MISAEL DUARTE A ANÁLISE DA OMISSÃO IMPRÓPRIA EM FACE DA ATUAÇÃO DO BOMBEIRO E AS CONSEQUÊNCIAS NA ESFERA CIVIL E PENAL CURITIBA 2014
MISAEL DUARTE A ANÁLISE DA OMISSÃO IMPRÓPRIA EM FACE DA ATUAÇÃO DO BOMBEIRO E AS CONSEQUÊNCIAS NA ESFERA CIVIL E PENAL Artigo científico apresentado à disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Direito Administrativo Disciplinar do Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná Orientadora: Lissandra Espinosa de Mello Aguirre CURITIBA 2014
A ANÁLISE DA OMISSÃO IMPRÓPRIA EM FACE DA ATUAÇÃO DO BOMBEIRO E AS CONSEQUÊNCIAS NA ESFERA CIVIL E PENAL RESUMO A pesquisa aqui realizada tratou da análise da omissão imprópria em face da atuação do bombeiro e as consequências na esfera penal. O bombeiro militar no exercício de sua profissão, suas atribuições a ele empregadas se omite na obrigação de prestar socorro diante do dever de agir. Durante a pesquisa levantouse o seguinte questionamento: Diante da omissão de socorro pelo bombeiro, quais as consequências de ordem penal podem ocorrer e qual o seu limite? Para responder o questionamento buscou-se na pesquisa bibliográfica através do método dedutivo de natureza qualitativa. Concluindo que o dever de agir do bombeiro militar está condicionado também à possibilidade de agir, pois mesmo em casos que o profissional esteja obrigado a enfrentar a situação de perigo, este não é obrigado ao sacrifício de seu bem maior, sua própria vida. Palavras-chave: Bombeiro Militar. Omissão de Socorro. Dever de Agir.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 5 REVISÃO DE LITERATURA... 6 2.1 OMISSÃO DE SOCORRO... 6 2.2 BOMBEIRO MILITAR E SUAS ATRIBUIÇÕES... Erro! Indicador não definido. 2.3 OMISSÃO NA PRESTAÇÃO DE SOCORRO NO SERVIÇO DO BOMBEIRO MILITAR... Erro! Indicador não definido. 3 METODOLOGIA... Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO... Erro! Indicador não definido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... Erro! Indicador não definido.
5 A ANÁLISE DA OMISSÃO IMPRÓPRIA EM FACE DA ATUAÇÃO DO BOMBEIRO E AS CONSEQUÊNCIAS NA ESFERA CIVIL E PENAL Misael Duarte 1 INTRODUÇÃO A presente pesquisa trata da análise da omissão imprópria em face da atuação do bombeiro e as consequências na esfera penal. A problematização do tema concentra-se no Bombeiro Militar ciente dos seus deveres para com outrem, também deve ter conhecimento de que omissão trás consequências de ordem penal, mas qual o limite dessa consequência em face da sua atuação? Diante da problematização do tema, levanta-se o seguinte questionamento: diante da omissão de socorro pelo bombeiro, quais as consequências de ordem penal podem ocorrer e qual o seu limite? O tema encontra hipóteses na situação em que o bombeiro no exercício de sua profissão, e ainda, nas atribuições a ele empregadas se omite na obrigação de prestar socorro poderá sofrer sanção penal em casos em que seja caracterizado o dolo e a culpa. Quanto às variáveis identificou a seguinte: Por ser órgão da administração estadual, poderá o Estado também ser responsabilizado pela omissão de seu agente? A pesquisa tem como objetivo geral demonstrar o limite das consequências da omissão do agente (bombeiro) no socorro a vítima tanto na esfera penal quanto na civil, e ainda, a que ponto o Estado deve ser responsabilizado juntamente com o agente. E como objetivos específicos: a) Expor sobre omissão de socorro, causas e tipos de omissão; 1 DUARTE, Misael. 1º Ten. QOBM Graduação: Bacharel em Segurança Pública pela Academia Policial Militar do Guatupê (APMG) - e-mail: misael.duarte@pm.pr.gov.br
6 b) Analisar as atribuições dados ao bombeiro militar; c) Demonstrar o dever de agir face ao poder de agir e suas consequências. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 OMISSÃO DE SOCORRO Inicialmente deve-se expor sobre a omissão de socorro para embasar as consequências de sua prática pelo bombeiro militar. O Código Penal Brasileiro em seu artigo 135 caracteriza a omissão de socorro. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave iminente perigo, ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. O Código Penal Militar trata de forma semelhante à omissão de socorro em seu artigo 29. Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. [...] 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência. Nota-se que a lei obriga o sujeito desde que este não corra risco pessoal, prestar assistência à quem necessita.
7 Essa assistência se dá ao dever de solidariedade e nesse aspecto Noronha (apud ROMANIUC, 2014, s/p) ensina que o art. 135 traduz uma norma de solidariedade humana, sob o imperativo legal, já não se trata de simples dever moral, mas de uma imposição da Lei, e ainda, de acordo com esse entendimento percebe-se que o tipo de omissão de socorro é, na verdade um dever predominantemente moral, mas imposto a todos por força da lei. Para Houaiss, omissão de socorro é em termos jurídicos: Ato ou efeito de não fazer o que moral ou juridicamente se deveria fazer, e de que resulta, ou pode resultar, prejuízo para terceiros ou para a sociedade. Assim, cometerá uma omissão aquele que tiver uma obrigação, quer seja moral ou jurídica, e não agir, não fizer o que deveria fazer (HOUAISS, 2009 apud BARBOSA, 2011, p. 22) O Autor também define Socorro, como: Ato ou efeito de socorrer, auxílio, benefício, ajuda ou assistência a alguém que se acha em situação de perigo, desamparo, doença etc., disto, nota-se que socorre é agir em assistência a quem precise de ajuda, que esteja em situação de dificuldade (HOUAISS, 2009 apud BARBOSA, 2011, p. 22) Na junção de omissão e socorro, formando-se a expressão omissão de socorro, que segundo Houaiss (apud BARBOSA, 2011, p. 22) é: deixar de ajudar, de socorrer alguém em dificuldade, é presenciar alguém em uma situação de risco e nada fazer em seu auxílio. Exposto sobre o conceito de omissão de socorro se faz necessário, mencionar que a mesma é classificada, no entanto, primeiramente expõe sobre as causas da omissão. O artigo 13 do Código Penal em seu caput elenca que a causa de um crime é toda ação ou omissão sem a qual o resultado lesivo não teria ocorrido. Neste sentido, Barbosa diz que: O Código Penal adota a teoria da equivalência das condições, onde, pelo método indutivo hipotético de eliminação, a causa do resultado seria aquela condição que, se suprimida mentalmente,
8 impediria a existência daquele resultado. Ou seja, se aquela ação não tivesse ocorrido, não haveria como se chegar ao resultado. Disso decorre a afirmação de que a omissão não causa nada, não podendo gerar um resultado material a falta de ação. Mas, a questão da casualidade na omissão é motivo de divergência na doutrina. (BARBOSA, 2011, p. 24) Quanto no sentido de divergência, Capez (2007, apud BARBOSA, 2011, p. 24) afirma que a omissão é um não fazer, que omissão não interfere dentro do processo causal, pois quem se omite não faz absolutamente nada, e, por conseguinte não pode causar coisa alguma e conclui que por isso, a omissão, dentro da teoria normativa, é não fazer o que deveria ter feito, havendo uma norma impondo uma atitude. A ausência dessa norma impediria a imputação de crime ao omisso. Sendo assim, ocorre a omissão na prestação de socorro quando a lei prevê e obriga a ação na tentativa de evitar o resultado, sendo possível a ação naquela situação que configurará essa omissão. Afirma Noronha (2004 apud BARBOSA, 2011, p. 25) que quando a omissão deve ser considerada causa no terreno jurídico? A resposta é que só é causal a omissão quando há o dever de impedir o evento, o dever de agir Elementos de conduta são necessários para configurar como causa do resultado, segundo Capaz (2007 apud BARBOSA, 2011, p. 25) enumera quatro, são elas: vontade, finalidade, exteriorização e consciência. A omissão ainda pode ocorrer de forma dolosa ou culposa, Zaffaroni e Pierangeli explicam as duas formas, são elas: Na forma dolosa, além do efetivo conhecimento da situação típica e da previsão da causalidade, faz-se necessário, na omissão imprópria, que o sujeito esteja ciente da sua oposição de garantidor, o que não significa que deverá conhecer os deveres inerentes dessa posição. Deve também reconhecer que lhe é possível impedir o resultado lesivo, interrompendo a causalidade que chegaria ao resultado. Sobre a forma culposa, seu conceito não sofre alteração na omissão, sendo decorrente da violação do dever de cuidado (ZAFFARONI E PIERANGELI, 2007 apud BARBOSA, 2011, p 26).
9 Tanto na legislação comum quanto na legislação militar, a omissão na prestação de socorro encontra-se inserida sob dois enfoques: crime omissivo próprio puro ou simples e segundo, crime omissivo impróprio comissivo por omissão. O omissivo próprio, para Capez (2007 apud BARBOSA, 2011, p. 26) configura-se por uma conduta que não exige o segundo elemento o dever jurídico de agir, não existindo a norma criando vínculo jurídico. Sendo assim, observa-se que só há essa modalidade que a lei prevê, ou seja, a omissão própria decorre de um tipo penal. Quanto à omissão imprópria, segundo Barbosa (2011, p. 29) via de regra, não estão previstos de forma direta pela legislação penal. Para que se configure o crime omisso impróprio, se faz mister o uso da norma de extensão, o art. 13, 2º do CP ou art. 29 2º do CPM. Greco explica que: