Unidade: Conceitos de Ética e de Cidadania, valores Unidade e I: normas morais 0
Unidade: Conceitos de Ética e de Cidadania, valores e normas morais Antes de começarmos a problematizar situações e casos específicos, vamos entender o conceito de ética, de moral, quais são seus componentes e qual a sua relação com a cidadania. As preocupações com a sobrevivência levaram o homem primitivo a agregar-se em comunidades. Estas pequenas comunidades, aos poucos foram se desenvolvendo, chegando a grandes aglomerações sociais. É nesse contexto que surgem as regras morais, com a finalidade de facilitar o convívio social das pessoas na comunidade. Na conceituação clássica encontrada nos dicionários da língua portuguesa, moral é definida por parte da filosofia que trata dos costumes ou dos deveres do homem para com seus semelhantes e para consigo; vem do latim morale e designa regras de comportamento aceitas por determinada comunidade. (Bittar, 2004) Conforme Vázquez (1999), moral vem do latim mos ou mores, costume ou costumes, no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito, referindo-se portanto, ao comportamento que a habitualidade de determinados atos infere ao homem. Portanto, moral trata-se de uma norma não escrita que objetiva traçar linhas de comportamento para o indivíduo em suas relações sociais, tendo por fundamento o histórico da comunidade. No princípio, por necessidade premente de segurança ao homem valente era atribuído maior valor dentro da comunidade. O valor e a solidariedade eram considerados como grandes virtudes, onde tudo visava o interesse da coletividade não considerando o homem no seu individualismo. Com desenvolvimento das sociedades as regras morais passam a fundamentar-se na responsabilidade pessoal, chegando portanto a um estágio mais desenvolvido da moral. A evolução que despontou com o aumento das forças de trabalho e produtividade, favoreceu o aparecimento da propriedade privada e consequentemente uma desigualdade de bens dividindo a sociedade antiga em duas classes antagônicas, o homem livre, cidadão, e o escravo. Essa situação social proporcionou uma divisão da moral que deixou de ser única no sentido 1
de um só conjunto de normas aceitas por toda a sociedade, favorecendo a aparição de duas morais, a moral do homem livre, com valores definidos, e a dos escravos. As mudanças que se verificaram com a nova sociedade, surgida com o desaparecimento do mundo antigo onde a escravidão era uma instituição de base para todo o trabalho pesado, e o escravo considerado coisa; vieram dar uma nova condição ao homem, embora não fossem muitas as mudanças, porém, foi-lhes dado o direito à vida e passaram a serem considerados seres humanos. A liberdade alcançada pelo trabalhador, muito embora devesse obediência ao senhor feudal, proporcionou uma evolução dos conceitos morais. Essa moral continha também preceitos religiosos, em vista da influência exercida pela igreja na idade média, que de certa forma dava uma unidade moral à sociedade da época, bastante estratificada. A invenção das máquinas, proporcionou o crescimento de uma nova sociedade, a burguesia, levando a um novo sistema econômico-social fundamentado no lucro, permitindo surgir uma moral própria, a moral individualista que dominou a sociedade burguesa do século XIX. Na medida em que as diferentes sociedades tomam lugar no tempo, também mudam os princípios e regras morais. Conhece-se um progresso moral. Esse se dá em um plano histórico-econômico-social primeiramente, ampliando a esfera moral na vida social. Em resumo, Vázquez (1999) destaca o aspecto da moral ser uma forma de comportamento humano compreendendo o normativo e o fatual; ser um fato social; a questão da aceitação individual, isto é, uma interiorização das normas morais; a manifestação concreta do comportamento moral dos indivíduos; o ato moral individual como parte de um contexto normativo, ou seja, de um código moral. Ainda, embora normativo o ato, a aceitação consciente e voluntária supõe a liberdade do sujeito na execução do ato moral. Exposto o tema Moral, sua conceituação e evolução, passa-se a tratar da Ética que, como ciência da moral tem origem do grego éthique ou ethos e do latim ethica, ethicos, significando uso, costumes, caráter. É modificada cotidianamente com a sociedade interagindo entre grupos sociais e em determinados períodos históricos. 2
Fonte: www.leticiaveloso.blog-se.com.br Vázquez (1999) apresenta a ética como a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Conceito que mostra uma abordagem científica dos problemas morais. Já, Bittar (2004), apresenta ética dividindo-a em ética enquanto saber e enquanto prática, onde ao saber cabe o papel de estudar a ação humana em sua concepção mais ampla, e quanto a ética prática, como ele coloca, consiste na atuação concreta e conjugada da vontade e da razão, de cuja interação se extraem resultados que se corporificam por diversas formas. Segundo Valls (1998), a ética na visão tradicional, é interpretada como um estudo ou reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas, o que lhe dá portanto um caráter teórico. Portanto, como um resultado histórico-cultural que define o que é virtude, o que é bom ou mal, certo ou errado, para cada cultura ou sociedade, a ética, seja como investigação teórico-filosófica, ou como ação enquanto extensão racional das nossas intenções, vai sustentar e dirigir as ações do homem, norteando a conduta individual e social. Por ética contemporânea, entende-se as doutrinas surgidas após a Revolução Francesa e que prolongam suas influências até aos dias atuais, sendo caracterizadas por uma reação adversa ao formalismo e ao racionalismo abstrato. Assim, o posicionamento filosófico no que se refere às doutrinas éticas no período contemporâneo, assenta-se em torno do pensamento de autores que atentem para [...]a interiorização dos valores, normas e leis de uma 3
sociedade, resumidos na vontade objetiva cultural, por um sujeito moral que aceita espontaneamente através de sua vontade subjetiva individual. As questões éticas chegam ao século XX diante a uma grande quantidade de tendências, que variam conforme a origem ou forma de interpretação e observação. Peter Singer (1998), desenvolve uma investigação ética contemporânea voltada para a prática. Focaliza a aplicação da ética nas mais variadas e controvertidas questões sociais atuais como igualdade e discriminação de raças, sexo, capacidade, aborto, eutanásia. Fonte: nucleoetico.googlepages.com Resumidamente, as linhas de pensamento ético-filosófico até aqui expostas, buscaram mostrar a ética em seu caminho histórico a partir de alguns dos diversos autores que se ocuparam da problemática ética, a fim de mostrar, através dos diversos pontos de vista concebidos, as várias concepções. O conceito de cidadania, por sua vez, deriva do latim civitas. Ele se refere ao pertencimento, ou a inclusão de uma determinada pessoa na esfera dos direitos instituídos por uma dada sociedade ou cultura. Tornar-se cidadão significa entrar no universo de possibilidades aberto pelos direitos concedidos à comunidade aos indivíduos que estabelecem com ela laços de pertencimento. Porém, não devemos nos ater apenas aos aspectos formais do direito 4
positivo quando falamos de cidadania. Não podemos deixar de notar que as restrições ou o uso pleno dos direitos referentes à cidadania são condicionados não apenas pelo regime legal, mas também pela situação social, isto é, pelo lugar que ela ocupa na estrutura da sociedade. O exercício do direito ao voto ou da liberdade de expressão tem prioridades diferentes, de acordo com a autonomia que cada indivíduo ou grupo possui. E essa autonomia, muitas vezes, está relacionada à condição econômica do cidadão. 5
Referências CAMARGO, Marculino. Fundamentos de ética geral e profissional. Petrópolis: ed. Vozes, 2001. GALLO, Silvio Donizetti de Oliveira. Ética e cidadania: caminhos da filosofia: elementos para o ensino de filosofia. 8 ed. Campinas: Papirus, 2001. CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à filosofia. [s.l]:13 ed. São Paulo: Ática, 2004. Disponível em: http://geocities.yahoo.com.br/mcrost02/ BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel Gonzalez; NOSELLA, Paolo. Educação e cidadania: quem educa o cidadão? 10 ed. São Paulo: Cortez, 2002. AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do. Ética social e governamental: advocacy e loby: uma proposta para o exercício da cidadania na democracia contemporânea. São Paulo: Hot topos, 1997. 6
7 Responsável pelo Conteúdo: Profª. Juliana Rocha www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000