Auto da Barca do Inferno Gil Vicente

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Transcrição:

Auto da Barca do Inferno 1517 Gil Vicente

Gênero: Dramático AUTO DE MORALIDADE: PEÇA DE APENAS UM ATO, COM CARÁTER BRINCALHÃO OU SÉRIO, CUJO OBJETIVO É MORALIZAR A SOCIEDADE.

HUMANISMO (século XV e início do XVI): - Religiosidade medieval - Análise satírica do ser humano

RELAÇÃO COM OS VITRAIS DAS CATEDRAIS GÓTICAS: QUADROS EM SEQÜÊNCIA

Oriundo do povo, entrou para a corte, fazendo

X PEÇA DE CARÁTER ALEGÓRICO: NÃO HÁ SEQÜÊNCIA NARRATIVA; X QUADROS JUSTAPOSTOS; X TEATRO PRIMITIVO, RUDIMENTAR; X SÓ A AÇÃO É VALORIZADA: O TEMPO E O ESPAÇO SÃO NEGLIGENCIADOS; X APRESENTAÇÕES EM TABLADOS PARA A CORTE.

ALEGÓRICAS: Elementos universais (ANJO E DEMÔNIO) Simbologias TÍPICAS: Tipos sociais Universo Cotidiano Caricaturas Sociais

bem MANIQUEISMO mal

Ó padre frei-capacete Cuidei que tínheis barrete! Pera vossa fantesia Mui estreita é esta barca (ao fidalgo)

Ó padre frei-capacete Cuidei que tínheis barrete! Ironia (diabo) Pera vossa fantesia Mui estreita é esta barca (ao fidalgo)

Ó padre frei-capacete Cuidei que tínheis barrete! Ironia (diabo) Pera vossa fantesia Mui estreita é esta barca (ao fidalgo) Ironia (anjo)

X POPULAR: simples, com palavrões X MISTA: mescla português, castelhano, saiaguês e latim X POÉTICA: versos redondilhos

Versos: redondilha maior, 7 sílabas (às vezes com métrica imprecisa) Rima: às vezes tem, às vezes não Quem reze sempre por ti?... Hi-hi-hi-hi-hi-hi-hi!... E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarnecer Quem re ze sem pre por ti?... 1 2 3 4 5 6 7 Hi-hi-hi-hi-hi-hi-hi!...

Estrutura da obra 01 Cena Introdutória 10 Cenas simétricas (cenas de mesma estrutura) Entrada da personagem Interlocução: Tipo Social x Diabo Interlocução: Tipo Social x Anjo Sentença Final: Anjo Embarque do Tipo Social: Salvação ou Punição

Anjo: JUSTO; REJEITA OS MAUS E ACEITA OS HUMILDES; ABRIGA EM SUA BARCA APENAS O PARVO, POR SUA INOCÊNCIA, E OS CAVALEIROS, POR SUA BRAVURA AO MORRER POR CRISTO.

Diabo: SARCÁSTICO, IRÔNICO; PROCURA CONDENAR A TODOS, CULPADOS E INOCENTES; MALICIOSO E FALSO; FINGE SER UM BOM ANFITRIÃO; ZOMBA DAS ALMAS, ESPECIALMENTE DO FRADE; RENEGA APENAS O JUDEU; SUA LINGUAGEM É SUJA

Arrogante, esnobe. Don Anrique SÍMBOLOS: capa, cadeira e servo. Crê que haverá regalias no céu, por ser nobre.

Onzeneiro SÍMBOLO: SACOLA DE DINHEIRO, AGORA VAZIA; TENTA SUBORNAR O ANJO; ASSIM COMO O FIDALGO, TAMBÉM DESEJA VOLTAR À VIDA PARA CONSOLAR A AMANTE.

ONZENEIRO: É CONDENADO PELO SEU MATERIASIMO ABSOLUTO, SUA CRENÇA NO DINHEIRO E POR TER EXTORQUIDO OUTRAS PESSOAS COM SEUS JUROS ALTOS; NÃO POSSUI QUALQUER ESPIRITUALIDADE. QUEIMAR NO INFERNO É SEU DESTINO.

Parvo Joane INOCÊNCIA, HUMILDADE, POBREZA, FRAQUEZA MENTAL. O ANJO O ACEITA POIS NUNCA TEVE MALÍCIA. ACABA AJUDANDO O ANJO EM SUAS ACUSAÇÕES.

Sapateiro

SÍMBOLO: FORMAS DE SUA PROFISSÃO W O SAPATEIRO É, NA IDADE MÉDIA, UMA DAS PROFISSÕES QUE REPRESENTAM A LADROEIRA NO COMÉRCIO; W NÃO ACEITA O INFERNO, POIS REZOU E ASSISTIU A MISSAS (RELIGIOSIDADE SUPERFICIAL); W SEGUNDO O ANJO, SUAS FORMAS NÃO CABEM NA BARCA (APEGO À MATÉRIA).

Frade Babriel SÍMBOLOS: ESCUDO E ESPADA (!!!), TRAZENDO JUNTO DE SI UMA MOÇA W ADORA O CANTO, A DANÇA E A ESGRIMA W FAZ UMA APRESENTAÇÃO RIDÍCULA PARA O DIABO, QUE O INCENTIVA W NÃO ACREDITA MERECER O INFERNO, COM TANTO SALMO REZADO

Alcoviteira Diabo: Que é o que haveis de embarcar? Brísida: Seiscentos virgos postiços E três arcas de feitiços [ ] Três armários de mentir E cinco cofres de enleios, E alguns furtos alheios, Assi em jóis de vestir; Guarda-roupa de encobrir, Enfim, casa movediça

W SÍMBOLOS: BAÚ COM ROUPAS; SEISCENTAS VIRGINDADES ; W UMA DAS ALMAS MAIS TERRÍVEIS; W ARRANJAVA MENINAS PARA OS PADRES; W INTRIGAS; FOFOCAS; TRÁFICO DE INFORMAÇÕES; W DE TÃO REPUGNANTE, O DIABO A DESEJA, TRATANDO-A POR SENHORA ; W CONHECE ENCANTAMENTOS DE BRUXARIA.

Brizida COM O ANJO, TENTA UTILIZAR SUA SEDUÇÃO, SUA LÁBIA TERRESTRE; COMO O ANJO A IGNORA, SEU DESTINO É ABRAÇAR O DEMÔNIO.

JUDEU W SÍMBOLO: BODE (INSÍGNIA DA RELIGIÃO JUDAICA) W ÚNICA PERSONAGEM QUE DESEJA ENTRAR NO BARCO; W É RECUSADO TANTO PELO ANJO QUANTO PELO DIABO; W PRECONCEITO DO AUTOR, QUE REFLETE A POSIÇÃO DA IGREJA CATÓLICA MEDIEVAL. W ACABA INDO A REBOQUE, FORA DAS BARCAS;

W SÍMBOLOS: AUTOS Procurador (PROCESSOS) E VARÃO; W EMPREGA UMA LINGUAGEM LATINIZANTE; W USA A ORATÓRIA AO MÁXIMO PARA TENTAR ESCAPAR DO INFERNO; W É ZOMBADO PELO PARVO, QUE TAMBÉM EMPREGA UM LATIM MACARRÔNICO; W SIMBOLIZA A JUSTIÇA CORRUPTA, VENDIDA.

Parvo: Hou homens dos breviários, Rapinastes coelhorum E pernis perdigatorum E mijais nos campanários Diabo: A largo modo adquiristes Sanguinis laboratorum, Ignorantes peccatorum. Ut quid eos non auditis? Diabo: Enriquecestes muito à custa Do sangue dos lavradores, Ignorantes e inocentes. Por que não atendestes a eles?

Procurador W SÍMBOLO: LIVROS (TEORIA) W REPRESENTA, COMO ASSISTENTE DO JUIZ, OS ENTRAVES DA BUROCRACIA W ADMIRA-SE DE VER O JUIZ CONDENADO.

Enforcado W SÍMBOLO: CORDA NO PESCOÇO W FOI ENGANADO POR GARCIA MONIZ, TESOUREIRO DA CASA DA MOEDA, QUE LHE DISSERA QUE SERIA HONROSO MORRER POR FURTOS. W REPRESENTA O LADRÃO IDIOTA, QUE ROUBA SEM VANTAGENS, SERVINDO A INTERESSES ALHEIOS. W SUA LINGUAGEM É SIMPLES, COLABORANDO PARA REPRESENTÁ-LO COMO UM COITADO

Cavaleiros MORRERAM POR CRISTO NA TERRA SANTA; IGNORAM O DIABO, INDO DIRETAMENTE À BARCA DO ANJO, QUE OS RECEBE COMO HERÓIS; CANTAM HINOS DE GLÓRIA; CARREGAM A MORAL DA PEÇA: PREOCUPAÇÃO COM O ALÉM E DESPREZO PELA VIDA TERRENA E SEUS PECADOS.

HINO DOS CAVALEIROS: MENSAGEM MORALIZANTE À BARCA, À BARCA SEGURA! GUARDAR DA BARCA PERDIDA! À BARCA, À BARCA DA VIDA! SENHORES, QUE TRABALHAIS PELA VIDA TRANSITÓRIA, MEMÓRIA, POR DEUS, MEMÓRIA DESTE TEMEROSO CAIS! À BARCA, À BARCA, MORTAIS! PORÉM, NA VIDA PERDIDA SE PERDE A BARCA DA VIDA. VIGIAI-VOS, PECADORES, QUE DEPOIS DA SEPULTURA NESTE RIO ESTÁ A VENTURA DE PRAZERES OU DOLORES! À BARCA, À BARCA, SENHORES, BARCA MUI NOBRECIDA, À BARCA, À BARCA DA VIDA!

Cavaleiros Ó Cavaleiros de Deus, A todos ʻstou esperando, Que morreram pelejando Por Cristo, Senhor dos Céus! ʻStão livres de todo mal, Mártires da Madre Igreja, Que quem morre em tal peleja Merece paz eternal! E assim embarcam.

Classicismo 1527: retorno de Sá de Miranda 1580: morte de Camões

Michelangelo: A criação de Adão (Capela Sistina), 1534-1541

Renascimento: séc. XIII a séc. XVII Ponto alto: Humanismo Leonardo da Vinci: L uomo vitruviano (1485/90, Venezia, Galleria dell' Accademia)

Mimesis = imitação (Aristóteles) Autores da antigüidade greco-latina BEM = VERDADE Mitologia Racionalismo Neoplatonismo amoroso

Mimesis = imitação (Aristóteles) Autores da antigüidade greco-latina BEM = VERDADE Simplicidade Mitologia Racionalismo Neoplatonismo amoroso

Mimesis = imitação (Aristóteles) Autores da antigüidade greco-latina BEM = VERDADE Simplicidade Mitologia Referência dos elementos mitológicos como alegorias das ações humanas Racionalismo Neoplatonismo amoroso

Mimesis = imitação (Aristóteles) Autores da antigüidade greco-latina BEM = VERDADE Simplicidade Mitologia Referência dos elementos mitológicos como alegorias das ações humanas Racionalismo Valoriza a razão em detrimento da emoção Neoplatonismo amoroso

Mimesis = imitação (Aristóteles) Autores da antigüidade greco-latina BEM = VERDADE Simplicidade Mitologia Referência dos elementos mitológicos como alegorias das ações humanas Racionalismo Valoriza a razão em detrimento da emoção Neoplatonismo amoroso Platão: mundo inteligível x mundo sensível

Plano formal: Características Uso de linguagem sóbria, simples, sem excesso de figuras de linguagem Clareza e simplicidade Busca do equilíbrio formal Introdução de versos decassílabos (medida nova)

Luiz Vaz de Camões (1524-1580) Formação clássica Corte de D. João III Autoexílio na África Batalha Ceuta Oriente Dinamene Fernão Gomes: Camões, 1576-1577 Obras: Rimas e Os lusíadas

Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho, logo, mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim com a alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; E o vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples, busca a forma.

Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho, logo, mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Neoplatonismo amoroso Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim com a alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; E o vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples, busca a forma.

Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho, logo, mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Neoplatonismo amoroso Racionalismo Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim com a alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; E o vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples, busca a forma.

Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho, logo, mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Neoplatonismo amoroso Racionalismo Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim com a alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; E o vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples, busca a forma. Formalismo

Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado: Assim que, só para mim Anda o mundo concertado.

Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado: Assim que, só para mim Anda o mundo concertado. Desconcerto do mundo

Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado: Assim que, só para mim Anda o mundo concertado. Desconcerto do mundo Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto:

In medias res

Concílio dos Deuses: Baco/Netuno x Vênus/Marte In medias res

Concílio dos Deuses: Baco/Netuno x Vênus/Marte Maravilhoso pagão Maravilhoso cristão In medias res

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B C

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B C C Oitava rima

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B C C Oitava rima As ar mas e os ba rões a ssi na la dos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B C C Oitava rima As ar mas e os ba rões a ssi na la dos Decassílabo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B C C Oitava rima As ar mas e os ba rões a ssi na la dos Decassílabo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B C C Oitava rima As ar mas e os ba rões a ssi na la dos Decassílabo Decassílabo heroico 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X

As armas e os barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; A B A B A B C C Oitava rima As ar mas e os ba rões a ssi na la dos Decassílabo Decassílabo heroico 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 X Sáfico (4,6,10)

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Loon, J. van (Johannes), ca. 1611-1686.