FILOSOFIA DA MENTE CORRENTES MATERIALISTAS

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Transcrição:

FILOSOFIA DA MENTE CORRENTES MATERIALISTAS

Behaviorismo analítico reação contra a tradição dualista positivistas vienenses na década de 30, e mais tarde por Gilbert Ryle, sob influência de Wittgenstein TESE: O mental, entendido como conjunto de entidades subjetivas e privadas, ou não existe ou não desempenha papel algum.

Behaviorismo analítico ESTADOS MENTAIS = comportamentos ou disposições para se comportar Exemplo de disposição: o copo de vidro é quebrável (ser quebrável é uma disposição/propriedade que não se manifesta o tempo todo, mas em situações definidas) Radical rejeição da subjetividade Vejo que vc gostou. E eu? Eu gostei?

Eliminacionismo Solução radical para o problema mente-corpo Feyerabend (1963) versão atual defendida por Paul e Patricia Churchland TESE: nosso vocabulário sobre estados mentais pertence a uma psicologia popular que não merece crédito A psicologia popular deve desaparecer, como já desapareceram a astronomia, a física e a química populares

Eliminacionismo Busca de nova linguagem derivada da neurofisiologia Crítica: 1. A Ciência refutou e eliminou não foi o nosso conhecimento do senso comum, mas a sua extensão por filósofos e cientistas; 2. Psicologia não equivale a neurociência

A partir da segunda metade da década de 1950 Herbert Feigl, U.T. Place e J.J.C. Smart uma nova teoria para tomar o lugar do behaviorismo analítico Teoria da identidade de tipo ( type-type identity theory): (tipos de) estados (eventos, processos) mentais são a mesma coisa que (tipos de) estados (eventos, processos) cerebrais.

Projeto: uma futura ciência cérebro nos permitirá identificar estados mentais (sensações, emoções, desejos e crenças) a estados neurofisiológicos específicos.

Exemplos: Sensação de dor = efeitos corticais resultantes de estimulações pré-corticais (no tálamo e na formação reticular), as quais são geralmente produzidas pela estimulação de células nociceptoras periféricas. Ansiedade = efeitos corticais resultantes da reverberação de descargas em circuitos neuronais no sistema límbico. Impressão visual consciente = certos efeitos no nexo préfrontal, resultantes da estimulação da área V1 do córtex occipital

Exemplos: Entrevista A fisiologia da Felicidade

Objeções: O mental possui um resíduo irredutível ao material, QUALIA qualidades fenomenais privadas e diretamente experienciadas de eventos mentais. Não é possível identificar os qualia com eventos cerebrais, pois o modo de sentir e ter os primeiros nunca se dá à experiência física intersubjetiva (Thomas Nagel)

Objeções: Múltipla realizabilidade: estados mentais não podem ser apenas estados cerebrais porque eles podem se realizar nos mais diversos tipos de arranjos materiais (quando se sofre um acidente vascular cerebral e se perde a fala, outras áreas do cérebro aprendem a desempenhar o mesmo papel)

Resposta de alguns teóricos da identidade: teoria da identidade de ocorrência (token-token identity theory) alguma identidade deve existir entre tipos de estados mentais e estados cerebrais Se for dado um estado mental do tipo M, ele pode ser identificado aos estados cerebrais F1, F2, F3... não havendo como unificar os últimos em um único tipo

FUNCIONALISMOS Principal autor: Putnam Tese: a mente não se define pelo que é, mas pelo que faz. Funcionalismo da máquina (Putnam): cérebro (hardware) e mente (software) a mente nada mais seria que um programa implementado no cérebro, e os estados mentais são os seus estados funcionais (uma pessoa poderia ter sua mente escaneada e guardada em um pendrive, e usada em um supercomputador)