Aluno(a): nº: Turma: Ano: 1º Ano EM Data: / /2016 Trabalho Recuperação Nota Professor(a): Tatiana Lanini Matéria: Literatura Valor: 30,0 pts De acordo com a obra de Caio Fernando Abreu, responda: 1 - Qual o estilo literário de Caio Fernando Abreu. Justifique sua resposta. 2 - Quais suas características literárias? Explique. TEXTO A BANDA Estava à toa na vida O meu amor me chamou A minha gente sofrida Despediu-se da dor O homem sério que contava dinheiro parou O faroleiro que contava vantagem parou A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem A moça triste que vivia calada sorriu A rosa triste que vivia fechada se abriu E a meninada toda se assanhou Estava à toa na vida O meu amor me chamou A minha gente sofrida Despediu-se da dor O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou A moça feia debruçou na janela Pensando que a banda tocava pra ela A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu A lua cheia que vivia escondida surgiu Minha cidade toda se enfeitou cantando coisas de amor Mas para meu desencanto O que era doce acabou Tudo tomou seu lugar Depois que a banda passou (Chico Buarque de Hollanda)
03 - Tomando a música de Chico Buarque, que fatos, até então não corriqueiros para aquela cidade, ocorreram a partir da passagem da banda? Cite pelo menos três deles. Construção (Chico Buarque, 1971) Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfegobr /> Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o sábado Responda 04 - Que palavras do texto indicam as ações do operário? A que situações ela se referem? Sentou pra descansar como fosse um sábado / Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe / Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago /
05 - Aos trechos destacados constituem comparações. Você pôde perceber que Chico Buarque utilizou muitas vezes esse recurso em seu texto. Interprete essas três comparações e explique o efeito produzido no texto. 06 - É possível dizer que, logo no início do poema, há uma tragédia anunciada? Justifique. 07 - A repetição de ações diárias e sempre iguais mostra uma face do drama do operário. Copie o verso que comprova essa afirmação. 08 - Movimento concretista no Brasil tem traços originários na revista Noigandres, publicada em 1952. Contudo, como movimento literário, passou realmente a ganhar força a partir da Exposição Nacional de Arte em São Paulo. Dessa forma, explicite os conhecimentos de que dispõe acerca das características que o demarcaram.
Maio 1964 (fragmento) Na leiteria a tarde se reparte em iogurtes, coalhadas, copos de leite e no espelho meu rosto. São quatro horas da tarde, em maio. Tenho 33 anos e uma gastrite. Amo a vida que é cheia de crianças, de flores e mulheres, a vida, esse direito de estar no mundo, ter dois pés e mãos, uma cara e a fome de tudo, a esperança. Esse direito de todos que nenhum ato institucional ou constitucional pode cassar ou legar. Mas quantos amigos presos! quantos em cárceres escuros onde a tarde fede a urina e terror. Há muitas famílias sem rumo esta tarde nos subúrbios de ferro e gás onde brinca irremida a infância da classe operária.... Ferreira Gullar. Dentro da noite veloz. São Paulo: Círculo do Livro, s/d, p. 53. 09 - Comente a seguinte afirmação: Há inúmeros elementos no texto de Ferreira Gullar, a começar pelo título, que o aproximam de fatos da história brasileira recente. Percebe-se no poema o contraste entre os valores e sentimentos do eu lírico e a realidade por ele observada. 10 - As imagens do poema abaixo foram construídas com base na associação por similaridade, ou seja, são metafóricas. Identifique-as e comente seu efeito de sentido. Acordei bemol tudo estava sustenido sol fazia só não fazia sentido Paulo Leminski. Caprichos e relaxos.
Meu Povo, Meu Poema - Ferreira Gullar Meu povo e meu poema crescem juntos como cresce no fruto a árvore nova No povo meu poema vai nascendo como no canavial nasce verde o açúcar No povo meu poema está maduro como o sol na garganta do futuro Meu povo em meu poema se reflete como a espiga se funde em terra fértil Ao povo seu poema aqui devolvo menos como quem canta do que planta Ferreira Gullar 11 - Que relação o texto estabelece entre poema e povo? Observe o poema abaixo, retirado de Muitas Vozes (1999), de Ferreira Gullar: Volta a São Luís Mal cheguei e já te ouvi gritar pra mim: bem te vi E a brisa é festa nas folhas ah, que saudade de mim! O tempo eterno é presente no teu canto, bem te vi (vindo do fundo da vida como no passado ouvi) E logo os outros repetem: bem te vi, te vi, te vi Como outrora, como agora como no passado ouvi (vindo do fundo da vida) Meu coração diz pra si: as aves que lá gorjeiam não gorjeiam como aqui. A respeito do texto, responda: Trata-se de um poema em que se destaca a tematização da memória, com o retorno do eu lírico à cidade natal e às emoções a que ela se liga. 12. Há regularidade métrica no poema?justifique.
Linda, uma história horrível Caio Fernando Abreu Só depois de apertar muitas vezes a campainha foi que escutou o rumor de passos descendo a escada. E reviu o tapete fasto, antigamente púrpura, depois apenas vermelho, mais tarde rosa cada vez mais claro agora, que cor? e ouviu o latido desafinado de um cão, uma tosse noturna, ruídos secos, então sentiu a luz acesa do interior da casa filtrada pelo vidro cair sobre sua cara de barba por fazer, três dias. Meteu as mãos nos bolsos, procurou um cigarro ou um chaveiro para rodar entre os dedos, antes que se abrisse a janelinha no alto da porta. Enquadrado pelo retângulo, o rosto dela apertava os olhos para vê-lo melhor. Mediram-se um pouco assim de fora, de dentro da casa, até ela afastar o rosto, sem nenhuma surpresa. Estava mais velha, viu ao entrar. E mais amarga, percebeu depois. Tu não avisou que vinha ela resmungou no seu velho jeito azedo, que antigamente ele não compreendia. Mas agora, tantos anos depois, aprendera a traduzir como que-saudade, seja-benvindo, que-bom-ver-você ou qualquer coisa assim. Mais carinhosa, embora inábil. Abraçou-a desajeitado. Não era um hábito, contatos, afagos. Afundou tonto, rápido, naquele cheio conhecido cigarro, cebola, cachorro, sabonete, creme de beleza e carne velha, sozinha há anos. Segurando-o pelas duas orelhas, como de costume, ela o beijou na testa. Depois foi puxando-o pela mão, para dentro. A senhora não tem telefone explicou Resolvi fazer uma surpresa. Acendendo luzes, certa ânsia, ela o puxava cada vez mais para dentro. Mal podia rever a escada, a estante, a cristaleira, os porta-retratos empoeirados. A cadela se enroscou nas pernas dele, ganindo baixinho. Sai, Linda ela gritou, ameaçando um pontapé. A cadela pulou de lado, ela riu. Só ameaço, ela respeita. Coitada, quase cega. Uma inútil, sarnenta. Só sabe dormir, comer e cegar, esperando a morte. [...] Moriconi, Ítalo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 502-503. (Fragmento) 13. (FUVEST) O trecho do conto descreve o encontro de um filho e de uma mãe. Comente como os valores contemporâneos definem a cena. 14. Há ironia no título. Explicite-a.
Observe o poema abaixo, retirado de Muitas Vozes (1999), de Ferreira Gullar: Volta a São Luís Mal cheguei e já te ouvi gritar pra mim: bem te vi E a brisa é festa nas folhas ah, que saudade de mim! O tempo eterno é presente no teu canto, bem te vi (vindo do fundo da vida E logo os outros repetem: bem te vi, te vi, te vi Como outrora, como agora como no passado ouvi (vindo do fundo da vida) Meu coração diz pra si: as aves que lá gorjeiam não gorjeiam como aqui como no passado ouvi). A respeito do texto, responda: Trata-se de um poema em que se destaca a tematização da memória, com o retorno do eu lírico à cidade natal e às emoções a que ela se liga. 15 - Há regularidade métrica no poema?