RELATÓRIO DE VIVÊNCIA- FACILITADOR DISCENTE: ALINE SANTANA FIGUEIREDO VER-SUS IMPERATRIZ 2016.1
1. Visão Geral do Evento Os estágios e vivências constituem importantes dispositivos que permitem tanto aos viventes como aos facilitadores, experimentarem um novo espaço de aprendizagem que é o cotidiano de trabalho das organizações e serviços de saúde, entendido enquanto princípio educativo e espaço para desenvolver processos de luta dos setores no campo da saúde, possibilitando a formação de profissionais comprometidos ético e politicamente com as necessidades de saúde da população. O VER-SUS possibilita o despertar de uma visão ampliada do conceito de saúde, abordando temáticas sobre Educação Permanente em Saúde, quadrilátero da formação, aprendizagem significativa, interdisciplinaridade, Redes de Atenção à Saúde, reforma política, discussão de gêneros, movimentos sociais, questões que estão intrinsecamente relacionadas à saúde, ao SUS. A vivência do VER- SUS ocorreu no município de Imperatriz situada no oeste do Estado do Maranhão, na microrregião nº 38, nos dias6 e 17 de janeiro de 2016, em que foi proposta uma metodologia totalmente interdisciplinar e muito lúdica, com vários temas sociais, dentre eles a questão do racismo, o feminismo, movimento LGBT, opressões religiosas, Saúde Pública, dentre outros, e também foram realizadas uma série de questões que foram abordadas de maneira lúdica e interativa. FIGURA 1. Cidade de Imperatriz-MA
2. RELATO DE PARTICIPAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO 2.1. Dia 06/01 Manhã: ocorreu o encontro de todos os viventes, na Secretaria Regional de Saúde, nesse momento foi realizada uma dinâmica de integração entre os viventes e uma roda de apresentação dos mesmos. Logo após, todos os viventes foram vendados, por nós facilitadores e pelos membros da Comissão Organizadora. Após serem vendados, os mesmos foram encaminhados ao ônibus e levados ao lixão de Imperatriz, atividade essa que foi realizada sem que os viventes soubessem o local que estavam indo. No trajeto do caminho, foram realizadas dinâmicas e mensagens de reflexão, mensagens essas que foram feitas para que os viventes repensassem sobre suas atitudes e também refletirem sobre o quanto elas poderiam afetar os demais. Chegando lá, todos foram desvendados e apresentados a duas moças que vivem do trabalho reciclável, as quais fizeram uma pequena explanação sobre as mais diversas atividades que estão envolvidas com o lixo e, também, falaram um pouco sobre sua vida e seus sonhos. Esse momento foi de grande comoção e reflexão, pois, apesar de todas as dificuldades, essas mulheres agradecem pela vida que tem, por poder sair dali todos os dias com o dinheiro para seu sustento, por chegar ao final do dia e ter uma cama para dormir e uma comida para comer. Percebeu-se que, apesar de tudo, ali existe esperança, existe luta, existe garra e, sobretudo, existe sonhos e existe fé em dias melhores, existe Deus.
FIGURA 2. Visita ao Lixão de Imperatriz/MA. Tarde: As atividades se iniciaram com uma palestra da gestora estadual de saúde, Iracilda, com o tema: Saúde Pública. Foi elucidado que imperatriz dá assistência às microrregiões de Balsas e Açailândia, formando assim, uma macrorregião. Além disso, por conta de sua localização geográfica, também atende na demanda espontânea as pessoas do Pará e Tocantins. Logo após ocorreu outra palestra, com a diretora da Unidade Básica de Saúde Milton Lopes, Débora, que explicou sobre as divisões de trabalho na assistência básica de saúde, falou sobre os profissionais que compõem o NASF e esclareceu dúvidas sobre a atual situação das UBS s e os serviços que elas oferecem. Após as palestras, aconteceram as divisões e subdivisões dos grupos que compõem a vivência, NB s (núcleos de base) e GV s (grupos de vivência), respectivamente, também foi mostrado os facilitadores que ficariam responsáveis por cada NB e cada GV. E explicado a importância de cada um para o beneficio de todos. Noite: a acadêmica de Medicina Rebeca Camacho, explicou a metodologia utilizada pelo VER-SUS, apresentando um histórico de atividades semelhantes durante as últimas décadas no país. Falou sobre os princípios do SUS e o quadrilátero que compõe o VER-SUS. E ressaltando sobre a necessidade de imersão total durante o período de vivência, para melhor aproveitamento das atividades oferecidas. E
também foi orientado aos facilitadores que se reunissem com seus NBs e criassem um nome para o mesmo e realizassem uma apresentação lúdica, que explicasse o nome do Núcleo de Base. FIGURA 3. NB 4-Univer-SUS. FIGURA 4. Apresentação do NB HumanizaSUS.
2.2. Dia 07/01 Manhã: de início ocorreu a mística sobre as principais doenças da atualidade e suas causas. Logo após cada vivente confeccionou o seu crachá, representando sua personalidade e peculiaridades, depois da confecção cada vivente explicou o significado do seu crachá para o grande grupo. Logo a após a facilitadora Vanessa, realizou a dinâmica sobre os peixes e fez sua correlação com o SUS. Tarde: foi ministrada uma palestra pela Prof. Ma. Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira sobre o histórico do SUS, uma apresentação brilhante que fez os participantes refletirem sobre a evolução da saúde no Brasil, além de correlacionar saúde, economia e política. Em seguida a Comissão Organizadora passou as orientações aos viventes quanto à submissão dos relatórios. Após as orientações foi passado um vídeo sobre O Emprego, em que proporcionou a reflexão dos viventes. Noite: ocorreu a visita ao Centro Espírita José Grosso, que proporcionou um momento de desconstrução do viventes e a quebra de paradigmas. FIGURA 5. Centro Espírita José Grosso.
2.3. Dia 08/01 Manhã: de início foi realizada a mística pelo meu NB, NB4-UniverSUS, intitulada pedras no caminho, que foi feito para proporcionar uma reflexão pros viventes, relacionada aos desafios que são enfrentados do decorrer da vida pessoal e profissional. Também foram debatidos conceitos como: Trabalho, meios de produção, força física, forças produtoras, sistemas de produção. Relações de trabalho como: Comunismo primitivo, escravismo, feudalismo, capitalismo, estado moderno burguês, socialismo. Organização do sistema governamental: Poder legislativo (deputado federal, senado federal, deputado estadual, câmara dos vereadores), Poder executivo (presidência da república, governos estaduais, prefeituras, ministérios), Poder judiciário (supremo tribunal federal, supremo tribunal dos deputados, tribunais regionais, tribunais estaduais, justiça militar, justiça eleitoral, justiça do trabalho). Por fim foi discutido sobre os direitos fundamentais: Moradia, saúde, educação, trabalho, segurança, alimentação, transporte e lazer. Paralelo a isso foi comentado sobre a maioridade penal e suas consequências. Tarde: foi abordado o tema feminismo. O foco do dia girou em torno de uma discussão sobre opressão contra as mulheres, abordando sobre a carga horária exacerbada de trabalho, o problema da sua inserção no mercado de trabalho e os desafios enfrentados pela segregação entre homens e mulheres, principalmente no que diz respeito à diferença salarial, quando exercem a mesma função. Também foi discutido sobre o movimento feminista. Noite: foi realizada uma roda de discussão sobre a opressão dos negros. Foi discutido o extermínio da juventude negra, cotas, os negros e negras na mídia, intolerância religiosa, racismo institucional e racismo na web. Logo após foi realizada uma mística para retratar a questão do movimento LGBT, bem como as opressões que os mesmos sofrem.
FIGURA 6. Mística sobre LGBT. 2.4. Dia 09/01 Tarde: foi passado aos viventes o filme Conflito das águas, que mescla diferentes tempos, o passado e o presente, documentando com lirismo a dura realidade das privatizações de setores estratégicos, que prejudica a população mais carente, recorrente na América Latina, sobretudo até o início dos anos 2000. O foco do filme é a privatização de toda a água do país pelo governo da Bolívia, inclusive a água da chuva, de modo que qualquer um que a recolhesse enquanto caia do céu estaria cometendo um crime. Isso nos faz refletir sobre a dependência financeira entre países ricos e pobres, a privatização do mercado, a manifestação popular, o acesso à água potável e a saúde como direito. Noite: em seguida levamos os viventes para visitar a Tenda de Umbanda Santa Bárbara, na cidade de Senador Larroque, com o objetivo de
desconstruir conceitos pré-estabelecidos e vivenciar um pouco sobre essa crença. FIGURA 7. Visita ao Terreiro Santa Bárbara. 2.5. Dia 10/01 Manhã: ocorreu debate sobre a vivência da visita ao terreiro de umbanda. Troca de opiniões sobre a experiência vivida. Discutimos também sobre os determinantes sociais de saúde, quais valores e quais conceitos são agregados. Cada NB confeccionou uma camisa com um fator dos determinantes sociais de saúde.
FIGURA 8. Confecção das Camisas sobre DSS. Tarde: a professora Maricélia Tavares Borges Oliveira colaborou com uma roda de conversa sobre Saúde Pública X Saúde Privada no Brasil. A saúde pública intensifica suas ações na rede de assistência básica. Um fato importante é que no ano de 1994 contava-se com quatro mil ESF, já em 2012 esse número aumentou para 33 mil. 2.6. Dia 11/01 Manhã: iniciaram-se as visitas nas unidades de saúde da cidade de Imperatriz. Em que cada facilitador ficou responsável por um grupo de vivência. Os viventes foram direcionados a três Unidades Básicas de Saúde: Milton Lopes, Vila Lobão e Itamar Guará. FIGURA 9. Unidade de Saúde Milton Lopes.
FIGURA 10. Unidade de Saúde Itamar Guará. Tarde: continuaram as visitas no Hospital Municipal de Imperatriz (HMI), Hospital Santa Mônica, Hospital Regional de Imperatriz e a UPA 24 horas. FIGURA 11. Visita a UPA. 2.8. Dia 12/01 Manhã: foram visitados os CAPS I, II e III e a Residência Terapêutica.
FIGURA 12. Visita ao CAPS III. Tarde: ocorreu o debate sobre as vivências e uma roda de conversa com a professora Tâmara, sobre Saúde Mental. 2.9. Dia 13/01 Manhã: visita ao Complexo DST/AIDS, Serviço de Atendimento Móvel do Urgência, Hemomar e Oncorradium. Tarde: ocorreu a roda de connversa com a consultora do HumanizaSUS, Benta Lopes Silva. FIGURA 13. Finalização da palestra.
2.9. Dia 14/01 Manhã: ocorreu uma palestra sobre saúde indígena, com a professora da Universidade Federal do Maranhão, Euzamar Santanna. Também teve uma roda de conversa sobre opressões religiosas. 2.10. Dia 15/01 Manhã: ocorreu uma roda de conversa sobre o papel dos estudantes na sociedade, promovendo uma reflexão sobre as atitudes dos mesmos no decorrer na vida acadêmica. 2.11. Dia 16/01 Manhã: foi realizada a confecção da bandeira, em que todos os viventes assinaram seus nomes e também foi feito a gravação do vídeo. FIGURA 14. Bandeira VER-SUS Imperatriz 2016.1.
Tarde: os viventes foram levados à Beira Rio, ponto turístico da cidade, e lá fizeram uma ciranda e finalizaram o VER-SUS 2016. 3. Analise Geral do evento Posso dizer que minha satisfação em ter participado de mais um estágio de vivência, foi imensurável. Pois posso dizer que nada se compara à experiência vivida nesses 11 dias, me sinto extremante realizada por ter contribuído na formação desses viventes, pois o sentimento de gratidão é incomparável, só posso dizer que participar do VER-SUS como facilitadora foi uma experiência rica, cheia de inovação e principalmente amor, se eu fosse resumir o VER-SUS em uma palavra seria simplesmente GRATIDÃO! Falar sobre VER-SUS IMPERATRIZ, é pensar coração não é tão simples quanto pense, nele cabe o que não cabe na dispensa, cabe o meu amor..., é sentir a felicidade a cada fechar de olhos e a sensação de quero mais, é sentir o amor, o companheirismo, a diversão, o cuidado, a amizade, todo o misto de sentimentos que nele cabe ( CARINE MEDEIROS).