PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gab Des Roque Lucarelli Dattoli Av. Presidente Antonio Carlos, 251 11o andar - Gab.10 Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ PROCESSO: 0320000-38.2003.5.01.0341 - AP Acórdão 8a Turma Por certo que, em diversos processos nos quais foi reconhecido o direito a diferenças na indenização compensatória prevista no art. 18, 1º, da Lei nº 8036/1990, pela incidência dos índices relativos aos "expurgos inflacionários", o cálculo do que devido ao trabalhador é feito aplicando a atualização monetária e os juros de mora peculiares aos créditos trabalhistas sobre o valor da condenação imposta à Caixa Econômica Federal, em ação que tramitara na Justiça Federal, e na qual discutia-se o direito a diferenças no próprio saldo da conta vinculada ao FGTS (também pela incidência dos índices relativos aos "expurgos inflacionários"). E o valor da condenação imposta à Caixa Econômica Federal na ação em trâmite na Justiça Federal por óbvio que incluía os juros de mora a serem pagos pela empresa pública - tendo por fundamento a irregularidade 6162 1
cometida na gestão dos recursos relativos ao FGTS. Esses juros de mora não se confundiriam com os juros remuneratórios próprios às contas vinculadas ao FGTS. Por isso que a reclamada, em seu agravo de petição, obtempera que haveria o risco de bis in idem. Mas, in casu, esse risco não se concretiza, uma vez que os reclamantes não ajuizaram ações em face da Caixa Econômica Federal, buscando diferenças no saldo mesmo de suas contas vinculadas ao FGTS. Vistos, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO DE PETIÇÃO em que são partes: COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL, como agravante e, SIDENEIA FRANCO E OUTROS, como agravados. Trata-se de agravo de petição interposto pela reclamada, Companhia Siderúrgica Nacional (v. peça de fls. 214/216), contra a r. decisão proferida, em 16.11.2011, pelo MM. Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Volta Redonda (Juíza Monique da Silva C. K. de Paula), julgando improcedentes os seus embargos à execução que lhe movem Sidenéia Franco e Outro (v. fls. 210/211). Diz a reclamada, em síntese, que: - "o mote da impugnação está no fato de ter a Contadoria se utilizado do valor da jam como base da multa devida ao do autor (sic), no qual estariam incluídos os juros de mora e a atualização monetária provenientes da ação proposta pelo autor contra a CEF, da qual resultaram as diferenças dos expurgos que servem de reflexo à diferença de multa de 40% deferida na presente reclamação"; 6162 2
-... condenada a pagar diferenças de multa de 40% do FGTS por força do sucesso da ação movida pelo autor na Justiça Federal contra a CEF, esta (sic) agora sendo impelida a quitar a verba calculada com base nos valores oriundos daquela referida ação que já foram devidamente corrigidos"; - e esta verba corrigida sofre, quando dos cálculos da contadoria do Juízo a quo, nova correção"; - "flagrante, destarte, o bis in idem ; -... é inquestionável, remontando ao Decreto 22.626/33, a proibição de se contar juros sobre juros (sic); "e no caso em tela, isto ocorre na medida em que a base apurada para a diferença da multa não é aquela indicada como devida ao autor a título das diferenças dos expurgos ex vi LC 110/01". Contra-minuta, pelos reclamantes, às fls. 227/229. Os autos não foram encaminhados ao Ministério Público do Trabalho. É o relatório. VOTO Da admissibilidade Conheço do agravo de petição interposto pela reclamada, tempestivo e subscrito por Advogado regularmente constituído nos autos (v. fls. 218). Do mérito Não merece provimento o recurso. Por certo que, em diversos processos nos quais foi reconhecido o direito a diferenças na indenização compensatória prevista no art. 18, 1º, da Lei nº 8036/1990, pela incidência dos índices relativos aos "expurgos inflacionários", o cálculo do que devido ao trabalhador é feito aplicando a atualização monetária e os juros de mora peculiares aos créditos trabalhistas sobre o valor da condenação imposta à Caixa Econômica Federal, em ação que tramitara na Justiça Federal, e na qual discutia-se o direito a diferenças no próprio saldo da conta vinculada ao FGTS (também pela incidência dos índices relativos aos "expurgos inflacionários"). E o valor da condenação imposta à Caixa Econômica Federal na ação em trâmite na Justiça Federal por óbvio que incluía os juros de mora a serem pagos pela 6162 3
empresa pública - tendo por fundamento a irregularidade cometida na gestão dos recursos relativos ao FGTS. Esses juros de mora não se confundiriam com os juros remuneratórios próprios às contas vinculadas ao FGTS. Por isso que a reclamada, em seu agravo de petição, obtempera que haveria o risco de bis in idem. Mas, in casu, esse risco não se concretiza, uma vez que os reclamantes não ajuizaram ações em face da Caixa Econômica Federal, buscando diferenças no saldo mesmo de suas contas vinculadas ao FGTS. Com efeito, o cálculo dos valores devidos aos reclamantes, nesta ação trabalhista, foi feito considerando apenas os valores "aprovisionados" às suas respectivas contas vinculadas ao FGTS, pela Caixa Econômica Federal, com fulcro na Lei Complementar nº 110/2001 - e não por qualquer condenação imposta à empresa pública, pela Justiça Federal (v. documentos de fls. 27/28 e de fls. 31 e cálculos de fls. 144/145 e de fls. 146/147). Ou seja, neste caso, especificamente, a "Contadoria" não se utilizou de qualquer "valor da jam como base da multa devida... no qual estariam incluídos os juros de mora e a atualização monetária proveniente da ação proposta pelo autor contra a CEF...". Os "jam" - "juros e atualização monetária" - "aprovisionados", em 10.07.2001, às contas vinculadas ao FGTS dos reclamantes incluíam "atualização monetária" e "juros remuneratórios" - e não moratórios - assim devidos por força de lei - art. 13 da Lei nº 8036/1990. Esses juros "remuneratórios" seriam creditados às contas vinculadas ao FGTS dos reclamantes, nas épocas próprias, não houvessem ocorrido os "expurgos inflacionários". Todos esses fatores, em síntese, determinam se negue provimento ao agravo de petição interposto pela reclamada. CONCLUSÃO Pelo exposto, conheço do agravo de petição interposto pela reclamada, mas a ele nego provimento. 6162 4
ACORDAM os Desembargadores que compõem a 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do agravo de petição interposto pela reclamada e, no mérito, por unanimidade, a ele negar provimento. Sala de Sessões, 11 de dezembro de 2012. DESEMBARGADOR ROQUE LUCARELLI DATTOLI Relator 6162 5