META Avaliar de que forma o desenvolvimento da prática turística pode gera impactos ambientais para os destinos turísticos e comunidades locais.

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Transcrição:

IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE TURÍSTICA META Avaliar de que forma o desenvolvimento da prática turística pode gera impactos ambientais para os destinos turísticos e comunidades locais. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: Analisar os impactos, positivos e negativos, gerados a partir da implantação da atividade turística. PRÉ-REQUISITOS 7. Produção do espaço e a sustentabilidade da atividade turística

Fundamentos Geográficos do Turismo INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), na aula de hoje falaremos sobre turismo e impactos ambientais. Como já foi abordado em aulas anteriores, existem vários estudos que tem têm como objetivo analisar os impactos gerados com a prática turística. Nesta aula, apresentaremos os diferentes impactos do turismo identificando os aspectos positivos e negativos associados ao desenvolvimento do turismo nos destinos turísticos e comunidades locais. Esta discussão encontra-se na ordem do dia, uma vez que o turismo tem sido encarado por muitos países como uma excelente estratégia de desenvolvimento sócio-econômico. Assim, iniciaremos essa aula com o seguinte questionamento: Mas, o que é, de fato, impacto ambiental? Impacto Tem sido utilizado com bastante freqüência em estudos e meios de comunicação, sem que seja elaborada uma definição precisa de seu significado e conteúdo. Percebemos que há uma tendência de alguns autores associarem esse termo a uma visão negativa impactos negativos porém, devemos analisar também os impactos positivos advindos da prática turística. Souvenirs Objetos adquiridos pelos turistas que representam a identidade da localidade. IMPACTOS DO TURISMO Os impactos do turismo devem ser entendidos como a consequência de um processo complexo de interação entre os turistas e as comunidades receptoras. Para a OMT (1993), os impactos do turismo resultam das diferenças sociais, econômicas e culturais entre a população residente e os turistas e da exposição aos meios de comunicação social. Desta forma, podemos afirmar que os impactos socioambientais decorrem da reação na sociedade ou no meio ambiente a uma ação humana. Isso faz com que somente uma análise cuidadosa do conjunto de ações e critérios utilizados pode determinar se uma atividade ou empreendimento turístico causa benefícios ou malefícios a um determinado lugar. È certo que, em alguns casos, há uma negligência nas análises dos impactos turísticos, sobretudo, em função dos interesses econômicos imediatista daqueles que buscam vantagens econômicas a qualquer custo, sem que seja levado em consideração o meio ambiente, os trabalhadores, a cultura e a comunidade local. De acordo com a EMBRATUR (1999), o turismo impacta todos os setores da economia. Quando um turista gasta com hospedagem, alimentação e bebida (A&B), transportes, excursões, souvenirs, fotografias, entretenimento, entre outros, está contribuindo para beneficiar uma infinidade de atividades industriais, comerciais e, sobretudo, a maior contribuição é o desenvolvimento da economia local. Partindo desse pressuposto, percebemos que o ambiente da localidade em que esta atividade está inserida, é inevitavelmente modificado, isto acontece tanto para facilitar o desenvolvimento do turismo ou durante seu processo de formação. Assim, os impactos do turismo referem-se a um conjunto de modificações ou seqüência de eventos, provocados pelo 66

Impactos ambientais da atividade turística desenvolvimento da atividade nas localidades receptoras, ou seja, resultam de um processo e não se constituem eventos pontuais (RUSCHMANN, 1997). Face às implicações do desenvolvimento do turismo nos destinos, torna-se de suma importância examinar os impactos causados pela atividade turística. Neste sentido, nos pontos seguintes serão analisados os impactos socioambientais do turismo. IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO TURISMO Qualquer atividade humana exerce impacto sobre o ambiente natural, se considerarmos como impacto qualquer tipo de interferência de ordem não natural, ou seja, praticada pelo homem em suas atividades. No caso do turismo, podemos enumerar alguns efeitos dessa atividade sobre o meio ambiente, de acordo com a implicação de cada um deles. É importante ressaltar que o turismo deve ser planejado, a fim de que tais impactos possam ser minimizados, quando negativos, ou maximizados quando forem benéficos. Com isso, a atividade pode ser desenvolvida dentro de uma visão global, em que serão levados em consideração os princípios da sustentabilidade visando o equilíbrio entre os fatores sociais, econômicos e ambientais. IMPACTOS AMBIENTAIS DO TURISMO A qualidade ambiental, tanto natural como humana, é essencial para o turismo, embora em determinadas situações a relação do turismo com o ambiente seja complexa, pois envolve muitas atividades que têm efeitos ambientais adversos. A inexistência de planejamento ou alguns equívocos ocorridos durante o processo de planejamento do turismo tem efeitos determinantes no ambiente dos destinos. Em muitos destinos, a exploração descontrolada do desenvolvimento do turismo exerce pressão sobre o ambiente natural, podendo gradualmente destruir os recursos naturais de que dependem. Muitos destes impactos estão diretamente ligados à construção de infra-estruturas, como por exemplo, rodovias, aeroportos e instalações turísticas. Por outro lado, o turismo tem o potencial de criar efeitos benéficos no ambiente, contribuindo para a sua proteção e conservação. A relação existente entre turismo e o meio ambiente é muito complexa. No entanto, de acordo Ruschmann (1999), a avaliação dos impactos no meio ambiente é difícil de mensurar por cinco razões: a) Pelo fato do homem viver e modificar a terra há milhares de anos; b) Impossibilidade de dissociar o papel do homem e da natureza; c) Complexas interações do fenômeno turístico; d) Descontinuidade espacial e temporal entre causa e efeito; 67

Fundamentos Geográficos do Turismo e) Dificuldade na seleção dos indicadores, criando a questão sobre quais utilizar e o que significam. Neste contexto, percebemos que os recursos naturais, assim como, os bens culturais são os principais atrativos turísticos de uma região. Por isso, são muitos os impactos positivos e negativos gerados pela atividade, conforme veremos a seguir. IMPACTOS AMBIENTAIS POSITIVOS Como já foi dito anteriormente, a atividade turística pode contribuir consideravelmente para a conservação do patrimônio natural e cultural, a partir de um processo que requer responsabilidade, integridade, cooperação e empenho de todas as partes interessadas. Rushmann (1999) apresenta os seguintes impactos ambientais positivos do desenvolvimento da atividade turística: - criação de programas de preservação para áreas naturais, lugares com valor arqueológico e monumentos históricos; - o investimento no turismo, passa por medidas de preservação e conservação ambiental, com o objetivo de manter a qualidade e a atração dos recursos naturais; - promove-se a descoberta e a acessibilidade a regiões naturais não exploradas através de programas específicos; - o rendimento da atividade turística, quer de forma indireta (impostos), como de forma direta (taxas), proporcionam as condições financeiras necessárias para a implementação de equipamentos e de medidas de preservação; - a nível ecológico, verifica-se uma utilização mais racional dos espaços e a valorização do contato direto com a natureza. Associados aos impactos positivos apresentados por Rushmann, vale ressaltar os impactos mencionados pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente: - aperfeiçoamento da gestão e planejamento ambiental; - aumento da sensibilidade em relação aos problemas ambientais; - conservação e proteção ambiental, onde podemos destacar o papel da educação ambiental como uma ferramenta fundamental nesse processo. IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS A implantação de empreendimentos turísticos, assim como, a construção de infra-estruturas (estradas, redes de esgotos e água), comportam diferentes tipos de impactos ambientais, que podem conduzir a graves implicações no meio ambiente natural, uma vez que podem gerar alter- 6

Impactos ambientais da atividade turística ações de paisagem, de estruturações ecológicas e efeitos urbanizadores descontrolados. A fase da exploração da atividade turística também registra uma série de impactos ambientais sobre diferentes elementos: água, resíduos, contaminação e sistemas naturais que podem perdurar e agravar-se, se não se tomarem medidas oportunas que visem à minimização desses impactos. Dias (2005) afirma que o turismo provoca prejuízo aos recursos naturais, sobretudo, no que diz respeito aos seguintes aspectos: - Consumo de grande quantidade de água; - Geração de resíduos sólidos e lixo; - Utilização de recursos para a construção de infra-estrutura turística; - Aumento da poluição seja esta do ar, sonora, visual; - Desflorestamento e a utilização insustentável dos espaços para o desenvolvimento dos equipamentos e infra-estrutura necessários ao turismo; - Má utilização do solo; - Perda da biodiversidade e alterações no ecossistema pela presença dos visitantes; - Aumento do efeito estufa, provocado pela emissão excessiva de gás carbônico, principalmente pela queima de combustíveis fósseis como o óleo e a gasolina, entre outros. De acordo com Morey (1991), os ecossistemas têm uma determinada capacidade de acolhimento para assimilar certo número de turistas, mas quando se supera o limite dessa capacidade, podem produzir-se modificações importantes no meio que conduzirão, sem dúvida, a uma perda de bem-estar. È importante que devido à forte pressão do turismo de massas, os gestores passem a refletir acerca da tomada de consciência do crescimento acelerado do turismo e dos impactos negativos gerados, a fim de que um destino maduro de massas possa se converter em um exemplo de destino turístico sustentável. A educação ambiental pode atuar como uma ferramenta importante e capaz de redirecionar as ações humanas em relação ao meio ambiente, conforme veremos abaixo. A educação ambiental como uma ferramenta de minimização de impactos. A educação ambiental envolve a elaboração de alternativas e ações estratégicas que direcionem a utilização do meio ambiente às novas práticas e aprendizados de convivência pautada na preservação e conservação ambiental, além da valorização dos conhecimentos locais. No Brasil, a Educação Ambiental foi formalmente instituída pela Lei Federal de nº. 6.93, sancionada a 31 de agosto de 191, que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Vale ressaltar que esta lei foi considerada como sendo um marco histórico na defesa da qualidade 69

Fundamentos Geográficos do Turismo ambiental brasileira. Com essa lei e a partir da transformação da problemática ambiental numa questão política de grande relevância, a educação ambiental passa a representar um importante componente na estratégia para alcançar o equilíbrio e a racionalidade na forma de consumo e de uso dos espaços naturais, onde se incluem às praticas turísticas. De acordo com Berna (2004), existem três formas de se pensar e fazer a educação ambiental: formal, informal e não formal. Tais formas apresentam concepções, objetivos e procedimentos metodológicos distintos. Porém, dependendo da ação em que serão inseridas poderão ser complementares. Conforme o autor, a educação ambiental de caráter formal é desenvolvida nos ambientes institucionais de ensino, a partir de conteúdos, procedimentos metodológicos e formas de avaliação previamente definidos enquanto que a educação ambiental de caráter não formal se nos dá diversos espaços da vida social estabelecendo níveis distintos de diálogo entre seus atores, com a utilização de conteúdos e estratégias metodológicas também diversas. Esta se configura como um tipo de prática bastante utilizada por organizações da sociedade civil, dentre elas as Organizações não Governamentais (ONGs). Já a educação ambiental informal, parte do pressuposto de que suas ações não precisam ser delineadas a priori e os procedimentos metodológicos consistem na utilização de instrumentos diversificados e sem maior rigor conceitual. De fato, alguns teóricos cometem o equívoco ao pensar que a EA nãoformal e informal partem dos mesmos princípios metodológicos. Porém, é importante frisar que a EA informal geralmente parte de ações pontuais e descontínuas, o que reflete na obtenção de resultados menos eficazes. Segundo Branco (2003, p.3), a educação ambiental deve preocupar-se, inicialmente, com a ação do homem e suas causas, reflexo de seu conhecimento de mundo; portanto, trata de mudança de valores, de costumes. Desta forma, partimos do princípio que com um programa de educação ambiental não-formal bem definido pode ser possível educar o indivíduo para desenvolver práticas ambientais responsáveis. Assim sendo, a educação ambiental desenvolvida através da atividade turística pode ser realizada através de práticas e ações educativas que envolvam a sensibilização da coletividade; ou seja, que através da participação das instituições de ensino e organizações não governamentais seja possível conscientizar as populações tradicionais e os visitantes da necessidade de preservação ambiental. Estas ações devem ser diversificadas e voltadas à sensibilização e conscientização da comunidade e visitantes e desenvolvidas através de palestras, seminários, cursos, encontros, visitas, elaboração e divulgação de diagnósticos socioambientais, orientações para separação de resíduos, mutirões de limpeza, entre outras. 70

Impactos ambientais da atividade turística Dentre estas práticas educativas podemos citar: a) conscientização e mudança de comportamento dos visitantes acerca do uso adequado dos recursos naturais; b) estabelecimento de uma política que vise à coleta de lixo; c) Ações instrutivas para a destinação de dejetos humanos; d) identificação de áreas propicia para a prática de atividades de recreação, afim de que sejam utilizadas áreas com pouca vegetação ou com vegetação resistentes evitando assim o desmatamento; e) utilização de sinalização (painéis indicativos, informativos e ilustrativos); f) recomendações acerca da capacidade de carga, entre outras. Estas ações citadas acima devem ser desenvolvidas a partir de práticas adequadas e, sobretudo, sob a orientação de educadores que tenham a formação para a aplicação de procedimentos metodológicos compatíveis com o exercício da educação ambiental. Torna-se de suma importância ressaltar que conforme afirmam (SAUVÉ; ORELLANA, 2003, p.275) a percepção sobre a educação ambiental carrega valores subjetivos muito fortes, pois se inscreve em processos históricos e contextos diferenciados que se somam (...) ancora-se em uma visão crítica, política e reflexiva que pondere sobre a força educacional e que possa potencializar o (des)envolvimento humano intrinsecamente relacionado com a dimensão ambiental. Portanto, um programa de educação do visitante (seja turista ou membro da comunidade local) deve ser voltado para minimização dos impactos negativos que poderão advir com o uso turístico dos recursos naturais, a fim de que haja uma mudança na concepção da prática turística e, sobretudo, no posicionamento do turista perante os bens turísticos. CONCLUSÃO Os impactos socioambientais devem ser levados em consideração no processo de planejamento da atividade turística, a fim de que os gestores públicos e privados, assim como, a comunidade local oriente as suas ações objetivando o desenvolvimento da atividade pautado nos princípios da sustentabilidade. Embora muitos governos foquem, principalmente, os benefícios econômicos em detrimento da preocupação ambiental, é certo que o comportamento do atual consumidor turístico faz com que essas atitudes sejam repensadas. Neste sentido, é importante que as entidades responsáveis pelo desenvolvimento do turismo no destino tenham presente que desenvolver o turismo de forma sustentável só é possível com a participação dos residentes e que o balanço dos impactos do turismo seja positivo. 71

Fundamentos Geográficos do Turismo RESUMO Nesta aula analisamos os diferentes impactos gerados com o desenvolvimento da prática turística. Tais impactos foram analisados a partir de diferentes vertentes teóricas, levando-se em consideração os aspectos socioambientais. Destacamos ainda a importância de desenvolvimento de ações e estratégias que visem a minimização dos impactos negativos, sobretudo, a partir da sensibilização e conscientização dos visitantes acerca das questões ambientais, de modo que estes sujeitos sociais possam (re) pensar conceitos, valores, práticas e/ou condutas, relacionadas ao meio ambiente e todas as vertentes que permeiam a discussão ( natural, cultural, social, histórica e política). ATIVIDADES A partir do que foi trabalhado nessa aula, quais as ações ou estratégias que poderiam ser definidas, a fim de minimizar os impactos socioambientais advindos da implantação da atividade turística? COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES As disciplinas que compõem a matriz curricular do curso Geografia podem contribuir para a formulação de propostas que abarquem ações e estratégias que visem à minimização dos impactos gerados pela prática turística. Caro (a) aluno (a), agora chegou a hora de repensar os conteúdos que foram trabalhados nas outras disciplinas! PRÓXIMA AULA Na próxima aula daremos continuidade ao estudo dos impactos a partir da abordagem sociocultural AUTOAVALIAÇÃO A partir do que foi exposto nessa aula, qual a minha compreensão sobre os impactos gerados pela prática turística? 72

Impactos ambientais da atividade turística REFERÊNCIAS BERNA, Vilmar. Como fazer educação ambiental. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2004. DIAS, Reinaldo. Planejamento do Turismo. Política e desenvolvimento do turismo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2005. MOREY, M. L impact del turisme sobre el medi ambient. Turisme i medi ambienta les Illes Balears El Tal, Mallorca, 1991. OMT. Organização Mundial do Turismo. Indicators for the Sustainable Management of Tourism: Report of the International Working Group on Indicators of Sustainable Tourism to the Environment Committee World Tourism Organization. Madrid: World Tourism Organization, 1993. RUSCHMANN, Doris Van de Meene. Turismo e planejamento sustentável: A proteção do meio ambiente. Campinas, SP: Papirus, 1997. SAUVÈ, Lucie; ORELLANA, Isabel. La formación continuada de profesores en educación ambiental: La propuesta de EDAMAZ. (Educação ambiental em Amazônia). In: SANTOS, José Eduardo dos; SATO, Michèle. A contribuição da educação ambiental à esperança de Pandora. São Carlos: 2003. p. 273 27. 73