e de homens públicos em todos os continentes. Mas, afinal, o que vem a ser esse projeto? Qual será o motivo para tanta preocupação? Há pouco mais de meio século foi firmado o US 1948 Intelligence Cooperation Agreement (Acordo de Cooperação de Inteligência), envolvendo Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Nos anos 60, as redes de vigilância eram encaradas com naturalidade sob o ponto de vista da segurança nacional das nações ocidentais. Ao mesmo tempo em que eram feitas as interceptações e escutas de telecomunicações soviéticas, algumas poucas comunicações aliadas podem ter sido interceptadas acidentalmente. Ninguém foi alertado para essa possibilidade e, caso viessem a tomar conhecimento, não protestariam de forma veemente. Entretanto, havia uma grande diferença: o Echelon ainda não existia. 11

Silvio Potengy Com o início da dissolução da União Soviética, no final dos anos 80, as prioridades começaram a mudar. Já não havia a necessidade premente de manter-se uma vigilância tão forte como antes. As prioridades foram reordenadas, com interesse maior para a área econômica. Foi nesse momento que o Echelon começou a ser motivo de preocupação para todos. O Echelon é um sistema de vigilância, instalado e operado pela NSA - US National Security Agency (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) - com excepcional capacidade para interceptar, localizar, ouvir, gravar e decodificar mensagens. Sua eficácia é lendária, quase um mito. James Bamford, autor do livro The Puzzle Palace (1982), publicou um artigo em 28 de agosto de 1998, no qual apresentava, pela primeira vez, um balanço detalhado das operações da NSA, demonstrando a queda do ritmo de produção da Agência com as seguintes palavras: Ao final da Guerra Fria, a Agência era capaz de reportar apenas 20% do processo de toda a informação obtida. Na metade da década de 90, esse volume de disseminação de informações caiu para 1%, quase nulo. O US News and World Report, em sua edição de 14 de fevereiro de 2000, pintou um quadro apocalíptico da operação do NSA, creditando a sua queda de produção ao catastrófico espírito burocrático. Nessa seqüência de fatos, em 23 de fevereiro de 2000, Donald Campbell, do Reino Unido, submeteu um relatório ao Parlamento Europeu, detalhando certas atuações não usuais da NSA. Uma delas foi a interceptação de uma comunicação de uma empresa européia anunciando o pagamento de comissões para intermediários, com o objetivo de vencer uma colossal concorrência internacional de aeronaves. A NSA passou essa informação a uma empresa americana, que retificou seus preços e suas comissões e venceu a concorrência, que era da ordem de 10 bilhões de dólares. Tudo isso, entretanto, não explica como foi que Echelon veio a se tornar de conhecimento público e um objeto de intrigas, incitan- 12 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 11-15, jan./abr. 2005

Silvio Potengy do a curiosidade mundial. Aqueles fatos foram algumas das peças de um quebra-cabeça que, aos poucos, vai tomando forma. O Echelon foi realmente exposto através dos insistentes e persistentes esforços de um grupo de usuários da Internet, cuja causa foi assumida por um representante do Partido Republicano, Bob Carr, oficial aposentado da CIA, em meados de 1999. Esta ação levou ao conhecimento do público em geral a existência do Echelon, através da colocação na rede Internet, em fevereiro de 2000, de documentações da NSA, obtidas sob a proteção do Freedom of Information Act. Agora o Echelon está sob ataque: na Europa, uma ação pode ser movida pela Comissão Européia; em vários países (França, Itália, Dinamarca e Japão), dando início a procedimentos legais contra a NSA; e, também, nos Estados Unidos, onde a House of Representatives marcou audiências sobre a atuação do Echelon. Mas qual é o ponto crucial do problema? Por que os internautas americanos querem mover uma ação contra o Echelon? A resposta é simples: eles se tornaram o alvo desse sistema de vigilância (monitoramento da Internet, interceptação de e-mail etc.). A lista de palavras-chaves usadas pela NSA (palavras usadas para a seleção de mensagens a serem interceptadas e analisadas), que foi elaborada pelo Professor Simpson da American University of New York, mostra a orientação política doméstica que a Agência tem recebido (a NSA não tem direito de operar em território americano). Palavras como Clinton, Vince Foster, Militia, Davidian, Abolish the Federal Reserve etc. são imediatamente interceptadas e rastreadas pelos supercomputadores do Echelon. Isso dá uma clara noção do quanto a privacidade e a liberdade de opinião estão sendo colocadas em risco. Se as telecomunicações estão sendo monitoradas até o ponto em que mesmo o seu computador pessoal não está livre de ser investigado, se palavras-chaves de cunho político ou econômico, ao serem pronunciadas ou digitadas, não têm a necessária salva- Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 11-15, jan./abr. 2005 13

Silvio Potengy guarda e são interceptadas, e se essas informações, ao serem colhidas, podem ser usadas para fins políticos ou comerciais, então como ficará a segurança nacional? Até que ponto as informações que pensamos estar protegidas não são do conhecimento alheio? A atividade de coleta de informações é tão antiga quanto a existência da Humanidade. O que faz a diferença em nossos dias é o nível de sofisticação que os equipamentos terrestres, aéreos e aeroespaciais podem atingir. Alguns poderão apelar para o direito que as Nações têm de não sofrerem ingerências externas nos assuntos internos. Outros apelarão para a necessidade de serem observados princípios éticos na condução de negociações comerciais entre as partes. Haverá até quem acuse o agente que coleta as informações de cometer ato ilícito de espionagem. De qualquer modo, essas atitudes não irão resolver o problema. É fundamental que todos tenhamos a exata noção de nossas vulnerabilidades. Esse é o primeiro passo que deve ser dado. Uma vez conscientes disto, já teremos, pelo menos, condições de dificultar a coleta dos dados que sejam sensíveis, sendo mais cuidadosos. Outro passo a ser empreendido é desenvolver, com nossos próprios recursos humanos e materiais, dispositivos que possam ser bloqueadores e codificadores de nossos meios de telecomunicações mais sensíveis. Em nenhuma hipótese devemos admitir a colaboração de pessoas que não sejam brasileiros natos, ou a importação de tecnologia e equipamentos de segurança oriundos de outros países. Essa é uma tarefa que teremos de levar a cabo, sozinhos, caso contrário não surtirá o efeito desejado. O último passo será dotar nosso País de ferramentas eficazes de coleta de informações, diminuindo a imensa defasagem hoje existente. O Echelon constitui um elevado fator de risco para a soberania de qualquer país, isso é inegável. Entretanto, o verdadeiro perigo 14 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 11-15, jan./abr. 2005

Silvio Potengy está em ficarmos imóveis, omissos, sem encarar o problema de frente e sem buscar soluções concretas para nossa proteção. Não será uma rede de vigilância que irá impossibilitar nosso País de conquistar e manter os objetivos nacionais! Nosso futuro depende e sempre dependerá apenas de nós! O autor é Coronel-Aviador da Reserva. Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 11-15, jan./abr. 2005 15

LANÇAMENTO Pedidos ao

Manuel Cambeses Júnior Major-Brigadeiro-do-Ar Lysias Augusto Rodrigues: sua Vida e sua Obra Manuel Cambeses Júnior O Major-Brigadeiro-do-Ar Lysias Augusto Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de junho de 1896. É praça de 25 de março de 1916, na Escola Militar do Realengo, tendo sido declarado aspirante-a-oficial da Arma de Artilharia, em dezembro de 1918. Em 1921, como tenente, integrou a primeira turma de Observadores Aéreos ao lado do Capitão Newton Braga, dos Tenentes Eduardo Gomes, Ivo Borges, Amílcar Velloso Pederneiras, Gervásio Duncan de Lima Rodrigues, Ajalmar Vieira Mascarenhas, Sylvino Elvidio Bezerra Cavalcante, Plínio Paes Barreto e Carlos Saldanha da Gama Chevalier. Como capitão, em 1927, concluiu o curso de piloto realizado na Escola de Aviação Militar, conquistando o brevet de aviador. Sua turma era composta pelos Tenentes Floriano Peixoto da Fontoura Neves, Godofredo Vidal, Francisco de Assis Corrêa de Mello e do Aspirante-a-Oficial da Reserva João Egon Prates da Cunha Pinto. Indubitavelmente, foi ele uma figura humana ímpar, cultura extraordinária, inteligência brilhante, historiador, pesquisador, desbravador, piloto militar, engenheiro, escritor, poliglota e profundo conhecedor de Geopolítica. Lysias Rodrigues era uma personalidade tão multifacetada e rica em sua abrangência que, com extrema facilidade, encontramos adjetivos laudatórios para definir a sua intensa vida intelectual e a brilhante trajetória percorrida durante décadas, como aviador militar, geopolítico, escritor, desbravador e engenheiro-geógrafo. Seus inúmeros livros e artigos publicados no Brasil e no exterior conferem-lhe especial destaque, no meio acadêmico, e uma notá- Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 17-23, jan./abr. 2005 17

Manuel Cambeses Júnior vel repercussão como intelectual da mais alta envergadura, em níveis nacional e internacional. A par de suas inúmeras virtudes intelectuais, o inolvidável brigadeiro tinha como paradigma de vida a transparência e a sinceridade. Porte altivo, coragem e determinação, integridade moral e honestidade, aliados a um coração terno e generoso, outorgaram-lhe uma personalidade muito especial, tal qual o raro brilho de um cristal puro e radiante de luz. Não seria difícil distinguir-se entre as várias nuances de sua ímpar e marcante personalidade plasmada no amor e na dedicação ao trabalho a de maior significação. Destacava-se, entretanto, o seu devotado amor à Aviação, seu acendrado patriotismo e seus inquebrantáveis dotes morais. Foi desses homens notáveis que se sobressaíram pela cultura, autenticidade, coragem e, sobretudo, pela grandeza de alma. Qualidades que os tornam figuras incomparáveis faróis balizando, nos meandros da caminhada humana, a direção certa na incerteza aparente da existência. Homens dotados de integridade de caráter e talento, aliados a longa existência adquirida no contato com as asperezas da vida, características que lhes enriquecem o espírito, que se transbordam, em busca do semelhante, proporcionando-lhes, sob variadas formas, ensinamentos, cultura e educação, em prol do desenvolvimento da Pátria. Com a criação do Correio Aéreo Militar, em 12 de junho de 1931, que dez anos mais tarde passou a ser chamado de Correio Aéreo Nacional, o CAN nome pelo qual ficou conhecido em todo o Brasil e é lembrado até hoje os bravos bandeirantes do ar deram início à árdua tarefa de desbravar o interior do Brasil, implantando campos de pouso. Naquela época, havia grande interesse da Pan American Airways em reduzir o tempo gasto por seus aviões cumprindo a rota Miami-Buenos Aires, e não dispondo de equipamento aéreo mais veloz, foi levada a procurar uma rota aérea que encurtasse o caminho. Assim, o Governo Federal resolveu designar, por indicação tanto do Ministério da Guerra como pelo da Viação, o então Major Lysias para acompanhar e fiscalizar a 18 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 17-23, jan./abr. 2005

Manuel Cambeses Júnior missão da companhia americana, dando a ele a incumbência de estudar, a par de sua atividade precípua na expedição, as possibilidades de ampliar os vôos do CAM pelo interior, pois havia a manifesta intenção de estender a Rota Rio-São Paulo até o estado de Goiás. Em 19 de agosto de 1931, é dada a partida na expedição composta por Lysias Rodrigues, Felix Blotner, inteligente e destacado funcionário da Panair do Brasil, a serviço da congênere americana, e seu prestimoso auxiliar, um jovem chamado Arnold Lorenz, que percorreram os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Maranhão, até chegar a Belém. O objetivo dessa árdua jornada era reconhecer o território e implantar campos de pouso, de modo a viabilizar a navegação aérea e criar as condições imprescindíveis que facultassem a execução de vôos dos grandes centros do Brasil para a Amazônia e que permitissem, também, uma nova e econômica rota para os vôos realizados entre os Estados Unidos e o Cone Sul do Continente. Àquela época, as aeronaves percorriam o arco irregular de círculo que descreve o litoral brasileiro para se deslocarem de um extremo a outro do País, devido à existência de aeroportos em várias cidades litorâneas. Por sobre a Amazônia e a região central, apenas mata fechada. Daí a importância da missão que foi atribuída a Lysias Rodrigues e o ímpeto com que o notável desbravador abraçou o desafio, penetrando em profundidade, com destemor, na natureza virgem daquela região, em realidade, um mundo desconhecido e cheio de mistérios sedutores para um homem nascido e criado no Rio de Janeiro, então capital do País. Varando por terra o sertão bruto, com galhardia e tenacidade, logrou alcançar Belém do Pará, em 9 de outubro daquele mesmo ano. Esta marcante epopéia ficou registrada em seu diário de viagem e, mais tarde, foi incluída no livro que batizou de Roteiro do Tocantins. Há pessoas que se identificam com a História pelo desempenho extraordinário de sua missão, nas exigências de cada época. Lysias Rodrigues foi uma delas. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, no posto de major, combateu ao lado de São Paulo, co- Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 17-23, jan./abr. 2005 19

Manuel Cambeses Júnior mandando o 1º Grupo de Aviação Constitucionalista, sediado no Campo de Marte. Foi com o cognome de Gaviões de Penacho que este combativo Grupo, a despeito dos parcos recursos, cobriu-se de glórias. Após o armistício de três de outubro, ele e seus companheiros insurretos Major Ivo Borges, Capitão Adherbal da Costa Oliveira, Tenentes Orsini de Araújo Coriolano e Arthur da Motta Lima foram reformados pelo Governo e exilaram-se em Portugal e na Argentina. Em 1934, foram anistiados e reintegrados ao Exército. Retornando do exílio, deu continuidade ao trabalho iniciado com a exploração terrestre empreendida em 1931, na companhia de dois destacados funcionários da Panair do Brasil. Em 14 de novembro de 1935, decolando do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, em companhia do Sargento Soriano Bastos de Oliveira, em uma aeronave Waco C.S.O., deu início ao levantamento aéreo da área anteriormente esquadrinhada, inaugurando todos os campos de pouso que havia implantado em seu famoso périplo, quatro anos antes, percorrendo as cidades de Ipameri, Formosa, Palma, Porto Nacional, Tocantínia, Pedro Afonso, Carolina e Marabá, antes de atingir Belém. Por onde passaram causaram estupefação, curiosidade e incredulidade, trazendo alegria e esperança àquela gente simples do sertão. Por uma feliz coincidência, o destino resolve juntar em torno dos mesmos ideais do Correio Aéreo Militar, o Brigadeiro Eduardo Gomes e o então Tenente-Coronel Lysias. Aqueles que esposavam idéias antagônicas, na Revolução Constitucionalista de 1932, passaram a lutar bravamente por um pensamento comum: desbravar pelos meios aéreos o interior do Brasil, cooperando intensamente na integração nacional e com a pretendida unidade política da nação. Como escritor de escol, vigoroso e ardente, projetou as cintilações de sua genialidade nos inúmeros e formidáveis artigos publicados no Correio da Manhã expressivo jornal do Rio de Janeiro à época e, ainda, através da publicação de dois livros 20 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 17-23, jan./abr. 2005

Manuel Cambeses Júnior intitulados Roteiro do Tocantins e Rio dos Tocantins compêndios que ainda hoje constituem a mais completa radiografia da região instigando, como corolário, o despertar do Brasil para a importância estratégica de integrar o território nacional, propugnando pela criação do Território Federal do Tocantins, tendo elaborado uma minuciosa carta geográfica da região e apresentado, em 1944, anteprojeto constitucional nesse sentido. No dia 5 de outubro de 2001, o governador do Estado do Tocantins, na presença do Presidente da República, inaugurou o aeroporto da capital, Palmas, que através do Projeto de Lei nº 233/2001, de 6 de março de 2001, foi batizado com o nome de Brigadeiro Lysias Rodrigues, em homenagem à memória do heróico desbravador. Além de Roteiro do Tocantins e Rio dos Tocantins, escreveu, ainda, História da Conquista do Ar, Geopolítica do Brasil, Estrutura Geopolítica da Amazônia, Formação da Nacionalidade Brasileira e Gaviões de Penacho, onde narra o emprego da Aviação Militar na Revolução Constitucionalista de 1932. Entretanto, sua intensa e profícua atividade não se limitou à literatura, sendo o primeiro piloto a sobrevoar e pousar nos aeródromos que ele próprio implantou. Juntamente com o Brigadeiro Eduardo Gomes, iniciou as primeiras Linhas do Correio Aéreo Nacional sobrejacentes às regiões Centro-Oeste e Norte, consolidando uma complexa rede de aerovias, interligando-as aos centros mais avançados do Brasil. Como renomada autoridade em Geopolítica, reconhecida internacionalmente, ombreando-se a outros ilustres exegetas desta ciência, tais como Mário Travassos, Golbery do Couto e Silva, Carlos de Meira Mattos, Delgado de Carvalho e Therezinha de Castro, lutou, enfaticamente, pela construção da rodovia Trasbrasiliana, hoje denominada Belém-Brasília. De maneira análoga, exerceu notável influência para que fosse ativado um organismo que congregasse a evolução e o emprego do Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 17-23, jan./abr. 2005 21

Manuel Cambeses Júnior avião, a exemplo do que já vinha ocorrendo nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Itália e na França, defendendo a tese de que o Brasil necessitava de um Ministério próprio, de modo a dispor de uma aviação apta a atender à sua imensidão geográfica. Movido por esse propósito, deu início a uma intensa campanha para a criação do Ministério da Aeronáutica, publicando vários artigos sobre o tema na imprensa do Rio de Janeiro, então capital da República. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, evidenciou-se a importância do poder aéreo unificado para a segurança nacional, vindo justamente a corroborar a benfazeja idéia por ele esposada, culminando, assim, com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, hoje Comando da Aeronáutica. Lysias Rodrigues foi um daqueles homens extraordinários que marcaram os momentos gloriosos e históricos da Aeronáutica brasileira, através de uma intensa participação em várias iniciativas férteis, com energia inesgotável, tendo deixado como herança a sua devoção no cumprimento do dever e a confiança num notável engrandecimento do Ministério da Aeronáutica e de uma ativa e fecunda participação da Aviação no desenvolvimento do País. Há em cada cidadão brasileiro o sentimento desenvolvido de nacionalidade e de apego ao torrão natal. Poucos, entretanto, puderam manifestá-lo de forma tão viva como Lysias Rodrigues. O Brasil deve a Lysias Rodrigues o reconhecimento pela dedicação, competência e patriotismo que demonstrou, de modo contumaz, durante toda a sua extraordinária carreira, sem medir esforços para elevar e honrar a imagem de nosso País no cenário internacional. Um nome querido e respeitado, uma reserva moral, um patrimônio de inteireza e caráter e um exemplo edificante para os brasileiros de todas as épocas. Estamos convictos de que o Brigadeiro Lysias morreu tranqüilo quanto ao julgamento de seus concidadãos. Certamente a Pátria saberá guindá-lo aos píncaros da glória, quando a perspectiva do tempo permitir uma avaliação mais exata de sua obra e um conhecimento perfeito de sua pureza de intenções. 22 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (17) : 17-23, jan./abr. 2005