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Transcrição:

10ª CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº 0036769-73.2009.8.19.0038 APTE 1: IZABEL CRISTINA MUNIZ DA SILVA APTE 2: BANCO IBI S A BANCO MULTIPLO APDOS: OS MESMOS RELATOR: DES. JOSÉ CARLOS VARANDA (VENCIDO) C.R.:1 VOTO VENCIDO Ação de Prestação de contas proposta por usuária de cartão de crédito, questionando os encargos que lhe estariam sendo exigidos. Ação que no caso concreto não se presta ao fim desejado, se afastando da finalidade prevista no art. 914 do CPC. O procedimento especial da ação de prestação de contas foi concebido em direito processual com a destinação específica de compor os litígios em que a pretensão, no fundo, se volte para o esclarecimento de certas situações resultantes, no geral, da administração de bens alheios. Inexiste no caso, qualquer modalidade de administração de bens alheios. Manifesta intenção da parte em discutir cláusulas contratuais, taxa de juros e anatocismo. Carência de ação que se decreta.

2 abaixo elencadas. Ousei divergir da d. e i. maioria, conforme as razões 1. Com efeito, cogitava de processo no qual encontrava embutida uma Ação de Prestação de Contas, a qual na verdade não se presta aos fins do art.914 do CPC. 2. Ora, sabe-se que a prestação de contas é devida por quantos administram bens de terceiros ainda que não exista mandato; 3. A prestação de contas tem por objetivo a verificação da correta aplicação dos recursos pelo administrador, depositário, mandatário ou por outras pessoas que tem a obrigação de demonstrar a lisura na utilização de recursos de terceiros. Por outro lado, busca-se a constatação da existência ou não de saldo devedor ou credor. Moacyr Amaral Santos, ao tratar do tema afirma que a expressão prestação de contas, "no sentido jurídico e específico, é todo um instrumento de determinação de certeza do saldo credor ou devedor daquele que administra ou guarda bens alheios". (Ações cominatórias no direito brasileiro, São Paulo: Max Limonad, 1958, t. II, 2ª tiragem, p. 353). alguém exposição 4. Segundo a boa doutrina, prestar contas significa fazer a outrem, pormenorizadamente, parcela por parcela a dos componentes do débito e crédito resultantes de

3 determinada relação jurídica, concluindo pela apuração aritmética do saldo credor ou devedor, ou de sua existência. A natureza dessa relação jurídica pode variar muito; de um modo geral, pode-se dizer que deve contas quem quer que administre bens, negócios ou interesses de outrem, a qualquer título. Há de prestar contas por outras palavras, aquele que efetua e recebe pagamentos por conta de outrem, movimentando recursos próprios ou daquele em cujo interesse se realizam os pagamentos e recebimentos. (Adroaldo Furtado Fabrício, Com. CPC, vol.iii, tomo III, Ed. Forense, 1980, pág.387); 5. Por sua vez, Humberto Theodoro Junior, assim se manifesta: O procedimento especial da ação de prestação de contas foi concebido em direito processual com a destinação específica de compor os litígios em que a pretensão, no fundo, se volte para o esclarecimento de certas situações resultantes, no geral, da administração de bens alheios. Na verdade, todos aqueles que tem ou tiveram bens alheios sob sua guarda e administração devem prestar contas, isto é, devem apresentar a relação discriminada das importâncias recebidas e despendidas, em ordem a fixar o saldo credor, se as despesas superam a receita, ou o saldo devedor, na hipótese contrária, ou até mesmo a inexistência de saldo, caso as despesas tenham se igualado às receitas. (Curso de Direito Processual Civil, vol. III, ed. Forense, 2000, pág.87);

4 6. Em vista disto, as contas deverão ser acompanhadas de documentos que comprovem as demonstrações mencionadas nos cálculos, possibilitando à outra parte verificar a veracidade dos lançamentos. As contas somente serão entendidas como prestadas, de forma a desobrigar aquele que tem o dever de prestá-las, após a aceitação das mesmas pela parte que tem direito de exigí-las. Assim é a lição do autor acima citado: "Na prestação de contas amigável, o adimplemento da obrigação, da parte daquele que deve apresentálas, completa-se com o fato de sua aceitação da parte daquele a quem são apresentadas. Sem o fato deste o ato não se perfaz: a prestação de contas caracteriza-se por ser eminentemente bilateral, dela participando necessariamente devedor e credor (Ações cominatórias no direito brasileiro, São Paulo: Max Limonad, 1958, t. II, 2ª tiragem, p. 373). 7. Portanto, pode-se concluir que, em sendo a finalidade da prestação de contas a obtenção da certeza quanto ao saldo credor ou devedor, obviamente, ambas as partes da relação jurídica devem concordar com os cálculos e demonstrativos apresentados, para que, as contas sejam tidas como prestadas. 8. Tendo em vista o escopo principal da ação de prestação de contas, isto é, a apuração de eventual saldo credor ou devedor, passaremos à análise do interesse de agir do autor nesta ação com procedimento especial.

5 9. O interesse de agir implica na utilidade na prestação da tutela jurisdicional. Nos dizeres de Candido Rangel Dinamarco, Antônio Carlos de Araújo Cintra e Ada Pellegrini Grinover: "É preciso, pois, sob esse prisma, que, em cada caso concreto, a prestação jurisdicional solicitada seja necessária e adequada. Repousa a necessidade da tutela jurisdicional na impossibilidade de se obter a satisfação do alegado direito sem a intercessão do Estado". (Teoria geral do processo 3. ed., São Paulo; Ed. RT, 1981, p. 222-223). 10. Enrico Tullio Liebman, quando discorre sobre o interesse de agir, afirma: "Interesse de agir decorre da necessidade de obter através do processo a proteção do interesse substancial; pressupõe, por isso, a assertativa de lesão desse interesse e a aptidão do provimento pedido a protegê-lo e satisfazê-lo". (Manual de Direito Processual Civil, 2. ed., tradução de Cândido Rangel Dinamarco, Rio de Janeiro: Forense, 1985, Vol. I, p. 155). Posteriormente, o autor conclui: "o interesse de agir é, em resumo, a relação de utilidade entre a afirmada lesão de um direito e o pronunciamento de tutela jurisdicional pedido. (Op. cit., p. 156). 11. Estabelecido o significado do interesse de agir como uma das condições da ação que corresponde à necessidade da tutela jurisdicional para ser reconhecido e fazer valer o direito e levando-se em conta a finalidade principal da ação de prestação de contas, qual seja, a obtenção de saldo devedor ou credor, pode-se afirmar que o interesse de agir do autor na ação de prestação de contas relaciona-

6 se com o reconhecimento pelo Estado da obrigação de serem-lhe prestadas as contas e, superada esta fase, que poderá nem mesmo existir, com a obtenção do saldo devedor ou credor resultante da relação jurídica a que as contas se referem. 12. Em vista disto, concluímos que o cliente de instituição financeira ou titular de cartão de crédito, que discorde dos lançamentos do extrato da conta-corrente ou da fatura mensal, é carecedor da ação, na medida em que o seu interesse de agir está na determinação, mediante a prestação da tutela jurisdicional, do saldo remanescente. Este, aliás é o objetivo principal da ação de prestação de contas; 13. Ainda que recente construção jurisprudencial (da qual ousamos discordar) venha admitindo a possibilidade e a necessidade do correntista ou titular de cartão de crédito exigir a prestação de contas da casa bancária onde é correntista ou da administradora, o caso em exame, não guarda relação com aquelas hipóteses; 14. No caso em tela, o que pretendia o autor da ação na realidade é discutir cláusulas contratuais, relativas a taxa de juros e a sua incidência no negócio jurídico bancário celebrado entre as partes. 15. Havia, portanto, uma manifesta carência de ação, pois como dito, esta ação não é a via adequada para a discussão de

7 cláusulas constantes de negócios jurídicos bancários, e muito menos, de taxas de juros e a eventual prática de anatocismo; 16. Portanto, não é a apelada parte legítima para a presente ação, razão pela qual o processo deve ser julgado extinto sem o exame do mérito, com fundamento no art.267, VI do CPC; 17. Assim, à conta dos fundamentos acima, dava provimento ao apelo do banco-réu, no sentido de julgar extinto o processo sem a resolução do mérito. Invertendo a sucumbência. Aplicando o art.12 da Lei 1060/50. Ficando prejudicado o 1º recurso. A sessão de julgamento ocorreu em 3 de julho do corrente ano, tendo os autos me sido entregues em 12 de julho de 2013, sendo devolvido com o respectivo voto vencido na data abaixo ratificada. R.J. 15/7/2013. DES. JOSÉ CARLOS VARANDA RELATOR VENCIDO