DO ESTADO DE SAO PAULO - SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO 30 a Câmara AGRAVO DE INSTRUMENTO No.1204235-0/4 Comarca cie SÃO CAETANO DO SUL Processo 2789/08 3.V.CÍVEL DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REGISTRADO(A) SOB N AGVTE AGVDO NATAL FURIGO SALOMÃO MONSANTO REDONDO SOARES O R D A O Vistos, relatados e discutidos estes autos, os desembargadores desta turma julgadora ca Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça, de conformidade com o relatório e o voto do relator, que ficam fazendo parte integrante deste julgado, nesta data, negaram provimento ao recurso, por votação unânime. Turma Julg adora RELATOR 2 o JUIZ 3 o JUIZ Juiz Presi dente da 30 a Câmara DES. MARCOS RAMOS DES. ANDRADE NETO DES. LUIZ FELIPE NOGUEIRA DES. CARLOS RUSSO D^i fí Hn n n 1 rr^mor 1 T- n n s / - DES. MARCOS RAMOS Relator
30 a CÂMARA DE DÍREITO PRÍVADO Agravo de Instrumento n 1204235-0/4 Comarca: São Caetano do Sul Juízo de Origem: 3 a Vara Cível Ação Cível n 2789/08 Agravante: Natal Furigo Agravado: Salomão Monsanto Redondo Soares 8329 Ementa: Agravo de instrumento - Ação de despejo por denúncia vazia - Recebimento da apelação interposta pelo réu, somente no efeito devolutivo - Necessidade de manutenção da decisão - Inexistência de perigo de dano irreparável ou de difícil reparação - Inteligência dos artigos 58, inciso V e 64, da Lei n 8245/91. Recurso desprovido. VOTO DO RELATOR Trata-se de agravo de instrumento interposto em razão da r. decisão copiada às fls. 11, que nos da ação de despejo por denúncia vazia proposta por Salomão Monsanto Redondo Soares em face de Natal Furigo, recebeu a apelação interposta pelo réu apenas no efeito devolutivo. Alega o agravante, em síntese, que o agravado não r sofrerá qualquer tipo de prejuízo na continuidade da locação, até efetiva entrega das chaves, haja vista que é proprietáno de quase todos
30 a CÂMARA DE DIREITO PRIVADO os imóveis pertencentes ao condomínio, e pretende a sua retirada para firmar contrato de locação com outra pessoa. Aduz, ainda, que já adquiriu novo imóvel para morar, mas este somente lhe será entregue daqui a 18 (dezoito) meses. Assim, requer a concessão de liminar para que seja determinado o recebimento do apelo em ambos os efeitos e, ao final, a reforma da decisão agravada. Recebido o recurso por tempestivo, foi concedido efeito suspensivo apenas para obstar o andamento do feito. O Juízo de origem prestou informações (fls. 49). O agravado apresentou contraminuta (fls. 51/54). r E o relatório. O recurso não comporta provimento. Ao que consta dos autos, o agravado moveu a referida ação contra o agravante (fls. 17/18), que foi julgada procedente no mês de junho do corrente ano, declarando rescindido o contrato de locação firmado entre as partes, sendo decretado^ o despejo e
30* CÂMARA DE DIREITO PRIVADO concedido o prazo de 15 (quinze) dias para a desocupação voluntária (fls. 28/31). O recorrente interpôs recurso de apelação (fls. 33/38), que foi recebido no efeito devolutivo. Ocorre que seu inconformismo não procede, posto que a doutrina ensina que a regra geral é a de que o recurso de apelação tem dois efeitos, o devolutivo e o suspensivo, ressalvando a lei as hipóteses em que terá apenas o efeito devolutivo (CPC, art. 520, I a V), e o inciso V do art. 58 da Lei do Inquilinato, para as ações especificadas, amplia o rol dessas hipóteses (cf. FRANCISCO CARLOS ROCHA DE BARROS, "Comentários à Lei do Inquilinato", 2 a edição,, Editora Saraiva, 1997, p. 368; GILDO DOS SANTOS, "Locação e Despejo", 4 a edição,, Editora Revista dos Tribunais, 2001, n. 168, p. 344; WALDIR DE ARRUDA MIRANDA CARNEIRO, "Anotações à Lei do Inquilinato",, Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 462, nota 64 ao art. 58 da Lei n. 8.245/91; SYLVIO CAPANEMA DE SOUZA, "Da Ação de Despejo", Rio de Janeiro, Editora Forense, 1994, n. 112, p. 178). Verifica-se, em verdade, que o que o agravante está pretendendo, manifestamente, é que não se cumpra a sentença alvo de recurso de efeito apenas devolutivo. Almeja, pois, sejam, sustados os m\^
30 fl CÂMARA DE DIREITO PRIVADO efeitos daquele ato judicial, alegando dano irreparável ou de difícil reparação, diante da possibilidade de reforma da r. sentença proferida. Mas não se vislumbra risco de prejuízo irreparável ou de difícil reparação que possa justificar o duplo efeito à apelação, pois a Lei do Inquilinato, em seu artigo 64, "caput", dispõe que a execução provisória da sentença que decreta o despejo por denúncia vazia (Lei n 8.245/91, art. 57), depende de prestação de caução, que se reverterá em favor do locatário em caso de reforma da sentença, como indenização mínima das perdas e danos, podendo este reclamar, em ação própria, a diferença pelo que a exceder ( 2 o, do art. 64). Em suma, não sendo relevante o fundamento invocado e nem vislumbrando lesão grave de difícil reparação, incabível o efeito suspensivo à apelação que não o possui. Nesse sentido: DESPEJO POR DENÚNCIA VAZIA - EFEITO SUSPENSIVO À APELAÇÃO - REGRA INSCULPIDA NO ARTIGO 58, V, DA LEI N 8.245/91 - DESCABIMENTO - RECURSO IMPROVIDO: "A regra insculpida no artigo 58, inciso V, da Lei 8.245/91, é clara no sentido de que os recursosjnterpostos I' i contra sentença terão efeito meramente devolutivo" (TJ/SP -
30 a CÂMARA DE DIREITO PRIVADO Agravo de instrumento n 910.025/09-35 a Câmara de Direito Privado - Relator Desembargador Artur Marques). Diante do exposto, nego provimento ao recurso. MARCOS RAMOS Relator 5