VER-SUS PAÇO DO LUMIAR VIVENTE: MILENA VIEIRA SILVA RELATÓRIO DE VIVÊNCIAS Paço do Lumiar, Brasil Agosto, 2016
O VER-SUS Paço do Lumiar 1ª edição começou dia 22 de agosto e encerrou dia 28 do mesmo mês. Durante esses dias vivenciamos ricas experiências que serão descritas a seguir: Na segunda-feira, dia 22, pela manhã a comissão nos passou algumas informações importantes sobre o cronograma das atividades, a divisão dos grupos das atividades com seus respectivos facilitadores e a divisão dos quartos. Ainda pela manhã, ocorreu a apresentação individual de todos. Pela tarde, conversamos com a gestora do município de paço do lumiar. Os pontos principais da conversa foram a história do SUS, o decreto 7.508, maternidades (mortalidade infantil e materna), rede cegonha, rede urgência e emergência, atenção primária (melhor em casa), Mais Médicos, redes em desenho no município (oncologia e para deficientes). Com o conhecimento básico desses temas, pudemos aprender muito sobre as redes que compõem o SUS. Dessas, a que mais a gestora focou em relação a problemas no município foi a questão de não ter maternidade e as
moradoras do local tendo seus filhos ou em São Luís ou em São José de Ribamar. Ela nos revelou que para ter um mapeamento do registro de nascimentos, ela vai in loco coletar dados. Pela noite, tivemos uma conversa muito produtiva com o secretário de relações públicas do estado do maranhão, Dr. Marcos Pacheco. Ele nos passou informações valiosíssimas e didaticamente dividiu a conversa em pontos de estrangulamento do SUS, pontos positivos do SUS e aspectos importantes. Os pontos de estrangulamento do SUS, segundo ele, são a falta de recursos humanos, a má gestão e o subfinanciamento. As particularidades do SUS seriam Vacinação em massa, um dos maiores ou o maior programa de transplante de órgãos do mundo e grande cobertura de assistência farmacêutica (medicamentos para asma, diabetes e hipertensão de graça). Falou também sobre a importância da regionalização (proporcionando uma hierarquia assistencial), discorreu sobre a força estadual (um programa multiprofissional em saúde do estado atuando nos municípios) e sobre as mortalidades materna e infantil
que precisam reduzir. Por fim, nos recomendou a leitura do decreto 7.508 para entendermos melhor a organização do SUS. Na terça-feira, dia 23, pela manhã, um grupo foi para o CAPS II e os outros dois grupos para UBS. O meu grupo foi para o CAPS e lá tivemos uma conversa com alguns profissionais. A assistente social falou sobre o atendimento, o qual o público-alvo são: severomental, psicoativos, transtorno mental, visitas domiciliares, visitas institucionais, psiquiatria, grupo AD (álcool e drogas), oficinas, trabalho manual (artesanato). Além disso, as profissionais enfatizaram a questão da dualidade do tratamento e acompanhamento: paciente e família. O CAPS II do Paço do Lumiar atualmente está funcionando juntamente com o serviço ambulatorial, o que não deveria estar funcionando juntos. Há uma escassez de recursos humanos, de insumos e materiais, pois há um sério problema com a licitação. Por fim, os atendimentos estão sendo individuais.
Pela tarde, invertemos e fomos para UBS e os demais para o CAPS II. Ao chegarmos na UBS, recebemos informações da técnica de enfermagem presente basicamente sobre a estrutura física da unidade e com relação a marcação de consultas e problemas mais comuns relacionados com o endereço dos usuários. Estava prevista uma conversa com a médica e as enfermeiras da UBS, mas não foi possível devido as mesmas estarem ocupadas com os atendimentos.
Pela noite, todos os grupos reunidos, participamos de uma dinâmica muito interessante. Ela funcionou da seguinte forma: todos deram as mãos e andamos aleatoriamente, após alguns minutos pediram que parássemos e tentássemos alcançar as mãos de quem estava do lado direito e esquerdo, após isso, deveríamos tentar desenrolar o nó que se formou. Após conseguirmos voltar a ser um círculo, houve toda uma explicação filosófica de que juntos conseguimos lutar pela resolução de problemas, que é possível lutar por uma causa quando todos andam de mãos dadas com o pensamento coletivo, respeitando as ideias dos profissionais da área da saúde, que não há opiniões mais importantes que outras. Que a construção de uma
solução deve ser em conjunto. Na quarta-feira, dia 24, pela manhã, todos os grupos, tivemos uma vivência na rede de vigilância ambiental e epidemiológica. Foi-nos passado a organização institucional, a qual é composta por vigilância em saúde(planejamento), vigilância epidemiológica, zoonoses, vigilância sanitária e ambiental. Enquanto a vigilância em saúde planeja, a atenção básica executa A partir disso, nos disseram a situação endêmica do local, sendo a Malária e a esquistossomose bem frequentes. Aprendemos sobre notificação compulsória, que são as doenças que devem obrigatoriamente serem notificadas e registradas a cada novo caso. Nos foi explicado também sobre alguns sistemas importantes, como SINAN, SINASC, SIMDA Os principais problemas dessa rede são a insuficiência de insumos e de recursos humanos
Pela tarde, foram exibidos dois filmes para embasar um posterior discussão. O primeiro filme exibido foi o Ilha das Flores, pôde-se tirar como reflexão de como a economia influencia na geração da desigualdade humana. O filme nos mostra toda uma cadeia, um ciclo que está por trás de toda a trajetória de uma troca. O segundo filme foi o SICKO ( SOS SAÚDE), resumidamente, mostra a comparação da saúde nos Estados Unidos com a saúde de outros países( Canadá, Reino Unido, França e Cuba). No filme foi revelada a exorbitante diferença da qualidade e cuidado com a saúde nos outros países e nos EUA.
Na quinta-feira, dia 25, pela manhã, conversamos com o conselho municipal de saúde do município. Primeiro, ficamos informados sobre o conselho de saúde cuja função é fiscalizar a implementação e utilização dos recursos de forma geral. Nos foi passado informações sobre a Lei 8142 que trata sobre o controle social e o financiamento. Nos explicaram sobre as conferências municipal, estadual e federal, as quais são responsáveis pela formulação de novas propostas para o SUS. Além disso, tivemos o conhecimento da resolução 333 sobre o conselho nacional de saúde, a resolução 453 também.
Pela tarde, estivemos no Parque Da Vale Do Rio Doce realizando um trilha ecológica. Durante a trilha, o condutor nos alertou quanto a criação de uma conscientização ecológica Ainda pela tarde, ao voltarmos ao hotel, tivemos uma conversa com o psiquiatra Vitor Lindoso. O mesmo nos falou sobre a reforma psiquiátrica e sobre a organização do CAPS (centro de atenção psicossocial). CAPS I o serviço não é 24 horas e não possui psiquiatra, CAPS II a equipe tem psiquiatra, mas também não é 24 horas, CAPS III possui psiquiatra e o serviço é 24 horas e por fim o CAPS GERAL, no qual são atendidos transtornos gerais graves. Além disso, o médico falou brevemente sobre o DSM, que é o Manual De Diagnóstico E Estatística Da Associação Norte-Americana De Psiquiatria Para finalizar, o convidado nos informou da necessidade de expandir os Recursos Humanos.
Pela noite, tivemos a última roda de conversa do dia com o Urologista sobre a Política Nacional de Atenção integral à saúde (PNAISH) Essa Política foi criada em oito de outubro de 2008. Sua criação foi motivada pela ideia de invulnerabilidade do homem e da necessidade de uma atenção especializada devido a atenção básica não ter conseguido suprir as necessidades, também foi motivada pelos altos índices de morbimortalidade. A PNAISH traça estratégias para atrair o homem às unidades básicas de saúde (UBS). O médico também nos revelou que as doenças crônicas afetam mais os homens Na sexta-feira, dia 26, pela manhã fomos ao SAMU, lá nos foi passado informações importantes para compreender como o mesmo funciona. Primeiro foi falado sobre a portaria 1864/2003, que instituiu a Política Nacional de Atenção às Urgências. Ainda, discorreu sobre a Portaria 356/2013 que redefine as esquipes. Basicamente, ela nos disse sobre as unidade móveis que a equipe de suporte avançado de vida é composta por enfermeiro, médico socorrista e condutor e o suporte básico de vida não é composto por médico. Falou também da composição da Central de Regulação: Médico regulador, TARM (técnico auxiliar de regulação médica e rádio-operador. A convidada da manhã nos informou sobre os tipos de ambulância existentes: tipo A(transporte), tipo B e C (resgate), tipo D (SAMU) e por último tipo E (aeronave).
Para finalizar a conversa, ela nos disse os principais problemas que o Paço do Lumiar enfrenta quanto ao SAMU: falta de mobilidade urbana, dificuldade de acesso, falta de integração (bombeiro, polícias, SAMU), ausência de uma rede obstétrica e uma rede de urgência escassa e por fim, o subfanciamento, segundo ela, 47.000 reais por equipe não é suficiente. Ela nos passou mais uma informação importante: a Central de regulação fica localizada na Grande Ilha, no bairro do Filipinho. Pela tarde nos dirigimos ao hemocentro de São Luís, HEMOMAR. Lá a assistente social discorreu sobre a doação de sangue e medula óssea. Primeiro, nos disse as três campanhas existentes atualmente para incentivar a doação de sangue: no período carnavalesco, junino e na semana de doação de sangue em outubro. Ela nos informou sobre a existência de 6 núcleos de hemoterapia no Maranhão: Pinheiro, Imperatriz, Balsas, Caxias, Santa Inês e Pedreiras. Além disso, ela nos deixou atualizados sobre os pré-requisitos para a doação de sangue e de medula óssea. Por fim, fizemos um HEMOTOUR por todas as estações da HEMOMAR, conhecendo suas peculiaridades.
Pela noite, nos encontramos com a Dr. Geneticista Maria Juliana, a única geneticista do Maranhão cujo tema foram as doenças raras sendo realizado um enfoque mais teórico e clínico. No sábado, dia 27, pela manhã fomos ao São Luís Shopping participar do dia nacional da reanimação cardiopulmonar(rcp). Lá passamos por três estações: a primeira foram os passos de uma RCP, depois sobre o DHEA e por fim a RCP em uma bebê.
Pela tarde e início da noite, nos reunimos para confeccionarmos a bandeira do VERSUS Paço do Lumiar, tradição e símbolo oficial do projeto VER-SUS. No domingo, dia 28, o último dia da vivência, nos reunimos pela manhã para a avaliação do processo educativo e encerramento das atividades.