LUGAR DE CRIANÇA É NA ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE O TRABALHO INFANTIL ENTRE ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CURITIBA



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Transcrição:

LUGAR DE CRIANÇA É NA ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE O TRABALHO INFANTIL ENTRE ALUNOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CURITIBA Sandra Terezinha Urbanetz Professora Substituta de Didática e Alfabetização no Departamento de Teoria e Prática de Ensino UFPR Mestre em Educação UFPR 1- INTRODUÇÃO O presente artigo discute um dos aspectos verificados durante a pesquisa de mestrado da autora, no período de 1998 a 2000, que investigou a prática do trabalho entre crianças das quartasséries (hoje segunda etapa do ciclo II) do ensino fundamental da Rede Municipal de Ensino de Curitiba, analisando entre outras questões, se o aluno trabalhador estabelece relação entre o que aprende na escola e suas atividades laborais, bem como que tipo de relação é estabelecida. A pesquisa desenvolveu-se buscando a compreensão de categorias teóricas essenciais como concepção de trabalho e trabalho infantil, tanto em autores que desenvolvem o conceito de trabalho de forma fundamental quais sejam, MARX(1980,1998), SMITH(1983), dentro da perspectiva da economia política, bem como autores mais contemporâneos que discutem estes conceitos como ANTUNES(1998), CARLEIAL(1997) entre outros, como nas instituições oficiais de pesquisa. Através de questionários e entrevistas desenvolvemos uma pesquisa de campo procurando compreender se as crianças curitibanas inseridas no mundo do trabalho estabelecem relações entre o que aprendem na escola e sua atividade laboral. A Rede Municipal de Ensino de Curitiba possuía, na época da pesquisa, 129 escolas agrupadas em 7 núcleos regionais: Boqueirão, Pinheirinho, Portão, Boa Vista, Santa Felicidade, Bairro Novo, Cajuru. Destas 129 escolas, 81 participaram da pesquisa. Essas escolas possuem 508 turmas de quarta-série com um total de 16.494 alunos. Destes, 10.240 participaram da pesquisa. Dentre os participantes identificamos via questionário 597 crianças que exerciam atividades laborais. Deste universo foram entrevistadas 116 crianças em 12 escolas onde a incidência do trabalho infantil foi maior, distribuídas nas diferentes regionais. Essas entrevistas foram utilizadas para a confirmação e/ou refutação das informações coletadas pelos questionários. A tabela I apresenta um quadro geral de como ficou distribuída a pesquisa nas regionais curitibanas. TABELA 01 - DEMONSTRATIVO DO TOTAL DE ESCOLAS E ALUNOS PARTICIPANTES DA PESQUISA 1999 REGIONAIS / UNIVERSO PESQUISADO BOQUEIRÃO PINHEIRINHO PORTÃO BOA SANTA VISTA FELICIDADE BAIRRO NOVO CAJURU TOTAL ESCOLAS 17 19 26 18 19 17 13 129 ESCOLAS PARTICIPANTES 12 10 16 18 11 12 8 87 ALUNOS QUE RESPONDERAM 146 56 66 129 71 75 54 597 AO QUESTIONÁRIO ESCOLAS SELECIONADAS PARA3 2 1 1 3 1 1 12 A ENTREVISTA ALUNOS ENTREVISTADOS 41 13 9 5 24 8 16 116 Ao iniciarmos a pesquisa tínhamos como hipótese que as crianças trabalhadoras não estabeleciam nenhuma relação entre o que aprendiam na escola e suas atividades laborais.porém tanto os questionários quanto as entrevistas nos mostraram um quadro bastante diferente. Estes

alunos, inseridos no mundo do trabalho precocemente, não só estabelecem esta relação como também a explicam de maneira clara e simples. Dos 597 pesquisados, 223 (37,35%) trabalham em companhia dos pais ou parentes e 374 (62,65%) realizam suas atividades sozinhas ou em companhia de amigos que realizam atividade semelhante. As meninas e os meninos que realizam atividades domésticas, em sua grande maioria, responsabilizam-se sozinhas pelo cuidado com a casa ou com crianças menores que podem ser desde bebês até crianças que possuem quase a mesma idade. A atividade doméstica é a que aparece com a maior freqüência de trabalho infantil. Nessa categoria incluímos : cuidados com a casa, faxina, preparação de alimentos, que quase sempre estavam acompanhados de cuidados com crianças menores. Em seguida aparecem as categorias de prestação de serviços e comércio como as de que se ocupam um maior número de crianças. Na categoria prestação de serviços incluímos: auxiliares de mecânica, de postos de gasolina, auxiliares de bicicletaria, costura, eletricista, borracharia, serralheiro, sapataria, gráfica, carpintaria e salão de beleza, confecção de cadernetas, colagem de envelopes, entrega de folhetos, jardineiro, montadores de caixa, lixadores e lavadores de carro, office-boy, limpador de terreno, flanelinhas, carregadores de caixa e de sacolas, cuidados com animais. Na categoria comércio incluímos: balconistas de bares, açougues, lojas em geral, mercearias, locadoras de vídeos, papelarias, mercados e lanchonetes, vendedores ambulantes nas ruas, firmas e escolas, entregadores de firmas e panificadoras, empacotador, garçonete, pintor de faixa, cortador de bolsa, embalador de picolé, cozinheiro em lanchonete e pizzaria. Na categoria construção civil colocamos os auxiliares de pedreiro e as crianças que trabalham na construção civil em companhia dos pais mas realizam tarefas específicas, quase que independentemente dos mesmos. Encontramos, ainda, crianças trabalhando como operários na confecção de gesso, o que as coloca na categoria da indústria de transformação. Como outros consideramos as seguintes atividades: catadores de latas, artesão, trabalho com serigrafia, bordados, coleta de lixo, pedinte e engarrafador de produtos de limpeza. Por fim, um último aluno trabalha na agricultura 1 2- O TRABALHO INFANTIL : CARACTERÍSTICAS DO UNIVERSO PESQUISADO Em nossa pesquisa constatou-se que muitas das crianças trabalham em casas, o que, como mostra o documento O Trabalho Tolerado de Crianças até Quatorze Anos (DIEESE,1998), faz com que estes pequenos trabalhadores tornem-se invisíveis contribuindo para que a sociedade os tome de uma forma cada vez mais natural. Podemos perceber que muitas crianças se autodefinem como ajudantes do pai, da mãe ou de um outro adulto, porém ao conversarmos um pouco mais detalhadamente com esta criança identificamos em seu relato situações de extrema responsabilidade que as aproximam muito mais do papel de ator principal do que de mero ajudante. As atividades desenvolvidas pelas crianças pesquisadas encontram-se quase exclusivamente na informalidade, característica de uma economia subdesenvolvida com ramificações quase imperceptíveis, por conta da informalização do mercado de trabalho que, em nosso país intensificou-se nas últimas décadas. O mercado de trabalho brasileiro, apesar das históricas lutas dos trabalhadores, tem se modificado profundamente diminuindo os postos de trabalho nas indústrias e aumentando-os no comércio e no setor de prestação de serviço. Esta mudança aponta uma problemática: ao fraco crescimento do emprego industrial conjugou-se uma sensível redução dos investimentos e uma estagnação da produção deste setor ( BALTAR, 1996, p. 93) e mais a importância do emprego industrial decorre do fato de ele ter sido a partir do qual se organizou o novo sindicalismo 1 O aluno que desenvolve atividade agrícola não foi incluído junto aos outros por estarmos seguindo a categorização econômica que agrupa os indivíduos de acordo com a atividade que realiza, em relação ao local em que realiza esta atividade.

brasileiro (BALTAR,1996, p.94) 2. Isto impõe um quadro de fragilização dos trabalhadores brasileiros que começam a perder os poucos direitos trabalhistas conquistados. O emprego passa a ser artigo raro e o que prolifera são os sub-empregos, as atividades informais, as ocupações temporárias, etc. Enfim o bico transforma-se em modo de vida. Aliado à reestruturação econômica e política vemos ainda a inculcação ideológica da cultura do individualismo, da responsabilidade pessoal pelo sucesso ou fracasso. Ocorre também, nos anos 1980, um intenso processo de concentração de renda, aprofundando as diferenças sociais, fruto de políticas econômicas implantadas. Segundo estudos da Fundação- Sistema Estadual de Análise de Dados ( SEADE ), sobre a região metropolitana de São Paulo, temos que: Em 1990, 20% dos membros das famílias do estrato mais baixo estavam inseridos em ocupações de baixa renda e alta rotatividade, enquanto em 1994 esta situação atingiu, de maneira desproporcional, mais de 70% dos trabalhadores daquelas famílias. Esta maior precariedade ocupacional atingiu também as famílias dos estratos intermediários. Observa-se, assim, que as menores e melhores oportunidades ocupacionais de alta renda estão crescentemente garantidas para um seleto grupo de indivíduos já pertencentes ao estrato sócioeconômico mais elevado.(baltar, 1996.p. 103) Como bem afirma o autor a região metropolitana de São Paulo não é obviamente representativa do conjunto do país(...) porém, a perda de dinamismo da estrutura econômica de São Paulo reflete-se negativamente no desempenho da economia nacional (BALTAR, 1996,p. 105) O exemplo do estado de São Paulo nos parece elucidativo, visto que em nosso país este processo de reestruturação da cadeia de produção tem se verificado em diversos setores e com intensidade diferenciada. Em nossa sociedade, os homens têm sido cada vez mais expropriados do seu trabalho na sua forma de assalariamento e de sua garantia de benefícios, portanto de sua forma de produzir-se como seres humanos. São, assim, obrigados a exercerem atividades as mais diversas. Precisamos ter a clareza de que em nosso país as garantias oferecidas pelo fato de se ter carteira assinada ainda faz muita diferença na vida dos indivíduos. Entretanto a maioria da população de baixa renda sobrevive de atividades laborais que são consideradas informais. Ou seja, vendem sua força de trabalho das mais variadas formas e por um preço cada dia menor sem qualquer garantia ou proteção. CARLEIAL(1997), em seu texto sobre a flexibilização das firmas, argumenta que existem dois fatores determinantes desta situação atual: o primeiro é a maquinização acelerada das indústrias e a modificação das relações internas, tercerizando serviços e utilizando novas técnicas organizacionais, e o segundo, a mudança das direções políticas com a redução do papel do Estado. E acrescenta: Estas duas linhas de alteração acima esboçadas terminam por impor uma série de mudanças na sociedade como um todo mas a mediação fundamental se faz através dos mercados de trabalho. Isto porque permanece a característica central do capitalismo- a exigência de uma mediação salarial para a sobrevivência, ou ainda da posse de dinheiro obtido através do desempenho de alguma ocupação/atividade, como passaporte para os diferentes mercados- e é exatamente através das modificações no mercado de trabalho que a sociedade muda/altera sua condição de consumidor e cidadão. ( CARLEIAL,1997, p.3) Segundo esclarece Marx, "o valor de uma mercadoria é diretamente proporcional à quantidade de trabalho abstrato nela materializado" (MARX, 1998, p. 62). Vivendo em uma sociedade capitalista, portanto, sob a lógica da mercadoria, o indivíduo não é mais sujeito no processo, pois já não possui mais os seus instrumentos, já não domina mais o processo de produção e nem é proprietário do que produz, tornando-se apenas uma peça da engrenagem,ou seja, um objeto. Para o sistema produtivo não importa e nem se questiona a idade ou as condições de vida deste indivíduo. Deste modo, ele pode ser qualquer um, até uma criança pois é esta a lógica da mercadoria, continuamente expropriados pela forma capitalista de organização social. 2 É importante frisar que as lutas da classe operária no Brasil remontam às manifestações dos anarquistas, imigrantes.porém não aprofundaremos estas questões aqui.

Assim as crianças que trabalham nas ruas desmontam o argumento de que o trabalho seria a opção saudável a elas pois se pensarmos( e ainda pensamos!) que o trabalho pode ter uma dimensão pedagógica, ou seja, pode não ser apenas uma atividade alienante, certamente afirmaremos veementemente que não é este o tipo de trabalho que acreditamos constituir o homem em sua dimensão mais elaborada, pois neste modo de organização social o que encontramos cada vez mais é a objetivação do homem e não a sua realização como ser humano. Todas essas crianças realizam trabalho de gente grande ou seja, cumprem ordens, horários, metas e executam a mesma atividade de seus pais ou outro adulto qualquer, sendo mais exploradas por não terem quaisquer dos poucos direitos que os trabalhadores brasileiros conquistaram. Compreendendo força de trabalho como a capacidade de realizar trabalho útil que cria o valor da mercadoria, entendemos que, vivendo sob a lógica desta mercadoria, as crianças que realizam atividades sistemáticas e compulsórias que as retiram de atividades que seriam suas por excelência, quais sejam, o estudo e o brinquedo, estão utilizando sua força de trabalho, ou seja, estão trabalhando para garantir a sua sobrevivência junto ao grupo familiar a que pertencem. Vendendo e/ou trocando sua força de trabalho pela possibilidade de sobrevivência, dentro do esquema da produção capitalista, estes pequenos indivíduos produzem renda diretamente ao estarem no mercado informal ou indiretamente, liberando seus pais para o mercado de trabalho. Estas crianças, no entanto, não são senhores de si e nem tão pouco do seu destino pois esta venda de força de trabalho aliena o trabalhador da sua capacidade criativa de produção e do controle sobre o produto de seu trabalho. Ë facilmente peceptível que em diferentes épocas o capitalismo explorou os operário de diferentes formas. Atualmente temos observado um retorno às épocas mais primitivas deste modo de produção quando verificamos que, apesar das leis, os trabalhadores utilizam-se da mão de obra de seus filhos para incrementar sua renda familiar, seja trabalhando diretamente ou possibilitando a sua liberação para o mercado de trabalho, pois: Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria permite o emprego de trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento físico incompleto, mas com membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação do capitalista, ao empregar a maquinaria, foi a de utilizar o trabalho das mulheres e das crianças. Assim, de poderoso meio de substituir trabalho e trabalhadores, a maquinaria transformou-se imediatamente em meio de aumentar o número de assalariados, colocando todos os membros da família do trabalhador, sem distinção de sexo ou de idade, sob o domínio direto do capital ( MARX, 1998, p. 451) Da época em que MARX escreveu isto, aos dias de hoje, muitas mudanças ocorreram. Muito já se conseguiu em todos os âmbitos da vida humana. Porém o que ainda não conseguimos modificar foi a constante exploração a que é exposta a classe trabalhadora. Isto se torna bastante claro ao observarmos um menino entregando panfletos todos os dias e que não percebe o quanto seu trabalho é explorado. A sua medida é a medida imediata do ganho ao final do dia. Somente este valor é percebido por ele; portanto, podemos afirmar que este menino só consegue perceber a "forma de aparência (MARX, 1998, p. 89), sem conseguir apropriar-se conscientemente do valor de seu trabalho. Este trabalho invisível, que não aparece de forma clara, explicitado por MARX como trabalho abstrato, é o trabalho homogêneo, produtor de mercadorias que passam a ter valor de troca e que, portanto podem ir ao mercado. A criança que cuida de seus irmãos menores em casa, liberando seus pais para o mercado de trabalho, não aparece nas estatísticas como trabalhador infantil; o menino que cuida de carros na avenida, a criança que ajuda seu pai na construção civil ou na oficina mecânica, ou ainda na limpeza do restaurante, não conta como trabalhador, talvez porque, de certa forma, ainda está respaldada por seus pais. Contudo, estes pais consideram que sem essas atividades a sobrevivência seria muito mais difícil, visto que ou os pais são liberados para outras atividades que produzem renda ou o pouco que as crianças recebem faz diferença no orçamento familiar.

Então, não podemos mais ignorar este tipo de trabalho infantil sob o pretexto de que este é um trabalho improdutivo. Parece-nos que este conceito de improdutivo está fortemente associado a uma forma de menosprezar e desvalorizar o que é feito e quem o faz, porque não cumpre o objetivo do capital: o lucro. Ao voltarmos à idéia original acerca das relações sob as quais o trabalho se organiza, vemos que todos os trabalhos destas crianças são essenciais, pois em algum momento alguém estará apropriando-se do valor produzido. 3- A RELAÇÃO TRABALHO-ESCOLA A maioria das crianças trabalhadoras demonstrou estabelecer relação entre o que aprende na escola e suas atividades laborais e é importante destacar que durante as entrevistas as crianças não só respondiam afirmativamente a esta pergunta (o que você aprende na escola auxilia em seu trabalho? Como ou por quê?) como também exemplificavam coerentemente, demonstrando domínio e compreensão do assunto tratado. De 597 crianças pesquisadas, 400 (67%), responderam que existe relação entre a sua escola e o seu trabalho, 135 responderam que não existe relação e apenas 62 não deram resposta a esta questão. Este é um dado que analisado individualmente poderia ser tomado como extremamente positivo, porém dentro do contexto da pesquisa esta positividade tende a ser contrabalançada pelo tipo de relação estabelecida por estas crianças. 225 200 175 150 125 100 75 50 25 0 GRÁFICO 1-TIPO DE RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E EDUCAÇÃO ALUNOS PESQUISADOS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO CURITIBA-1999 197 135 83 72 35 10 3 NÃO LEIT_ESC MATEMÁTI EDUC_RES HIGIENE EMPREGO ED_FÍSIC A matemática aparece como a disciplina em que a relação fica mais clara: 197 crianças responderam que é a escola que os ajuda a compreender e efetuar os cálculos necessários para a realização de cobranças, verificação de preços, identificação dos valores a serem recebidos por eles próprios e principalmente no troco (J. A. W. 9 anos) que eles não podem errar. Setenta e duas crianças afirmaram ser a leitura e escrita a maior contribuição da escola para o seu trabalho, pois sem ela não poderiam ler o recado da patroa (F. A. C. 12 anos), nem compreender instruções ou passar a mensagem do folheto (J. R. D. 11 anos). Trinta e cinco crianças apontaram as noções de higiene como auxílio ao seu trabalho no cuidado com bebês, dez afirmaram que a escola oferece oportunidade de emprego, afirmando que a escola proporciona maiores possibilidades de se conseguir um trabalho melhor. É interessante como elas demonstram, na prática, o slogan muito usado na escola: estude para ter um bom emprego e três identificaram a educação física com seus jogos e brincadeiras como contribuição às suas atividades sistemáticas pois sendo responsáveis por crianças pequenas a gente saber brincar é muito importante ( C. V. S. 12 anos) As respostas que nos provocaram mais intensamente foram as de oitenta e três crianças que afirmaram ser a escola o local onde eles aprendem a ter uma boa educação e respeito pelas pessoas. Estas respostas apareceram como: ouvir as pessoas, obedecer aos mais velhos, ter um bom comportamento, respeitar as pessoas, cumprir com suas obrigações, etc, que agrupamos dentro

desta expressão- educação e respeito- por considerarmos que ela retrata bem os depoimentos ouvidos. Com certeza educação e respeito são conceitos fundamentais para a vida das pessoas. Contudo, nestes depoimentos, o fato de que esta boa educação e respeito referem-se sempre a uma atuação passiva de obediência e subserviência que não se aceita mais como atitude escolar, ou melhor dizendo, que não deveríamos mais estar aceitando, nos leva a pensar que a escola continua reproduzindo no seu interior este tipo de atitude, confirmando a construção ideológica da escola como também um espaço de domesticação e conformação dos seres humanos aos padrões capitalistas de vida. As crianças que trabalham no comércio, prestação de serviço e construção civil revelam que é com a matemática que eles estabelecem maior relação. Já as crianças que trabalham em atividades domésticas são as que em maior número revelam não haver relação entre suas atividades laborais e o aprendizado da escola e em segundo plano responderam que a educação e respeito são as relações estabelecidas entre escola e a sua atividade laboral. Fica claro, então, que as relações estabelecidas pelas crianças são bastantes coerentes com o tipo de atividade exercida. Estas relações evidenciam o uso cotidiano e prático das noções matemáticas, lingüísticas e durante as entrevistas, as crianças confirmaram esta compreensão. No que diz respeito à sua renda, dos entrevistados, 30% afirmaram entregar tudo o que recebem diretamente para os pais, o restante encarrega-se de seus gastos pessoais, o que confirma o uso do trabalho infantil como incremento de renda, pois os gastos pessoais de uma criança ou jovem são ainda, em nossa sociedade, responsabilidade dos pais. O trabalho faz parte da vida dessas crianças como o estudo e o brinquedo fazem parte da vida da criança das classes dominantes. Desde muito cedo as meninas e os meninos cuidam de seus irmãos menores e da casa para que seus pais possam trabalhar e desde muito cedo aprendem as responsabilidades destas atividades. Também são inseridas no contexto de trabalho fora da casa muito precocemente. Os entrevistados com idade acima de doze anos começaram a trabalhar aos nove anos. Alguns até antes. Marx já comentou que, para a classe trabalhadora o trabalho, obrigatório para o capital, tomou o lugar dos folguedos infantis e do trabalho livre realizado, em casa, para a própria família, dentro de limites estabelecidos pelos costumes ( MARX, 1998, p. 451) o que nos mostra que o trabalho infantil não é um fenômeno novo, mas intrínseco ao modo capitalista de organização social, variando a forma e a intensidade de acordo com as mudanças ocorridas dentro do sistema. De pedintes a vendedores ambulantes, passam a cada dia por nossas vidas sem que nos questionemos quantos anos têm e qual o motivo de estarem ali. Muitas vezes consideramos bem melhor que elas estejam inseridas em um processo de trabalho, pois, em nossa sociedade, o trabalho para as camadas populares sempre foi visto como um excelente mecanismo disciplinador e educativo. Criadas sob os moldes de que o trabalho engrandece o homem ou de que o trabalho é a grande fonte de virtude, a classe trabalhadora têm assumido essa condição para seus filhos, sem perceberem que o avanço da humanidade consolidou, na sociedade atual, o brinquedo e o estudo para as suas crianças. As análises realizadas nos sete núcleos regionais indicam algumas variações da pesquisa geral, caracterizando de maneira específica cada regional. Com exceção do Bairro Novo, onde a maior freqüência de respostas foi a negativa, a relação que aparece com maior freqüência nas regionais é com a matemática, e seria bastante interessante pesquisar o porquê desta relação. A tabela a seguir sintetiza as relações estabelecidas pelas crianças em todas as regionais pesquisadas.

TABELA 02 RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E TRABALHO MANIFESTADA POR ALUNOS DE 4ª SÉRIE, TRABALHADORES E PARTICIPANTES DA PESQUISA POR NÚCLEO - 1999 NÚCLEOS MA LEIT /ESC EDUC/ RESP. HIGIENE EMPREG O EDUC. FÍSIC SEM RELAÇ. TOTAL BOQUEIRÃO 47 13 12 03 04 01 33 113 PINHEIRINHO 29 11 09 00 00 00 06 55 PORTÃO 33 09 14 06 00 00 04 66 BOA VISTA 33 20 23 13 00 00 40 129 SANTA 23 03 07 09 00 01 22 65 FELICIDADE BAIRRO NOVO 19 08 05 02 02 01 20 57 CAJURU 17 08 13 02 04 00 06 50 TOTAL 197 72 83 35 10 03 135 535 3- UMA PRIMEIRA CONCLUSÃO Entre as crianças pesquisadas, sessenta e duas não responderam à pergunta correspondente a relação estabelecida entre escola e trabalho e ao ouvirmos todos estes depoimentos, ficamos com a impressão de que muito ainda há por se descobrir. Ainda precisamos aprofundar as pesquisas com relação ao trabalho infantil urbano, levantando junto aos programas institucionais algumas observações sobre o trabalho doméstico das crianças como estratégia de liberação dos pais. Outra questão interessante a pesquisar seria a grande aceitação social de algumas atividades desenvolvidas pelas crianças como o teatro ou as atividades televisivas. Aparentemente aceitamos estas atividades como se elas fossem unicamente prazeirozas para a criança. Estas informações demonstram que a problemática do trabalho infantil em nosso país ainda reclama atenção, pois os avanços que ocorreram com a diminuição do uso da mão de obra infantil no campo ainda não conseguiram equivalência na cidade. Como aponta o DIEESE, no documento citado anteriormente, estas crianças, a cada dia tornam-se mais e mais invisíveis dificultando a luta contra este tipo de exploração, que todos sabemos, nada mais é do que fruto da crescente expropriação da população trabalhadora brasileira. Em nossas escolas públicas ainda não se compreendeu que seus sujeitos mais importantes, os alunos, estão inseridos em uma realidade bastante diversificada determinada por condições sócio-econômicas muito desfavoráveis, tirandolhes a possibilidade de humanização. Qualquer educador concordará que é essencial que nossos alunos aprendam a ter respeito, a serem bem educados, porém qualquer educador que vislumbre a realidade de alunos entregando folhetos nas ruas, catando papel e lixo reciclável ou trabalhando como babás ou faxineiros verá que o respeito é o que mais falta a estas crianças. A vida, a sociedade estruturada da forma como está, não os respeita nem como seres humanos, nem como crianças. Então, precisamos desenvolver um trabalho muito mais sério dentro de nossas escolas, um trabalho articulado à realidade e que possa contribuir na formação das crianças e jovens em um sentido mais amplo, na perspectiva de humanização, que procure a criação da consciência desveladora 3 deste modo de organização social que reduz tudo e todos a meros insumos econômicos. Atualmente, talvez muito mais do que possamos imaginar podemos confirmar MARX quando afirma que...sob a ação demolidora do processo industrial moderno, os laços familiares 3 Não desenvolveremos aqui a colaboração escolar para a formação da consciência dos indivíduos, pois entendemos que isto requereria um outro trabalho, porém é necessário esclarecer que acreditamos que a consciência dos homens faz-se a partir de suas condições concretas de vida e a escolarização aqui entraria como um espaço de reflexão sobre esta realidade. Isto pressupõe que a escola não é a única instituição a realizar esta tarefa.

das famílias operárias são desfeitos e seus filhos, reduzidos a simples objeto de comércio, a simples instrumentos de trabalho (MARX,1980,p 33). Na Rede Municipal de Ensino de Curitiba existe o programa bolsa escola que pretende trazer de volta o aluno que a escola identifica como razão do abandono a necessidade do trabalho. Porém em nossa pesquisa evidenciamos que mesmo estando na escola, uma parcela da população infantil está também, inserida no mundo do trabalho, o que reforça a necessidade de luta por uma sociedade diferente aonde não se verifique mais a necessidade do trabalhador mercadejar mulher e filhos (MARX, 1998, p196 ). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES,R. Adeus ao trabalho? São Paulo: Cortez,1998. BALTAR, Paulo E. de A,Crise e trabalho no Brasil. Campinas: Scritta, 1996. CARLEIAL, Liana Maria da Frota. Firmas, flexibilidades e direitos no Brasil: aonde vamos? São Paulo em perspectiva, São Paulo, v.11, n.1,junho/ 1997. CASTRO, Nadya A. e DEDECCA, Cláudio S ( org.) A ocupação na América Latina: tempos mais duros. São Paulo; Rio de Janeiro: ALAST, 1998. DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIO- ECONÔMICOS. O trabalho tolerado de crianças até catorze anos. São Paulo, DIEESE, 1998. MARX,Karl. Manifesto do partido comunista.rio de Janeiro,Global editora, 1980 MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. livro I v.i Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 1998. SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo : Abril Cultural, 1983.