Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 29ª Junta de Recursos Número do Processo: 44232.311437/2015-11 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ROLIM DE MOURA Benefício: 41/159.450.306-8 Espécie: APOSENTADORIA POR IDADE Recorrente: JUSSIER CALIXTO - Titular Capaz Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Trata-se de recurso interposto por Jussier Calixto, na condição de segurado especial, inconformado com a decisão da APS - Agência da Previdência Social Rolim Moura/RO, que indeferiu a sua Aposentadoria por Idade requerida em 14/10/2014, sob o nº. 41/159.450.306-8, pela falta de período de carência, fundamentando sua decisão nos artigos 142 e 143 da Lei 8.213/91. Não consta nos autos que o interessado tomou ciência da decisão denegatória de seu pedido, por essa razão tem-se como tempestivo o recurso agendado em 24/12/2014. Para comprovação da atividade rural e implementação da carência, apresentou os seguintes documentos: Certidão de Casamento com Eunice Noeli Calixto, realizado em 17/11/1979, constando o requerente como lavrador, às fls. 03; Documentos Pessoais, às fls. 04/05; Carteira de Trabalho e Previdência Social com emissão em 16/10/1976 contendo vínculos nos seguintes períodos, às fls. 06/09; De 01/10/1972 a 17/02/1973, 24/04/2007 a 23/05/2007, 03/07/2007 a 21/09/2007, 26/10/2007 a 29/11/2007, 11/12/2007 a 30/11/2008, 01/05/2009 a 20/06/2009, 02/07/2009 a 17/12/2009 18/05/2010 a 15/12/2010 e de 26/07/2011 a 18/05/2013; Declaração de Exercício de Atividade Rural nº 96/2014 expedida pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Parecis/RO, atestando labor rural em regime de economia familiar no período de 05/01/1996 a 29/12/2006 e de 19/05/2013 a 13/10/2014, no primeiro período na terra de Inocêncio Alves Fernandes e no segundo período na terra de Izael de Souza Batista, sem filiação ao Sindicato, às fls. 15/16; Certidão nº 074 do INCRA datada de 21/10/2008 que o Sr. Inocêncio Alves Fernandes é assentado no PA/Ceará, SIPRA RO 008300000036, Imóvel Rural denominado Lote 01, Gleba Corumbiara, Linha K-0, com área de 93,4775 há, localizado no município de Parecis/RO, através do Processo Administrativo nº 54303.000269/98-05, cuja ocupação inicial foi em 08/1998, às fls. 17; Declaração de Anuência datada de 05/08/2014 onde o Sr. Inocêncio Alves Fernandes, atesta que o Sr. Jussier Calixto e sua esposa Sra. Eunice Noeli Calixto, trabalharam como comodatários em regime de economia familiar, cultivando lavouras de café e lavouras brancas do tipo: arroz, feijão e milho de 05/01/1996 a 29/12/2006 em sua propriedade, denominada Lote Rural nº 01 com área de 91,9600 há, localizado na Linha P-02 Km 09, no município de Parecis/RO, com firma reconhecida, às fls. 18; Declaração do INCRA datada de 27/05/2003, atestando que o Sr. Izael de Souza Batista é ocupante do imóvel denominado Lote 49, Linha P-02 PA/Ceará, com área de 24,9856, município de Parecis/RO, Processo Administrativo nº 000292/98, cuja ocupação inicial foi em 1998, às fls. 19; Declaração de Anuência datada de 26/09/2014 onde o Sr. Izael de Souza Batista, atesta que o Sr. Jussier Calixto,
trabalha como comodatário em regime de economia familiar, no Lote Rural de nº 49, PA/Ceará, com área de 25,4100 há, localizado na Linha P-02 Km 11, Zona Rural, em Parecis/RO, cultivando lavouras de café, desde a data de 28/05/2012 até os dias de hoje, às fls. 20; Notas Fiscais com emissões em 08/08/1997, 31/03/2005, 02/08/2006, pela venda de café conilon e arroz em casca, em nome do requerente, com endereço rural, às fls. 21/25; Nota Fiscal de Produtor com emissão em 10/2014 em nome do requerente, pela venda de milho em grão, às fls. 26; DANFE Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica com emissão em 04/10/2014, pela venda de milho, às fls. 27; Às fls. 28/29 consta a Entrevista Rural, onde o servidor concluiu que após análise da documentação apresentada, pesquisas CNIS realizadas entrevista com o requerente, não houve convicção da atividade rural exercida. Desta forma o processo ficará em exigência para apresentar testemunhas vizinhos da terra, onde o requerente exerceu as atividades rurais. A APS em 04/11/2014 expediu Carta de Exigência solicitando apresentar os documentos de compra da casa da Av. Porto Alegre 5925 Rolim de Moura, bem como talão de energia do mês 10/2014 e três vizinhos da terra de Parecis, sendo moradores antigos do local, não sendo os donos da terra. Apresentar os documentos pessoais da esposa sendo RG, CPF, CTPS, bem como Fichas Escolares dos filhos Cledilson e Clecia, com ciência do interessado, às fls. 30. Atendendo a exigência apresentou: Recibo de Quitação e Cessão de Direito de Posses datado de 21/07/1998 em nome do requerente, constando sua profissão como pedreiro, às fls. 34; Conta de energia elétrica referente ao mês de 10/2014, em nome do requerente com endereço urbano, às fls. 33; Documentos Pessoais da esposa, às fls. 34; Declaração da Secretaria de Estado da Educação datada de 04/11/2014, atestando que filho do requerente estudou nos anos de 1996 a 2000, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Monteiro Lobato, localizada na área urbana, às fls. 38; Ficha de Matrícula de filho junto a Escola Monteiro Lobato, referente aos anos letivos 1996/2000, às fls. 39; Declaração da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria do Carmo de Oliveira Rabelo datada de 13/11/2014, atestando que filho do requerente foi desistente no 5º ano do Ensino Fundamental, período noturno, naquele Estabelecimento de Ensino no ano de 2007, às fls. 40; Ficha de Matrícula de filho junto a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria do Carmo de Oliveira Rabelo, referente ao ano de 2007, não apresentou original, às fls. 41; Declaração da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Cândido Portinari datada de 04/11/2014, atestando que filha do requerente concluiu o 3º Ano do Ensino Médio, no ano letivo de 2001 naquela Instituição de Ensino, às fls. 42; Ficha de Matrícula de filha junto a Escola Estadual M. M. General Osório no período de 1989 a 1993, com endereço da aluna na Linha 156 Gleba 07, Lote 20 Km 08 Norte, às fls. 43; Ficha de Matrícula de filha junto a Escola Estadual M. General Osório referente ao ano de 1994, com endereço da aluna na Linha 156, km 08, lado norte, às fls. 44; Ficha de Matrícula de filha junto a Escola Cândido Portinari, referente aos anos letivos de 1996/1997 e de 2000/2001, às fls. 45; Nos depoimento dos vizinhos às fls. 46, 48 e 51, os depoentes afirmam que conhecem o requerente, um desde o ano de 1996, outro desde o ano de 2000 e o terceiro a 20 anos. No depoimento do Sr. Moacir Lopes de Faria, o mesmo afirma que conhece o Sr. Jussier Calixto desde o ano de 1996, quando o mesmo foi morar na Linha P 02 Km 11 em Parecis/RO, na terra do Sr. Inocêncio Alves, afirma que o Sr. Jussier Calixto trabalhou na terra como comodato, tocando lavoura até o ano de 2006, por volta de 2007 foi morar na cidade de Rolim de Moura, onde trabalhou como empregado. Em 2013 voltou a trabalhar na mesma linha, porém na terra do Sr. Izael de Souza, onde está até o momento, com cultivo de lavoura, criações e atividades várias, também como comodato rural, às fls. 46.
No depoimento do Sr. José Francisco Alves de Almeida o mesmo afirma que conhece o Sr. Jussier Calixto, em média há 20 anos, que conhecia o requerente mesmo antes dele ir morar naquela linha, que no ano de 1996 o requerente foi morar na terra do Sr. Inocêncio Alves Fernandes, morou naquela terra e trabalhou com sua esposa até o ano de 2006. Em 2007 foi morar na cidade de Rolim de Moura, mas não deu certo trabalhando como empregado e no ano de 2013 voltou para a terra do Sr. Izael na mesma linha, como comodato, o depoente afirma que o requerente sempre foi trabalhador rural, às fls. 48. No depoimento do Sr. José Angelim Venturim o mesmo afirma que conhece o Sr. Jussier Calixto desde o ano de 2000, que nesta época o depoente se mudou para esta Linha P 02 Km 10 e o requerente já morava em uma terra nesta mesma linha, sendo a terra do Sr. Inocêncio Alves, que o requerente trabalhou até o ano de 2006, sendo que saiu dessa terra e foi morar em Rolim de Moura. Em 2013 voltou a morar na mesma linha, porém na terra do Sr. Izael de Souza Batista, onde está até o momento, nas duas terras foi contrato de comodato, às fls. 51. Às fls. 53 consta o Termo de Homologação da Atividade Rural onde foram homologados na condição de comodatário, os períodos de 05/01/1996 a 29/12/2006 e de 04/10/2014 a 13/10/2014, homologado o segundo período a partir do primeiro documento de comprovação de atividade rural apresentado, após ter trabalhado como empregado. Em consulta ao CNIS Cadastro Nacional de Informações Sociais às fls. 14/15, constam vínculos nos períodos: 24/04/2007 a 23/05/2007, 03/07/2007 a 21/09/2007, 26/10/2007 a 29/11/2007, 11/12/2007 a 30/11/2008, 01/05/2009 a 20/06/2009, 02/07/2009 a 17/12/2009 18/05/2010 a 15/12/2010 e de 26/07/2011 a 18/05/2013, com exceção dos dois últimos vínculos, os demais vínculos encontram-se abertos no CNIS, porém na Carteira de Trabalho, todos possuem data de saída. Em seu recurso o requerente solicita o seu direito a aposentadoria onde apresentou alguns documentos, não guardou todos os documentos necessários da época, não sabia a importância que tinha, exerceu sua atividade rural na Linha 196 na propriedade da Sra. Anézia de 1989 a 1994, cultivando café, lavoura branca e também para subsistência, os confrontantes em seus depoimentos declararam o período de 1996 a 2006 na Linha P-02, exercendo suas atividades rurais, nesse período cultivava café, lavoura branca, mandioca, laranja etc. Alega que precisa muito de sua aposentadoria, não consegue como antes, continua na área rural e as condições já não são boas como antes. O requerente nasceu em 30/03/1953, portanto na data da entrada do requerimento contava com 61 (sessenta e um) anos de idade. A APS antes de encaminhar os autos a esse colegiado instruiu o recurso, reexaminou o caso e manteve a decisão anterior. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 19/05/2015 para sessão nº 0113/2015, de 27/05/2015. Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR IDADE. ART. 48 A 51. INDEFERIMENTO. RECURSO ORDINÁRIO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL EM NÚMEROS DE MESES IDÊNTICOS A CARÊNCIA DO BENEFÍCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL NA CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA. CARÊNCIA NÃO CUMPRIDA. ARTIGOS 39 E 142 DA LEI 8.213/91. ATO DENEGATÓRIO RATIFICADO. NÃO SE VERIFICANDO A EXISTÊNCIA DE UM CONJUNTO PROBATÓRIO HARMÔNICO E INEQUÍVOCO DEMONSTRANDO O EFETIVO LABOR RURAL NA CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL, NÃO HÁ ELEMENTOS PARA CONCEDER O BENEFÍCIO. RECURSO CONHECIDO E NEGADO O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. A aposentadoria por idade, uma vez cumprida à carência exigida, será devida ao segurado que completar 65 anos de idade, se homem ou 60, se mulher, reduzidos esses limites para sessenta e cinqüenta e cinco anos de idade para os trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, de acordo com o artigo 51 do Decreto 3.048/99.
Na data de entrada do requerimento o interessado contava com 61 anos de idade, portanto, no critério idade houve a implementação da exigência. O interessado apresentou documento de início de prova material anterior a 24/07/1991 data da entrada em vigência da Lei 8.213/91, representado pela certidão de casamento realizado em 17/11/1979, constando o requerente como lavrador, portanto, aplica-se ao presente caso a tabela constante no artigo 142 da referida lei, o qual deverá comprovar 180 meses de efetivo exercício de atividade rural. E para a comprovação da referida atividade, apresentou os seguintes documentos: Declaração de Exercício de Atividade Rural nº 96/2014 expedida pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Parecis/RO, atestando labor rural em regime de economia familiar no período de 05/01/1996 a 29/12/2006 e de 19/05/2013 a 13/10/2014, no primeiro período na terra de Inocêncio Alves Fernandes e no segundo período na terra de Izael de Souza Batista, sem filiação ao Sindicato. Embora o requerente tenha apresentado diversos documentos com indícios de labor rural, tenham sido homologados na condição de comodatário, os períodos de 05/01/1996 a 29/12/2006 e de 04/10/2014 a 13/10/2014, homologado o segundo período a partir do primeiro documento de comprovação de atividade rural apresentado, após ter trabalhado como empregado. Contudo, o Recibo de Quitação e Cessão de Direito de Posses datado de 21/07/1998 em nome do requerente, consta sua profissão como pedreiro. Nos depoimentos dos vizinhos todos foram unânimes em afirmar que requerente trabalhou no período de 1996 a 2006 e voltou à atividade rural em 2013, até os dias atuais. Conforme dispõe o artigo 55 3º da Lei 8.213/91, os depoimentos por si só não são suficientes para possibilitar a concessão do benefício pleiteado. Em consulta ao CNIS constam vínculos urbanos do requerente nos seguintes períodos: De 24/04/2007 a 23/05/2007, 03/07/2007 a 21/09/2007, 26/10/2007 a 29/11/2007, 11/12/2007 a 30/11/2008, 01/05/2009 a 20/06/2009, 02/07/2009 a 17/12/2009 18/05/2010 a 15/12/2010 e de 26/07/2011 a 18/05/2013. Conforme dispõe a IN Instrução Normativa nº 45/2010, no artigo 214, 2º. Art. 214. A aposentadoria por idade dos trabalhadores rurais referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11 da Lei nº 8.213, de 1991, será devida para o segurado que, cumprida a carência exigida, completar sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco anos, se mulher. 2º Os trabalhadores rurais referidos no caput, que não atendam o disposto no 1º deste artigo, mas que satisfaçam a carência exigida computando-se os períodos de contribuição sob outras categorias, inclusive urbanas, farão jus à aposentadoria por idade ao completarem sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos, se mulher, observado o 3º do art. 174. Conforme 2º do artigo 214, para somar o período de segurado especial e o período trabalhado de carteira assinada, seria necessário que o recorrente contasse com 65 anos de idade, o que não restou comprovado nos autos. Sendo assim, fica evidenciado que não houve comprovação de atividade rural como segurado especial no período de carência. Tendo em vista que para concessão do beneficio ao trabalhador rural exige-se a comprovação do exercício da atividade rural em igual ao número de meses da carência do benefício urbano. Diante do exposto e tudo mais que consta nos autos, o recorrente não faz jus ao beneficio ora pleiteado, pois não apresentou documentos comprobatórios para comprovação do efetivo labor rural, na condição de segurado especial, na estrita definição contida no inciso VII do artigo 11 da Lei 8.213/91, para o período de carência, exigida pelos artigos 142 e 143 da Lei 8.213/91.
VOTO Por Conhecer do Recurso e no Mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). LESTER PONTES DE MENEZES JUNIOR Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). LUANA GORAYEB GUIMARAES Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Presidente concorda com voto do relator(a). FRANCISCO RAIMUNDO DA SILA NETO Presidente Decisório Nº Acórdão: 1661 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 29ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros LESTER PONTES DE MENEZES JUNIOR e LUANA GORAYEB GUIMARAES. Relator(a) FRANCISCO RAIMUNDO DA SILA NETO Presidente