DIVERSIDADE GENÉTICA EM VITIS LABRUSCA E HÍBRIDOS INTERESPECÍFICOS USANDO PADRÕES DE ISOESTERASES

Documentos relacionados
Produção de Uvas e Vinhos

Opções de Cultivares de Uva para Processamento desenvolvidas pela Embrapa

CARACTERIZAÇÃO ISOENZIMÁTICA DE ACESSOS DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.)

77 mil hectares hemisfério sul desde latitude 30 o até latitude 5 º Regiões Temperadas (repouso hibernal) Regiões Subtropicais (dois ciclos anuais)

Ajustar o ph para 7,4. Filtrar o meio em 0,22 µm no fluxo e depois acrescentar o antibiótico/antimicótico. Armazenar de 2ºC a 8ºC.

PURIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS

Extração de DNA do pinhão manso (Jatropha curcas L.) para análises de marcador AFLP

Melhoramento da Videira no Brasil. Bento Gonçalves, 4 de abril de

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Uva e Vinho Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Embrapa Uva e Vinho

Desempenho Agronômico de oito Cultivares de Videira (Vitis labrusca l.) após poda em fevereiro de 2012

Concurso Público Edital nº 342/2013. Técnico de Laboratório Biotecnologia - Análise de Proteínas. Leia com atenção as Instruções

Cargo: D-41 Técnico Laboratório - Biotecnologia - Análise de Proteínas

AVALIAÇÃO DO PERÍODO DE COLHEITA DA SAFRA DE INVERNO CULTIVARES DE UVA Vitis labrusca EM MUZAMBINHO MG

EVOLUÇÃO DA MATURAÇÃO DE 15 VARIEDADES DE VIDEIRAS PARA SUCO NO SUDOESTE DO PARANÁ MARIANI, J. A. 1, NAVA, G. A. 2

Comunicado 95 Técnico

Título - Arial 44pt - Bold

CAPÍTULO I DADOS CADASTRAIS DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 2013 A 2015

Protocolo. Extração de Proteínas Totais de Planta. Método Fenol Modificado de:

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Efeito Do Tempo De Armazenamento Na Qualidade De Geleias De Duas Cultivares De Uva

CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE MANDIOCAS COLORIDAS E AÇUCARADAS QUANTO A RESISTÊNCIA À BACTERIOSE NA EMBRAPA CERRADOS

AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DOENÇAS E VARIAÇÃO DA TEMPERATURA NA VIDEIRA CULTIVAR NIÁGARA ROSADA NO SISTEMA LATADA COM E SEM COBERTURA PLÁSTICA RESUMO

Bolsista, Embrapa Semiárido, Petrolina-PE, 2

CAPÍTULO III EVOLUÇÃO DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 1995 A 2012

Eletroforese de DNA. Gabriel M. Matos Nicolas Conceição

CARACTERIZAÇÃO MORFOAGRONÔMICA E MOLECULAR DE MEIOS IRMÃOS DE Heliconia ssp.

Comportamento produtivo de cultivares de uva para suco em diferentes porta-enxertos

Exercício: Período de floração, ECA média de 6.5 mm/dia em Petrolina, PE, UR de 50% e vv de 2.2 m/s.

Produção e Características Físico-Químicas de Uvas sem Sementes Durante o Terceiro Ciclo de Produção

Eletroforese Bidimensional na Análise de Zeínas em Milho Indígenas.

DESENVOLVIMENTO DE INTER-RETROTRANSPOSON AMPLIFIED POLYMORPHISM PARA ANÁLISE DE DIVERSIDADE GENÉTICA EM GERMOPLASMA DE MANDIOCA

XIII Congresso Brasileiro de Mandioca 626

O cultivo da videira Niágara no Brasil

CAPÍTULO III EVOLUÇÃO DA VITICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL: 1996 A 2015

DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE Jatropha sp.

PADRÕES ELETROFORÉTICOS DE HORDEÍNAS E ISOENZIMAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE CULTIVARES DE CEVADA 1

Termos para indexação: Manihot esculenta Crantz, variabiliade genética, marcadores moleculares, mandiocas açucaradas, melhoramento genético.

SISTEMAS ISOENZIMÁTICOS NA CARACTERIZAÇÃO DE RIZOBACTERIAS

VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE GENITORES PARA O MAPEAMENTO MOLECULAR DO ALGODOEIRO

VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE MANDIOCA DE INDÚSTRIA ACESSADA POR MEIO DE MARCADORES RAPD

Prof. Manoel Victor. Genética Quantitativa

LPV 0642 FRUTICULTURA TEMPERADA

Comunicado191 Técnico

Regiões Vitivinícolas Brasileiras e Alternativas de Produção

Termos para indexação: Manihot esculenta Crantz, variabiliade genética, marcadores moleculares, mandiocas de mesa, melhoramento genético.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Estudo de um Polimorfismo no Gene da Cadeia Pesada β da Miosina (CPβM)

RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS ECONÔMICOS DAS NOVAS CULTIVARES DE UVAS SEM SEMENTES BRS VITÓRIA E BRS ISIS NO VALE SÃO FRANCISCO

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

VARIABILIDADE GENÉTICA DE ACESSOS E CULTIVARES DE MELANCIA BASEADA EM MARCADORES RAPD

Comunicado 63 Técnico

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES MICROSSATÉLITES DE MELÃO PARA MELANCIA

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 217

Purificação parcial, Caracterização e Imobilização de lectina de sementes de Brosimum gaudichaudii.

DIVERGÊNCIA GENÉTICA DA POPULAÇÃO DE TRABALHO DE PINHA DA EMBRAPA MEIO-NORTE.

Identificação de híbridos do cruzamento de cultivares de mangueira Haden x Tommy Atkins via marcador de DNA microssatélite

ANÁLISE DIALÉLICA DE LINHAGENS DE MILHO FORRAGEIRO PARA CARACTERES AGRONÔMICOS E DE QUALIDADE BROMATOLÓGICA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SELEÇÃO DE CLONES DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) PELO PROCEDIMENTO REML/BLUP

Diversidade Genética de Híbridos de Milho da Embrapa no Cenário Nacional

Caracterização Fenológica de Cinco Variedades de Uvas Sem. Sementes no Vale do São Francisco [1] Introdução

II. GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

VARIABILIDADE DE ACESSOS DE MANDIOCA COLORIDA E AçUCARADA

Palestras AS PERSPECTIVAS. Patrícia Coelho de Souza Leão

PRINCIPAIS VARIEDADES DE UVAS DE MESA E PORTA-ENXERTOS

PRINCIPAIS VARIEDADES DE UVAS DE MESA E PORTA-ENXERTOS

Caracterização de isolados de Xanthomonas axonopodis pv. manihotis

REAÇÃO DE HÍBRIDOS E CULTIVARES DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) À BACTERIOSE EM SEIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO CENTRO-SUL DO BRASIL

EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES PELAS VIDEIRAS cvs. ITALIA E BENITAKA CULTIVADAS NO VALE DO SÃO FRANCISCO

ESTABELECIMENTO DE UM PROTOCOLO PARA DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DA ENZIMA CINAMOIL COENZIMA A REDUTASE

IDENTIFICAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO, FEIJÃO, ALGODÃO E SOJA POR MEIO DE ENZIMAS E PROTEÍNAS RESISTENTES AO CALOR 1.

Embrapa Uva e Vinho. novas cultivares brasileiras de uva. Umberto Almeida Camargo João Dimas Garcia Maia Patrícia Ritschel

Departamento de Bioquímica Instituto de Química USP EXERCÍCIOS BIOQUÍMICA EXPERIMENTAL QBQ 0316N Professores. Carlos T. Hotta Ronaldo B.

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

DESENVOLVIMENTO E EXIGÊNCIA TÉRMICA DA VIDEIRA NIÁGARA ROSADA, CULTIVADA NO NOROESTE DO ESPÍRITO SANTO

VARIABILIDADE GENÉTICA EM GENÓTIPOS DE MAMONA UTILIZANDO ELETROFORESE DE ISOENZIMAS

Condições climáticas. Marco Antônio Fonseca Conceição Jorge Tonietto Francisco Mandelll João Oimas Garcia Maia

Comunicado Técnico 252

Preparação do gel de poliacrilamida

DIVERSIDADE GENÉTICA DE GENÓTIPOS DE PINHÃO-MANSO CULTIVADOS EM SERGIPE 1

Resumo. Cientista de Alimentos, M.Sc. em Alimentos e Nutrição, pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE. 5

Aspectos Gerais da Cultura da Uva Fina de Mesa

Viníferas em Regiões Tropicais

V Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus

FENOLOGIA DE SELEÇÕES DE UVAS DE MESA SEM SEMENTES

Marcadores Microssatélites Multiplex para Análise Genética de Milho e Seu Emprego para Estudos de Diversidade e Proteção de Cultivares

NOVAS CULTIVARES DE VIDEIRA PARA ELABORAÇÃO DE SUCO E PARA MESA

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MANDIOCA NA MICRORREGIÃO DE LAGARTO DO ESTADO DE SERGIPE, NO ANO AGRÍCOLA DE 2007/2008.

Diversidade genética de variedades comerciais de maracujazeiro-azedo com base em marcadores moleculares

Sanidade de Sementes de Feijão a Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS EM PROGÊNIES DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) EM ENSAIOS CLONAIS

VARIABILIDADE MORFOLÓGICA DE MANDIOCAS BRAVAS E MANSAS DO BAG DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL

Em nossos experimento serão utilizadas células SH SY5Y, uma sublinhagem de células de neuroblastoma SK-N-SH, figura 1.

Departamento de Biologia da Universidade do Minho

Porta enxertos e Cultivares CVs da videira: INTRODUÇÃO PORTA-ENXERTOS CVs PARA PROCESSAMENTO CVs PARA MESA CVs PARA VINHOS

VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE MANDIOCA COM POLPA AMARELA, ROSADA, CREME E BRANCA ACESSADA POR MEIO DE MARCADORES RAPD

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE MANDIOCA MANSA NA MICRORREGIÃO DE NOSSA SENHORA DAS DORES, SERGIPE

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MANDIOCA PARA FARINHA E FÉCULA NO ESTADO DE SERGIPE NA SAFRA 2007/2008

Transcrição:

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN 978-85-8084-055-1 DIVERSIDADE GENÉTICA EM VITIS ABRUSCA E HÍBRIDOS INTERESPECÍFICOS USANDO PADRÕES DE ISOESTERASES Gleice Ribeiro Orasmo 1, Sandra A. de Oliveira Collet 2, Maria de Fátima P. S. Machado 3 RESUMO: Padrões das isoenzimas α e β-esterases em gel de poliacrilamida foram empregados na análise da diversidade genética de espécies americanas (Vitis labrusca) e cultivares híbridas de uva. Foram utilizadas 19 plantas da cultivar Niágara Rosada, 97 Bordô, 22 Concord, 49 Rúbea e 39 Isabel, coletadas em parreirais de pequenos e médios produtores do município de Marialva, noroeste do Estado do Paraná. Foram evidenciadas onze isoesterases para a cultivar Isabel, dez para Concord, nove para Bordô e Rúbea e seis para Niágara Rosada. A relação entre as cinco cultivares das uvas americanas usando o padrão eletroforético de α e β-esterases foi estimada de acordo com o coeficiente de similaridade de Jaccard, no qual o dendrograma produzido pela análise de agrupamento mostrou que a similaridade entre as cultivares variou de 45,5% (Niágara Rosada x Concord) a 90,9% (Isabel x Concord). O dendrograma apontou a cultivar Niágara Rosada como a mais divergente. A cultivar Rúbea, resultado do cruzamento entre as cultivares Niágara Rosada e Bordô mostrou um coeficiente de similaridade em torno de 80% com Bordô e 50% com Niágara Rosada. A técnica da eletroforese em gel de poliacrilamida, sistema PAGE, foi consistente para análise da diversidade entre as uvas americanas. Os coeficientes de similaridade dentre as cultivares, usando o perfil eletroforético das α e ß-esterases em gel de poliacrilamida apontam a cultivar Niágara Rosada como promissora para programas de Melhoramento Genético na espécie, por apresentar os menores coeficientes de identidade com as cultivares Concord, Bordô, Rúbea e Isabel. Palavras-chave: diversidade; esterase; sistema PAGE; Vitis spp.; uvas rústicas. INTRODUÇÃO A região noroeste do Estado do Paraná, município de Marialva, se destaca, principalmente, na produção de uvas finas de mesa, espécie V. vinifera, mas também são produzidas uvas comuns, ou rústicas, de origem americana, como a Bordô e Concord, da espécie V. labrusca, e as cultivares Niágara Rosada, Rúbea e Isabel, cultivares híbridas. As uvas americanas apresentam menor custo com mão-de-obra e menor suscetibilidade às doenças fúngicas, bem como se caracterizam pelo sabor e aroma aframboesado e pela polpa mucilaginosa que se desprende facilmente da película, sendo, por isso, conhecidas como uvas de chupar (Camargo e Oliveira, 2001). A produção destas uvas é destinada, principalmente, à elaboração de sucos, vinhos e frutas desidratadas, mas também possuem boa aceitação para o consumo in natura. Frente à importância das uvas americanas, existe o interesse em analisar a 1 Docente do Departamento de Biologia, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina-PI. gleice@ufpi.edu.br 2 Docente do Departamento de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá-PR. saocollet@uem.br 3 Docente do Departamento de Biologia Celular e Genética da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá-PR. mfpsmachado@uem.br

diversidade genética para estas cultivares, visando recomendar genótipos de interesse em programas de melhoramento genético de uvas. As isoenzimas esterases são adequadas e preferenciais para estudos de diversidade genética em plantas (Pereira et al., 2001; Orasmo e Machado, 2003; Orasmo et al., 2007; Carvalho et al., 2003; Oliveira-Collet et al., 2005), uma vez que os polimorfismos gerados por esterases revelam vários loci que podem ser usados para a identificação da variação genética Assim, o presente estudo teve como objetivo utilizar os padrões das isoenzimas α e β-esterases para estimar a diversidade genética existente nas uvas americanas, cultivares Bordô e Concord, da espécie Vitis labrusca e as cultivares híbridas: Niágara Rosada, Isabel e Rúbea, cultivadas no município de Marialva, noroeste do Estado do Paraná, Brasil. MATERIAIS E MÉTODOS Um total de 226 uvas rústicas, sendo 19 da cultivar Niágara Rosada, 97 Bordô, 22 Concord, 49 Rúbea e 39 Isabel, coletadas em parreirais de pequenos e médios produtores do município de Marialva, noroeste do Estado do Paraná-BR, foram utilizados para análise de isoenzimas α e β-esterases no sistema PAGE, seguindo protocolo descrito por Orasmo et al., 2007. Ápices de brotos foliares foram individualmente homogenizados em microtúbulos usando bastão de vidro e tampão Tris-HCl 0,1 M, ph 8,5, contendo PVP-40 6,0%, EDTA 0,2%, β-mercaptoetanol 0,5% e ácido ascórbico 0,1%. Após a homogenização, as amostras foram centrifugadas a 25.000 rpm, por 30 min, a 4ºC, em uma centrífuga Sorval 3K-30. Em torno de 30 µl do sobrenadante de cada amostra, foram aplicados no gel de poliacrilamida a 14%, sendo o gel de visualização elaborado com 7,23 ml de solução de acrilamida (10%) / bisacrilamida (0,5%), dissolvido em 2,66 ml de Tampão Tris-HCl 1,5 M ph 7,5, 6,01 ml de água bidestilada, 320 µl de persulfato de amônia 2% e 16 µl de TEMED. O gel de empilhamento foi confeccionado com 3,0 ml da solução de acrilamida (10%) / bisacrilamida (5%), dissolvido em 3,0 ml do tampão Tris-HCl 1,5 M, ph 6,8m, 30 µl de água bidestilada, 250 µl de persulfato de amônia 2% e 3 µl de TEMED. A eletroforese foi conduzida durante 10-13 h, em 4ºC, com voltagem constante de 200 V. Nos eletrodos foi usado o tampão Tris glicina 0,1 M, ph 8,3. Para a cultivar Niágara Rosada foi utilizado para confecção do gel 4,0 ml do tampão Tris-HCl 1,5 M ph 8,8 e 4,67 ml de água bidestilada e a corrida durou de 5 7 horas. Para a identificação das isoesterases o gel foi embebido em tampão fosfato de sódio 0,1 M ph 6,2, em temperatura ambiente e após 30 min. foi colocado na solução preparada com 50 ml do mesmo tampão, 30 mg de β-naftil acetato, 30 mg de α-naftil acetato, 60 mg de Fast Blue RR Salt e 5,0 ml de N-Propanol. O gel foi fixado por 1 h em uma mistura de 7,5% de ácido acético e 10% de glicerol. Para secagem, foi banhado em solução de gelatina 5%, prensados em um bastidor entre duas folhas de papel celofane, à temperatura ambiente por 3-4 dias. O zimograma formado pelo conjunto de bandas foi analisado utilizando o programa NTSYS-pc. RESUTADOS E DISCUSSÃO A figura 01 mostra os géis das cinco cultivares americanas de uva, Bordô e Concord, espécie V. labrusca, Niágara Rosada, Rúbea e Isabel, cultivares híbridas, evidenciando isoenzimas α-, β- e α/βesterases no sistema PAGE. Para a cultivar Niágara Rosada a eletroforese foi conduzida com menor duração e revelou menor número de bandas, evidenciando 06 isoesterases, das quais: EST-2 e EST-3 foram consideradas como sendo α-esterases, EST-4 e EST-5, β-esterases e as

isoenzimas EST-9 e EST-10 como sendo α/β-esterases. Para as demais cultivares analisadas no presente estudo, a corrida eletroforética teve duração de 10-13 h e foi detectado um maior número de bandas, num total de 11 isoesterases (Figura 01). Em Vitis vinífera o sistema esterase revelou 16 isoesterases sobre o mesmo protocolo e tempo de corrida eletroforética (Orasmo et. al. 2007). Por outro lado, usando eletroforese em gel de amido foram detectados apenas 7 isoesterases (Oliveira-Colletet al. 2005). Em diferentes cultivares de mandioca (Pereira et al., 2001) e peroba (Carvalho et al., 2003) foram detectadas 14 isoesterases por PAGE. Estes dados indicam que o sistema esterase em gel de poliacrilamida é capaz de revelar maior número de loci para isoenzimas. Figura 01. Isoesterases de brotos foliares das cultivares Rúbea (A), Isabel (B); Concord (C), Bordô (D) e Niágara Rosada (E) de Vitis labrusca e híbridas, evidenciadas com α- e β-naftil acetato. Para as cultivares Bordô e Rúbea foram detectadas um total de 9 isoenzimas esterases, sendo para Bordô a EST-1, EST-2 e EST-3 caracterizadas como α-esterases, EST- 4, EST-5 e EST-7 como β-esterases e EST-8, EST-10 e EST-11 como α/βesterases (Figura 01); e para Rúbea, as isoesterases EST-1, EST-2 e EST-3 foram classificadas como α-esterases, EST-4 e EST-7 como β-esterases e EST-8, EST-9, EST- 10 e EST-11 como α/β-esterases. Para a cultivar Concord foram reveladas 10 isoesterases, das quais EST-1, EST-2, EST-3 e EST-6 consideradas α-esterases, EST-4 como β-esterase e EST-7, EST-8, EST-9, EST-10 e EST-11 como α/β-esterases. Para a cultivar Isabel foram evidenciadas 11 isoesterases, sendo EST-1, EST-2 e EST-3 consideradas α-esterases, EST-4, EST-5 e EST-6 como β-esterases e EST-7, EST-8, EST-9, EST-10 e EST-11 como α/β-esterases (Figura 01). O polimorfismo de α- e β-esterases das cultivares de uvas americanas está representado no Quadro 01. A relação entre as cinco cultivares Concord, Bordô, Rúbea,

Isabel e Niágara Rosada usando o padrão eletroforético de α e β-esterases foi estimada de acordo com o coeficiente de similaridade de Jaccard (Quadro 02), no qual o dendrograma produzido pela análise de agrupamento, utilizando o programa NTSYS-pc, mostrou que a similaridade entre as cultivares variou de 45,5% (Niágara Rosada x Concord) a 90,9% (Isabel x Concord). O dendrograma apontou a cultivar Niágara Rosada como a mais divergente (Figura 02). Quadro 01. Polimorfismos de α e β-esterases detectadas em brotos foliares das cultivares americanas da espécie Vitis labrusca e cultivares híbridas. Esterases Concord Bordô Rúbea Isabel Niágara R. EST-1 + + + + - EST-2 + + + + + EST-3 + + + + + EST-4 + + + + + EST-5 - + - + + EST-6 + - - + - EST-7 + + + + - EST-8 + + + + - EST-9 + - + + + EST-10 + + + + + EST-11 + + + + - egenda: (+) presença da isoesterase (-) ausência da isoesterase Quadro 02. Coeficientes de similaridade de Jaccard, verificados entre as cultivares Concord, Bordô, Rúbea, Isabel e Niágara Rosada (Vitis labrusca e cultivares híbridas). Estes coeficientes foram calculados a partir da análise comparativa de 11 isoesterases detectadas por eletroforese em gel de poliacrilamida. Concord Bordô Rúbea Isabel Niágara Concord 1,000 ------- Bordô 0,727 1,000 ------- Rúbea 0,900 0,800 1,000 ------- Isabel 0,909 0,818 0,818 1,000 ------- Niágara 0,455 0,500 0,500 0,545 1,000 0.480 0.560 0.640 0.720 0.800 0.880 0.960 EVE C1 0.909 C4 0.859 C3 0.782 C2 0.500 C5 ------- EVE 0.480 0.560 0.640 0.720 0.800 0.880 0.960 Figura 02. Dendrograma representando a relação entre as cultivares americanas de uva (Vitis labrusca e híbridas): C1 - Concord, C2 - Bordô, C3 - Rúbea, C4 - Isabel e C5 - Niágara Rosada, baseado na análise de agrupamento UPGMA dos fenótipos eletroforéticos para as isoenzimas esterases, usando os coeficientes de similaridade de Jaccard.

Embora as cultivares Concord, Isabel e Niágara Rosada tenham uma origem comum por terem sido originadas naturalmente, a partir de cruzamentos entre V. vinifera x V. labrusca, a cultivar Niágara Rosada é considerada uma mutação da cultivar original Niágara Branca (Camargo, 1998). Assim, é possível que as mutações somáticas que ocorreram na cultivar N. Branca original, para a geração da cultivar Niágara Rosada, tenham determinado as diferenças detectadas no padrão das α e β-esterases entre a cultivar Niágara Rosada e as cultivares Concord e Isabel. A cultivar Rúbea, resultado do cruzamento entre as cultivares Niágara Rosada e Bordô (Camargo e Dias, 1999), mostrou um coeficiente de similaridade em torno de 80% com Bordô e 50% com Niágara Rosada (Quadro 02), estimado através do padrão de α e β-esterases. CONCUSÃO De acordo com os coeficientes de similaridade entre as cinco cultivares americanas, usando o perfil eletroforético das α e β-esterases, a cultivar Niágara Rosada apresenta um potencial genético interessante para programas de melhoramento genético na espécie, por apresentar os menores coeficientes de identidade com as cultivares Concord, Isabel, Bordô e Rúbea. REFERÊNCIAS CAMARGO, U. A.; DIAS, M. F. BRS - Rúbea. Comunicado Técnico, v. 33, p. 1-4. Jul., 1999. CAMARGO, U. A.; OIVEIRA, P. R. D. Melhoramento Genético. Uvas de Mesa Produção: aspectos técnicos, Brasília: EMBRAPA, p. 14-19, 2001. CAMARGO, U. A. Cultivares para a Viticultura Tropical no Brasil. Informe Agropecuário, v. 19, n. 194, p. 15-19, 1998. CARVAHO, V.M., MARQUES, R.M., APENTA, A.S., AND MACHADO, M.F.P.S. Functional classification of esterases from leaves of Aspidosperma polyneuron M. Arg. (Apocynaceae). Genet. Mol. Biol. 26: 195-198. 2003. OIVEIRA-COET SA, COET MA, MACHADO MFPS. Differential gene expression for isozymes in somatic mutants of Vitis vinifera. (Vitaceae). Biochem Syst Ecol. 33:691 703. 2005. ORASMO, G. R.; MACHADO, M. F. P. S. Isozyme diversity in RB (Republic of Brazil) surgarcane (Saccharum spp.) varieties. Acta Scientiarum, v. 25, n. 1, p. 213-219, 2003. ORASMO, G.R., OIVEIRA-COET, S.A., APENTA, A.S., MACHADO, M.F.P.S. Biochemical and Genetic Polymorphisms for Carboxylesterase and cetylesterase in Grape Clones of Vitis vinifera. (Vitaceae) Cultivars. Biochem. Genet. 45: 663 670. 2007. PEREIRA, A. J.; APENTA, A. S.; VIDIGA-FIHO, P. S.; MACHADO, M. F. P. S. Differencial esterase expression in leaves of Manihot esculenta Crantz infected by Xanthomonas axonopodis pv. Manihotis. Biochm. Genet. v. 39, p. 289-296, 2001.