Guia de Estudos. Design de Cursos para a EaD



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Guia de Estudos Design de Cursos para a EaD

SABE Sistema Aberto de Educação Av. Cel. José Alves, 256 - Vila Pinto Varginha - MG - 37010-540 Tele: (35) 3219-5204 - Fax - (35) 3219-5223 Instituição Credenciada pelo MEC Portaria 4.385/05 Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS/MG Unidade de Gestão da Educação a Distância GEaD Mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas - FEPESMIG Varginha/MG 1

378.35 S232g. SANT ANA, Tomás Dias. Guia de Estudos Design de Cursos para Educação a Distância Tomás Dias Sant Ana. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2007. 53p. 1. Educação a Distância. 2. Design de Curso. 3. Qualidade I. Título. 2

REITOR Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola GESTOR Prof. Ms. Tomás Dias Sant Ana Supervisor Técnico Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza Coord. do Núcleo de Recursos Tecnológicos Profª. Simone de Paula Teodoro Moreira Coord. do Núcleo de Desenvolvimento Pedagógico Profª. Vera Lúcia Oliveira Pereira Design/diagramação Prof. César dos Santos Pereira Equipe de Tecnologia Educacional Profª. Carina Carvalho Tavares Profª. Débora Cristina Francisco Barbosa Prof. Lázaro Eduardo da Silva Autor TOMÁS DIAS SANT ANA, Ms Tecnólogo em Processamento de Dados (1997) e Bacharel em Ciência da Computação (1998) UNIFENAS, Alfenas - MG. Mestre em Ciência da Computação (2001) pela USP, São Carlos - SP. Pós-Graduando em Negócios para Executivos pela FGV EAESP. Foi coordenador Geral de Pós-Graduação e atualmente ocupa o cargo de Gestor da Unidade de Educação a Distância - GEaD do Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS, Varginha - MG. Atua também como coordenador do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Redes de Computadores e é professor em cursos de Graduação e Pós-Graduação, presencial e a distância, neste mesmo Centro Universitário. 3

TABELA DE ÍCONES Realize. Determina a existência de atividade a ser realizada. Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser realizada. Fique atento a ele. Pesquise. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informação. Pense. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um questionamento. Conclusão. Todas as conclusões, sejam de idéias, partes ou unidades do curso virão precedidas desse ícone. Importante. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como um sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada. Hiperlink. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impresso ou endereço de Internet. Exemplo. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado. Sugestão de Leitura. Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar. Aplicação Profissional. Indica uma aplicação prática de uso profissional ligada ao que está sendo estudado. Checklist Ou Procedimento. Indica um conjunto de ações para fins de verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa. Saiba Mais. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma a possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado. Revendo. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente. 4

SUMÁRIO Apresentação...6 1. INTRODUÇÃO...7 1.1. Conceito...7 1.2. Histórico...8 1.2.1. EaD no Mundo...11 1.2.2. EaD no Brasil...11 1.2.3. EaD no UNIS...13 2. MODELOS DE CURSOS PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA...15 2.1. Considerações Iniciais...15 2.2. Modelos...15 2.2.1. O modelo da preparação para exame...16 2.2.2. O modelo da educação por correspondência...17 2.2.3. O modelo multimídia (de massa)...18 2.2.4. O modelo da educação a distância em grupo...19 2.2.5. O modelo do aluno autônomo...19 2.2.6. O modelo de ensino em sala de aula estendido tecnologicamente...20 2.2.7. O modelo de educação a distância baseado na rede (on-line)...21 2.2.8. Modelos Híbridos...22 2.3. Considerações Finais...22 3. PLANEJAMENTO DE CURSOS PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA...24 3.1. Considerações Iniciais...24 3.2. Fase de Análise...25 3.2.1. Perfil dos Alunos...25 3.2.2. Objetivos de Aprendizagem...26 3.2.3. Estratégias Metodológicas...27 3.2.4. Mecanismos de Avaliação...28 3.3. Identificação da Abordagem do Projeto...29 3.3.1. Abordagem Instrucional...30 3.3.2. Abordagem Interacionista...39 3.4. Considerações Finais...51 REFERÊNCIAS...52 5

Apresentação Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias, para determinar com exatidão seu lugar preciso em relação a seus próximos e à comunidade. Albert Einstein Prezado(a) aluno(a): Este é o seu Guia de Estudos da disciplina de Design de Cursos para Educação a Distância Unidades 1 a 3, ministrada para o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Docência na Educação a Distância pelo Centro Universitário do Sul de Minas UNIS-MG e o Sistema Aberto de Educação - SABE. O Guia irá auxiliá-lo(a) no desenvolvimento das competências necessárias para o planejamento e para implantação de cursos a Distância. Cada disciplina do seu curso tem características e importância peculiares. Especificamente a disciplina de Design de Cursos para Educação a Distância irá prepará-lo(a) para os desafios que envolvem o projeto e desenvolvimento de cursos a distância, principalmente o modelo em rede (on-line). Com o auxílio deste Guia de Estudos, você irá aprender os passos básicos, a lógica e as técnicas para construção de algoritmos e programas; os conceitos básicos que envolvem o projeto de curso para EaD; os principais Modelos de EaD existentes e as etapas para o planejamento e desenvolvimento de cursos para EaD, principalmente o desenvolvimento de cursos on-line. O desafio está lançado... Tomás Dias Sant Ana Professor da disciplina Design de Cursos para Educação a Distância 6

1. Introdução 1. INTRODUÇÃO Antes de iniciar o seu trabalho é fundamental que você compreenda/relembre o conceito e a evolução histórica de nosso objeto de estudo neste curso, ou seja, da Educação a Distância. 1.1. Conceito Segundo Nunes (2007), as primeiras abordagens conceituais qualificavam a educação a distância pelo que ela não era e estabeleciam comparação imediata com a educação presencial, também denominada educação convencional, direta ou face-a-face, na qual o professor, presente em sala de aula, era a figura central. No Brasil, até hoje, muitos preferem tratar a educação a distância a partir da comparação com a modalidade presencial. Esse comportamento não é de todo incorreto, mas promove um entendimento parcial do que é educação a distância e, em alguns casos, estabelece termos de comparação pouco científicos. No trecho a seguir, FRANCO (2007) descreve o conceito de Educação a Distância, ressaltando o uso das TICs para diminuir a distância física entre professor e aluno: A Educação a Distância (EAD) pode ser bordada como uma modalidade educacional que utiliza processos que vão além da idéia de superar a distância física. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) não servem apenas para diminuir a distância física entre aqueles que aprendem e aqueles que ensinam, elas são eficazes em várias situações, inclusive nos cursos presenciais. Essa abordagem não é original, pois tem uma proximidade com o conceito de distância transacional de Moore (1996), que considera a distância educacional não do ponto de vista físico, mas do ponto de vista comunicativo. De acordo com Otto Peters (2001), o conceito de distância transacional de Moore distingue a distância física e comunicativa. A distância transacional será maior ou menor, dependendo se os estudantes são abandonados à própria sorte, com seus materiais de estudo, ou podem comunicar-se com os docentes. Isto significa que havendo mais comunicação entre alunos e 7

1. Introdução professores, a distância entre eles é menor, independentemente da distância física. Outro fator que influencia a distância transacional é a estrutura do material de ensino. Quanto mais o direcionamento dos alunos está determinado na estrutura do material, maior a distância transacional. Assim, A distância transacional atinge seu auge quando docentes e discentes não têm qualquer intercomunicação e quando o programa de ensino está pré-programado em todos os detalhes e prescrito compulsoriamente, sendo que, conseqüentemente, necessidades individuais não podem ser respeitadas (Peters, 2001). O pressuposto é que as TICs diminuem a distância transacional entre os aprendizes nos cursos presenciais, quando usadas adequadamente como instâncias mediadoras do processo educativo. Finalmente, segundo o decreto do MEC n o 5.622 de 19 de dezembro de 2006, a Educação a distância é uma modalidade educacional na qual a mediação didáticopedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. 1.2. Histórico Na sua história, a EaD teve diferentes estágios ou gerações. A primeira geração caracterizou-se pelo estudo por correspondência. As primeiras escolas na Suécia (1833), Inglaterra (1840), Alemanha (1856), Estados Unidos da América (1874) e Brasil (1904) adotaram, por ser a única opção, os correios, que transportavam pelas formas possíveis (carruagens, trens, embarcações marítimas, lacustres e fluviais) os materiais escritos à máquina de escrever manual, e traziam os exercícios feitos normalmente à mão. Muitos dos cursos à distância espalhados pelo mundo ainda são conduzidos por correspondência. 8

1. Introdução A segunda geração da EaD iniciou-se nos anos 1970 com a criação das primeiras Universidades Abertas e a utilização de uma visão sistêmica na implementação do projeto de educação a distância. Usavam recursos de instrução por correspondência e transmissão de material gravado através de rádio e televisão e envio de fitas de vídeo cassete. Na década de 90, emerge a terceira geração de EaD, baseada em redes de computadores, recursos para conferências e multimídia. A EaD entrou em um terceiro momento histórico que permite a universalização do aprendizado como conseqüência dos avanços tecnológicos. As novas tecnologias de informação e comunicação são recursos que podem ser interligados a vários campos da educação. Com o crescimento da internet, temos, hoje, a quarta geração de EaD, caracterizada pelo uso de banda larga de comunicação, que permite estabelecer e manter a interação dos participantes de uma comunidade de aprendizagem com mais qualidade e rapidez. Segundo FRANCO (2007), em função das tecnologias adotadas para a transmissão da informação, a evolução do ensino a distância pode ser dividida em três fases ou gerações: textual, analógica e digital. Geração textual (1890 a 1960) A EAD tem suas origens no final do século XIX com a criação, em diferentes países, de instituições que ofereciam cursos por correspondência. Tratava-se, fundamentalmente, de atingir um setor da população que não tinha outra forma de acesso à educação por razões geográficas, por falta de escolas próximas, ou por outras impossibilidades. Nesse primeiro momento da EAD, realizava-se o ensino por correspondência com escassa ou nenhuma interatividade entre as partes. Entre os países que mais a impulsionaram estão a União Soviética, a Alemanha, a Grécia, a Inglaterra, os Estados Unidos, seguidos da Austrália e da América Latina. Era baseada numa atitude isolada de autoaprendizado apoiado apenas por materiais impressos. 9

1. Introdução Geração analógica (1960 a 1980) A segunda geração apareceu após a criação da Universidade Aberta (Open University) do Reino Unido em 1969, ocasião em que se começava a compreender a universidade aberta como um sistema educativo. Era o tempo da democratização do saber. Fundamentava-se na idéia de se oferecer uma segunda oportunidade a grandes setores da população adulta, que não tinham tido acesso à educação quando estavam em idade escolar. A grande marca dessa segunda geração foi um novo modelo de EAD, não mais centrado apenas no envio de materiais impressos por correspondência, mas combinando-o com reuniões, encontros presenciais, sessões periódicas de tutorias e emissões radiofônicas. Além disso, o modelo proposto era respaldado por uma instituição pública que expedia a titulação oficial. O surgimento da Open University influenciou muitos outros países, que adaptaram o modelo institucional e pedagógico dessa instituição. Desse modo, apareceram outras Universidades e Centros em países como Alemanha, Paquistão, Israel, Canadá, Austrália, Costa Rica, Venezuela, Japão, Índia, Irlanda, França e Espanha. As universidades abertas nesses países também se basearam no modelo de auto-aprendizado com tutoria e suporte de áudio e vídeo. Geração digital A terceira geração traz novos paradigmas para a educação. Caracterizase pela inserção das novas tecnologias de informação e comunicação baseadas em redes de computadores. O baixo custo e o alto grau de interatividade dos computadores ligados em redes possibilitam diferentes formas de distribuição e acesso às informações, imprimindo um novo ritmo à educação. É cada vez mais comum a utilização de recursos interativos - como correio eletrônico, batepapo e videoconferência para promover encontros virtuais entre os professores e os alunos. Essas novas tecnologias possibilitam ao indivíduo acesso a uma educação global, em que a inovação e a descoberta são etapas fundamentais do processo de aprendizagem. 10

1. Introdução 1.2.1. EaD no Mundo Poucas instituições ofereciam cursos de graduação e pós-graduação a distância há alguns anos. Entre as instituições mais conhecidas se destacam as universidades abertas como a Open University do Reino Unido, a Open Learning Agency do Canadá, a UNISA da África do Sul e a UNED da Espanha. A partir do desenvolvimento da internet, no início dos anos 90, o panorama mudou radicalmente. E isso deverá ocorrer novamente com o estabelecimento da quarta geração de EaD, baseada no uso de banda larga e na realidade virtual para a formação de comunidades de aprendizagem. Hoje, a quantidade de instituições que estão oferecendo cursos a distância é muito grande. A seguir estão relacionadas as mais importantes associações internacionais, a partir das quais é possível conseguir informações sobre o atual panorama da EaD. CADE - Canadian Association for Distance Education, Canadá. http://www.cade-aced.ca EDEN - European Distance Education Network, Hungria. http://www.eden.bme.hu European Association for Distance Learning. http://www.eadl.org International Centre for Distance Learning, UK Open University. http://www-icdl.open.ac.uk International Council for Open and Distance Education. http://www.icde.org United States Distance Learning Association. http://www.usdla.org The Distance Education and Training Council http://www.detc.org/content/about.html 1.2.2. EaD no Brasil A educação a distância surgiu no Brasil graças à iniciativa privada, o pioneirismo foi de pessoas físicas, muitas anônimas, na virada do século 19 para o 20. Em 1904, surge, no cenário brasileiro, as Escolas Internacionais (pertencentes a um grupo com sede nos Estados Unidos da América e que atuaram até os anos 50, quando transferiram seus cursos para outra rede de ensino nacional). 11

1. Introdução Em 1923, Edgard Roquette Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (posteriormente Rádio MEC) e deu início a programas de EaD por radiodifusão. O Instituto Universal Brasileiro (IUB), fundado em 1941, foi um dos pioneiros na EaD em nosso país, oferecendo cursos profissionalizantes livres de suplência e suprimento. O interesse pela EaD no Brasil também se destacou quando, no início dos anos de 1960, o Bispo D. Fernandes do Paraná convidou a Professora Eda de Souza para elaborar um projeto para EaD destinado à zona rural paranaense segundo os moldes de um outro projeto. A história da EaD no Brasil registra que, nas décadas de 60 a 80, novas entidades foram criadas visando ao desenvolvimento da educação, especialmente via correspondência. Um levantamento feito pelo Ministério da Educação, em fins dos anos 70, apontava a existência de 31 estabelecimentos de ensino, sendo a predominância no eixo Rio de Janeiro São Paulo. O primeiro programa de nível superior oferecido por meio de EaD existente no Brasil se deu graças à ABT Associação Brasileira de Tecnologia Educacional que, em 1981, recebeu do Conselho Federal de Educação o credenciamento pioneiro para ministrar cursos de pós-graduação lato sensu por correspondência em parceria com a CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior do Ministério da Educação. 12

1. Introdução A seguir são apresentados endereços de associações, consórcios e redes ligadas à área de EaD no Brasil. ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância. http://www.abed.org.br ABT - Associação Brasileira de Tecnologia Educacional. http://www.abt-br.org.br/ SEED Secretaria de Educação a Distância http://www.mec.gov.br/seed Instituto UVB - Universidade Virtual Brasileira http://www.iuvb.edu.br/ UniRede Universidade Virtual Pública do Brasil http://www.unirede.br/ SOCINFO Programa Sociedade da Informação http://www.socinfo.org.br IPAE - Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação http://www.ipae.com.br 1.2.3. EaD no UNIS O UNIS iniciou sua experiência com Educação a Distância no final da década de 90 com a execução do PROCAP, um programa de capacitação de professores da rede pública. Após essa primeira experiência, participou do projeto Veredas com a formação de aproximadamente 1500 professores das redes estadual e municipal no curso Normal Superior. O Projeto Veredas utilizou material impresso e tutoria presencial, um modelo de EaD que era essencial para época e para o perfil de seus alunos. Após o término do projeto, em dezembro de 2005, o UNIS se credenciou para oferta de Educação a Distância, tendo como abrangência o território mineiro e como modelo base a Educação a Distância em rede (on-line) por meio de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (na internet). Nesse período, vários cursos de capacitação para professores do UNIS foram desenvolvidos. Em 2006, iniciou-se a primeira disciplina de EaD nos cursos presenciais, dentro dos 20% possíveis da carga horária total do curso, segundo a legislação do MEC (Ministério da Educação) e do CEE (Conselho Estadual de 13

1. Introdução Educação). Hoje, além da disciplina Introdução ao Pensamento Científico, têm sido implementadas também as disciplinas: Língua Portuguesa e Sociologia. Ainda em 2006, iniciaram-se os dois primeiros cursos de graduação: Normal Superior (hoje, Pedagogia) e Matemática. Atualmente a Instituição conta com os seguintes cursos de graduação: Pedagogia, Matemática, Física, Letras, Ciências Biológicas, Filosofia, Administração, Sistemas de Informação e Tecnólogo em Gestão Comercial. As primeiras turmas de pós-graduação iniciaram em setembro de 2006 com os cursos: Controladoria Pública Municipal e Docência na Educação a Distância. Hoje, tem também os seguintes cursos: MBA em Logística Empresarial e MBA em Gestão de Tecnologia da Informação. Além disso, o UNIS participa do projeto Pró-Licenciatura com os Cursos de graduação em Letras e Matemática, juntamente com a PUC e a UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e, aguarda a liberação do MEC para capacitação de 2000 professores das redes públicas municipal e estadual. O UNIS é também fundador, juntamente com mais oito instituições de EaD do Brasil, da Associação Nacional das Instituições Particulares de Ensino Superior de Educação a Distância ANIEAD. Por fim, em parceria com as seguintes instituições: UNEC (Centro Universitário de Caratinga), UNIFOR (Centro Universitário de Formiga), UNIVERSITAS (Centro Universitário de Itajubá) e UIT (Universidade de Itaúna), o UNIS formou o consórcio de EaD denominado SABE Sistema Aberto de Educação. Para mais detalhes acesse os links abaixo: SABE Sistema Aberto de Educação. http://www.sabe.br UNIS Centro Universitário do Sul de Minas http://www.unis.edu.br GEaD Unidade de Gestão da Educação a Distância http://www.ead.unis.edu.br 14

2. Modelos de Cursos para Educação a Distância 2. MODELOS DE CURSOS PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Educação a Distância está em constante transição e, portanto, não possui um formato bem definido e fixo. O resultado disso é que podemos identificar uma considerável variedade de modelos em que os alunos aprendem a distância. Neste capítulo, você irá conhecer os diferentes modelos existentes, bem como, o modelo que se apresenta como ideal nesta fase de transição. 2.1. Considerações Iniciais Ao pensarmos em educação a distância, devemos ter em mente que a aprendizagem não envolve apenas o uso da estrutura convencional com a ajuda de uma mídia técnica em particular. É uma abordagem totalmente diferente, com estudantes, objetivos, métodos, mídias e estratégias diferentes e, acima de tudo, objetivos diferentes na política educacional. Podemos afirmar que a educação a distância é sui generis (PETTERS, 2004, p. 67-70). Na educação a distância, as formas típicas e prevalentes de ensino e aprendizagem não são falar e ouvir em situações face a face, mas apresentar material didático impresso e/ou por meio das diversas mídias e usá-los a fim de adquirir conhecimento. Escrever e ler são as novas formas de comunicação em busca da aprendizagem, e comparativamente com falar e ouvir, bem mais difíceis. Por isso, não pode ser feita mais ou menos subconscientemente, mas tem que ser planejada, desenhada, construída, testada e avaliada (PETTERS, 2004, p. 70-71). 2.2. Modelos Não há um modelo único de educação a distância! Existem diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais e tecnológicos. A natureza do curso e as reais condições e necessidades dos alunos são os elementos que irão definir a melhor tecnologia e metodologia a ser utilizada, 15

2. Modelos de Cursos para Educação a Distância bem como a definição dos momentos presenciais necessários e obrigatórios, para avaliações, estágios supervisionados, práticas em laboratórios de ensino, tutorias presenciais nos pólos descentralizados de apoio presencial e outras estratégias. (MEC, 2007, p. 7) Segundo PETTER (2004), podemos distinguir os seguintes modelos: o modelo da preparação para exame ; o modelo da educação por correspondência; o modelo multimídia (de massa); o modelo de educação a distância em grupo; o modelo do aluno autônomo; o modelo da sala de aula tecnologicamente estendida; o modelo de ensino a distância baseado na rede. 2.2.1. O modelo da preparação para exame Embora alguns autores não considerem a sua existência, vale a pena analisá-lo por motivos pedagógicos e teóricos. Um pré-requisito deste modelo é uma universidade que se limita a fazer exames e conferir graus e que se abstém de ensinar. O modelo de preparação para exame foi desenvolvido pela Universidade de Londres em meados do século XIX para favorecer àqueles que não podiam freqüentar qualquer universidade porque moravam nas colônias do Império Britânico. Esta universidade apoiava os estudantes apenas se limitando a informar a eles sobre o regulamento dos exames e, às vezes, oferecendo listas especiais de material para leitura (PETTERS, 2004, p. 74). Hoje, este modelo está sendo praticado pelos membros do conselho da Universidade de Nova York. Os estudantes podem ir até lá, fazer os exames e 16

2. Modelos de Cursos para Educação a Distância receber o The Regents External Degree 1. Há também uma versão chinesa desse modelo, chamada de auto-instrução para a preparação para um diploma universitário. Esse modelo já diplomou mais de um milhão e oitocentos mil estudantes (PETTERS, 2004, p. 74). Certamente é uma maneira difícil de conseguir um diploma, mas funcionou em muitos casos. Você considera este um modelo de EaD? Poderia ser aplicado aqui no Brasil? Vamos discutir no fórum! 2.2.2. O modelo da educação por correspondência O modelo mais antigo e mais amplamente utilizado é aquele baseado em textos didáticos escritos ou impressos, tarefas, correção e correspondência regular ou ocasional entre a instituição de ensino e os estudantes. Esse modelo é simples e relativamente barato, porque os textos didáticos podem ser produzidos em massa e não existe interação constante entre professor e aluno (PETTERS, 2004, p. 75). O modelo de educação por correspondência está ultrapassado, fora de moda, coberto de poeira. No entanto, quem quer compreender plenamente a metodologia a distância tem que estudar esse modelo, porque ele representa a primeira geração de todo o desenvolvimento dessa forma de educação (PETTERS, 2004, p. 75-76). O modelo de educação por correspondência ainda é usado amplamente, apesar do interesse mundial na informatização da educação a distância. Esse modelo de Educação a Distância funciona? Ainda existem instituições no Brasil que o utilizam? Quais? Vamos discutir no fórum! 1 Grau conferido pela universidade a aluno que não estudou nela ou estudou em outra instituição afiliada ou aprovada pela universidade. 17

2. Modelos de Cursos para Educação a Distância 2.2.3 O modelo multimídia (de massa) PETTER (2004) apresenta uma descrição detalhada deste modelo: Esse modelo foi desenvolvido nos anos setenta e oitenta do século passado. Seu traço mais característico é o uso regular e mais ou menos integrado do rádio e da televisão juntamente com o material impresso sob a forma de material de curso estruturado pré-preparado, que pode ou não ser a mídia principal e dominante, e o apoio mais ou menos sistemático aos estudantes por meio de centros de estudo. [...] Há outra característica importante nesse modelo. Deu início e apoiou o movimento em prol da aprendizagem aberta e universidades abertas. [...] os defensores das universidades abertas vinculam a esse termo as seguintes expectativas: barateamento do ensino universitário; capacitação de um número maior de pessoas a tomarem parte na vida cultural; formação de novos grupos de estudantes; apoio a uma maior democratização da sociedade, capacitando mais pessoas a estudarem enquanto trabalham, desta forma tornando o mundo, no qual vivem, mais transparente para elas, e capacitando-as a agir autonomamente; mais chances e incentivos para que as pessoas se qualifiquem [...] [...] Esse modelo ajudou a dar forma à estrutura de muitas universidades de ensino a distância em todo o mundo. Como vimos anteriormente, colaborou na formação da segunda geração da modalidade de ensino a distância. Existem várias instituições no Brasil que o utilizam, podemos afirmar que é o modelo com maior número de alunos. No Brasil, como fica esse modelo a partir de agora? Vamos discutir no fórum! 18

2. Modelos de Cursos para Educação a Distância 2.2.4 O modelo da educação a distância em grupo Esse modelo tem muita semelhança com o anterior (modelo multimídia de massa), no qual o rádio e/ou a televisão são usados permanentemente como mídia de ensino, especialmente para a transmissão de aulas dadas por eminentes professores universitários. Essas aulas são assistidas por grupos de estudantes que freqüentam classes obrigatórias onde seguem as explicações de um instrutor (ou tutor), discutem o que ouviram e o que assistiram, fazem suas tarefas e testes. O modelo não utiliza material impresso, apenas notas de aula (PETTERS, 2004, p. 78). Analisando esse modelo criticamente, poderíamos dizer que não é realmente uma forma de educação a distância, embora seja verdade dizer que grupos de estudantes são ensinados a distância. Na realidade, é uma forma convencional tecnicamente estendida; as aulas transmitidas são as mesmas que as dadas em uma sala de aula. Como vimos, podemos afirmar que esse modelo não é uma forma de educação a distância, pois simplesmente estende o modelo convencional com o uso da tecnologia de transmissão de imagem e voz. Quais são as vantagens e as desvantagens da aplicação desse modelo? Vamos discutir no fórum! 2.2.5 O modelo do aluno autônomo Segundo PETTER (2004), o modelo do aluno autônomo é delineado pelos seguintes aspectos: [...] Os estudantes não apenas organizam a aprendizagem por si mesmos como, por exemplo, no modelo por correspondência ou no modelo multimídia de massa, como também assumem tarefas curriculares, são responsáveis pela determinação dos propósitos e objetivos, pela seleção 19

2. Modelos de Cursos para Educação a Distância dos conteúdos, pela decisão de quais estratégias e mídias querem empregar e até pela mensuração do êxito de seu aprendizado. [...] Aqui, a longa tradição de ensino expositivo chegou ao fim. Pelo contrário, os professores funcionam como orientadores pessoais e individuais, facilitadores, que se encontram regularmente com os estudantes mais ou menos uma vez por mês para longas e minuciosas entrevistas. Nestes encontros, os estudantes apresentam, discutem e negociam seus objetivos e planos. Os acordos a que chegam são fixados na forma de um contrato entre aluno, o professor e a universidade. [...] Na literatura, esta forma de educação a distância é chamada de aprendizagem por contato. [...] O objetivo pedagógico geral deste modelo é substituir a exposição de conteúdos para os alunos, encorajando-os a adquiri-los por si mesmos. Os estudantes devem ser habilitados e capacitados a se tornarem estudantes autoconscientes, autoconfiantes e autônomos. Isso merece ser elogiado. No entanto, uma crítica seria que este modelo não é realmente um modelo de educação a distância porque não tem a vantagem de ensinar a um número (muito) grande de alunos. Um professor conseguirá orientar e apoiar apenas de vinte a trinta alunos. Esse modelo apresenta características diferentes daquilo que temos trabalhado na Educação a Distância. Quais os pontos que podem ser ressaltados nesse modelo? Vamos discutir no fórum! 2.2.6 O modelo de ensino em sala de aula estendido tecnologicamente Esse modelo foi desenvolvido nos Estados Unidos e segue a seguinte estrutura: um professor dá aula em uma sala de aula ou em um estúdio da faculdade e, por meio de cabo, satélite ou sistema de videoconferência, as aulas são transmitidas para duas ou mais salas de aula. É também chamado de ensino a distância face a face (PETTERS, 2004, p. 81-82). 20