4 QUEDA NO VALOR DO PLASTICO RECICLADO: UMA ANALISE DOS DADOS COLETADOS DA ARREP (Associação de Recicladores Rei do Pet) ANDRADE, Adriana Aparecida de CRUZ, Gilson Campos Ferreira da RESUMO Esse trabalho tem por finalidade demonstrar os resultados obtidos através da sistematização da coleta de dados, em especial o material da categoria PET, feita na Associação de Recicladores Rei do Pet, situada na cidade de Ponta Grossa onde atua desde 2010 até os dias de hoje, e através dessa sistematização de dados demonstrar a queda no valor do plástico em decorrência de variados fatores econômicos. INTRODUÇÂO Sabe se que o ser humano produz e descarta grande quantidade de resíduos durante todo o desenvolvimento de suas atividades cotidianas. Com o avanço da tecnologia e da indústria aparecem cada vez mais frequentemente produtos com vida útil limitada e que acabam sendo descartados de forma impropria causando grandes danos ao meio ambiente. Nesse trabalho serão apresentados os resultados parciais da análise que está sendo feita com relação aos dados de produção da Associação de Recicladores Rei do Pet ARREP, para o período de janeiro de 2015 até maio de 2015, enquanto um recorte dos dados do período que compreende desde o início das operações no atual barracão, em 06/2012 até o momento atual. OBJETIVOS O objetivo geral é demonstrar através da análise de dados coletados na ARREP, a variação de preços na venda do material reciclado, categoria plástico e as possíveis relações com o mercado em geral. Objetivo especifico: Sistematizar os dados de produção da ARREP. Identificar possíveis causas da variação de preço dos plásticos.
5 METODOLOGIA Coleta de dados da produção junto a associação de Recicladores Rei do Pet. Digitados em planilhas do Excel. Sistematizados, individualizados por categoria, período, entrada de reciclados pela Feira Verde e Cata Paraná. Montagem de gráficos de evolução de preços, produção em quilo, produção em reais por produtos e produção geral. PLÁSTICOS, RECICLAGEM E MERCADO Pelo motivo do plástico ser mais versátil, há a possibilidade de confeccionar variados artigos e objetos com um custo mais baixo que outros materiais, como brinquedos, peças automotivas, utensílios domésticos, calçados, embalagens etc, possibilitando a as camadas menos favorecidas da população o acesso a esses objetos e artigos, que antes eram de uso exclusivo de uma parcela rica da população, é o que afirma Piatti. Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a fabricação dos plásticos sintéticos teve início com a produção da baquelita, no início do século XX, e teve grande desenvolvimento nos anos 20, sua matéria prima é o petróleo. Esses plásticos são divididos em: 1-PET-polietileno tereftalato que são os frascos e garrafas; 2-PEAD- polietileno de alta densidade que são embalagens mais resistentes usadas para detergentes e óleos automotivos, engradados de bebidas e baldes; 3- PVC policloreto de vinila que assim como o 4-PEBD-polietileno de baixa densidade são utilizados para sacolas de supermercado, sacarias industriais sacos de lixos e lonas agrícolas; 5-PP- polipropileno que são utilizados para embalagens industriais, cordas, tubos para agua quente, potes, fraldas e seringas; 6-OS- poliestireno que são utilizados como potes de iogurte, sorvetes, doces, frascos, tampas e brinquedos; 7-OUTROS nesse grupo encontram-se os plásticos ABS/SAN, EVA, PA e PC, utilizados como solados, autopeças, chinelos, pneus, CDs e eletrodomésticos. A grande dificuldade em reciclar os resíduos plásticos pós consumo é justamente o fato que se encontram misturados, existindo a necessidade de se separar os diferentes tipos, pois são incompatíveis entre si na forma de reciclagem, há alguns que necessitam da reciclagem química onde há o reprocessamento e transformação em petroquímicos básicos, e outros que necessitam da reciclagem mecânica que resultam na conversão dos descartes plásticos em grânulos e são utilizados para produção de outros produtos (Marcia e Marco- 2005).
6 Desta forma, o papel das associações e cooperativas de recicladores é extremamente importante na sociedade atual, pois é através do trabalho deles que esses plásticos juntamente com os outros resíduos são separados e retornam para mercado na forma de novos produtos. Em Ponta Grossa existem, atualmente, 4 associações de catadores de material reciclável, sendo que uma delas é incubada pela Incubadora de Empreendimentos Solidários - IESOL, a Associação de Recicladores Rei do Pet ARREP. A Associação de Recicladores Rei do Pet teve início em 2010, inicialmente com um grupo de catadores que tinham o desejo e sonho de se concretizar enquanto associação. Dessa forma, em 2011 esse grupo efetivou-se como associação, gerando trabalho e renda coletiva, além de preservação ambiental. A associação possui uma trajetória desde sua criação vinculada a IESol Incubadora de Empreendimentos Solidários, Programa de Extensão Universitária da UEPG (IESOL, 2015). Todas as associações possuem convênio com a UEPG para recebimento dos recicláveis produzidos na Universidades e separados em lixeiras e pevs específicos. O mercado de materiais recicláveis é uma realidade em todo o mundo, pois resultam em aumento na vida útil dos aterros; geração de emprego e renda; e redução na poluição gerada pelos processos produtivos resíduos, efluentes e emissões. Além destas vantagens, Calderoni (2003) cita aspectos relacionados aos custos: obtenção das matérias-primas pelas indústrias; aterramento sanitário; transporte, na medida em que aumentam as distâncias entre os pontos de coleta e os aterros; e a redução nos custos de produção: energia, matéria-prima e transporte. Mas no início do ano de 2015 essa realidade está sofrendo mudanças. O Pet compõe painéis e carpetes de carro, que são transformados em resina e utilizados na fibra de vidro de ônibus. Segundo uma reportagem do jornal Folha de São Paulo (17/07/2015), houve a queda do preço do pet em consequência da diminuição da demanda pelo setor industrial e também da queda de produção de veículos. Outra questão muito importante é o fato do plástico ser derivado do petróleo, desta forma, a queda nos preços do petróleo derrubou o preço do plástico virgem, fazendo com que o pet reciclável fique mais caro, é o que explicam GEORGI KANTCHEV e SERENA NG, repórteres The Wall Street Journal. RESULTADOS E DISCUSSÕES A pesquisa feita nesse trabalho é uma pesquisa em andamento, onde os resultados são preliminares, e esses resultados mostraram que houve uma grande queda no preço dos plásticos, de forma especial no caso do pet. Este fato teve grande repercussão na Associação, pois muitos catadores tem a reciclagem como única fonte de renda. Alguns catadores precisaram sair para buscar uma condição melhor no que diz respeito a renda.
7 Através do quadro informativo (Figura 1), onde a há a relação de entrada de material por quilos, valor pago no mercado, e valor final de vendas, esse resultado de queda fica bem claro e comprova-se. DATA KILO VALOR Venda R$ 08/jan 221,000Kg R$ 1,90 R$ 419,90 21/jan 229,400Kg R$ 1,90 R$ 435,86 29/jan 272,000Kg R$ 1,90 R$ 516,80 05/fev 168,200Kg R$ 1,90 R$ 319,58 12/fev 168,200Kg R$ 1,90 R$ 319,58 19/fev 168,200Kg R$ 1,90 R$ 319,58 26/fev 168,200Kg R$ 1,90 R$ 319,58 05/mar 368,800Kg R$ 1,90 R$ 700,72 12/mar 208,000Kg R$ 1,90 R$ 395,20 19/mar 372,000Kg R$ 1,90 R$ 706,80 23/mar R$ 1,90 R$ 0,00 26/mar 222,000Kg R$ 1,90 R$ 421,80 06/abr 274,600Kg R$ 1,90 R$ 521,74 09/abr 187,200Kg R$ 1,90 R$ 355,68 16/abr 244,000Kg R$ 1,90 R$ 463,60 15/mai 272,400Kg R$ 1,10 R$ 299,64 20/mai R$ 1,10 R$ 0,00 21/mai 99,400Kg R$ 1,10 R$ 109,34 28/mai 207,600Kg R$ 1,10 R$ 228,36 TOTAL KG 3.851,200Kg TOTAL R$ 6.853,76 Figura 1 Quadro demonstrativo de dados do material PET branco- (Adriana Andrade). Fazendo a analise deste quadro, pode-se notar que no mês de janeiro o valor do pet era R$1,90 por quilo e se manteve até abril, já em maio esse valor caiu para R$1,10 o quilo, acarretando na queda de 42% no valor por quilo. Assim por maior que seja o esforço dos recicladores em produzir mais, o valor de venda continuará abaixo do esperado, isso fica claro nas datas de 29 de janeiro onde foram reciclados 272,000Kg de Pet branco arrecadando um valor de R$ 516,80. Já na data de 15 de maio foram reciclados 272,400Kg e arrecadação foi de R$299,64 com a venda desse material, demonstrando que houve uma baixa de R$217,16 com a venda de praticamente a mesma quantia em quilos de Pet branco. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da elaboração desse trabalho, nota se que o material plástico é encontrado com muita facilidade em residências pelo mundo todo, pela sua facilidade de manuseio, pela beleza, pela eficiência e pelo custo/benefício, acarretando em grande descarte pela sociedade atual, por esses motivos sempre foi um dos materiais mais cobiçados pelos
8 recicladores, pois são encontrados com facilidade e pela grande venda. Mas com a atual crise econômica, reciclar plástico já não é algo tão vantajoso, pois para a indústria sai mais barato fazer novos plásticos através do petróleo que está com preço baixo, do que utilizar os reciclados. REFERENCIAS CALDERONI, Sabetai. Os bilhões perdidos no Lixo, 2003. GODECKE, Eco Debate, Cidadania e Meio Ambiente; Uma Análise de Mercado dos Principais Recicláveis no Brasil, artigo de Marcos Vinicius. Disponivel em: < http://www.ecodebate.com.br/2014/03/11/uma-analise-de-mercado-dos-principaisreciclaveis-no-brasil-artigo-de-marcos-vinicius-godecke/>acessado em 19 de novembro de 2015. HIDRICOS, Kit Residuos, Desperdício Zero, Programa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos (pag 9 a 12). Curitiba/PR, 2005 PIATTI, Tania Maria; Plásticos: características, usos, produção e impacto ambiental. Maceió/AL, 2005. RECICLAGEM, The Wall Street Journal, Plástico barato ameaça ruir indústria da. Disponivel em:< http://br.wsj.com/articles/sb11439164361287373597304580568984133160988> acessado em 19 de novembro de 2015.