Norma de desempenho: Uma visão da história e de seu atendimento no cenário atual da indústria da construção civil

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Transcrição:

1 Norma de desempenho: Uma visão da história e de seu atendimento no cenário atual da indústria da Vamberto Machado dos Santos Filho, vambertomfilho@gmail.com MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia & Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Brasília, DF, 22 /06 /2015 Resumo O conceito de desempenho na construção surgiu com o final da Segunda Guerra Mundial devido a falta de integridade estrutural das soluções construtivas utilizadas para a reconstrução da Europa. Durante o tempo, esse conceito evoluiu que cuminou na criação da norma de desempenho no Brasil. O estudo do surgimento e evolução se torna importante para entender o seu propósito, verificar como está o cenário atual da indústria da construção civil para o seu atendimento e traçar possibilidades futuras para atualizações. Esse artigo tem o objetivo verificar as mudanças sofridas pelo conceito e norma de desempenho no Brasil e no mundo. Verficicou-se que o conceito de desemephno é recente, principalmente no Brasil, e que a industria da não está preparada para atender completamente os requisitos e critérios estabelecidos pela norma, devido a falta de laboratórios de ensaios e do comprometimento dos fornecedores de materiais em colocar no mercado materiais com desempenho satisfatório. Palavras-chave: Indústria da construção. História. Desempenho das edificações. 1. Introdução O Brasil viveu um momento de grande expansão no setor da nos últimos 10 anos, devido a diversos fatores que criaram condições de crescimento e sustentação do setor durante muitos anos. Segundo Borges (2008) grande parte desse crescimento foi devido a fatores conjunturais, entre eles destacam-se a situação macroeconômica do país, o aumento dos investimentos externos, a queda contínua dos juros, e programas de concessão de crédito imobiliário. O aumento do investimento na, juntamente com o fim da Segunda Guerra Mundial, trouxe para o Brasil novos sistemas construtivos, a fim de diminuir o déficit habitacional existente. Esses sistemas vieram com as promessas de acelerar a construção de habitações unifamiliares e a diminuição da mão de obra, se comparados aos sistemas convencionais de construção. A partir dessa promessa que surgiram no Brasil os conceitos de racionalização e industrialização da. Paralelamente ao surgimento dos sistemas racionalizados e industrializados surgiu também às formas de verificação e controle da execução, já que grande parte desses sistemas ditos inovadores, apresentavam problemas de segurança estrutural, chegando até ao seu colapso (KELLET, 1990). A falta de confiança na segurança dos novos sistemas construtivos impulsionou o início dos estudos sobre desempenho.

2 Os estudos a respeito de desempenho em edificações surgiram no início da década de 70 com renomadas instituições tais como CIB (Internacional Council for Research and Innovation in Building and Construction), RILEM (Reunión Internationale de Laboratoires d Essais et de recherches sur les Materiaux et construction) e ASTM (American Society for Testing and Materials), estudando o comportamento em uso das edificações e o seu impacto com o habitante. Finalmente, no ano de 1984 surgiu a primeira norma de desempenho do mundo. O déficit habitacional também foi um dos impulsores dos estudos sobre o desempenho no Brasil. Entidades como a Caixa Econômica Federal, Banco Nacional da Habitação e o Instituto de Pesquisas Tecnologias do Estado de São Paulo, que foram os principais responsáveis por trazer esses conceitos para as habitações brasileiras. Estudos sobre esse tema como o de Rosso (1980), Souza (1983) e Mitidieri Filho (1988), contribuíram com a disseminação do conhecimento sobre desempenho. A avaliação do desempenho de uma edificação extrapola as verificações de qualidade dos materiais e técnicas construtivas empregados em uma construção. A sua amplitude se dá pelo fato de serem consideradas exigências dos usuários, assim como, o impacto da edificação sobre o mesmo. A norma de desempenho busca atender às necessidades dos usuários de edificações habitacionais, independentemente dos seus materiais constituintes e do sistema construtivo utilizado. Seu foco está em garantir o atendimento aos requisitos do usuário da edificação e seus elementos ou subsistemas, quanto ao seu comportamento em uso, e não na prescrição de como os mesmos são construídos NBR 15575 (ABNT, 2013). Essas exigências, antes subjetivas, se tornaram requisitos técnicos, com parâmetros determinados. Muitas delas não são consideradas em normas prescritivas, como, por exemplo, a durabilidade dos elementos construtivos e a sua manutenibilidade (SANTOS FILHO et al, 2014). De acordo com OLIVEIRA et al (2012), cada vez mais a prática de projetar com enfoque em desempenho deve ser incorporada ao processo de projeto, principalmente em razão das crescentes preocupações a respeito da durabilidade e da sustentabilidade de edificações. Além disso, o conceito de desenvolvimento sustentável incita a ideia de projetar estas edificações não somente para a construção e o uso, mas também para sua fase final, incluindo o conceito de desconstrução, desmontabilidade e reciclabilidade. Neste contexto o presente artigo buscar verificar as mudanças da norma de desempenho com o passar do tempo e o cenário de atendimento, para isso, foi realizado uma revisão bibliográfica sobre o histórico do surgimento e evolução do conceito de desempenho nas edificações no mundo e Brasil, as mudanças das versões dessa norma e como está o cenário da indústria da para o atendimento da mesma. 2. Histórico do desempenho 2.1 Desempenho no mundo O conceito de desempenho vem sendo utilizado em setores produtivos como o de automobilismo e tecnológico, para descrever o potencial dos componentes ou sistemas

3 produzidos por esses fabricantes. A palavra desempenho também é bastante utilizada pelos consumidores para expressar o atendimento ou não de suas expectativas ao comprar certo produto. Muitas vezes o grupo de consumidores compara o desempenho desejado por eles na hora da compra, com o desempenho entregue, onde o produto é julgado e classificado como aceitável (quando o desempenho entregue é igual ou superior ao desejável) ou recusável (quando o desempenho entregue é menor que o desejado). Esse conceito vem sendo usado desde muito tempo. Segundo Gross (1996) o primeiro registro da preocupação com o desempenho de uma edificação foi um dos artigos do Código de Hamurabi, no século XX A.C, onde dizia se um construtor edificasse uma casa para um Awilum 1, mas não reforçasse seu trabalho, e a casa construída caísse e causasse a morte do dono da casa, esse construtor seria morto. Apesar de o código ser bastante rigoroso, esse artigo não traz nenhuma especificação de materiais ou técnicas construtivas que devem ser utilizadas para a construção da casa, e sim, determina, apenas, qual deve ser o seu comportamento, em outras palavras, o desempenho desejado. Com o término da Segunda Guerra Mundial, esse conceito também começou a se disseminar pelos países europeus. As edificações naquela época não podiam ser reconstruídas pelos métodos convencionais por duas razões: a primeira, o tempo, já que era necessário construir cidades inteiras destruídas pela Guerra, abrigando famílias sem moradias e reconstruindo infraestruturas básicas, e segundo, a escassez de mão de obra, já que a grande maioria da força trabalhadora dos países afetados foi morta. Fez-se necessário introduzir novos sistemas construtivos sobre os quais não era conhecido o seu comportamento ao uso 2, tornando a avaliação prévia desses novos sistemas necessária (Figura 1). Esses sistemas obtiveram alguns insucessos, como aponta Kellet (1990), onde países como a Grã-Betanha buscaram a rápida construção de habitações (pré-fabricação) visando suprir o déficit de habitações e que devido a problemas de ordem tecnológicas, foram demolidas. O conceito de desempenho finalmente surgiu e teve origem nas exigências de segurança estrutural dos produtos de uma empresa Bélica e Aeroespacial. Figura 1 Exemplo de sistemas inovadores na Europa pós-guerra (NGI, 2014) 1 Awīlum eram os cidadãos livres, mesopotâmicos, que possuíam terras em seu próprio direito e que não dependiam nem no palácio, nem no templo. 2 Os sistemas construtivos introduzidos na Europa pós-guerra, eram basicamente, constituídos de aço e madeira, materiais com grande produção nessa época.

4 Fonte: NGI (2014) De acordo com Gao (2014) o histórico de aplicação da abordagem e metodologia de desempenho nos países Europeus incentivou ainda mais as pesquisas e publicações desse tema nos EUA, e na década de 70, o U.S Department of Housing and Urban Developement foi patrocinador de um programa 3 voltado para o desenvolvimento de critérios e avaliações de sistemas inovadores voltados à construção de casas, cujo resultado levou à publicação, em 1977, das definições de critérios de desempenho. A partir da criação desses critérios, as exigências normativas, nos países da Europa e América do Norte, a metodologia de desempenho foi se transformando numa forma de pensar desde o projeto e durante todo seu ciclo de vida, desenvolvendo atividades de arquitetura e engenharia com o foco no comportamento do edifício exigido perante seu uso. Entidades internacionais importantes no âmbito da começaram a estudar o tema desempenho a partir da década de 70, entre elas podemos destacar o CIB (Internacional Council for Research and Innovation in Building and Construction), RILEM (Reunión Internationale de Laboratoires d Essais et de recherches sur les Materiaux et construction) e ASTM (American Society for Testing and Materials). Conforme Mitidieri filho (1998), foi com a junção dessas três entidades que aconteceu o primeiro simpósio sobre o conceito de desempenho aplicado a edifícios. Os trabalhos desenvolvidos pelo CIB levaram a criação de comissões de estudos do tema, onde, em 1982, foi criado pela primeira vez o conceito de desempenho, que pode ser definido como a prática de se pensar em termos de fins e não de meios. A preocupação é com os requisitos que a construção deve atender e não com a prescrição de como essa deve ser construída. A definição mostra a importância de pensar como o usuário da edificação, visando à relação do habitante com a edificação construída. 3 O programa se chamava Operation Breakthough

5 Na Figura 2 é ilustrada a diferente abordagem, em que a primeira (abordagem prescritiva) o foco são os meios, enquanto na segunda (abordagem por desempenho) é dada importância para os fins, independentemente dos meios adotados. Figura 2 - Matriz de partes e atributos Fonte: OLIVEIRA et al (2013) As três instituições (CIB, RILEM e ASTM), conjuntamente, realizaram mais dois simpósios para a discussão do tema, o segundo em Portugal, em 1982 e o terceiro, mais recentemente, em Israel, onde contou com a presença de mais uma instituição, a ISO (Internacional Organization for Standardization). A presença da ISO nos estudos sobre desempenho foi de extrema importância, já que em 1980 foi publicada a primeira norma de desempenho, a ISO 6240, que apresenta os conteúdos a serem observados, e em 1984, foi publicada a ISO 6241, que apresenta os princípios de projetos, os fatores que devem ser considerados para o desempenho da edificação e as exigências do usuário (Tabela 1). Tabela 1- Exigências dos usuários - ISO 6241:1984 REQUISITOS Estabilidade estrutural Segurança ao fogo EXEMPLOS DE VERIFICAÇÕES Resistência mecânica e ações estáticas e dinâmicas; Efeitos climáticos (fadiga) Risco de propagação de chamas; Efeitos fisiológicos (controle de fumaça e ventilação); Tempo de alarme, tempo de evacuação e tempo de sobrevivência

6 Segurança ao uso Proteção contra explosões e queimaduras; Proteção contra movimentos mecânicos; Proteção contra choques elétricos; Proteção contra radioatividade; Segurança durante movimentos e circulação; Segurança contra intrusão humana ou animal Estanqueidade Conforto higrotérmico Pureza do ar Conforto acústico Conforto visual Conforto tátil Conforto Antropodinâmico Higiene Adequabilidade usos específicos Durabilidade Economia à Estanqueidade à água; Estanqueidade ao ar; controle de intrusão de poeira Controle da temperatura do ar e radiação térmica; Controle da velocidade e umidade do ar; Controle da condensação Ventilação; Controle de odores; Controle de gases tóxicos Controle de ruídos (contínuos e intermitentes); Inteligibilidade do som; Tempo de reverberação Controle da iluminação natural e artificial; Insolação; Nível de iluminância contraste de luminância; Possibilidade de escurecimento; Aspectos de acabamento (cor, textura, regularidade); Contato visual (internamente e com o mundo exterior) Aspereza e flexibilidade das superfícies; Umidade e temperatura nas superfícies; Ausência de descargas de eletricidade estática Limitações de acelerações e vibrações; Conforto do pedestre em áreas ventuosas; Aspecto de resistência e manobrabilidade humana Instalações para o cuidado do corpo humano; Suprimento de água limpa; Evacuação das águas servidas; Materiais e fumaça Número; Tamanho; geometria e inter-relações dos espaços; Provisão de serviços e equipamentos; Flexibilidade Conservação do desempenho durante toda vida útil; Possibilidade de manutenção e reposição Custos de implantação; Custos financeiros; Custos de operação e manutenção Para Borges (2008), a criação da ISO 6241, em 1984, teve uma grande importância já que definiu uma lista mestra de requisitos funcionais dos usuários das edificações, apresentando quatorze categorias de requisitos, entre eles: estabilidade, segurança, higiene, acústicos, térmicos, econômicos e outros. Muitos desses requisitos são utilizados pela ABNT NBR 15575:2013. Na América Latina, as instituições que mais contribuíram no estudo sobre esse tema foram o INTI (Instituto Nacional de Tecnologia Industrial), que foi responsável, na Argentina, pela criação do CAT (Certificado de Apititud Técnica), que atuava com Aprovações Técnicas de produtos e a Facultad de Arquitetura, Diseño y Urbanismo de Buenos Aires (REVERTINO, 1994).

7 Ainda segundo esse autor, na América Latina, podemos citar o ICE (Instituto de la Construcción de Edifícios) vinculado a Facultad de Arquitetura de la Universidad de la República em Montevideo, que baseavam seus estudos, em desempenho, com um caráter mais amplos, avaliando aspectos técnicos, físicos, sociais e econômicos. Durante o final da década de 90, algumas medidas foram tomadas em prol do avanço nos estudos de desempenho e a aplicação do conceito na indústria da construção. De acordo com Meacham (2010) em 1996, houve a criação da IRCC (Inter-Jurisdictional Regulatory Collaboration Committee) que tem como propósito, avançar em um nível internacional, as orientações e documentações referentes a regulamentação das questões do ambiente da, implementando sistemas de regulamentação baseados em desempenho. Em 1999, formou-se o CIB TG37 que o objetivo era bastante parecido com o do IRCC: desenvolver um sistema para regular internacionalmente as construções civis com base no conceito de desempenho (LORENZI, 2013). No final do século XX, foi criado a rede temática PeBBu (Performance Based Building), liderado pelo CIB. Para os autores Barret et al (2005) a rede foi criada com o foco na aplicação do conceito de desempenho para promover iniciativas de crescimento competitivo e sustentável. A criação dessa rede foi uma das iniciativas mais importantes no estudo do tema desempenho, pois tinha como objetivo estimular e facilitar de maneira pró-ativa a disseminação internacional e a implementação da construção baseada no desempenho na prática da Indústria da Construção (BORGES, 2008). Segunda esse autor, os trabalhos desse programa começaram oficialmente em outubro de 2001 e terminaram em setembro de 2005. 2.2 Desempenho no Brasil No Brasil, o conceito de desempenho foi introduzido com a chegada dos novos sistemas construtivos que surgiram, assim como na Europa, para suprir o déficit de habitações. Esses novos sistemas construtivos foram utilizados principalmente na construção dos grandes conjuntos habitacionais na Bahia e em São Paulo, que serviram da grande laboratório para novas tecnologias, na década de 70. Os produtos empregados nesses conjuntos habitacionais nem sempre tiveram sua tecnologia devidamente desenvolvida e avaliada, assim muito deles apresentaram problemas patológicos, comprometendo aspectos de segurança e habitabilidade (MITIDIERI FILHO, 1998), trazendo certo descrédito para as construções industrializadas. Com o estímulo à racionalização e à industrialização, pesquisas relacionadas à criação de novos sistemas construtivos foram surgindo, e juntamente com as mesmas, os seus métodos de avaliação, a fim de estudar o comportamento durante a sua vida útil. Rosso (1980) publicou, na década de 70, um dos primeiros trabalhos que tinham como tema a racionalização da construção com base no desempenho das edificações. Após essa publicação surgiram outros pesquisadores da área, com trabalhos baseados em desempenho de construções como, por exemplo, Souza (1983), Flauzino (1983) e Mitidieri Filho (1988).

8 Na década de 80, o tema se consolidou no país, principalmente devido ao trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa e Tecnologia do Estado de São Paulo (IPT), que realizou pesquisas para a elaboração de critérios voltados à avaliação dessas soluções inovadoras para o Banco Nacional da Habitação (BNH) 4. O instituto sistematizou os requisitos e critérios para avaliação de desempenho de habitações térreas unifamiliares, contemplando as exigências de segurança estrutural, segurança ao fogo, estanqueidade, conforto higrotérmico e acústico e durabilidade. Esses trabalhos geraram a primeira versão dos critérios de desempenho desenvolvidos em conjunto com o BNH. Diversos sistemas construtivos foram criados nessa época como, por exemplo: o sistema de fechamento lateral com painéis cerâmicos e painéis de argamassa armada. Com o fim do BNH no ano de 1986 houve uma desestruturação de todo o sistema de aprovação de tecnologia para uso em projetos habitacionais financiados, dificultando a entrada de novas tecnologias no mercado brasileiro. A escala de produção foi drasticamente reduzida, juntamente com a comercialização de imóveis. Foi a partir da extinção do BNH que a Caixa Econômica Federal (CEF) assumiu o sistema de habitações populares. A diminuição do financiamento para a construção de habitações populares levou a construção desenfreada de construções irregulares, levando à formação de áreas urbanas ilegais. Inexistiam, naquela época, normas que impedissem a ocupação de áreas consideradas de risco, ou de preservação ambiental, áreas alagadas e até mesmo já loteadas, mas não ocupadas. O surgimento de políticas para a resolução desses problemas, implementadas na Constituição Federal de 1988, a criação do Código de Defesa do Consumidor, em 1991 e a implantação do Plano Real 5, em 1994, levaram o direito a moradia a se tornar mais viável e as construtoras a atender as exigências do consumidor, fomentando o setor da construção para o desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas de verificação de qualidade e desempenho. Em 1991 foi criado o Programa Nacional de Tecnologia da Habitação (PRONAT) e, em 1993, o Programa de Difusão de Tecnologia para Construção de Habitações de Baixo Custo (PROTECH) que previa a criação das Vilas Tecnológicas e respectivas Ruas Tecnológicas, onde o objetivo era criar, construir e avaliar novos sistemas construtivos. As principais vilas tecnológicas situavam-se em Juiz de Fora- MG, Curitiba PR, Brasília DF, Cuiabá MT, Bauru SP, Porto Alegre RS, Goiânia GO, Salvador BA e Manaus- AM. Nessa época foram criadas dezenas de novos sistemas construtivos que conhecemos hoje, como por exemplo: Paredes de concreto moldados in loco 6, sistema de painéis de madeiras, sistema de concreto com EPS (Espuma de Poliestireno Expandido), tijolos e blocos de solo-cimento intertravados e alvenaria estrutural entre outros. Mais tarde esses programas foram incorporados ao Programa Brasileira da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) 4 O Banco nacional da Habitação (BNH) era um dos maiores financiadores de habitações populares na década de 70. 5 O início da abertura econômica do país possibilitou a entrada de tecnologias disponíveis em países desenvolvidos. 6 O sistema de Paredes de Concreto moldadas in loco recebeu uma norma de requisitos e procedimentos ABNT NBR 16055:2012.

9 através do Programa Setorial da Qualidade e Produtividade da Indústria da Construção Civil 7 (BORGES, 2013). No ano de 1997 a Caixa Econômica Federal contratou o IPT para atualizar os trabalhos desenvolvidos na década de 80 com o foco nas edificações habitacionais de interesse social. Tendo em vista a exigência de outros trabalhos desenvolvidos, a CEF, o Comitê Brasileiro de Construção Civil (CB 2) da ABNT e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), tomaram a iniciativa de unificar os trabalhos por meio da elaboração de normas técnicas para a avaliação de edifícios habitacionais, utilizando como princípio fundamental o conceito de desempenho (BORGES,2008). No final da década de 90, a Caixa Econômica Federal juntamente com o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBPQH) apresentaram os Critérios Mínimos de Desempenho para Habitações Térreas de Interesse Social e em 2000 a CEF financiou o projeto de pesquisa Normas Técnicas para Avaliação de Sistemas Construtivos Inovadores para Habitações, que foi o precursor para o desenvolvimento da atual Norma de Desempenho de Edificações. Nesse ano foi constituída a Comissão de Estudos do CB 2, com o objetivo de coordenar a discussão sobre o assunto no meio técnico, buscando transformar todas as ideias em uma Norma Brasileira, no âmbito da ABNT. 2.3 Norma de desempenho A Norma Brasileira de Desempenho de Edificações busca atender às necessidades dos usuários de edificações habitacionais, independentemente dos seus materiais constituintes e do sistema construtivo utilizado. Seu foco está em garantir o atendimento aos requisitos do usuário da edificação e seus elementos ou subsistemas, quanto ao seu comportamento em uso, e não na prescrição de como os mesmos são construídos (SANTOS FILHO et al, 2014). Essas exigências, antes subjetivas, se tornaram requisitos técnicos, com parâmetros determinados. Essa norma foi publicada pela primeira vez em 12 de maio de 2008, e foi precursora, no Brasil, a estabelecer parâmetros técnicos de avaliação do desempenho mínimo das edificações e a definir uma vida útil mínima obrigatória para alguns itens da construção. Tal norma, sob o título Desempenho de Edifícios Habitacionais de até Cinco Pavimentos teve o objetivo inicial de dar suporte para a criação e desenvolvimento de uma metodologia para a avaliação de sistemas construtivos inovadores. Contudo, de acordo com Lima (2005), ela poderia ser aplicada também para as tecnologias convencionais 8 de construção, com base em requisitos e critérios de desempenho expressos em normas técnicas brasileiras. Carlos Borges, coordenador da Comissão de Estudos da norma, afirmou que com a entrada em vigor da ABNT NBR 15575:2013 os projetos e sistemas construtivos passam a ser concebidos em 7 Hoje esse projeto é denominado por Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (SIMAC) (PBQP-H,2014). 8 Tecnologias convencionais entendidos aqui como: Estrutura independente de concreto armado e Vedação de blocos cerâmicos

10 função de uma vida útil e os elementos e componentes especificados devem ter durabilidade compatível com a vida útil especificada. Embora inicialmente a norma tenha sido focada em edificações residenciais de até cinco pavimentos, isto permitiu uma reflexão sobre a sistematização das necessidades ou exigências dos usuários e as formas de incorporação desses conceitos às várias etapas dos projetos. A elaboração da norma ajudou ainda a diminuir a subjetividade da avaliação da qualidade das construções e a balizar o judiciário nas demandas entre consumidores e construtores, sendo um instrumento a mais para dar amparo e proteção ao consumidor. O texto da norma de desempenho trata a edificação como um produto, que, como tal, deve ter um desempenho global mínimo determinado, independentemente dos sistemas construtivos que forem utilizados. Assim, a norma considera as exigências do usuário em tópicos como segurança, estanqueidade, higiene, conforto e durabilidade. Com o cruzamento de exigências e respostas da edificação fica claro o conceito muito conhecido, mas pouco aplicado na relação entre construtor/incorporador e usuário de uma edificação: o custo-benefício. Além disso, Lima (2005) afirma que como os usuários procuram cada vez mais por produtos de qualidade e que apresentem um desempenho equivalente, e a norma vem ao encontro à atual necessidade da sociedade que aliada à alta competitividade do mercado faz com que as empresas procurem por soluções tecnológicas e econômicas que reflitam estas expectativas e que acaba por se tornar objetivo do empreendimento. A ABNT NBR 15575:2013 entrou em vigor no ano de 2010, passando por etapa de revisão pública para reavaliar padrões realmente exequíveis pelo mercado, e no mesmo ano foi reaberta a comissão de estudos, com consulta pública para prorrogação da data de vigência plena original. No ano de 2011, foram iniciados os trabalhos de revisão com a coordenação do engenheiro Fábio Villas Boas. Houve a formação de novos grupos de trabalhos temáticos para analisar os itens mais polêmicos da norma (LORENZI, 2013). Em setembro de 2012 começou a contar mais um período de seis meses para as empresas adaptarem os novos projetos habitacionais ao novo texto normativo. A norma se tornou exigível em julho de 2013, agora sob novo título: Edificações Habitacionais- Desempenho. Na Figura 3 a seguir, é apresentada a cronologia da Norma.

11 Figura 3 - Cronologia da Norma de Desempenho Fonte: Autor A estrutura básica da norma propõe a avaliação de desempenho através da previsão do comportamento potencial do edifício, dos seus elementos e componentes, quando submetidos às condições de exposição especificas do local de implantação (temperatura do ar, temperatura radiante, umidade do ar, ventos, pluviometria e etc), avaliando se este comportamento satisfaz às exigências dos usuários, do ponto de vista qualitativo e quantitativo as quais a habitação deve atender, ou seja, respectivamente, os requisitos e critérios de desempenho. Na norma de desempenho são apresentados os requisitos gerais, aplicáveis às edificações como um todo, e requisitos particularmente aplicáveis a determinados sistemas. Essa norma é dividida em seis partes: Parte 1: Requisitos gerais; Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais; Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos; Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas SVVIE; Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas; Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários; Na norma também é apresentada uma divisão de três áreas de exigência dos usuários: Segurança, Habitabilidade e Sustentabilidade (Tabela 2). Cada área é subdividida em responsabilidades, onde se atribui desempenho mínimo que deve ser atendido pelo edifício quando em uso, durante a vida útil, e desempenhando sua função no meio onde está inserido (LORENZI, 2013). A partir do momento que todos os requisitos e critérios são atendidos, e as responsabilidades tiverem desempenho comprovado à função que foi projetado, diz-se que a

12 edificação está com desempenho adequado. Tabela 2 - Exigências do Usuário (ABNT NBR 15575:2013) Segurança Habitabilidade Sustentabilidade Estanqueidade Desempenho Térmico Segurança Estrutural Desempenho Acústico Durabilidade Segurança contra o Fogo Desempenho Lumínico Manutenibilidade Segurança no Uso e Operação Saúde, Higiene e Qualidade do ar Impacto Ambiental Funcionalidade e Acessibilidade Conforto Tátil e Antropodinâmico O texto proposto pela norma prevê três níveis de desempenho estabelecidos para os diferentes sistemas da edificação em função das necessidades básicas do usuário. O desempenho considerado mínimo (M) é expresso em função das necessidades básicas e deve ser obrigatoriamente atendido. Já os níveis intermediário (I) e superior (S) consideram a possibilidade de maior agregação de qualidade dos sistemas, sendo que a cada nível está relacionado um prazo de garantia e vida útil correspondente. A avaliação do desempenho exigido pela Norma de Desempenho busca analisar a adequação ao uso de um sistema que deve atender uma função, independentemente da solução técnica adotada. Portanto, essa avaliação requer o domínio de uma ampla base de conhecimentos científicos sobre cada aspecto funcional da edificação, sobre materiais e técnicas de construção, bem como sobre os diferentes requisitos dos usuários nas mais diversas condições de uso. Sendo assim, é recomendado que a avaliação do desempenho seja realizada por instituições de ensino ou pesquisa, laboratórios especializados, empresas de tecnologia, equipes multiprofissionais ou profissionais de reconhecida capacidade técnica. A Norma especifica diferentes métodos de avaliação para análise de atendimento aos requisitos e critérios apresentados, podendo ser realizados ensaios laboratoriais, ensaios de tipo, ensaios em campo, inspeções em protótipos ou em campo, simulações e análise de projetos. Considerando que o atendimento aos requisitos de desempenho envolve toda a cadeia produtiva e de uso das edificações, a ABNT NBR 15575:2013 traz ainda as responsabilidades cabidas a cada parte envolvida desde a concepção das edificações até o pós-obra e operação das mesmas, exigindo a coordenação de todo o processo. A Norma de Desempenho explicita que as incumbências são baseadas na ABNT NBR 5671:1990. De maneira geral, fornecedores, projetistas, incorporadores, construtores e usuários devem atuar de forma a garantir que os requisitos determinados na Norma sejam atendidos ao longo da vida útil da

13 edificação. Dessa forma, os projetistas são responsáveis pela determinação da Vida Útil de Projeto (VUP) e especificação de materiais, produtos e processos que atendam aos desempenhos mínimos exigidos pela Norma. Essas determinações trazem maiores responsabilidades aos projetistas e fazem com que surja uma nova metodologia de projetar edificações, exigindo maiores conhecimentos técnicos e de desempenho por parte dos projetistas. Cabe ao incorporador identificar riscos previsíveis na época do projeto, providenciar estudos quando necessário e alimentar os projetistas com relação às informações necessárias à elaboração dos projetos. Construtores devem seguir rigorosamente o projeto, dominando técnicas construtivas e ambos devem estar envolvidos na elaboração do Manual de Uso, Operação e Manutenção, ou documento similar, atendendo à ABNT NBR 14037:2011, e ABNT NBR 5674:2012 que devem ser entregue ao proprietário quando da disponibilização da edificação para uso. Os fornecedores de insumos, materiais, componentes e/ou sistemas devem caracterizar o desempenho de seus produtos de acordo com a Norma, fornecendo resultados que comprovem esse desempenho e buscando a padronização dessas informações. Esse é um ponto de grande importância abordado pela Norma, uma vez que atualmente a indústria de materiais de construção, na grande maioria dos casos, não fornece tais características. E por último, fica sob responsabilidade dos usuários a utilização adequada da edificação e realização de manutenções de acordo com o estabelecido no Manual de Uso, Operação e Manutenção, não podendo também efetuar modificações que piorem o desempenho da edificação entregue pelo construtor. Diante de todas essas incumbências o processo como um todo deve introduzir novas práticas de projeto, especificações e de escolha de materiais e sistemas construtivos, seleção de fornecedores, execução de obras e instruções de uso e manutenção. No que se refere à questão da corresponsabilidade pelo desempenho e vida útil de uma edificação entre projetistas, fabricantes, incorporadores/construtores e moradores, a lei do consumidor já dá respaldo no que se refere à responsabilidade solidária do construtor frente ao produto da. A principal questão é que o construtor absorvia toda, ou a maior parte da responsabilidade e com as determinações da Norma esse quadro é em parte alterado, pois como a norma deixa as responsabilidades estabelecidas e esclarecidas a clareza nos papéis dos agentes aumenta a possibilidade de acerto no produto final. 3. Mudanças da norma de desempenho em relação à versão de 2008 A publicação da ABNT NBR 15575 em 2008 foi responsável por trazer importantes avanços para o setor da construção, introduzindo no setor a abordagem em desempenho no lugar do caráter prescritivo. Mudando o foco para o conforto e segurança do usuário, a norma gerou ainda um incentivo à inovação e sustentabilidade, apresentou a qualidade como valor agregado e estabeleceu a corresponsabilidade para toda a cadeia da construção, desde

14 incorporadores, projetistas, construtores e fabricantes até os usuários, pelo desempenho da habitação e definição de ensaios para perícia. Dessa forma a Norma foi responsável por promover a avaliação dos edifícios habitacionais e de sistemas construtivos para habitações com foco no produto final, criando ainda um parâmetro para avaliação de novos sistemas construtivos, incentivou a elaboração de composição de metodologias de desenvolvimento de projetos e controle de qualidade, introduziu a contratação técnica de obras com desempenho assegurado, fomentou o aumento de produtividade e desenvolvimento tecnológico do setor, estimulou a atuação responsável das empresas e gerou o aumento da competitividade setorial. Além disso, sendo a primeira norma brasileira a colocar a obrigação da vida útil em projeto, gerou a necessidade de se pensar não apenas em custo inicial de construção, mas em um custo global, envolvendo operação e manutenção. O adiamento da entrada em vigor e a revisão da Norma fizeram-se necessárias devido às grandes inseguranças que ela gerou no setor. A mudança de cultura para uma visão sistêmica das edificações, dúvidas quanto aos conceitos de desempenho, o aumento de custos, a falta de dados dos produtos e sistemas fornecidos, a escassez de laboratórios para atender aos ensaios exigidos, as responsabilidades jurídicas atribuídas a cada parte e as cobranças do consumidor estão entre os motivos que levaram a consulta nacional sobre a prorrogação do prazo de exigibilidade à maior votação em toda a história da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com 93% dos 5,5 mil votos a favor da prorrogação do prazo de exigibilidade da Norma. Apesar da revisão e das mudanças propostas para a nova versão da ABNT NBR 15575, não houve alterações no conceito de desempenho, nos objetivos da Norma, e nem nos requisitos e os critérios definidos anteriormente. De modo geral, o conteúdo passou por ajustes na redação para maior clareza e redução da subjetividade, para minimizar a possibilidade de má interpretação. A mudança mais significativa foi título da Norma, passando de Edifícios Habitacionais de até cinco pavimentos Desempenho para Edificações Habitacionais Desempenho. Apesar de já haver previsão na versão anterior de que requisitos que não dependem da altura do empreendimento, como desempenho térmico, acústico e durabilidade, por exemplo, poderiam ser aplicados a qualquer edificação habitacional, essa mudança de título estendeu significativamente a aplicabilidade da Norma. Com relação às responsabilidades atribuídas, a remoção da subjetividade é um dos fatores de modificação que merece atenção. Ela resultou na melhor definição das incumbências de incorporadores, construtores e projetistas. Além dessa, a inclusão de responsabilidades dos fornecedores de insumos, materiais, componentes e/ou sistemas na Norma foi importante uma vez que o conhecimento das propriedades de cada material e sistemas a serem especificados é indispensável para dar respaldo às decisões de projeto e garantir o desempenho exigido. Um ponto crítico nas discussões para a revisão da ABNR NBR 15575:2013 envolve a questão de vida útil e prazos de garantia. Foram realizados esclarecimento nos aspectos de durabilidade e manutenção, mostrando a importância da previsão da vida útil de projeto e a necessidade da previsão dos serviços de manutenção ao longo da vida útil da edificação. A

15 VUP para os sistemas estruturais subiu de 40 para 50 anos, passando a estar de acordo com as normas internacionais. Alguns requisitos e critérios específicos foram alvo de novos acordos entre os agentes da cadeia da. Entre os principais estão o desempenho acústico, o escorregamento, o impacto e a estanqueidade em pisos, a ventilação em função das zonas bioclimáticas, os forros e os quesitos de instalações. Desempenho térmico foi um dos itens que sofreram maiores modificações. Os requisitos de desempenho passaram de caráter informativo para normativo e foi incluída na Norma a possibilidade de avaliação da edificação por simulação computacional. O maior avanço com relação ao desempenho térmico foi atrelar os requisitos e critérios às zonas bioclimáticas brasileiras definidas na ABNT NBR 15220-3: 2005, uma vez que as características térmicas de uma cidade para outra são muito variáveis, influenciando diretamente no desempenho das edificações. Cidades que se localizam nas zonas bioclimáticas 6, 7 e 8, por exemplo, não precisam ser avaliadas para o desempenho térmico para inverno. Houve avanço no esclarecimento quanto aos aspectos a serem considerados, como cor das fachadas e ventilação dos ambientes, considerando ainda a possibilidade de redução da incidência da radiação solar direta nos ambientes em razão de sombreamento de aberturas. O desempenho acústico também foi alvo de mudanças relevantes, apesar de ainda haver a necessidade de compatibilização da Norma de Desempenho com demais normas brasileiras de acústica, que estão em processo de revisão. De acordo com a nova versão da Norma, não é mais necessário realizar medições antes da execução da obra, porém a Norma ficou mais restritiva, adequando particularmente os critérios de isolação a ruídos aéreos entre unidades habitacionais. Especificamente na Parte 4, aplicada às vedações, a revisão propôs a classificação das edificações em classes de ruídos e o desempenho mínimo para vedações externas, antes expresso por uma faixa de aceitação, agora é determinado por um valor único, tornado a avaliação mais objetiva. Para o caso de vedações internas, a nova Norma aborda uma maior quantidade de elementos a serem avaliados, atribuindo valores diferenciados para paredes de dormitórios, além de permitir avaliar o desempenho acústico entre duas unidades, mesmo que não haja uma parede de geminação entre elas. De um modo geral, especificamente no que se refere aos sistemas de vedações verticais externas e internas houve também maior esclarecimento nos aspectos de desempenho estrutural, ficando mais evidentes os critérios referentes ao estado-limite último e ao estadolimite de serviço. O aprimoramento e complementação dos aspectos relativos à segurança ao fogo, também merece destaque. Em particular os critérios relativos à reação ao fogo, considerando propagação de chama e geração de fumaça, incluindo o ensaio SBI 9 (Single Burning Item), previsto para painéis tipo sanduíche que incorporam materiais combustíveis. A revisão da Norma trouxe ainda a adequação dos critérios e métodos de estanqueidade à água, considerando a revisão da norma brasileira de esquadrias externas. 9 O ensaio de Unidade de Reação ao fogo, ou Single Burning Item Test, é normatizado pela norma europeia EN 13823:2010

16 4. Cenário atual para atendimento à norma O grande desafio na utilização da abordagem de desempenho na é a tradução das necessidades dos usuários em requisitos e critérios que possam ser mensurados de maneira objetiva, dentro de determinadas condições de exposição e uso, e que sejam viáveis técnica e economicamente dentro da realidade de cada sociedade, região ou país. Desde o início da exigibilidade da norma, as edificações habitacionais, grandes ou pequenas, casas ou edifícios, devem obedecer a requisitos mínimos de desempenho. Diante de todos os requisitos apresentados e considerando todas as modificações que a ABNT NBR 15575:2013 traz para o setor da, algumas construtoras vêm se preparando desde a primeira publicação da norma para a implementação dos critérios de desempenho em seus empreendimentos. Porém, para que a implantação da Norma de Desempenho ocorra com sucesso, é necessário despertar a conscientização e motivação do meio técnico e produtivo. Ao estabelecer a responsabilidade solidária, incluindo o usuário das construções, a Norma mostra que a questão é também cultural, de mudança de conceitos em toda a cadeia produtiva, uma vez que ela instrumentalizará o consumidor brasileiro que se torna mais exigente a cada dia. De uma forma geral, a Norma veio como uma exigência do mercado para obtenção de maior qualidade nos empreendimentos. Como a Norma define claramente quais são os requisitos de desempenho e a forma de mensurar se os níveis desejados foram atingidos ou não, fica mais fácil e menos subjetivo a verificação da qualidade, e a classificação em níveis de desempenho que passa a ser um diferencial para a comercialização do imóvel. Esse diferencial traz vantagens ao mercado da construção já que torna possível cobrar mais por um empreendimento que tenha melhor desempenho e durabilidade, e que possivelmente trará menos custos, por exemplo, com economia de energia. Daí vem outros conceitos tão discutidos e exigidos atualmente, a questão da sustentabilidade e racionalização construtiva. Sendo assim, é necessária uma interação maior entre todos os envolvidos tornando o impacto da Norma positivo, já que as construtoras aprimorarão seus sistemas de gestão internos de qualidade e seus relacionamentos com fornecedores, como afirma Cláudio Mitidieri, gerente do Laboratório de Sistemas Construtivos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) e também colaborador da Norma. Uma das maiores dificuldades para adequação à Norma é a inexistência de uma efetiva rede laboratorial e profissional capacitada para realização dos ensaios necessários. A caracterização de materiais e sistemas é essencial para atendimento à norma. Atualmente, existem no País cerca de 30 laboratórios acreditados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) em ensaios de e a maioria deles se encontra em São Paulo. Porém, a norma não obriga a realização de ensaios, pois o construtor pode trabalhar com materiais e técnicas tradicionais que tenham desempenho conhecido. O problema nesse caso é que mesmo entre materiais tradicionais alguns quesitos de desempenho não são divulgados e, muitas vezes, sequer conhecidos pelos fabricantes. Além disso, essa afirmação se choca com o incentivo ao uso de materiais e técnicas inovadoras, um dos principais motes da norma.

17 No que se refere aos materiais que deverão ser ensaiados em conformidade com a norma, os sistemas construtivos considerados inovadores, por possuirem um ambiente favorável à avaliação da inovação tecnológica, como o Sinat, vinculado ao PBQP-H, por exemplo, já têm dados sobre desempenho potencial, divulgados quando da publicação dos respectivos Documentos de Avaliação Técnica (Datec s). Materiais com uso consagrado, como aço, não precisam de ensaios já são certificados. Basta à construtora exigir os parâmetros necessários para atender aos requisitos de vida útil, por exemplo. Por outro lado, os sistemas ou materiais construtivos inovadores necessitarão de mais ensaios. Um bom modo de se guiar é verificar se o produto está no Programa Setorial da Qualidade do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat). Devese levar em consideração também que muitas dos sistemas tradicionalmente usados já atendem às características exigidas na norma, bastando ser atestados, como o desempenho acústico e térmico para o caso de paredes de 14 cm nas fachadas, por exemplo. Mas ainda há necessidade de supressão de lacunas para esses sistemas convencionais. A adequação dos fornecedores também é uma etapa trabalhosa. Muitos não atendem aos requisitos da Norma de Desempenho e dependendo do estudo de viabilidade, pode-se chegar à conclusão de que não será mais possível trabalhar com determinado material. Outro grande desafio para adequação à Norma está também no setor de produto. O desenvolvimento dos empreendimentos e os projetistas terão que preservar a estética e atender aos requisitos. Diante dessa situação, o impacto da norma sobre o desenvolvimento dos projetos resultará num custo mais elevado, em função da maior importância para a fase de especificações, que deverão ser bem mais detalhadas e completas. Além disso, a Norma coloca de forma muito clara, as questões de custo/benefício. Essa nova situação afeta principalmente a indústria imobiliária que atende às edificações de padrão econômico, em que o que manda é somente o preço. E a construção, especialmente no segmento popular, terá de considerar determinados produtos e procedimentos que hoje não adota. 5. Conclusão O surgimento do conceito de desempenho no âmbito da foi importante para a evolução dos materiais e sistemas construtivos. Esse surgimento veio da necessidade de garantir certas exigências dos usuários das edificações como, por exemplo, a segurança, habitabilidade e sustentabilidade. Grandes entidades mundiais ligadas a indústria da construção começaram seus estudos sobre desempenho, surgindo assim a primeira norma de desempenho no mundo. No Brasil, a norma surgiu da necessidade de garantir o desempenho, principalmente, para habitações de interesse social. Algumas mudanças aconteceram desde o surgimento da norma no Brasil. Essas mudanças vieram com o intuito de adequar a norma a realidade do mercado brasileiro. Finalmente, quando tornada exigível, observa-se que o mercado continua sem preparo para garantir o atendimento de todos os requisitos citados na norma.

18 Parte desse despreparo advém dos desfalques de institutos e laboratórios autorizados para a realização dos ensaios nos materiais, componentes e elementos da edificação. A norma de desempenho prioriza a realização de ensaios para aumentar os subsídios de dados para projetistas. Esses dados são importantes para a obtenção de desempenho da construção desde a etapa de projeto. Outras entidades ligadas a indústria da construção, como por exemplo, os fornecedores também precisam se adequar aos requisitos da norma de desempenho para um avanço durante todo o processo de produção da edificação. Os usuários possuem um papel importante, já que são responsáveis pela manutenção da edificação. Manuais de uso, operação e manutenção, devem ser entregues aos usuários, a fim de garantir a Vida Útil da edificação. A norma deve sofrer atualizações futuramente se adequando ainda mais ao cenário que se encontra o mercado. Requisitos como o de desempenho térmico, acústico e lumínico, devem receber requisitos ligados ao conforto do usuário, assim como, requisitos de sustentabilidade, receberem critérios referentes a outra normas e organismos de certificação ambiental. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS..NBR 5674: Manutenção de edificações. Procedimentos. Rio de Janeiro, 2012..NBR 14037: Manual de operação, uso e manutenção das edificações Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação. Rio de Janeiro, 2011..NBR 15575-1: Edificações Habitacionais Desempenho Parte 1: Requisitos Gerais. Rio de Janeiro, 2013..NBR 15575-4: Edificações Habitacionais Desempenho Parte 4: Sistema de vedações verticais internas e externas. Rio de Janeiro, 2013. BARRET,P.; SEXTON, M. G. Integrating to innovate report for the construction industry council. London: ed. DERT /CIC, 1998..NBR 16055: Parede de concreto moldadas no local para a construção de edificações Requisitos e procedimentos. Rio de Janeiro, 2012. BORGES, R. M. Análise de desempenho térmico e acústico de unidades habitacionais construídas no conjunto habitacional Benjamin José Cardoso em Viçosa-MG. Dissertação de mestrado do programa de pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 2013. FLAUZINO, W. D. Durabilidade de materiais e componentes das edificações: metodologia e suas aplicações no caso de pinturas externas e chapas onduladas de

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