Estudo sobre intolerância à Lactose entre homens e mulheres de 20 a 60 anos Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista-UNIP, como requisito para obtenção do título de bacharel em Farmácia Morais Willian V. (1) - Malagutti Tomé Fernanda (2) - Giana Héctor Enrique (3) - Beltrame Nadia (4) Wilian_vmorais@yahoo.com.br (1) Graduação em Farmácia pela Universidade Paulista (2) Doutora em Biopatologia Bucal pela Universidade Estadual Paulista - UNESP (3) Mestre em Bioengenharia pela UNIVAP. diretor do Laboratório Oswaldo Cruz de S. J. dos Campos (4) Gerente Técnico do Laboratório Oswaldo Cruz de São José dos Campos RESUMO Objetivo: Realizar um estudo sobre pacientes que realizaram o teste para intolerância a Lactose, utilizando dados do sistema eletrônico do laboratório Oswaldo Cruz, de janeiro a dezembro de 2013, avaliando os pacientes classificando por sexo e idade. Método: Foi realizado o levantamento de dados do sistema eletrônico fornecido pelo Laboratório Oswaldo Cruz de São José dos Campos SP, dos pacientes do sexo masculino e feminino, na faixa etária variando de 20 a 60 anos, no período de 01/01/2013 à 31/12/2013. Resultado: Dos 611 indivíduos analisados, 431 eram mulheres. Da população de mulheres, 65,66% (283 pacientes) apresentaram intolerância à lactose. Da população de homens, 64,44% (116 pacientes) apresentaram intolerância à lactose. Percebeu-se uma maior prevalência no sexo feminino na faixa etária de 31 a 40 anos (73,45%), e no masculino de 51 a 60 (67,86%). Conclusão: A incidência de intolerância à lactose mostrou-se crescente até a faixa etária de 31 a 40 anos para as mulheres e até a faixa etária de 41 a 50 anos para os homens. Verificou-se que não houve diferença significativa na incidência de intolerância à lactose entre os indivíduos do sexo masculino e feminino, pois ocorreu em 64,44% dos homens e 65,66% das mulheres. Palavra-chave: intolerância à lactose, deficiência à lactose, b-d-galactose, diagnóstico teste de absorção de dissacarídeo. ABSTRACT Objective: conduct a study on patients, who performed testing for lactose intolerance, using the electronics data by Oswaldo Cruz Laboratory, from January to December 2013, it evaluating and classifying patients by gender and age. Method: it was performed a survey of the electronics data by Oswaldo Cruz Laboratory at São José dos Campos, São Paulo, from male and female patients, in the age range varying from 20 to 60 years old, from January first to December thirtytwelfth of 2013. Result: from the 611 people analyzed, 431 were women. From the women population, 65.66 % (283 patients) presented lactose intolerance. From the men population, 66.44% (116 patients) presented lactose intolerance. It can realize a higher prevalence of female subjects in age group from 31 to 40 years old (73.45%), and the men ones from 51 to 60 years old (67.86%). Conclusion: the incidence of lactose intolerance was shown to be rising until the age group from 31 to 40 years old in women and until the age group from 41 to 50 years old in men. It was not found significant difference in the incidence of lactose intolerance in male and female individuals, because it occurred by 64.44% of men and by 65.66% of women. Keywords: Lactose intolerance, Lactose deficiency, b-d-galactose, Diagnostic absorption disaccharide test.
1 INTRODUÇÃO Hipócrates descobriu a intolerância a lactose em torno de 400 anos antes de Cristo, entretanto o conhecimento sobre o assunto vem aumentando somente nos últimos 25 anos. [1] A lactose é um dissacarídeo redutor, sendo um açúcar formado pela junção de dois monossacarídeos, (glicose e galactose). Trata-se de um dos açúcares quase que exclusivo do leite tendo como principal função melhorar a absorção de cálcio, ferro e fósforo. Mas apesar de ser um açúcar, tem um baixo poder adoçante, se compararmos com o poder da frutose, sacarose, glicose e galactose. A lactose é encontrada em diferentes concentrações no leite de vaca, em 100 ml tem o valor de 4,6 gramas de lactose, no leite humano em 100 ml encontra-se o valor de 6,8 gramas de lactose. [1] A hidrólise da lactose em um organismo normal ocorre pela ação da lactase sendo o nome utilizado para enzima B-galactosidase que degrada a lactose em glicose e galactose tornando assim possível a absorção na corrente sanguínea. [2] Ocorre a ação da lactase sobre a lactose presente no leite, quebrando as ligações em D-glicose e D- galactose, formando açucares menores assim podendo ocorrer sua absorção mais rápida pela mucosa intestinal, a glicose fica como reserva, conhecida como pool de glicose, ficando no intestino enquanto a galactose é convertida em glicose no fígado para que também seja utilizada como fonte de energia para o organismo. O restante da galactose que não for transformada em glicose será eliminado na urina. [1] A intolerância a lactose é classificada em três tipos: pode ser congênita ou genética, secundária ou adquirida e transitória. A intolerância congênita a lactose é rara, se manifestando em recém-nascido, e caracteriza-se pela ausência da enzima lactase, estando presente desde o nascimento, sendo uma condição permanente e muito rara. A segunda deficiência é a secundária, que é a intolerância adquirida que se manifesta em resultados de lesões, inflamações no intestino delgado ou algum dano permanente na mucosa intestinal ocorrendo mais em adultos. O terceiro é a transitória causada por algum dano na mucosa intestinal, mas quando esse dano é reparado e a mucosa volta sua condição normal, à lactase é novamente normalmente produzida. [2] A intolerância à lactose é a deficiência de hidrolisar (quebrar) a lactose, que é um dissacarídeo, em monossacarídeo (Galactose e Glicose). Esta deficiência está ligada a uma enzima chamada lactase (β-d- Galactosidase), que se localiza na borda da escova da mucosa do intestino delgado [3]. Quando não hidrolisada, a lactose não é absorvida, e permanece no intestino, agindo osmoticamente na drenagem de água para o lúmen intestinal. Com a deficiência desta enzima, a lactose se torna uma fonte de energia para microrganismos localizados no colón, sendo fermentados a ácido lático, assim produzindo gás de hidrogênio e metano. Os efeitos causados são dores abdominais, distensão abdominal, flatulência, diarréia, podendo desencadear consequências na absorção do cálcio. [1] Segundo estudos, a lactose proveniente da dieta aumenta a absorção de cálcio, e ao contrário, com a dieta sem lactose, acarretará em uma menor absorção de cálcio, acabando por ingerir quantidades insuficientes de cálcio, tendo assim sua absorção comprometida. [2] De acordo com a Sociedade Brasileira de Osteoporose, no Brasil há cerca de 10 milhões de pessoas com osteoporose atualmente, sendo que apenas 20% dos casos recebem alguma forma de tratamento. Aproximadamente 2,4 milhões de indivíduos apresentam algum tipo de
fratura anualmente, sendo assim, 200.000 morrerão devido fatores que são resultantes diretos de fraturas. Acredita-se que ao longo do anos, as fraturas de fêmur em ambos os sexos dobrará. [2] A lactose pode ser convertida em ácidos graxos de cadeia curta, gás carbônico e hidrogênio por bactérias da flora intestinal. O gás carbônico e hidrogênio são eliminados pelos pulmões. [1] Os exames para avaliar se está ocorrendo má absorção de lactose é através do teste do ar hidrogênio expirado, que avalia a liberação do hidrogênio respirado, sendo possível avaliar de forma rápida se houve a decomposição bacteriana excessiva. Através do teste de tolerância oral de lactose,verifica-se o possível aumento na taxa de glicose no sangue,e uma investigação pode ser feita verificando com a eliminação de fezes líquidas ou semilíquidas com Ph ácido (<6). [4] Este trabalho foi realizado baseado em resultadosda clientela do laboratório de análises clínicas Oswaldo Cruz do município de São José dos Campos (SP), atendidos em janeiro 2013 a dezembro 2013, buscando correlacionar os dadoscom a faixa etária e o sexo dos pacientes. O Laboratório Oswaldo Cruz foi escolhido para a realização do trabalho pois é um laboratório privado de análises clínicas, que conta com análises e postos de coleta distribuídos de forma estratégica em diversos bairros do município de São José dos Campos. Atendendo pacientes em todas as áreas como: triagem, hematologia clínica, bioquímica clínica, imunológica clínica, parasitologia clínica,urinálise, entre outras. A Intolerância à lactose tem se tornado cada vez mais freqüente, e muitas vezes os pacientes apresentam desconfortos por muito tempo, sem terem conhecimento da sua incapacidade para digerir a lactose, e muitas vezes também o diagnóstico se confunde com a alergia a caseína que é uma (proteína do leite), desta forma se torna importante realizar uma pesquisa avaliando as curvas de lactose, dividindo estas informações por sexo e idade dos indivíduos ressaltando a importância de ter um diagnóstico correto. Portanto objetivo principal do trabalho é realizar um estudo sobre pacientes que realizaram o teste para intolerância a Lactose, utilizando dados do sistema eletrônico do Laboratório Oswaldo Cruz, de janeiro a dezembro de 2013, avaliando os pacientes classificando por sexo e idade. 2 MÉTODOS Foi realizado o levantamento de dados do sistema eletrônico fornecido pelo Laboratório Oswaldo Cruz de São José dos Campos SP, dos pacientes do sexo masculino e feminino, na faixa etária variando de 20 a 60 anos, no período de 01/01/2013 à 31/12/2013. Após a aprovação de CEP (anexo 1). Foram avaliados todos os 614 pacientes que realizaram a curva de intolerância à lactose no ano de 2013,sendo excluídos dois pacientes que tiveram a interrupção da curva por apresentarem hiperglicemia na dosagem basal e um paciente por ter vomitado depois de ter ingerido a lactose. Os dados obtidos foram analisados e discutidos baseados em artigos cientificos e livros que abordaram o assunto. Este trabalho foi analisado e aprovado pelo CEP sob nº CAAE:30507814.3.0000.5512 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os dados levantados foram elaboradas tabelas e gráficos conforme a seguir:
% de pacientes Tabela 1 Distribuição das pacientes do sexo feminino de acordo com a faixa etária e (Intolerantes e Tolerantes). FaixaEtária Intolerantes % Tolerantes % Total % < 20 23 51,11% 22 48,89% 45 100% 20-30 65 69,89% 28 30,11% 93 100% 31-40 83 73,45% 30 26,55% 113 100% 41-50 64 68,09% 30 31,91% 94 100% 51-60 35 59,32% 24 40,68% 59 100% > 60 13 48,15% 14 51,85% 27 100% Total 283 65,66% 148 34,33% 431 100% Fonte: Próprio autor. 100% 90% 80% 60% 50% 40% 51% 49% 73% 27% 68% 32% 41% 52% 48% Intolerantes Tolerantes 20% 10% 0% < 20 20-30 31-40 41-50 51-60 > 60 Faixa etária (anos) Figura 1 Distribuição das pacientes do sexo feminino de acordo com faixa etária e com a classificação (Intolerantes e Tolerantes). Dos 611 indivíduos analisados, 431 eram mulheres. Da população de mulheres, 65,66% (283 pacientes) apresentaram intolerância à lactose. A faixa etária de maior prevalência foi de 31 a 40 anos de idade, sendo crescente até esta faixa, e decrescente após ela. Tabela 2 Distribuição dos pacientes do sexo masculino de acordo com a faixa etária e com a classificação (Intolerantes e Tolerantes). Faixa etária Intolerantes % Tolerantes % Total % < 20 20 58,82% 14 41,18% 34 100% 20-30 18 62,07% 11 37,93% 29 100% 31-40 31 65,96% 16 34,04% 47 100% 41-50 19 67,86% 9 32,14% 28 100% 51-60 19 67,86% 9 32,14% 28 100% > 60 9 64,29% 5 35,71% 14 100% Total 116 64,44% 64 35,55% 180 100% Fonte: Próprio autor.
% de pacienres % de pacientes 100% 90% 80% 60% 62% 66% 68% 68% 64% 50% 40% 41% 38% 34% 32% 32% 36% Intolerantes Tolerantes 20% 10% 0% < 20 20-30 31-40 41-50 51-60 > 60 Faixa etária (anos) Figura 2 - Distribuição dos pacientes do sexo masculino de acordo com faixa etária e com a classificação (Intolerantes e tolerantes). Dos 611 indivíduos analisados, 180 eram homens. Da população de homens, 64,44% (116 pacientes) apresentaram intolerância à lactose. A faixa etária de maior prevalência foi de 41 a 50 anos de idade, sendo crescente até esta faixa, e decrescente após ela. Tabela 3 Comparação entre homens e mulheres distribuídos com relação ao sexo e idade de indivíduos intolerantes a lactose. FaixaEtária Mulheres Homens Intolerantes % Intolerantes % < 20 23 51,11% 20 58,82% 20-30 65 69,89% 18 62,07% 31-40 83 73,45% 31 65,96% 41-50 64 68,09% 19 67,86% 51-60 35 59,32% 19 67,86% > 60 13 48,15% 9 64,29% Total 283 65,66% 116 64,44% Fonte: Próprio autor. 100% 90% 80% 60% 50% 40% 20% 10% 0% 51% 62% 73% 66% 68% 68% 68% Figura 3 Comparação homens e mulheres distribuídos com relação ao sexo e idade de indivíduos intolerantes a lactose. 48% < 20 20-30 31-40 41-50 51-60 > 60 Faixa etária (anos) 64% Mulheres Homens
Dos 611 indivíduos analisados, 283 mulheres e 116 homens apresentaram intolerância à lactose. Percebeu-se uma maior prevalência no sexo feminino na faixa etária de 31 a 40 anos (73,45%), e no masculino de 51 a 60 (67,86%). 4 CONCLUSÃO Nas pesquisa realizada, os resultados com indivíduos que apresentavam distúrbios gastrintestinais ou manifestações clínicas suspeitas de intolerância à lactose e que fizeram o teste de sobrecarga de lactose no Laboratório Oswaldo Cruz em São José dos Campos entre Janeiro e Dezembro de 2013, permitiram concluir que: 34,69% dos indivíduos (212 casos)apresentaram-se dentro da faixa de normalidade e 65, (399 casos)mostraram-se intolerantes à lactose. A incidência de intolerância à lactose mostrou-secrescente até a faixa etária de 31 a 40 anos para as mulheres e até a faixa etária de 41 a 50 anos para os homens. Percebe-se a ocorrência de uma diminuição gradativa dessa incidência a partir da idade de 40 anos de idade para mulheres, e 50 anos de idade para os homens. [4] Verificou-se que não houve diferença significativa na incidência de intolerância à lactose entre os indivíduosdo sexo masculino e feminino, pois ocorreu em 64,44%dos homens e 65,66% das mulheres. REFERÊNCIAS 1. Junior,A.J.B.; Kashiwabara,T.G.B.; Silva.V.Y.N.E.; Intolerância à lactose revisão de literatura.brazilian Journal of Surgeryand Clinical Research-BJSCR. 2013; 4 (4):38-42. Disponível em: <http//www.mastereditora.com.br/period ico/ 20131101_ 095645.pdf> 2. Barbosa,C.R.; Andreazzi,M.A.; Intolerância a lactose e suas conseqüências no metabolismo do cálcio. Revista Saúde e Pesquisa.2011 jan./abril;4(1):81-86.disponível em: <http://www.cesumar.br/pesquisa/period icos/index.php/saudpesq/article/view/13 38/1206> 3. Mattar R, Mazo DFC. Intolerância à Lactose: mudanças e paradigmas com a biologia molecular. Revista da Associação Médica Brasileira. São Paulo - SP. 2010;56(2):230-6. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n2/a2 5v56n2. pdf>. 4. Quilici,F.A.;MissioA.;Intolerância à lactose Missio 2004;1-11.Disponível em:http://unigastrocampinas.com.br/arti gos/intolerancia.pdf 5. Pereira,F.D.; Furlan,S.A.; Revista Saúde e Ambiente. Santa Catarina. 2004. Jun; 5(1): 24-30. Disponível em: <http://periodicos. univille.br /index.php/ RSA/%20article/ view Article/54> 5 AGRADECIMENTOS Ao Laboratório Oswaldo Cruz, pela disponibilidade dos dados, ao amigo Eduardo Henrique Vicensotti Berdugo pela ajuda na execução do trabalho, e a todos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.