MCH1473 A MODALIDADE FALADA E AS REGRAS GRAMATICAIS DA LÍNGUA INGLESA SOB O ENFOQUE DA GRAMÁTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL



Documentos relacionados
Renata Aparecida de Freitas

O JULGAMENTO DE ESTIMA SOCIAL NOS DISCURSOS DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO CONTINUADA ASSIS-BRASIL, Angela Medeiros de 1

PROJETO DE PESQUISA: Modelo Lingüístico-Discursivo para Análises de Narrativas de Falantes e Aprendizes de Língua Estrangeira

LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

Relação professor-aluno(s) em sala de aula: alguns aspectos que promovem a interação.

IMPLICAÇÕES DO ESTUDO DAS INTERACÇÕES VERBAIS PARA O ESTUDO DA LINGUAGEM E DA COMUNICAÇÃO. Adriano Duarte Rodrigues

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

DISCURSO DOCENTE NO CURSO DE LETRAS: UMA ANÁLISE DE AVALIATIVIDADE

RESENHA DE COHESION IN ENGLISH,

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Crenças, emoções e competências de professores de LE em EaD

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE INSTITUTO DE LETRAS E ARTES CONCURSO PÚBLICO PROFESSOR ASSISTENTE EM LÍNGUA INGLESA. EDITAL No.

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico. Eixo Tecnológico: CONTROLE E PROCESSOS INDUSTRIAIS

AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS E DE PROJECTOS PEDAGÓGICOS

Ensino Técnico Integrado ao Médio FORMAÇÃO GERAL. Ensino Médio

O ENSINO DE INGLÊS NA ESCOLA NAVAL Profa. Dra. Ana Paula Araujo Silva Escola Naval

Interface Homem-Computador

Gestão da Informação e do Conhecimento

ANÁLISE DE COMPREENSÃO DE TEXTO ESCRITO EM LÍNGUA INGLESA COM BASE EM GÊNEROS (BIOGRAFIA).

INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA INGLÊS LE I (2 anos) 2015

RECURSOS DA INTERNET PARA O USO PEDAGÓGICO NAS AULAS DE

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática

O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL PROPAGANDA

LINGUAGEM, LÍNGUA, LINGÜÍSTICA MARGARIDA PETTER

A Educação Bilíngüe. » Objetivo do modelo bilíngüe, segundo Skliar:

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo: 184 Parábola Editorial, 2010.

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

Programa da Unidade Curricular

III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais

Estudo de um Sistema de Gêneros em um Curso Universitário

O E-TEXTO E A CRIAÇÃO DE NOVAS MODALIDADES EXPRESSIVAS. Palavras-chave: texto, , linguagem, oralidade, escrita.

Gestão do Conhecimento

Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Plano de Trabalho Docente 2015

SOCIEDADE E TEORIA DA AÇÃO SOCIAL

ensino encontra-se no próprio discurso dos alunos, que, no início do ano, quando se resolve adotar determinado livro, perguntam: Professor, tem

SEU INGLÊS ESTÁ PRONTO PARA O CANADÁ?

Objetivos. Introdução. Letras Português/Espanhol Prof.: Daniel A. Costa O. da Cruz. Libras: A primeira língua dos surdos brasileiros

Desafio Profissional PÓS-GRADUAÇÃO Gestão de Projetos - Módulo C Prof. Me. Valter Castelhano de Oliveira

A constituição do sujeito em Michel Foucault: práticas de sujeição e práticas de subjetivação

7 Referências bibliográficas

Agrupamento de Escolas de Porto de Mós Informação-Prova de Equivalência à Frequência

O DISCURSO EXPOSITIVO ESCRITO NO ENSINO FUNDAMENTAL. UM ENFOQUE COGNITIVISTA E SEUS DESDOBRAMENTOS DIDÁTICOS

EMOÇÕES NA ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA. Palavras-chave: escrita, afetividade, ensino/aprendizagem, língua inglesa

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

A ATIVIDADE DE RESUMO PARA AVALIAR A COMPREENSÃO DE TEXTOS EM PROVAS DE PROFICIÊNCIA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

9 Como o aluno (pré)adolescente vê o livro didático de inglês

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

COMUNICACÃO FALA E LINGUAGEM

TECHONOLOGY FOR SECOND LANGUAGE LEARNING

Orientadora: Profª Drª Telma Ferraz Leal. 1 Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE.

Inglês básico nível fundamental

PROVA 367. (Dec.- Lei n.º 139/2012, de 5 de julho) 2014/ ª e 2.ª Fases

A influência das Representações Sociais na Docência no Ensino Superior

Análise e Desenvolvimento de Sistemas ADS Programação Orientada a Obejeto POO 3º Semestre AULA 03 - INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETO (POO)

TALKING ABOUT THE PRESENT TIME

Etnomatemática se ensina? 1 Ubiratan D Ambrosio 2

1 Introdução. 1.1 Apresentação do tema

Ementas aprovadas nos Departamentos (as disciplinas obrigatórias semestrais estão indicadas; as demais são anuais)

NA POSTURA DO PROFESSOR, O SUCESSO DA APRENDIZAGEM

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

TRABALHO LABORATORIAL NO ENSINO DAS CIÊNCIAS: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE FUTUROS PROFESSORES DE BIOLOGIA E GEOLOGIA

AS CONTRIBUIÇÕES DO SUJEITO PESQUISADOR NAS AULAS DE LEITURA: CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS ATRAVÉS DAS IMAGENS

7 Conclusões e caminhos futuros

O PAPEL SOCIAL DA LÍNGUA: O PODER DAS VARIEDADES LINGÜÍSTICAS Carmen Elena das Chagas (UFF/UNESA) carmenelena@bol.com.br

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA GRADUAÇÃO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA E ESTATÍSTICA DATA MINING EM VÍDEOS

INDISCIPLINA ESCOLAR E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA ANÁLISE SOB AS ÓTICAS MORAL E INSTITUCIONAL

24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano

PLANO DE ENSINO. Unidade curricular INICIAÇÃO AOS ESTUDOS LINGUISTICOS. Carga Horária Prática -

Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro

Percursos Teóricos-metodológicos em Ciências Humanas e Sociais


BRITO, Jéssika Pereira Universidade Estadual da Paraíba

Validório, Valéria Cristiane 1

ATIVIDADES DE LEITURA CRÍTICA DE TEXTOS MULTIMODAIS NAS AULAS DE INGLÊS

Hans J. Vermeer Skopos and commission in translational action

judgment EM PERSPECTIVA:

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2202D - Comunicação Social: Jornalismo. Ênfase. Disciplina A - Língua Inglesa I

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

As pesquisas podem ser agrupadas de acordo com diferentes critérios e nomenclaturas. Por exemplo, elas podem ser classificadas de acordo com:

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - CETEC. Ensino Técnico. Qualificação: Auxiliar de Informática. Professora: Fabiana Marcasso

AS RELAÇÕES DE PODER, GÊNERO E SEXUALIDADES ENTRE DISCENTES E DOCENTES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA - UEPG, PARANÁ.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: ORALIDADE

COMISSÃO DE TRABALHO ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO. PROJETO DE LEI N.º 4.673, DE 2004 (Apenso n.º de 2005)

INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA. Disciplina Inglês. Prova Tipo de Prova Escrita e Oral. Ensino Secundário

COMO ABORDAR O TEMA ACESSIBILIDADE EM SALA DE AULA

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Currículo do Curso de Licenciatura em Filosofia

Mudanças didáticas e pedagógicas no ensino de Língua Portuguesa

Escola Secundária com 3º Ciclo de Manuel da Fonseca Santiago do Cacém

Gabarito de Inglês. Question 6. Question 1. Question 7. Question 2. Question 8. Question 3. Question 9. Question 4. Question 10.

RESPOSTA FÍSICA TOTAL

Inclusão Digital em Contextos Sociais

V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO.

Psicopedagogia Institucional

5 DISCUSSÃO DE DADOS. 5.1 Referente ao conhecimento como construção social

Escola Secundária Dr. João Manuel da Costa Delgado

Transcrição:

III Congresso Internacional de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento 20 a 22 de outubro de 2014 CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL MCH1473 A MODALIDADE FALADA E AS REGRAS GRAMATICAIS DA LÍNGUA INGLESA SOB O ENFOQUE DA GRAMÁTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL BRUNA MARZULLO brunilda2@gmail.com LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM PUC-SP ORIENTADOR(A) SUMIKO NISHITANI IKEDA PUC-SP

A ORALIDADE NO INGLÊS SOB O ENFOQUE DA GRAMÁTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL Resumo O objetivo desta pesquisa é examinar, no inglês falado, a questão da expectativa linguística em relação à polidez, tendo em vista que a oração, além de transmitir uma mensagem, também se organiza como um evento interativo, envolvendo falante e ouvinte. O exame das interações orais em inglês enfocará: a modalidade (envolvendo a modalização e a modulação) e a avaliação (recorrendo à noção de Avaliatividade explícita ou implícita). A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Qual é o papel da modalidade em relação à polidez na conversa do falante do inglês? (b) Que elementos avaliativos aumentam (ou diminuem) o grau de polidez? Para tanto, a análise das interlocuções terá o apoio da Gramática Sistêmico-Funcional, da teoria da polidez e da Avaliatividade. Palavras-chave: Inglês. Modalidade. Avaliatividade. Gramática Sistêmico-Funcional.

THE ORALITY IN ENGLISH ON THE PERSPECTIVE OF SYSTEMIC FUNCTIONAL GRAMMAR Abstract This research aims to examine, in spoken English, the matter of linguistic expectation concerning politeness taking into consideration that sentences, besides transmitting a message, is also an interactive event involving speaker and listener. Examination of the oral interaction in English focuses on: the system (involving modality and modulation) and evaluation (using the notion of explicit or implicit appraisal). The research should answer the following questions: (a) What is the role of modality in relation to politeness in conversation of an English speaker? (b) What evaluative elements increase (or decrease) the degree of politeness? For both, the analysis of these conversations basically have the support of the Systemic Functional Grammar, complemented by the theory of politeness and Appraisal. Key words: English. Modality. Appraisal. Systemic Functional Grammar

1 INTRODUÇÃO O objetivo desta pesquisa é examinar, no inglês falado, a questão da expectativa linguística em relação à polidez, tendo em vista que a oração, além de transmitir uma mensagem, também se organiza como um evento interativo, envolvendo falante e ouvinte. Creio que as escolhas léxico-gramaticais que caracterizam uma interação oral autêntica em inglês ainda não mereceram a devida atenção de pesquisas que pudessem redundar em proveito para aprendizes falantes do português. As pesquisas linguísticas de hoje requerem a análise de produtos autênticos das interações sociais, levando em conta o contexto cultural e social em que ocorrem, a fim de entender a qualidade dos textos: por que um texto significa o que significa e por que ele é avaliado como o é. Em uma interação verbal tanto oral, quanto escrita - há o que chamamos de expectativa linguística, que envolve vários fatores, dentre os quais a questão do nível de formalidade linguística adequada ao contexto de situação uma questão fortemente influenciada pela cultura e que deve ser respeitada com risco de insucesso na comunicação. O exame das interações orais em inglês, tendo em vista a polidez, enfocará basicamente: a Modalidade (envolvendo a Modalização e a Modulação) e a Avaliatividade (envolvendo a avaliação explícita ou implícita da mensagem ou dos interlocutores). A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) Qual é o papel da Modalidade em relação à polidez na conversa do falante do inglês? (b) Que elementos da Avaliatividade aumentam (ou diminuem) o grau de polidez entre as duas línguas? Para tanto, a análise dessas interlocuções terá basicamente o apoio da proposta teóricometodológica da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), complementada pela teoria da polidez e da Avaliatividade, uma extensão da metafunção interpessoal da GSF. 2 REFERENCIAL TEÓRICO A pesquisa apoia-se basicamente na Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) (HALLIDAY, 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), que tem incorporado a visão de mundo da 'hipótese Sapir-Whorf', de que a linguagem incorpora interpretações de mundo particulares a cada língua; A GSF envolve, em sua metafunção interpessoal, as noções de Avaliatividade - o posicionamento do escritor/falante perante o interlocutor, bem como da Linguística Crítica - o fato de que qualquer aspecto da estrutura lingüística carrega significação ideológica (FOWLER, 1991). Nesse contexto, incluo as noções de atos de fala indiretos (GRICE, 1975; HOLTGRAVES, 1998); polidez (BROWN; LEVINSON, 1987) e intersubjetividade (KÄRKKÄINEN, 2006). 2.1 O Determinismo Linguístico Creio que um dos fatores que desempenha papel importante na maneira como falantes de línguas diferentes usam a língua de maneira diferente mesmo diante de uma única situação pode ser mais bem entendida com a ajuda da hipótese do Determinismo Linguístico. Mais recentemente, essa questão tem sido abordada por meio da noção de frame ou enquadre mental, fenômeno pelo qual a mesma realidade pode ser vista sob ângulos muito diferentes, de acordo com o conhecimento de mundo que a pessoa traz para o contexto. A hipótese de que línguas diferentes influenciam o pensamento de maneiras diferentes existe desde o início da filosofia, segundo Slobin (1980), sendo conhecida

como determinismo linguístico (ou relatividade linguística, quando aplicada a uma determinada língua) e também como hipótese whorfiana, em homenagem a Benjamin Lee Whorf, que devotou grande atenção ao problema (WHORF, 1956). 2.2 A Gramática Sistêmico-Funcional A Gramática Sistêmico-Funcional (doravante, GSF) é uma teoria iniciada por Michael Halliday (1985, 1994) segundo a qual a língua é formada por muitos sistemas, cada um representando um tipo de escolha (geralmente inconsciente) de sentido feito pelos falantes (daí o nome sistêmico); além disso, essas escolhas servem para os falantes realizarem coisas com a língua (daí o nome funcional). Segundo Halliday, os usuários da língua não interagem apenas para trocar sons uns com outros, nem palavras ou sentenças, mas para construir significados ou metafunções (três) simultâneos: Ideacional (conteúdo, assunto), Interpessoal (relações entre os interlocutores) e Textual (organização da fala ou da escrita, de acordo com seu propósito e as exigências do meio sócio-histórico-cultural), a fim de entender o mundo e o outro. Essas metafunções agem juntas: cada palavra que dizemos realiza as três metafunções. E como faz a língua para manipular três tipos de significados simultaneamente? A língua possui um nível intermediário de codificação: a léxicogramática. É esse nível que possibilita à língua construir três significados concomitantes, e eles entram no texto através das orações. Daí porque Halliday dizer que a descrição gramatical é essencial à análise Textual. Por outro lado, a noção de escolha é importante para a teoria: quando se faz uma escolha no sistema linguístico, o que se escreve ou o que se diz adquire significado contra um fundo em que se encontram as escolhas que poderiam ter sido feitas. 2.3 A importância da relação língua e contexto Por outro lado, é imprescindível para a sistêmica a consideração da inter-relação língua e contexto. O antropólogo Branislaw Malinowski (1923/46, 1935), trabalhando nas Ilhas Trobriand, verificou que a tradução da língua dos habitantes dessa ilha para o inglês requeria o conhecimento da sua cultura e das circunstâncias em que ocorriam as suas interlocuções. É dele o termo contexto situacional. Sabe-se que a língua varia de acordo com as situações de uso. Mas é difícil formalizar a natureza dessa relação. Parece que certos elementos da situação têm um efeito sobre a língua enquanto outros não. J.R.Firth (1935, 1950, 1951), influenciado pelo trabalho de Malinowski, desenvolveu uma teoria geral do significado-em-contexto. Para ele, a descrição do contexto permite predizer a língua que será usada e vice-versa. A abordagem sistêmico-funcional considera dois níveis de contexto: o cultural (mais abstrato) e o situacional e está interessada em examinar como o contexto entra no texto: (a) por meio da estrutura esquemática (ou genérica), ou GÊNERO, [contexto cultural] responsável pelo modo como as pessoas usam a língua para atingir metas culturalmente reconhecíveis (e.g., o modo como se indica a localização de uma rua difere de lugar para lugar: na cidade ou no interior de São Paulo, em Tóquio, etc.);

(b) por meio do REGISTRO [contexto situacional], que explica por que um gênero tem mais possibilidade de surgir num contexto que noutro. O registro fornece à abstrata estrutura esquemática do gênero certos detalhes como: as pessoas envolvidas (Relações), o assunto (Campo) e o papel da língua no evento relatado (Modo). Portanto, ao fazermos perguntas funcionais, não é suficiente enfocarmos somente a língua, mas a língua usada em um contexto. 2.4 A Avaliatividade Na GSF, diz Martin (2000), o sistema Interpessoal têm sido gramatical em sua base, funcionando no nível da oração, em que Mood e Modalidade servem como pontos de partida para o desenvolvimento de modelos (da função de fala, estrutura de troca, etc. HALLIDAY 1984; VENTOLA 1987). A tradição-baseada-na-gramática tem focalizado o diálogo como uma troca de bens & serviços ou de informação. O que tendeu a ser omitido pelas abordagens da GSF é a semântica da avaliação como os interlocutores estão sentindo, os julgamentos éticos que eles fazem e a apreciação estética de vários fenômenos de sua experiência. Nos exemplos do Quadro (5), é evidente que em diálogos como esses é mais que uma simples troca de bens & serviços ou de informação. Juntamente com modelos baseados-na-gramática, então, precisamos elaborar sistemas lexicalmente-orientados que tratem também desses elementos 2.5 A Teoria da Polidez A teoria da polidez está relacionada a princípios que regem a interação verbal e consiste na posição tomada pelo falante em relação ao seu interlocutor e ao conteúdo proposicional do ato de fala que profere (BROWN, LEVINSON, 1987). Brown e Levinson (1987) dizem que a teoria da polidez está pressuposta em todas as sociedades, não importando as variações de interpretação a ela dadas nos grupos e nas diferentes situações. 2.6 A intersubjetividade Kärkkäinen (2006) afirma que a atitude no discurso não é a apresentação linguística transparente de estados internos de conhecimento, mas emerge da interação dialógica entre interlocutores. Assim, a atitude é mais apropriadamente vista de um ponto intersubjetivo, e não, primordialmente, como uma dimensão subjetiva da linguagem. Kärkkäinen (2006) trata de um fato aceito na antropologia linguística e na análise da conversa: de que os significados são coconstruídos e sociais por natureza. Quando a perspectiva avaliativa, afetiva e epistêmica do falante se reflete em suas escolhas linguística, estamos falando da função expressiva, emotiva, afetiva ou atitudinal da linguagem, em oposição à função referencial, cognitiva ou descritiva. As pesquisas estão começando a mostrar que não somente as categorias gramaticais como termos dêiticos, modo, modalidade, tempo verbal e evidênciais são índices do ponto de vista ou atitude do falante, mas também que o nosso uso da linguagem diária é inerentemente subjetivo, em muitos, senão na maioria, dos casos. 3 MÉTODOS

Este estudo caracteriza-se como uma análise qualitativa com tratamento interpretativo. Para Moita Lopes (2001), a análise interpretativa é um procedimento que tem encontrando grande respaldo e preferência por parte dos pesquisadores em Linguística Aplicada, por entenderem o modelo como revelador de um conhecimento que não está ao alcance da tradição positivista de pesquisa, por basear-se em perspectivas fenomenológicas, hermenêuticas e interacionistas. Transcrição de trecho das entrevistas em inglês para o Programa Late Night Show with David Letterman, no canal CBS, e exibido pelo canal brasileiro GNT nos dias 12/08/2010 e 03/06/2011. As legendas em português da entrevista foram transcritas de acordo com o vídeo disponibilizado pelo site da emissora GNT. Participantes: David Letterman, entrevistador; Julia Roberts, atriz, e Juliana Margulies, atriz. 3.1 Procedimentos de Análise A análise da entrevista seguirá os seguintes passos: oo trecho será analisado em termos de escolhas léxico-gramaticais referentes às metafunções Ideacional e Interpessoal. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise das metafunções permite verificar três significados presentes no enunciado: a informação (ideacional); elementos que propiciam a interação (interpessoal) e, finalmente, a construção do enunciado (textual). Sendo assim, espera-se que, ao verificar a Avaliatividade, seja possível verificar também a quantidade e a qualidade das avaliações feitas na fala original em inglês. Concomitantemente, será verificada a questão da polidez: em que medida ocorrem ou não as ameaças à face e a realização da polidez positiva ou negativa. REFERÊNCIAS BROWN, P.; LEVINSON, S. Politeness: Some universals in language usage. Cambridge: Cambridge University Press, 1987. BYRNES, H. Interactional style in German and American Conversations. Text 6.2, 1986. CHAFE, Wallace. The flow of ideas in a sample of written language. In: Mann, W.C. & Thompson, S.A. (eds.) Discourse description: Diverse linguistic analyses of a fundraising text. Amsterdam: John Benjamins Publ. Co., 1992. COOK, G. The Discourse of Advertising. Londres: Routledge and Kegan Paul, 1992. DOWNING, Laura Hidalgo. Text world creation in advertising discourse. laura.hidalgo@uam.es. Universidad Autônoma de Madrid, 2003.

DU BOIS, J. Taking a stance: Constituting the stance differential in dialogic interaction. Artigo apresentado na the Annual Meeting of the American Anthropological Association, San Francisco, November 18, 2000. The intersubjectivity of interaction. Artigo apresentado no Tenth Biennial Rice University Symposium on Linguistics: Rice University, 2004. DUFF, P. A. The Oxford Handbook of Applied Linguistics. In: EGGINS, Suzanne & SLADE, Diana. Analysing casual conversation. Londres: CASSELL, 1997. EGGINS, S. (1994). An Introduction to Systemic Functional Linguistics. London: Pinter KAPLAN, Robert B. (Ed.). Oxford: Oxford University Press, 2002, p. 13-23. FAIRCLOUGH, Norman. Discourse and social change. Cambridge: Polity Press, 1992. FAUCONNIER, G. Mental Spaces. Cambridge: Cambridge University Press, 1985. FILLMORE, C.J. (1982) "Frame Semantics". In: Linguistic Spciety of Korea (ed) Lintuistics in the Morning Calm, III-37. Seoul: Hanshin Publ.Co. FORD, Cecilia E. Dialogic aspects of talk and writing: because on the interactive-edited continuum. Text, n. 14, p. 531-554, 1994. FOWLER. R. Linguistic Criticism. Oxford: Oxford University Press, 1986. GOFFMAN, E. Interaction Ritual: Essays on Face-to-Face Behavior. Anchor Books, 1967.. "Footing". In RIBEIRO, Branca Telles; GARCEZ, Pedro M. (orgs.) Sociolinguística Interacional: antropologia, linguística e sociologia em análise do discurso. Porto Alegre: Age, 1998 HALLIDAY, M.A.K. Intonation and Grammar in British English. The Hague: Mouton, 1967. Language as code and language as behaviour: a systemic-functional interpretation of the nature and ontogenesis of dialogue, in Robin Fawcett et al. (eds.), The Semiotics of Culture and Language, vol. I: Language as Social Semiotics. Londres e NY: Pinter, 1984. An Introduction to Functional Grammar. Londres: Edward Arnold, 1985. An Introduction to Functional Grammar. Londres: Edward Arnold, 1994. [revisado por MATHIESSEN, C.M.I.M.] An introduction to functional grammar. Londres: Arnold, 2004. HALLIDAY, M.A.K. e HASAN, R. Cohesion in English. Londres: Longman, 1976. HOLTGRAVES, T. Interpreting Indirect Replies. Cognitive Psychology, 37, 1998. HUNSTON, S. Evaluation and organization in a sample of written academic discourse. In Coulthard (119-218), 1994. KÄRKKÄINEN, Elise. Stance taking in conversation: From subjectivity to intersubjectivity. Text & Talk 26.6 (699-731), 2006. KITIS, Eliza; MILAPIDES, Michelis. Read it and believe it: How metaphor constructs ideology in news discourse. A case study. Journal of Pragmatics 28 (557-590), 1997. KOCH, Ingedore G.V. et al. Aspectos do processamento do fluxo de informação no discurso oral dialogado. In: CASTILHO, A.T. de (org.) Gramática do Português Falado. Vol I: A ordem. FAPESP, 1990. LAKOFF, G. e M. Johnson. Metaphors We Live By. Chicago: The University of Chicago Press, 1980. LAM, Marvin; WEBSTER, Jonathan. The lexicogrammatical reflection of interpersonal relationship in conversation. Discourse Studies, 11.1, 2009. LATOUR, B.; WOOLGAR, S. The laboratory life: The social construction of scientific facts, Los Angeles: Sage, 1979.

MACKEN-HORARIK, M. Interacting with the multimodal text: reflections on image and verbiage in ArtExpress. Visual Communication 3.1, 2004, p. 5-26. MARTIN, J.R. English Text: System and Structure. Philadelphia/Amsterdam: John Benjamins, 1992. Beyond Exchange: APPRAISAL Systems in English, in Evaluation in Text, Hunston, S.; Thompson, G. (eds), Oxford, Oxford University Press, 2000. Introduction. Text 23.2 (171-182), 2003. MOITA LOPES, L.P. Padrões interacionais em sala de aula de Língua Materna: conflitos culturais ou resistência. In: Cox, M.I.; Assis-Petterson, A. A. Cenas de sala de aula. Campinas: Mercado de Letras, 2001. NORRIS, Sigrid. The implication of visual research for discourse analysis: transcription beyond language. Visual Communication, v. 1, n. 1, 2002, p. 97-121. OCHS, E. Transcriptions as Theory. In E. Ochs, and Schieffelin, B. (Ed.), In Developmental Pragmatics. New York, NY: Academic Press. SAPIR, E. (1929): The Status of Linguistics as a Science. In E. Sapir (1958): Culture, Language and Personality (ed. D. G. Mandelbaum). Berkeley, CA: University of California Press SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. SP: Editora Cultrix, 1995. SEMINO, E. Language and World Creation in poetry and other texts. Londres: Longman, 1997. SLOBIN, Dan I. Reference to movement in spoken and signed languages: Typological considerations, 1994.. Psicolinguística. São Paulo: Companhia Editora Nacional/EDUSP, 1980. TALMY, Leonard (1996) "The windowing of attention in language". In Shibatani, M. & Thomppson, S.A. (eds) VAN DIJK, T. A. Critical Discourse Studies: A Sociocognitive Approach. In Wodak, R. and Meyer, M. (eds) Methods of Critical Discourse Analysis. Londres: Sage, 2002, p. 95-120 Society in discourse: How context controls text and talk. Cambridge University Press, 2008. WERTH, P. Text Worlds: Representing Conceptual Space in Discourse. Londres: Longman, 1999. WERTH, P. World enough, and time: Deictic space and the interpretation of prose. P. Verdonk and J. Weber. Eds., 1995. p. 181-206. WHITE, P.R.R. Beyond modality and hedging: A dialogic view of the language of intersubjective stance. Text 23.2, 259-284, 2003. WHORF, B. L. Language, Thought, and Reality: Selected Writings of Benjamin Lee Whorf. Ed. John B. Carroll. Cambridge, MA: MIT Press, 1956.