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Profissionais atalho Toda empresa precisa de sistemas, redes, equipamentos. O interior do Brasil tem empresas grandes, que precisam de TI tanto quanto as outras, mas que encontram dificuldades para obter produtos e serviços de TI principalmente serviços. Nesta mesaredonda, os executivos discutem problemas comuns. Um deles é bem conhecido por profissionais de TI: é difícil vender os projetos de TI dentro da empresa, que não se julga dona da TI. Outro problema são os fornecedores: concentrados nas grandes cidades, não dão a atenção de que os executivos de cidades menores precisam. Alguns deles criaram grupos de usuários, o que deu bons resultados. 52. outubro 2008. IH em busca de atenção Empresas grandes, que precisam de TI sofisticada, também existem fora das capitais. Para os gestores de TI dessas empresas, implementar projetos é muito mais difícil. Por um lado, eles estão longe da sede dos grandes fornecedores. Por outro, ainda precisam demonstrar a importância da informática às unidades de negócio. Os participantes do Tour Corporativo contam como é a vida de tocar projetos em condições longe das ideais. Coordenaram a mesa-redonda: Wilson Moherdaui, diretor editorial do Informática Hoje, e Marco Aurélio Gois dos Santos, repórter. Participaram: Almir Lucas Stasievski, gestor de tecnologia de informação da Tortuga Câmaras de Ar; Cláudio Roberto Pires, gerente de TI da Simoldes Plásticos Brasil; José Otávio Garcia, diretor de TI dos Laboratórios Médicos Dr. Sérgio Franco; Marcus Vinícius Coimbra de Almeida, gerente de TI da GMS Gestão e Manutenção em Saneamento Básico; Mário Toews, CIO da Arauco do Brasil; Pedro Thomasini, gerente corporativo de TI do Círculo Operário Caxiense; Rodrigo Ribas de Araújo, gerente da TI do Complexo de Ensino Superior do Brasil; Saul Kirienco, gerente de suporte e infra-estrutura da Cooperativa Agroindustrial Lar; e Wagner Rufato, gerente de TI região PR da Bunge Alimentos. IH Em que projetos vocês estão envolvidos agora? Saul Estou agora com dois projetos: site de backup e BI [business intelligence]. Mário A Arauco está crescendo, comprou uma fábrica de papel, uma fazenda, uma serraria. Meu desafio é profissionalizar a empresa. A equipe de informática era 70% dedicada a suporte e 30% a negócios. Consegui inverter as proporções. Os analistas de sistemas viraram analistas de negócios. Não é só uma mudança de títulos: mudou a mentalidade das pessoas. O Saul falou em BI. Nós estamos aprendendo que BI pode ser usado até na contabilidade. Mesmo tendo um ERP, todo mundo acaba apelando para o Excel, que não é confiável: alguém pode manipular, mudar os dados. O BI trabalha diretamente com informações do ERP, então é mais consistente. É interessante mostrar aos usuários quem pode se beneficiar do BI. Saul Faz três anos que estamos pensando em BI. Nosso ERP foi desenvolvido por um funcionário. Quando um diretor quer um relatório específico, o analista mexe no sistema e produz o relatório. Então fica mais difícil justificar o investimento em BI, porque as coisas estão acontecendo, e um bom produto custa caro. Para convencer a diretoria, eu preciso primeiro conhecer bem o BI que quero comprar. IH Wagner, como isso funciona na Bunge? Wagner A Bunge é dividida por estado. Eu trabalho na Bunge há dez anos, gerencio a TI no Paraná. Temos 20 unidades no Paraná, a maioria dedicada ao agronegócio. Estou instalando um ERP. Já era para estar bem mais avançado, eu queria terminar esse projeto em 2009. Mas agora estou reavaliando a migração. Já migrei alguns setores menos críticos. Deixei para o final o agronegócio e faturamento em si, a parte de expedição, tudo o que gera receita diretamente. Lucas Na Tortuga, o projeto de ERP se arrastava desde 2003. Quando eu cheguei, há um ano, a diretora administrativa me deu a missão de consertar a produção. Havia um excesso de controles de produção, eu simplifiquei. Eram 12 estágios, reduzi para três. Durante as entrevistas com os diretores para implementar o ERP, percebi que eles precisavam de uma ferramenta de BI. Comecei a implementação do BI pela área comercial. Agora estou Os analistas de sistemas viraram analistas de negócios. Não é só uma mudança de títulos: mudou a mentalidade das pessoas. Mário, da Arauco.

Havia um excesso de controles de produção, eu simplifiquei. Eram 12 estágios, reduzi para três. Lucas, da Tortuga. terminando de implementar na área de produção, comecei na área financeira e depois vou para o RH. Pretendo terminar tudo em dezembro. IH O que você aprendeu nesses projetos? Lucas Que você não faz nada se não tiver um planejamento. Wagner Mas um projeto bem planejado também pode dar errado. É preciso calcular melhor o tempo de cada fase do projeto, para uma fase não atropelar a outra. José Otávio Alguma coisa sempre vai dar errado. É importante ter um patrocinador do projeto, mas esse patrocinador precisa se envolver de verdade. IH Quem é o patrocinador ideal? Wagner O patrocinador tem que conhecer o negócio todo para o projeto ter sucesso. Tem que entrar no caminhão de soja, ver como carrega, o que faz depois que carrega, como faz para pesar. Marcus Vinícius O patrocinador é indispensável. Nós assumimos uma concessão de água e esgoto em Rezende, no sul do Rio de Janeiro. Colocamos a empresa no ar em um mês. Era dezembro, com festas de fim de ano e tudo. Implementamos o ERP com mais facilidade, porque tinha um patrocinador forte. Em outras empresas do grupo é uma bagunça, o ERP não funciona direito. Lucas Nós temos sorte: nosso patrocinador é o dono da empresa. Marcus Vinícius Muitas vezes a diretoria patrocina, mas no sentido de bancar mesmo, de assinar o cheque. Quando eu falo em patrocinador, estou pensando em alguém que abrace o projeto. Cláudio O líder do projeto também precisa saber vender o projeto. Se você vender bem a idéia para o presidente, vai ter um parceirão dali por diante. Marcus Vinícius Eu sou um péssimo vendedor. Eu faço com que as pessoas comprem. Trago pessoas de fora, faço workshops. Agora mesmo estou tentando convencer os usuários a comprar a idéia do escritório de projetos. Nós, de TI, estamos acostumados à idéia de projeto. Mas a minha empresa atua em saneamento básico. Tem projeto de cavar o chão, passar tubos, levar água, levar esgoto para tratar. Só que ninguém trabalha sobre projeto, é na base do vamos embora. IH Então a TI tem o que ensinar às áreas de negócios? Cláudio Claro. Na Simoldes, o meu papel é mostrar que a empresa pára se a TI parar. As nossas três fábricas duas na região de Curitiba e uma em Caçapava trabalham com máquinas que custam US$ 6 milhões, US$ 7 milhões. Só que essas máquinas precisam de um PC para funcionar. A cultura da empresa funciona assim: não hesitam em autorizar a compra de uma máquina dessas, mas para conseguir um investimento para TI é mais complicado. Eu tenho que fazer a TI aparecer. José Otávio Dependendo da empresa, a TI tem prioridades diferentes. Minha empresa é parte de um mercado em consolidação, com muitas empresas comprando laboratórios menores. Então a prioridade da TI é acompanhar essa expansão padronizando os sistemas. Eu vejo os concorrentes usando sistemas diferentes para fazer as mesmas coisas. Eles compram empresas e mantêm os sistemas de administração laboratorial, de gestão de exames. Isso é ruim. Para que a aquisição faça sentido, eu preciso padronizar as soluções. Pedro Isso é bem difícil. Até pouco tempo atrás, a TI do Círculo era um braço de uma gerência corporativa. Não existia uma área de TI: existia uma estrutura de TI dispersa entre os vários negócios da organização. Isso começou a incomodar. O comitê gestor da instituição criou a área de TI com o desafio inicial de prestar serviço e tratar das questões estratégicas de TI junto aos negócios. Minha prioridade é estruturar a área. Venho fazendo isso há um ano, está quase pronto. Agora preciso definir políticas de segurança, de sistemas, de infra-estrutura. Preciso também adaptar a TI ao modelo de gestão da instituição, com um ERP centralizado. IH O ERP foi um projeto seu? Pedro Não, ele já existia quando eu cheguei. Cada negócio tem um sistema de controles internos, mas o ERP é o mesmo. Outro desafio que eu tenho é integrar todos esses sistemas em uma ferramenta corporativa. Isso é o mais difícil. Porque integração é um processo difícil mesmo, mas também porque alguns fornecedores desses sistemas são empresas pequenas. Outro grande problema é entender a diferença entre os negócios. Temos hospital e varejo: um negócio que lida com vidas, outro que lida com gôndolas, promoções. Eu preciso pensar diferente para cada área. Então nosso modelo é assim: cada área tem seus analistas de negócio, e eles são meus interlocutores principais. Assim a TI pode entender cada um dos negócios do grupo. Rodrigo Eu estou com o problema inverso: fazer as O patrocinador é indispensável. Implementamos um ERP com mais facilidade, porque tinha um patrocinador forte. Marcus Vinícius, da GMS. É preciso calcular melhor o tempo de cada fase do projeto, para uma fase não atropelar a outra, porque surgem situações inesperadas. Wagner, da Bunge. IH. outubro 2008. 53

É importante ter um patrocinador do projeto, mas esse patrocinador precisa se envolver de verdade. José Otávio, do Sérgio Franco. áreas de negócio entenderem o próprio trabalho. Estou na UniBrasil há um ano e meio. Entrei para consolidar o ERP, que já vinha de uma implementação complicada. O projeto não andava. O gerente e os analistas saíram da empresa, o projeto ficou parado por três meses, aí me chamaram. A UniBrasil fica em Curitiba e tem unidades em Vaiporã, Pitanga, Guarapuava, Mela Vitória, Florianópolis e uma lá em São Luiz do Maranhão. A idéia é começar a implementar o ERP na UniBrasil, que tem o ambiente mais complexo. Metade dos nossos 15 mil alunos está em Curitiba. A implementação já dura três anos. Erraram no planejamento. Do jeito que planejaram, a TI teria de aprender o sistema em vez do usuário. Aprender como funcionava a folha de pagamento e depois ensinar o usuário que faz a folha. Marcus Vinícius Conheço essa situação. Todo mundo no grupo pensava que o ERP era da TI. Então eu convenci o diretor a convocar todo mundo para uma reunião no meio do feriado. Expliquei porque eles, e não eu, eram os responsáveis pelo ERP. Para isso existem os usuários-chave dentro de cada área. Minha responsabilidade é manter o banco de dados, o servidor, a rede funcionando. Rodrigo Eu entrei na UniBrasil pensando assim. Mas precisei inverter: vou contratar um analista que entende de folha, outro que entende de financeiro. Lucas Não é a melhor alternativa. Rodrigo É a pior possível. Eu estou retrocedendo. E isso é em Curitiba. Vocês não têm idéia de como é a situação em Pitanga, por exemplo. IH Como é trabalhar com TI fora do eixo Rio-São Paulo? Saul A gente sofre um bocado. Eu cuido da infra-estrutura e suporte da cooperativa há nove anos. A empresa fica em Medianeira, a 50 quilômetros de Foz do Iguaçu. O nosso principal fornecedor é de São Paulo. É nosso parceiro, conhece bem a cooperativa, sabe as necessidades. Mas eu me preocupo assim mesmo. A cooperativa faturou R$ 1,2 bilhão no ano passado. Se eu parar um dia, perco mais de R$ 3 milhões. Então estou buscando alternativas, porque não posso depender de um fornecedor só. Meu orçamento é pequeno, então o fornecedor tem de conhecer muito de tecnologia para fazer funcionar. O fornecedor não pode ser só um cara lá longe, ao telefone. Ele tem que conhecer o negócio para saber no que ele pode ajudar. Marcus Vinícius Eu estou do lado do Rio de Janeiro, mas ainda sofro com os fornecedores. José Otávio Eu tenho um Nós temos 7 mil alunos, precisamos gerar o arquivo para mandar para o banco. Demora cinco horas para gerar esse arquivo. O fornecedor não liga, acha isso normal. Rodrigo, da UniBrasil. contrato nacional de telefonia. Mas estou pensando em regionalizar, porque o problema de última milha é muito sério. As operadoras têm um contrato de cooperação, mas não têm boa vontade de prestar serviço umas para as outras. Às vezes o contrato regional é mais interessante. Rodrigo Um fornecedor grande de São Paulo pode até te atender, mas vai terceirizar lá na ponta. Esse cara que está na ponta pode propor um contrato. E o regional às vezes atende melhor. Wagner É, mas também acontece o contrário. Eu comecei um projeto de terceirização de impressão que depois a Bunge adotou em todo o Brasil. Foi em 2000, era novidade. Aconteceu muito mais rápido do que eu esperava. Um gerente de infra-estrutura da matriz não acreditava na economia que eu estava conseguindo. Mostrei para ele o custo, que era de R$ 0,08 por página. Em duas semanas, a Bunge contratou essa empresa para terceirizar a impressão em todo o Brasil. Lucas A escala é importante para produtos. Na compra de equipamentos, por exemplo, você sai ganhando se comprar mais. Curitiba é um grande centro, então temos acesso a vários fornecedores. IH Então o grande problema são os fornecedores? Cláudio Eu costumo dizer que não quero fornecedor, quero parceiro. Parceiro é aquele para quem você liga com um problema no domingo O fornecedor não pode ser só um cara lá longe, ao telefone. Ele tem que conhecer o negócio para saber no que ele pode ajudar. Saul, da Cooperativa Lar. e ele vai lá resolver. Tenho muito problema com fornecedor. Muitas montadoras mudaram suas fábricas para o Paraná. Isso gerou uma demanda que não existia. É complicado. Às vezes você marca com o fornecedor e ele simplesmente não aparece. José Otávio Para evitar esse tipo de coisa, eu sempre tenho mais de um fornecedor de produtos para uma mesma necessidade. Compro servidores de duas marcas, e assim crio uma competição. Com isso eu consigo ir baixando os preços, ao mesmo tempo em que o nível do serviço melhora. Cláudio Isso funciona bem com produtos. Mas na região de Curitiba não existem fornecedores de terceirização, por exemplo. Então quando 54. outubro 2008. IH

você acha um bom parceiro ele se torna seu braço direito. Cláudio Na Simoldes, nós contratamos um parceiro da região para desenvolver um sistema para acompanhar a produção. É o melhor sistema que eu tenho. O meu ERP não faria o que esse sistema faz. Pedro Estamos no sul do país, quase na fronteira, e isso é um problema. Temos dificuldade de acesso a tecnologia e a fornecedores. Nossa TI é complexa. Temos um hospital, um plano de saúde, uma rede de farmácias, uma clínica de odontologia, um laboratório. A TI atende a todas essas empresas. O grupo está crescendo, principalmente as redes de farmácias e de laboratórios, que são os negócios que geram maior receita. Alguns fornecedores de sistemas dessas áreas já não têm estrutura para nos atender. Mário Os fornecedores nos atendem melhor do que há seis ou sete anos. Mas ainda não conhecem o nosso negócio. Já me ligaram oferecendo um sistema de laboratório. Rodrigo Os analistas do nosso fornecedor de ERP lá em Curitiba são muito fracos. A pior coisa é ouvir um usuário dizer que descobriu sozinho alguma função do sistema. Isso quer dizer que eu não consegui mostrar como funciona. Eu me sinto um inútil. Se eu ligo para o fornecedor pedindo para falar com o analista de educacional, ele não tem. Um exemplo: precisamos fazer o histórico escolar. O analista foi lá, mexeu na tabela, entregou o sistema do histórico. Não saiu um histórico certo. Ele não considerou dispensa, equivalência, mudança de grade, de curso. São muitas variáveis, não pode botar um analista que não conhece o negócio para desenvolver algo assim. Logo que entrei na empresa, há um ano e meio, eu vim a São Paulo para um encontro só da área de TI no setor de educação. Conheci um sujeito de uma faculdade de Guarulhos que tinha o mesmo fornecedor que eu. Ele disse que é muito bem atendido, que conversa direto com quem manda. O fornecedor tem pessoas muito melhores aqui em São Paulo. Marcus Vinícius Eu sofro muito. O suporte do meu fornecedor é muito ruim. Você telefona, vem o nível 1 do help desk, que não resolve. Vem o nível 2, o 3, o 4. Depois do 5, mandam um consultor. IH. outubro 2008. 55

Nós queremos um fornecedor que nos atenda plenamente, que acompanhe o nosso crescimento. Pedro, do Círculo. Rodrigo Aí o consultor vem e também não resolve. Brigamos muito. Brigas de verdade, de xingar mesmo, para chamar a atenção. Meu diretor não se conforma. Diz que vai vir a São Paulo para falar com o presidente da empresa. Não é possível que esse cara não saiba o que está acontecendo, ele diz. Nós temos 7 mil alunos, precisamos gerar o arquivo para mandar para o banco. Demora cinco horas para gerar esse arquivo. O fornecedor não liga, acha isso normal. IH Qual é o pior tipo de fornecedor? Mário Meu pior fornecedor é o de telefonia celular. Acho que de todo mundo. Marcus Vinícius Lá em Curitiba isso chega a ser ridículo. Telefone de São Paulo é maravilhoso, perto do que tem por aí. Eu coloquei uma antena de 30 metros dentro da minha fábrica, autorizado pela diretoria, para trocar de fornecedor. No final, o fornecedor queria que eu pagasse a antena para ele. É uma piada. IH A culpa é toda dos fornecedores? Cláudio Não, é nossa também. O cara de TI é um bicho do mato, se tranca numa sala com os problemas dele. Lá em Curitiba nós conseguimos juntar meia dúzia para liderar um grupo de usuários. Hoje nós somos referência para todos os clientes do fornecedor. Recebemos perguntas, um ajuda o outro. Passávamos por tudo isso que vocês passam. Agora, se eu tenho um problema e o analista local não sabe resolver, posso pedir ajuda ao grupo. Sempre tem um usuário que já teve o mesmo problema e pode me ajudar. É terrível depender só do fornecedor. E a culpa é nossa. Estamos aqui, temos os mesmos problemas, e é a primeira vez que nos falamos. Rodrigo Às vezes eu fico perplexo. Me pergunto se só acontece conosco. Tudo bem que estamos num lugar que era um convento de freiras, dizem que é mal assombrado, mas também não é para tanto. Eu pergunto ao fornecedor quem mais usa o sistema dele no setor de educação. Ele não diz. Saul É interessante o que o Cláudio falou. Nós fizemos a mesma coisa. Hoje em dia meu fornecedor me atende muito bem, mas nem sempre foi assim. Em 2004 o atendimento estava muito ruim. Fui conversando, descobri que o mesmo fornecedor atendia várias cooperativas. Então falei com o pessoal dessas outras empresas, nos unimos. Cláudio Isso funciona muito bem. Você é o Rodrigo, o coitadinho lá de Curitiba que está reclamando. Agora, junta mais 40 usuários. O fornecedor não tem mais como ignorar. patrocínio Muitas montadoras mudaram suas fábricas para o Paraná. Isso gerou uma demanda que não existia. É complicado. Às vezes você marca com o fornecedor e ele simplesmente não aparece. Cláudio, da Simoldes. realização Av. Paulista, 1.159-10º andar CEP 01311-921 - São Paulo - SP Fone: (11) 3178-1000 Fax: (11) 3178-1001 www.planoeditorial.com.br 56. outubro 2008. IH