UNIVERSIDADE TIRADENTES UNIT CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ARTIGO CIENTÍFICO

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Transcrição:

UNIVERSIDADE TIRADENTES UNIT CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ARTIGO CIENTÍFICO TERCEIRIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO: PROTEÇÃO AOS DIREITOS TRABALHISTAS DOS EMPREGADOS TERCEIRIZADOS Emanuely Karuliny Mendes Silva João Cláudio da Conceição Aracaju 2015

EMANUELY KARULINY MENDES SILVA TERCEIRIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO: PROTEÇÃO AOS DIREITOS TRABALHISTAS DOS EMPREGADOS TERCEIRIZADOS Trabalho de Conclusão de Curso Artigo apresentado ao Curso de direito da Universidade Tiradentes UNIT, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito. Aprovado em 06/06/2015. Banca Examinadora JOÃO CLÁUDIO DA CONCEIÇÃO Professor Orientador Universidade Tiradentes HIDERALDO LUIZ MOURA DE JESUS Professor Examinador Universidade Tiradentes RODRIGO MENDONÇA SALGADO Professor Examinador Universidade Tiradentes

TERCEIRIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO: PROTEÇÃO AOS DIREITOS TRABALHISTAS DOS EMPREGADOS TERCEIRIZADOS RESUMO Emanuely Karuliny Mendes Silva 1 O objetivo principal desse texto, é analisar a evolução do Direito do Trabalho Brasileiro acerca da flexibilização das normas trabalhistas que versam sobre a prestação de serviços terceirizados. Embora não haja legislação que regulamente de forma geral o fenômeno da terceirização, por incorporar diversas atividades econômicas, pontuou-se o presente estudo na apreciação das normas encontradas nas diversas hierarquias, como normas constitucionais, infraconstitucionais e regulamentos, acerca da subcontratação da força-de-trabalho, a precarização e a garantia dos direitos trabalhistas desses empregados. PALAVRAS CHAVE: Terceirização. Precarização. Direitos Trabalhistas. 1 INTRODUÇÃO As relações trabalhistas passaram algumas modificações que afetaram decisivamente sua estrutura jurídico-laboral nos últimos anos. Diante das modificações ocorridas no mercado econômico, Alice Monteiro de Barros assevera: As relações individuais de trabalho sofreram várias modificações nos últimos anos, em face de uma conjugação de fatores, que podem ser sintetizados na inovação tecnológica, nas alterações na organização da produção, nos métodos utilizados na gestão da mão-de-obra e, em consequência, nas necessidades dos trabalhadores. (2013, p. 357). Nesse contexto surgem novas estruturas produtivas de representação do trabalho flexíveis, entre as quais destaca-se, segundo a doutrina, à terceirização. O tema terceirização é antigo, entretanto, é um fenômeno relativamente novo no Direito do Trabalho brasileiro que começou a se difundir e assumir estrutura na 1 Bacharelanda em Direito pela Universidade Tiradentes. E-mail: manukaruliny@yahoo.com.br

década de 80, nessa época, restringiu-se a apenas alguns setores do mercado de trabalho expandindo-se aos poucos para diferentes atividades econômicas. Segundo Maurício Godinho Delgado, a expressão terceirização resulta de neologismo oriundo da palavra terceiro, compreendido como intermediário e interveniente. Baseado nesse contexto alguns autores denominam esse instituto como o processo de transferência de parte das atividades de uma empresa para outra, onde esta passa a funcionar como terceiro no processo produtivo entre o trabalhador e a empresa principal, constituindo uma relação trilateral entre o empregado, empregador (empresa prestadora de serviços) e o empregador real (empresa tomadora de serviços). Na terceirização o vínculo empregatício se forma com a empresa prestadora de serviços (também denominada pelos doutrinadores de empregador aparente) e o empregado. Nessa modalidade, a empresa tomadora de serviços (a que contrata os serviços de terceirização) repassa para terceiros a realização de determinados serviços ou a produção de determinados bens, estes por sua vez, contrata seus próprios empregados mantendo com eles vínculo direto. Ou seja, enquanto no modelo tradicional o empregado presta serviços diretamente ao empregador principal, garantindo desta forma todos os direitos na seara trabalhista frente a este empregador, na terceirização o empregado presta os mesmos serviços ao empregador principal embora não seja considerado seu empregado efetivo. As atividades que podem ser terceirizadas são aquelas que não estejam relacionadas com o objetivo principal da empresa tomadora de serviços, chamadas atividades de apoio administrativo que se desempenham nas áreas de limpeza, segurança interna, transporte e alimentação. Caso o processo de terceirização seja irregular, ou seja, que não estejam presentes os requisitos formadores da relação de emprego entre o tomador e o trabalhador pode gerar o vínculo empregatício direto entre essas partes. Para Alice Monteiro de Barros: Os cuidados devem ser redobrados do ponto de vista jurídico, porquanto a adoção de mão-de-obra terceirizada poderá implicar reconhecimento direto de vínculo empregatício com a tomadora de serviços, na hipótese de fraude, ou responsabilidade subsidiária dessa última, quando inadimplente a prestadora de serviços. (2013, pag: 518) 2

A legislação brasileira não possui normas que regulem as formas de exteriorização do trabalho, não estabelece quais as atividades podem ser terceirizadas, nem tampouco regulariza quais os procedimentos devem ser adotados pelas empresas tomadoras de serviço. Dessa forma a prática aconteceu das formas mais diversas possíveis, o que gerou dúvidas sobre a aplicação justa desse instituto nas relações trabalhistas no Brasil. Ante a omissão legislativa e a retração do mercado de trabalho, o Judiciário ampliou as hipóteses de terceirização com a edição da Súmula número 331 do Tribunal Superior do Trabalho. 2 TERCEIRIZAÇÃO EM SEUS ASPECTOS EVOLUTIVOS E LEGAIS 2.1 Caracterização da Terceirização Atualmente, inexiste uma legislação que defina de forma geral a terceirização cuidando a doutrina de conceitua-la como o fenômeno pelo qual uma empresa tomadora de serviços, celebra um contrato com outra pessoa jurídica ou física o qual transfere para esta parte de sua atividade e a produção do serviço que a própria tomadora deveria executar. A empresa contratada passa a funcionar como um terceiro nas relações de trabalho entre o trabalhador e a empresa principal, nos casos de intermediação de mão-de-obra, ou entre o consumidor e a empresa principal nos casos de prestação de serviço, que passa a contratar seus próprios funcionários e com eles manter diretamente o vínculo empregatício. O processo de terceirização proporciona a empresa tomadora de serviços a vantagem de poder concentrar sua produção e investimento na especialização da sua atividade produtiva fundamental para garantir os níveis de produtividade e lucratividade tendo como o objetivo principal atingir mercados no mundo globalizado e reduzir custos fixos, operacionais com a contratação de mão-de-obra ocasionando uma flexibilidade ou precarização crescente das relações de trabalho, diminuindo desta forma o percentual de trabalhadores com vínculo empregatício e com a garantia de todos os direitos trabalhistas. 3

Os efeitos do fenômeno da terceirização para os trabalhadores propiciam certa discriminação socioeconômica, pois o salário aplicado não é equitativo comparando com o padrão remuneratório dos trabalhadores da empresa tomadora de serviços. Há uma redução salarial do empregado terceirizado, rotatividade de mão de obra e jornadas cada vez maiores de trabalho. Devido a omissão legislativa e a inexistência de regras que fiscalizem de forma geral o processo de terceirização de serviços é que diversas atividades estão sendo repassadas para as empresas terceiras como sendo atividade-meio, incorporando diversas atividades econômicas independente de autorização legal ocasionando muitos prejuízos e lesões ao trabalhador. Contrariando assim, preceitos constitucionais e princípios de proteção ao trabalhador tais como o princípio da dignidade da pessoa humana, da boa-fé e da primazia da realidade, levando o judiciário a intensa atividade interpretativa, conforme o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. A Constituição Federal traz no art. 7º, XXXII como direito do trabalhador, que é proibida a discriminação entre trabalhadores, in versus: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos[...] (CF/88) A norma constitucional versa sobre a isonomia dos trabalhadores sem nenhum tipo de discriminação e desigualdade como aquela produzida pela terceirização, que impede que o empregado terceirizado, mesmo desenvolvendo as mesmas funções que os empregados da empresa tomadora de serviços ingressem na carreira desta. 4

2.2 Breve Embasamento sobre a Evolução Normativa O processo de terceirização tem evoluído à margem da normatividade estatal, fora do alcance das normas gerais fixadas pelo Direito do Trabalho e ferindo os princípios de proteção ao trabalho e ao trabalhador. As primeiras referências legais sobre esse fenômeno que mais adiante seria chamado de terceirização apareceram na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) no artigo nº 455, que permite a subcontratação de operários pelo empreiteiro principal, dono do empreendimento. Esta foi, durante muito tempo, a única hipótese de subcontratação de mão-deobra prevista no ordenamento jurídico. Art. 455 - Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro. único. Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo. (CLT). Por Vólia Bomfim Cassar: A CLT, que sempre teve um pensamento avançado em relação às demais legislações, desde o seu texto originário, estabeleceu a única hipótese de subcontratação de mão de obra. [...] durante um bom tempo, era a única hipótese de terceirização prevista no nosso ordenamento jurídico. (2011, p: 519). O referido artigo regula as decisões quanto às questões referentes a terceirização, apesar de não ser muito claro quanto à extensão das responsabilidades trabalhistas do empreiteiro principal e do subempreiteiro. O Decreto-Lei n. 200/67 que dispõe sobre a organização da Administração Federal, encontra-se amparada pela CF/88, arts. 37 a 39, preconizava em seu artigo nº. 10, caput e no 7º do mesmo artigo, que a Administração Federal poderia desobrigar-se de desenvolver atividades administrativas de apoio, é a chamada descentralização administrativa, recorrendo na medida do possível, à contratação de empresas realizadoras desse serviço. O intuito principal era incentivar a ampliação 5

do processo terceirizante para descentralizar as atividades da Administração Pública. Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada. (...) 7º Para melhor desincumbirse das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e contrôle e com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Administração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução.(decreto-lei 200/67). A dúvida pairava sobre quais as atividades e serviços que poderiam ser objeto do processo de terceirização no âmbito da Administração Pública. Diante desta incerteza, que por alguns anos levou a diversas interpretações jurisprudenciais, foi promulgada em 1970 a Lei n. 5.645 que regulamentou o Decreto-Lei n. 200/67 no seu art. 3º, parágrafo único (Revogado pela Lei nº 9.527, de 1997). A referida lei estabelecia diretrizes para a classificação de cargos do Serviço Civil da União e das autarquias federais. Observe-se o rol lançado pela Lei n. 5.645/70: algumas das atividades relacionadas com transporte, conservação, custódia, operação de elevadores, limpeza e outras assemelhadas. Trata-se de claro rol exemplificativo como se vê. (DELGADO, 2013). Refere-se àquelas atividades legalmente autorizadas a serem terceirizadas no âmbito das entidades estatais, quais sejam, atividades de apoio, denominadas de atividades-meio, instrumentais. A terceirização também foi estendida ao setor privado, inicialmente, através de dois modelos, o primeiro foi a Lei nº 6.019/74 (Dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas urbanas), foi primeira manifestação legislativa que demonstrou legalidade ao processo de terceirização de serviços, criada no sentido de regulamentar esse tipo de uso da força de trabalho. Com diretrizes voltadas para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço, conforme o art. 2º da referida Lei. Nestas relações de trabalho o empregado se submete à autoridade da empresa do trabalho temporário, que por sua vez, presta serviço à empresa cliente ou 6

tomadora de serviços. Segundo a doutrina é uma espécie de terceirização, porém limitada pois não a autoriza de forma permanente. Da mesma forma, Vólia Bomfim Cassar (2011, p. 497, grifo do autor) assevera, a Lei nº 6.019/74 permite contratos de curta duração (três meses com possibilidade de prorrogação por outros três meses, desde que autorizados por órgão competente. A Lei nº. 7.102/83 (Trabalho de Vigilância Bancária), dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, na época de sua promulgação limitava-se aos trabalhadores ligados à segurança bancária, anos depois ocorreram alterações propiciadas pela Lei nº. 8.863, de 1994, que alargou a atuação de tais trabalhadores e das respectivas empresas. Até então a interpretação dos casos de terceirização no país era restrita a estas duas leis, a escassez de referências legais acerca deste fenômeno sociojurídico conduziu à intensa interpretação jurisprudencial, motivo pelo qual nos anos 80, antes da nova Constituição, foi expedida a Súmula n. 256 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que trazia as hipóteses de contratação terceirizada de trabalho, e os casos em que o vínculo empregatício se formaria diretamente com o tomador de serviços, inclusive o reconhecimento do vínculo imediato com empresas estatais tomadoras de serviços. Informava a Súmula: Salvo os casos previstos nas Leis ns. 6.019, de 3.1.74 e 7.102, de 20.6.1983, é ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador de serviços. (Súmula 256, TST). Conforme a Súmula, se a contratação de serviços terceirizados infringissem as regras contidas nas Leis nº. 6.019/74 e 7.102/83 que versam sobre o Trabalho Temporário e o Trabalho de Vigilância Bancária, respectivamente, a terceirização seria considerada ilícita e, consequentemente, o vínculo empregatício seria formado com o efetivo tomador de serviços, inclusive com os entes da Administração Pública. 7

A promulgação da Constituição Federal em 1988 trouxe limitação ao contido na Súmula 256 do TST, em seu art. 37, II a Carta Magna proibiu o reconhecimento do vínculo empregatício com a Administração Pública, pois vedava a admissão de trabalhadores por entes estatais sem a prévia aprovação em concurso público. A vedação expressa na Constituição baseava-se no entendimento de que o ente público poderia terceirizar atividades que fossem essenciais à comunidade, aquelas que necessitassem de certa urgência, porém, mesmo a contratação sendo irregular segundo os critérios da Súmula n 256, não acarretaria vínculo empregatício com o tomador público. O texto do art. 37, II da CF não foi compreendido pela Súmula n 256, já que esta estendia o vínculo empregatício também para os entes estatais, desde que irregular o processo terceirizante, o que gerou divergências jurisprudenciais acerca da aplicação do entendimento da Súmula ao caso concreto. Diante da necessidade de regulamentar uma legislação específica para o fenômeno de terceirização e a polêmica que sempre cercou o referido tema, é que no ano de 1993 foi cancelada a Súmula n 256 do TST e editada a Súmula n 331 do mesmo Tribunal, que anos depois passou por modificações para esclarecer a responsabilidade dos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, no sentido de oferecer maior proteção aos direitos trabalhistas dos empregados terceirizados, principalmente os que prestam serviços aos entes públicos. A redação atual da Súmula n 331 do TST é a seguinte: I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. 8

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. (Nova Redação - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011) V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011) VI A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. (Inserido - Res. 174/2011 - DeJT 27/05/2011) (Súmula 331, TST). A grande inovação da Súmula n 331 do TST foi esclarecer à definição das atividades-meio e atividades-fim do tomador de serviços, sendo que àquelas atividades que não estejam ligadas diretamente ao objetivo principal da empresa ou da prestação de serviços seria a atividade-fim, não poderia ser terceirizada, portanto considerada ilícita a terceirização destas atividades, por representar a atividade essencial que sem a qual a empresa perde sua finalidade. Se o empregado terceirizado prestar serviços vinculados à atividade principal da tomadora de serviços poderá ter o vínculo empregatício reconhecido com o empregador principal. As atividades meio são aquelas atividades que não fazem parte da finalidade produtiva da empresa tomadora e possuem autonomia suficiente para justificar a sua terceirização, conforme Maurício Godinho Delgado (2013), são aquelas referidas, originalmente, pelo antigo texto da Lei n 5.645, de 1970: transporte, conservação, custódia, operação de elevadores, limpeza e outras assemelhadas. A CLT, em seu art. 581, 2º dispõe sobre o se entende por atividade-fim: 2º Entende-se por atividade preponderante a que caracterizar a unidade de produto, operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades convirjam exclusivamente em regime de conexão funcional. (Redação dada pela Lei nº 6.386, de 9.12.1976). A citada súmula ampliou as hipóteses lícitas da terceirização, pois incorporou as contidas no Decreto-lei n 200/67 (conservação e limpeza e atividades-meio), 9

reconhecendo tais atividades como lícita e não somente a prática do trabalho temporário e vigilância, citada na Súmula 256 do TST, reconheceu a legalidade da locação de mão de obra voltada para a atividade-meio da empresa principal. Essa distinção (atividades-meio versus atividades-fim) marcava um dos critérios da aferição da ilicitude (ou não) da terceirização perpetrada. (GODINHO,2013). Vólia Bomfim Cassar, afirma: Apesar da corrente majoritária entender que só cabe terceirização de atividade-meio, Sérgio Pinto Martins defende, também, a possibilidade de terceirização de atividade, com amparo no art. No art. 170 da CFRB, desde que não exista fraude. Utiliza o exemplo da indústria automobilística. (CASSAR, 2011: 96). A pessoalidade e a subordinação são fatores que distinguem a terceirização lícita e ilícita, pois refere-se à subordinação do empregado terceirizado. Ora, quando um empregador emite ordens e supervisiona o serviço do empregado, é o seu empregador direto. Quando este patrão ao qual o empregado está diretamente subordinado é o tomador de serviços e estiverem presentes estes dois pressupostos, a relação jurídica se estabelecerá diretamente com o empregador principal. Ainda no ano de 1994 surge a Lei nº. 8.949, que acrescentou o parágrafo único ao art. 442 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para declarar a inexistência de vínculo empregatício entre as cooperativas e seus associados, produzindo na prática nova hipótese de terceirização com suporte na fórmula cooperada. 3 RESPONSABILIDADE NA TERCEIRIZAÇÃO A finalidade das discussões da responsabilidade em situações de terceirização volta-se para fundamentar a responsabilização da empresa cliente ou tomador, mesmo que não seja ela a contratante ou empregadora dos trabalhadores. A lei n 6.019/74 art. 16 (Trabalho Temporário), trata expressamente da responsabilidade no processo de terceirização: Art. 16 - No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao 10

tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei. Note-se que a referida Lei menciona os casos de responsabilidade solidária da empresa tomadora, somente nos casos de falência da empresa terceirizada o que gerou questionamentos do judiciário da época em busca de normas que proporcionassem uma sanção de natureza mais compensatória. Era necessário o reconhecimento do dano causado ao empregado e a responsabilidade trabalhista pelo inadimplemento da empresa terceirizada, Alice Monteiro de Barros: A reformulação da teoria da responsabilidade civil encaixa-se como uma luva na hipótese da terceirização. O tomador de serviços responderá, na falta de previsão legal ou contratual, subsidiariamente, pelo inadimplemento das obrigações sociais a cargo da empresa prestadora de serviços. (2013, pag. 360). O responsável deverá arcar, em regra, com o pagamento das obrigações trabalhistas que eram de responsabilidade do devedor principal, mesmo nos casos de terceirização regular, o tomador responde subsidiariamente. Há a responsabilidade solidária entre o tomador e o intermediador de serviços quando o processo de terceirização se desenvolver de forma irregular, neste caso, a tomadora compartilha as obrigações com a prestadora de serviços num mesmo plano, para garantir ao obreiro uma relação trabalhista que garanta os direitos de proteção laborais. Contudo, a jurisprudência do TST tem excluído do responsável subsidiário as obrigações do devedor principal (empregador) alusivas à equiparação salarial, pois ausente um dos requisitos (mesmo empregador) do art. 461 da CLT, e as normas coletivas, porque o tomador dos serviços não participou das mesmas, nem sequer por meio de sua entidade sindical. (BARROS, 2013). A Súmula n 331 do TST trouxe uma reinterpretação da temática sobre a responsabilidade das empresas tomadoras apresentada anteriormente pela Lei do Trabalho Temporário, fixou, portanto, que o inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do empregador, implica na responsabilidade subsidiária do tomador de serviços, não somente se restringiu aos casos de falência da tomadora, superando as limitações do quanto ao texto do art. 16 da Lei n 6.019/74. Neste 11

contexto incluem-se também os créditos trabalhistas resultantes de contratos de terceirização com entes da Administração Pública. Mesmo com as restrições contidas na Lei de Licitação (Lei n 8.666/93), a Súmula n 331 do TST no inciso IV traz a responsabilização trabalhista em caso de terceirização para todas as entidades estatais. (Res. 96/2000. Estabeleceu novo texto ao inciso IV). Mas preserva a responsabilidade subjetiva por culpa in vigilando pela omissão do dever fiscalizatório. A responsabilidade subjetiva não pode ser presumida e sim comprovada. 4 - DECRETO-LEI 4330/2004 Não há um marco legal que possua normas gerais de terceirização no Brasil, na falta de normas a Súmula nº 331 do TST é a única e mais importante norma que indica diretrizes sobre a contratação de serviços terceirizados, a Súmula traz importante referência sobre a distinção de atividade-meio e atividade-fim e a vedação da contratação de terceirizados para esta última atividade. Questão esta que se tornou o principal questionamento por parte dos empresários sobre a terceirização, insistem na alegação de que é difícil definir o que é atividade-fim de atividade-meio e entre outros que é difícil modernizar a economia no país sem facilitar a terceirização. O PL 4330/04 envolve quatro grandes polêmicas, que têm causado protestos das centrais sindicais, por demonstrar a intenção de precarizar ainda mais as relações trabalhistas no país, podemos citar a abrangência das terceirizações tanto para as atividades-meio como atividades-fim; obrigações trabalhistas serem de responsabilidade somente da empresa terceirizada a contratante tem apenas de fiscalizar; a representatividade sindical, que passa a ser do sindicato da empresa contratada e não da contratante; e a terceirização no serviço público. A proposta permite que qualquer atividade seja atividade-meio ou atividade-fim de uma empresa possa ser terceirizada, desde que a contratada esteja especializada em uma atividade específica. Diante da inadimplência da empresa terceirizante, o empregado só poderá cobrar o pagamento dos direitos trabalhistas devidos da empresa tomadora de serviços após a empresa contratada ter respondido, previamente, na Justiça, e esgotados todos os seus bens. 12

O Art. 12 do PL 4330/2004 preconiza que a administração pública pode contratar terceirizada em vez de abrir concursos públicos, contrariando os pressupostos constitucionais como o da impessoalidade, a responsabilidade pelos encargos trabalhistas será regulada pelo art. 71 da Lei n 8.666/93 Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.. Com isso a Administração Pública não será responsabilizada pelos encargos trabalhistas decorrentes A empresa contratante é subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas e pode ser acionada diretamente pelo trabalhador terceirizado, mas apenas quando não fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas pela contratada. Atualmente, por exemplo, uma empresa de engenharia não pode contratar um engenheiro terceirizado, mas o serviço de limpeza pode ser feito por um prestador de serviço. Da mesma forma montadoras não podem terceirizar os metalúrgicos, e os bancos, os bancários, por serem funções para atividades-fim. Hoje só é permitido terceirizar as atividades-meio ou de apoio das empresas, ou seja, pessoal da limpeza, recepção, telefonia, segurança e informática, por exemplo. Com a aprovação do referido projeto, todas estas possibilidades serão permitidas, com a ressalva de que os trabalhadores terceirizados, mesmo desempenhando as mesmas funções não serão equiparados aos trabalhadores das empresas tomadoras de serviço. A empresa contratante terá de fiscalizar mensalmente o pagamento de salários, horas-extras, 13º salário, férias, entre outros direitos, pela empresa terceirizada. Já a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias relativos aos empregados terceirizados terá que observar o disposto no art. 21 da Lei n 8.212/91 ficando por conta da empresa contratante, e não mais da que terceiriza o serviço. Antes, cabia à contratante apenas fiscalizar todo o mês o cumprimento desses pagamentos. Os terceirizados serão representados por sindicados das categorias profissionais da empresa terceirizada. O argumento é que isso favorecerá a negociação e a fiscalização em relação à prestação de serviços. 13

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A evolução do direito do trabalho acerca das normas trabalhistas que versam sobre o processo de terceirização, não propicia ao trabalhador terceirizado um tratamento isonômico, pelo contrário, continuam ferindo as normas constitucionais de isonomia e proteção ao trabalhador, o empregado terceirizado continua a sofrer discriminação quando comparado em direitos e garantias ao trabalhador inserido na categoria e na mesma função da empresa tomadora de serviços, principalmente quando examinada a equiparação salarial. A legislação existente foi criada com o intuito de reduzir os custos das empresas, sem, contudo, observar os direitos fundamentais do trabalhador consagrados pela Constituição Federal, na comparação com os empregados diretos os trabalhadores terceirizados ainda trabalham mais e ganham menos. O poder legislativo abrange as possibilidades de terceirização e consequentemente contribui para mais precarização das relações trabalhistas e para o desrespeito aos princípios basilares do direito do trabalho. É necessário que a legislação brasileira atribua normas que limitem o avanço do processo de terceirização, que atribua ao tomador de serviços à responsabilidade solidária de todas as empresas que lhe prestam serviço, tendo em vista ser a empresa contratante beneficiada com os lucros decorrentes do labor dos obreiros, assegurando desta forma aos empregados terceirizados maior garantia e proteção nas relações de trabalho. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Dayse Coelho de (coord). Temas de direito do trabalho contemporâneo.. coordenação Deyse Coelho de Almeida, Jardson Cruz, Jorge Luís Machado, Paula Oliveira Cantelli, Sérgio Coutinho./ Curitiba: Juruá,2012. 14

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. Alice Monteiro de Barros. - 9 ed. São Paulo: LTr, 2013. CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. Vólia Bonfim Cassar. 5 ed. Niterói: Impetus, 2011. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. Maurício Delgado. 12 ed. São Paulo: LTr,2013. MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual Esquemático de direito e processo do trabalho. Ives Grandra da Silva Martins Filho 21 ed. rev. Ee atual. São Paulo: Saraiva,2013. SCHAWARZ, Rodrigo Garcia. Direito do Trabalho. Rodrigo Garcia Schawarz Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Manual prático das relações trabalhistas. Cláudia Salles Vilela Vianna. 10 ed. São Paulo: Malheiros, 2011. LEGISLAÇÃO CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL 1988. CLT Consolidação das Leis do Trabalho. Lei nº 5645 de 1970: Estabelece diretrizes para a classificação de cargos do Serviço Civil da União e das autarquias federais, e dá outras providências. Lei nº 6.019/74: Dispõe sobre o Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas, e dá outras Providências. Lei n 7.102/83: Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências. Lei nº 8.987/95: Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Lei nº 8.036/90: Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências. 15

OUTSOURCING OF LABOR RELATIONS: LABOR RIGHTS TO PROTECTION OF EMPLOYEE OUTSOURCED ABSTRACT The main aim of this paper is to analyze the evolution of the Brazilian Labor Law about the relaxation of labor regulations that deal with the provision of outsourced services. Although there is no legislation regulating generally the phenomenon of outsourcing, to incorporate various economic activities, this study is scored on the assessment of standards found in the various hierarchies such as constitutional requirements, infra and regulations about subcontracting the force of -Work, the precariousness and the guarantee of labor rights of these employees. KEYWORDS : Outsourcing. Precariousness. Labor rights. 16