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Transcrição:

Origem: PRT da 11ª Região Órgão Oficiante: Dra. Safira Cristina Freire Azevedo Carone Interessado 1: Sigiloso. Interessado 2: Instituto Adventista de Educação e Assistência Social Norte Brasileira (IAEASNB) Região Administrativa do Oeste do Amazonas Assuntos: Temas Gerais 09.02.03 09.14.04. EMENTA: DESCONTOS INDEVIDOS A TÍTULO DE DÍZIMO. Os descontos efetuados nos salários dos trabalhadores a título de dízimo, ainda que autorizados, num cenário de hipossuficiência e subordinação, não se conformam com o princípio da intangibilidade salarial. Precedente. Promoção de arquivamento que não se homologa. I RELATÓRIO A Procuradora do Trabalho Safira Cristina Freire Azevedo Carone promoveu o arquivamento do Inquérito Civil nº 000084.2012.11.000/4, sob a fundamentação de que não se vislumbrou o desconto do dízimo no contracheque dos empregados às fls. 82/123, bem como não foram constatadas as ilegalidades denunciadas nesse IC, em análise registrada no livro de inspeção datada de maio de 2012 (fls. 42/44). É o breve relatório. II FUNDAMENTAÇÃO A Procuradora do Trabalho Safira Cristina Freire Azevedo Carone promoveu o arquivamento do feito por entender não haver irregularidades quanto à cobrança de dízimo em folha de pagamento dos empregados, já que a documentação juntada comprova que o referido desconto não consta nos contracheques dos empregados. Além disso, aponta que a fiscalização da SRTE/AM não constatou as ilegalidades denunciadas nesse IC, conforme o livro de inspeção do trabalho juntado por cópia pela empresa às fls. 42/44. 1

De plano, vale consignar que a fiscalização do trabalho realizada em maio de 2012 pela SRTE/AM, conforme livro de inspeção às fls. 42/44, não abarcou a verificação da irregularidade quanto à cobrança de dízimo nas folhas de pagamento dos funcionários. Ademais, analisando a documentação trazida aos autos pela empresa, consta às fls. 64/77 declarações dos funcionários autorizando a cobrança do dízimo de seus salários, bem como os respectivos contracheques referentes a maio de 2012, no mesmo mês em que ocorreu a fiscalização. O princípio da intangibilidade salarial assegura ao trabalhador que seu salário não seja reduzido ao arbítrio do empregador, tendo em vista sua natureza alimentar. Estabelece o art. 462/CLT que: Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo (atualmente convenção coletiva). de que: De igual maneira, a Súmula nº 342 do Col. TST orienta no sentido DESCONTOS SALARIAIS. ART. 462 DA CLT (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. No caso em tela, mesmo que haja autorização por parte dos trabalhadores para que sejam realizados descontos a título de dízimo, à luz do art. 462 da CLT e do texto sumular, não há suporte jurídico para tais abatimentos na remuneração salarial. A regra é a intangibilidade do salário, sendo que as exceções são contempladas na lei, ou na jurisprudência sumulada que não elenca desconto a título de dízimo. 2

O trabalhador não detém a plena liberdade de escolha para permitir ou não a realização de descontos, tendo em vista a sua condição de hipossuficiência e subordinação. Não se pode assegurar que todos os empregados aceitam as condições estipuladas livres de quaisquer constrangimentos, pois precisam ser inseridos no mercado de trabalho para prover o sustento próprio e o de suas famílias, além de que, em alguns casos, a fé religiosa do trabalhador se identifica com aquela orientada pela entidade empregadora. Analisando os documentos anexados aos autos, possível constatar, inclusive, que as autorizações para o desconto do dízimo foram assinadas anteriormente às datas de admissão de vários empregados, ou seja, no momento em que o trabalhador anseia e necessita do emprego, submetendo-se, muitas vezes, às exigências patronais para não perder a oportunidade de ocupar um posto de trabalho. Oportuno registrar que a jurisprudência trabalhista repudia descontos dessa natureza, segundo decorre dos seguintes exemplos: EMENTA: Desconto Salarial em Folha. Donativo - Dízimo. Autorização concedida durante a vigência contratual, em que a empregada se encontra em estado de subordinação, não detém a espontaneidade necessária para legitimar a oferenda de donativo - Inteligência do preceituado no caput e 4º do artigo 462 da CLT. (TRT15ªR, RO 00302-2006-076-15-00-9, Juíza Relatora: Tereza Aparecida Asta Gemignani. Publicado em: 21/06/2007). EMENTA: DÍZIMO. DESCONTO EM FOLHA. ILÍCITO. O contrato de trabalho e a convicção religiosa não se misturam. Enquanto o primeiro se sujeita ao mandamento legal, a segunda rege-se pela fé. O desconto sob a rubrica dízimo não se encontra autorizado pelo art. 462 da CLT. A devolução é medida que se impõe. (TRT2ªR, RO-02042200731102007, Relator Desembargador Rovirso A. Boldo, AC. 8ª T, publicado em 31/08/2007) 3

EMENTA: 1. DESCONTOS EFETUADOS NO SALÁRIO OBREIRO A TÍTULO DE DÍZIMO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CONSTRANGIMENTO. ILICITUDE. DEVOLUÇÃO DEVIDA. Do teor do art. 462 da CLT e da Súmula nº 342 do col. TST, depreende-se que os descontos efetuados pela ré no salário da autora a título de dízimo são ilícitos. Revela-se, ademais, que a autorização e solicitação foram ofertadas com vício de consentimento, uma vez que em contexto de subordinação à reclamada, além de que em cumprimento ao voto religioso da demandante. Desse modo, devem os valores correspondentes serem devolvidos. 2. Recurso ordinário conhecido e provido. (TRT10ªR, RO-01181-2011-009-10-00-5, Relator Des. Brasilino Santos Ramos, publicado em: 21/03/2012). Não se apresenta regular a vinculação de contribuição em favor de entidade religiosa e contrato de trabalho. O trabalhador que, movido pela sua fé, considerar necessária a doação tem plena liberdade para realiza-la, mesmo em razão de preceitos bíblicos, mas a entidade beneficiária, quando se confunde com a figura do empregador, submete-se às regras legais, não podendo promover tais descontos na folha de pagamento, em prejuízo da intangibilidade salarial. Autorizações para o dízimo, num cenário de hipossuficiência e subordinação, não podem ser consideradas absolutas e livres de qualquer constrangimento, sendo possível, nessa situação, que haja limitação da liberdade do empregado de dispor do seu salário. Outras formas existem para o recebimento de contribuições dos fiéis, como, por exemplo, carnês ou boletos bancários. Por essas razões, o desconto a título de dízimo nas folhas de pagamento dos trabalhadores afigura-se irregular, ensejando a atuação qualificada do Ministério Público do Trabalho, no sentido da adoção de medidas extrajudiciais ou judiciais com vistas a que a investigada se abstenha de realizar os citados descontos diretamente sobre os salários dos trabalhadores. Nesse sentido já deliberou a Câmara de Coordenação e Revisão, ao apreciar o processo nº PGT/CCR/14402/2012, de minha relatoria, em sessão realizada no dia 30.11.2012. 4

III - CONCLUSÃO À vista do exposto, não homologo a promoção de arquivamento do Inquérito Civil nº 000084.2012.11.000/4, devolvendo os autos à origem para as providências pertinentes. Brasília, em 7 de março de 2013. Antonio Luiz Teixeira Mendes Membro da CCR - Relator 5