DESEMPENHO DE EDIFÍCIOS

Transcrição

1 DESEMPENHO DE EDIFÍCIOS 1. Conceitos: parâmetro, prescrição, qualidade, norma 2. NBR Durabilidade, vida útil de projeto e prazo de garantia 4. Desempenho de esquadrias 5. Discussão: Vale a pena exigir desempenho rebaixado?

2 1. Conceitos: parâmetro, prescrição, qualidade, norma PARÂMETRO: impõe fins ao invés de meios de ação. Na construção, estabelece resultados finais para projeto e obra PRESCRIÇÃO: impõe meios ao invés de fins de ação. Na construção, estabelece procedimentos de projeto, obra e ensaios. Normas prescritivas coíbem a variação de processos construtivos e, portanto, dificultam a inovação tecnológica. Normas paramétricas não restringem a inovação tecnológica que afeta um desempenho que, este sim, é regulado.

3 QUALIDADE PASSA A CONTROLAR PROCESSO PRODUTIVO Fonte: adaptado de Picchi, 1993: 53 Maria Angélica Covelo Silva: Hoje, há muita confusão em torno do que é qualidade. Os próprios Procons cobram marcas, quando deveriam cobrar o desempenho, que é o fundamental (Rocha, 2013: 11)

4 GESTÃO DE QUALIDADE É GESTÃO DE PRODUÇÃO Fernando Sabbatini - Em um processo de produção como o adotado tradicionalmente pela indústria da construção civil, no qual grande parte das decisões que importa para qualidade do produto são tomadas pelos próprios executores, a qualidade não pode ser garantida, pode ser apenas constatada. O domínio do processo está na mão dos executores e a responsabilidade pela qualidade do produto é do próprio executor. No passado esta responsabilidade era clara e a qualidade poderia ser conseguida através da seleção dos executores. Hoje isso não mais ocorre e, em qualquer setor industrial, a qualidade é resultante de um processo cujo domínio está centrado na engenharia (Sabbatini, 1998:4).

5 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UMA NORMA TÉCNICA Demanda da sociedade Elaboração de texto-base Comissão de Estudos: composição paritária entre consumidores e produtores, com trabalho voluntário Votação pública e análise dos votos Registro da norma (NBR) Comitês Brasileiros CB2: Construção Civil CB18: Cimento, concreto e agregados CB40: Acessibilidade

6 2. NBR Desempenho de edifícios habitacionais Parte 1: Requisitos gerais Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações internas e externas Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários

7 O EDIFÍCIO VISTO COMO UM CONJUNTO DE SISTEMAS DA CONSTRUÇÃO Cada sistema recebe definições de: requisitos de desempenho critérios de desempenho métodos de avaliação durabilidade e responsabilidades

8 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO EDIFÍCIO O desempenho do edifício é concebido em equilíbrio entre condições de exposição (que são ambientais) e exigências do usuário (que são sociais) e se expressam em termos qualitativos: confortável, higiênico, seguro, durável Adaptado de Souza, 2015:19

9 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO EDIFÍCIO Cada sistema da construção tem critérios de desempenho que possibilitam a análise objetiva do atendimento aos requisitos segundo normas técnicas e se expressam em termos quantitativos que medem desformações, calor, luminosidade, ruído etc. Adaptado de Souza, 2015:19

10 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO EDIFÍCIO Os métodos para avaliar desempenho variam conforme etapa de construção ou uso e podem ser normatizados ou específicos para o sistema Adaptado de Souza, 2015:19

11 3. Durabilidade, vida útil de projeto e prazo de garantia Antes da NBR , não havia um referencial técnico ou jurídico brasileiro sobre a durabilidade de um edifício habitacional ou mesmo de qualquer um de seus componentes. A Parte 1 da norma define requisitos gerais de durabilidade e Vida Útil de Projeto (VUP), além de sugerir prazos de garantia para os diferentes elementos e componentes da construção. Os requisitos de durabilidade do desempenho de um edifício têm implicações econômicas, pois envolve custos de manutenção e reposição, bem como jurídicas, pois envolve responsabilidades legais e garantias contratuais.

12 ANEXO C Tabela C.5 da NBR

13 DESEMPENHO X TEMPO manutenções programadas DESEMPENHO DE PROJETO PERDA DE DESEMPENHO manutenção corretiva RISCO À SEGURANÇA A: PRAZO DE GARANTIA B: VIDA ÚTIL DE PROJETO C: VIDA ÚTIL RESIDUAL Desempenho A B D F C E Tempo D: VIDA ÚTIL TOTAL E: SOBREVIDA F: VIDA TOTAL

14 5. Discussão: Vale a pena rebaixar desempenho? Maria Angélica Covelo Silva: O requisito de sombreamento em janela foi retirado porque não existe o hábito de se usar dispositivos, seja um brise, uma persiana, uma veneziana ou qualquer efeito arquitetônico que cause uma sombra no dormitório, pelo receio de que isso se tornasse um custo excessivo. Acho que a retirada foi um prejuízo muito grande (Corsini, 2013: 52).

15 DESEMPENHO REBAIXADO É NECESSIDADE SOCIAL Carlos Borges, vice-presidente do Secovi-SP - A revisão trouxe mudanças no sentido de atenuar e simplificar a aplicação, levando-se em conta o estado econômico, técnico e social do Brasil hoje. O desempenho está associado a uma análise de valor que é o custo do desempenho. E não temos condições, hoje, de adotar índices de desempenho iguais a alguns países desenvolvidos (Corsini, 2013: 51). Fernando Sabbatini - Uma questão importante para a aplicação do conceito de desempenho é a dificuldade de adequação do desempenho para um nível desejável em se tratando de favelas e cortiços. É ainda mais difícil combater a informalidade com um nível salarial baixo de parte da população e com a visão, por parte do governo, de que a autoconstrução e o sistema de mutirão são a saída para a questão do déficit habitacional (Sabbatini, 2008: 14)

16 DESEMPENHO REBAIXADO É REBAIXAMENTO DA CONCORRÊNCIA Luiz Ceotto, diretor da incorporadora Tishman Speyer - A revisão da norma de desempenho está sendo benfeita, mas o pessoal luta para baixar especificação. E a norma de desempenho deve procurar aumentar a especificação, para fazer com que as construtoras que sejam tecnicamente melhores sobrevivam. Existe uma quantidade enorme de construtoras e muitas precisam desaparecer (...) O nosso dever de casa é premiar as melhores construtoras, aumentar a competitividade entre as empresas, fazer com que as empresas possam competir de maneira saudável. Não interessam barreiras de entrada, mas não podemos deixar que, com a melhora do setor, venham aventureiros. É preciso criar barreiras técnicas e de qualidade (Tamaki, 2012: 21).