PROGRAMAÇÃO COMENTADA DO I ENCONTRO NACIONAL IDEHA DE GESTORES E FISCAIS DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS O objetivo da programação comentada é fornecer aos interessados um panorama mais detalhado sobre os temas que serão discutidos no encontro. Função do gestor e do fiscal: O encontro tratará basicamente das atribuições do gestor e do fiscal da execução dos contratos administrativos. De modo amplo, pode-se dizer que a gestão é a administração geral e ampla da contratação, envolvendo os aspectos jurídicos, administrativos, tributários, previdenciários e trabalhistas. A fiscalização é a aferição in loco relacionada ao objeto da contratação para comprovar se aquilo que foi contratado está sendo ou foi efetivamente realizado. Dia 14 de abril de 2014 1. PLANEJANDO A CONTRATAÇÃO COM FOCO NA EXECUÇÃO CONTRATUAL CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O GESTOR E PARA O FISCAL - Palestrante: Prof. José Anacleto Abduch Santos - A etapa mais importante de qualquer contratação pública é o seu planejamento. Nesta fase serão adotadas as principais e fundamentais decisões sobre a execução do contrato. Nesta fase é preciso definir os parâmetros básicos que servirão de referência para a gestão e para a fiscalização. O primeiro módulo abordará os seguintes tópicos:
PRECISA IDENTIFICAÇÃO DA NECESSIDADE PÚBLICA E DESCRIÇÃO DO OBJETO - A identificação adequada da necessidade a ser satisfeita pela contratação e a perfeita descrição do objeto dela são imprescindíveis para a eficácia e eficiência da contratação. - A busca pela qualidade do objeto pode implicar a indicação de marca, admitida em algumas situações, bem como a exigência de certificações de qualidade, tema sempre polêmico. - Nesta fase, a elaboração de um termo de referencia e/ou de um projeto básico tecnicamente perfeitos é indispensável. ESCOLHA DO CONTRATADO - Os critérios de escolha do contratado, especialmente quanto à capacidade técnica e capacidade econômico-financeira, são decisivos para o sucesso da contratação. DEFINIÇÃO DOS PRAZOS DE CONTRATAÇÃO - Os prazos de contratação devem ser fixados a partir de dois parâmetros (1) limites legais, e (2) necessidade decorrente do objeto. - Prazos desarrazoados ou desvinculados da realidade podem comprometer todo o contrato. - Cronogramas físico-financeiros são indispensáveis em algumas espécies de contratos. DEFINIÇÃO DOS PREÇOS DE REFERÊNCIA - A definição dos preços e orçamentos de referência deve ser baseada na realidade de mercado. - Melhor proposta é aquela que atende o interesse público pelo preço mais vantajoso, lembrando que vantajosidade não é conceito apenas econômico. CRITÉRIOS DE SUSTENTABILIDADE - A Administração Pública tem deveres inafastáveis em relação ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
- É obrigatório prever nos editais critérios de sustentabilidade que deverão ser objeto de intensa fiscalização, para tanto, é preciso identificar qual a necessidade ambiental, para fixar requisitos de capacidade técnica ambiental e definir os encargos ambientais da contratação. ENCARGOS DO CONTRATADO - Os principais instrumentos da fiscalização e da gestão contratual são o edital e o contrato. - Logo, estes instrumentos devem ser realizados com adequação técnica e jurídica, para que sirvam de verdadeiro roteiro para a fiscalização. SISTEMAS DE GESTÃO E DE FISCALIZAÇÃO - De nada valem todos os esforços de planejamento e um contrato administrativo perfeito. - Para garantia de eficiência da gestão e da fiscalização é preciso que a Administração Pública disponha dos recursos materiais e humanos necessários. - É fundamental que os servidores que atuarão na gestão e na fiscalização da execução dos contratos tenham capacitação suficiente. - A constituição de equipes de planejamento, com integrantes dotados de conhecimento técnico específico é muito importante para a gestão e fiscalização eficientes. PREVENÇÃO DE RESPONSABILIDADE - Os agentes públicos respondem por dolo e culpa pelos danos causados à Administração Pública e esta pode vir a responder por débitos trabalhistas e previdenciários. - Há meios e instrumentos legítimos para prevenir e afastar a responsabilidade pela gestão e pela fiscalização dos contratos. 2. MÉTODO ESTUDO DE PROBLEMAS: ENFRENTAMENTO DE SITUAÇÕES CONCRETAS SIMULADAS. - Palestrante: Prof. José Anacleto Abduch Santos - Casos simulados envolvendo o planejamento da gestão e da fiscalização para serem debatidos pelos participantes com a supervisão e conclusão do palestrante.
Dia 15 de abril de 2014 Método passo a passo: sem nenhum compromisso com aspectos acadêmicos formais, a designação de método passo a passo é apenas um indicativo de que os professores orientarão os participantes de forma detalhada e precisa sobre tudo o que os fiscais e gestores devem realizar para cumprir sua missão com sucesso. 3. MÉTODO PASSO A PASSO: COMO FISCALIZAR CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS Palestrante: Prof. Jeronimo Leiria - Os contratos de prestação de serviços estão entre as contratações mais complexas e complicadas, seja pelo seu objeto, seja pelo número elevado de pessoas envolvidas na execução contratual. - As terceirizações cada vez mais constituem um instrumento de gestão utilizado pelo Poder Público, especialmente por força das implicações da Lei de Responsabilidade Fiscal. - Contratos de prestação de serviços de limpeza e de vigilância costumam ser bastante problemáticos porque interferem diretamente no cotidiano da Administração Pública. - O fiscal deve ter pleno conhecimento de quais os aspectos das contratações devem ser fiscalizados. - É fundamental que gestor e fiscal produzam rigorosa fiscalização do cumprimento dos encargos previdenciários e trabalhistas por parte do contratado, por força das responsabilidades solidária e subsidiária. - Devem conhecer as principais normas de regência e como aplicá-las efetivamente. - Gestor e fiscal devem ter condições de produzir todas as interferências legítimas na execução contratual, bem como comunicar a autoridade superior acerca de irregularidades. - É imprescindível que haja o registro formal de todas as ocorrências significativas na execução contratual, especialmente para a definição das sanções.
- O setor técnico deve ter participação ativa no controle da execução contratual. O setor jurídico igualmente deve ser acionado sempre que a situação extrapolar os limites de conhecimento dos fiscais e dos gestores. - Há normas federais específicas como a IN 02/08, com as alterações produzidas recentemente pela IN 06/13 que devem (por quem é obrigado) ou podem ser utilizadas como excelentes instrumentos de fiscalização dos contratos de terceirização. - Basicamente, gestor e fiscal devem saber o que controlar e como controlar. 4. MÉTODO PASSO A PASSO: COMO APLICAR SANÇÕES CORRETAMENTE Palestrante: Prof. Luciano Reis - As sanções tem basicamente as funções de prevenção geral evitar que os contratados pratiquem infrações; e de prevenção especial evitar que os contratados reincidam na prática de infrações contratuais. - A aplicação de sanções é uma das condutas mais complexas no âmbito das contratações públicas e demanda profundo conhecimento de técnicas jurídicas indispensáveis para que não haja o risco de ser anulada pelo Poder Judiciário. - A sanção deve sempre, obrigatoriamente, ser precedida do devido processo legal, com garantias de contraditório e de ampla defesa, sob pena de nulidade: há certas condutas que devem ser adotadas pelo fiscal e pelo gestor para garantir a legitimidade dela. - A sanção deve ser proporcional e guardar relação com a gravidade da infração cometida. Uma sanção muito grave para uma infração de natureza leve implica nulidade. - A dosimetria da pena (quantidade de sanção) é uma tarefa complexa, que demanda por vezes atuação interdisciplinar envolvendo o setor técnico e o setor jurídico. - Aplicar sanções não é uma opção do Administrador Público, mas antes, um dever inafastável. - Definir qual a sanção deve ser aplicada é uma tarefa que demanda profundo conhecimento da legislação e das implicações técnicas e jurídicas do contrato. - O princípio da legalidade é fundamental na definição da sanção a ser aplicada, que deverá sempre ser razoável e proporcional.
- A sanção tem um caráter didático inegável, e previne a Administração Pública contra atos de má-fé por parte dos contratados. - Fiscal e gestor devem ter pleno conhecimento dos limites e possibilidades em relação á aplicação de sanções. - Quando da fiscalização deve haver o registro formal de todas as ocorrências relevantes para a definição da sanção futuramente. - Instaurar, conduzir e julgar o processo administrativo destinado à apuração e aplicação de sanções por inexecução contratual demanda profundo conhecimento da legislação e dos termos do edital e do contrato firmado. - Devem ser de pleno conhecimento as nulidades processuais, para evitá-las e conferir efetividade à punição pretendida. Dia 16 de abril de 2014 5. GESTÃO E FISCALIZAÇÃO NA PRÁTICA: ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS Palestrante: Prof. Edgar Guimarães - Como regra, os contratos devem ser executados nos termos originalmente pactuados, contudo, nem Administração Pública nem os contratados detém pleno domínio sobre as situações da vida real, demando por vezes a alteração dos contratos. - Fiscal e gestor do contrato devem ter conhecimento sobre a diferença entre uma alteração contratual quantitativa e uma alteração contratual qualitativa, bem como sobre os limites legais para a alteração. - A lei determina limites objetivos para as alterações contratuais, estabelecidos em percentuais que incidirão sobre uma base de cálculo igualmente determinada. Há divergências sobre se estes percentuais se aplicam como limites tanto em relação às alterações quantitativas como em relação às qualitativas. - Como regra, fiscal e gestor não podem autorizar alterações contratuais sem cobertura contratual formal. - Há casos, porém, em que a modificação da execução contratual é urgente, e não pode aguardar uma alteração formal do contrato. Nestes casos, fiscal e gestor devem saber como agir, para evitar responsabilidade.
- A natureza da contratação (obras, serviços, compras) pode interferir na aplicação dos percentuais estabelecidos na lei como limite para a alteração contratual. - Falhas de planejamento, de acordo com a LDO, podem ser corrigidas mediante alteração contratual. - Gestor e fiscal tem papel fundamental na delimitação e autorização para as alterações contratuais, pois a autoridade responsável decidirá baseada nas informações técnicas por eles apresentadas. - Caso o fiscal ou o gestor atuem com dolo, culpa ou erro no processo de alteração contratual podem sofrer sanções administrativas, penais, por improbidade administrava e serem obrigados à reparação do dano. 6. GESTÃO E FISCALIZAÇÃO NA PRÁTICA: REVISÃO E REPACTUAÇÃO DOS CONTRATOS Palestrante: Prof. Edgar Guimarães - Quando da aceitação da proposta no processo licitatório forma-se a equação econômico-financeira do contrato, entre encargos e remuneração do contratado. Esta relação deve permanecer até o final da execução contratual. - Eventos da natureza, produzidos pela Administração Pública ou pela economia podem desequilibrar a equação econômico-financeira, que deve ser reequilibrada. - O reequilíbrio econômico financeiro do contrato pode ser obtido pela revisão, pelo reajuste ou pela repactuação dos contratos. - A revisão do contrato demanda participação ativa e fundamental do gestor e do fiscal do contrato, pois tem base em fato imprevisível ou previsível com consequências incalculáveis. - A revisão, o reajuste e a repactuação do contrato são feitas com base em informações fornecidas pelo gestor e pelo fiscal do contrato. - Conceder reajuste, repactuação ou revisão fora dos limites legais constitui infração grave e pode sujeitar o fiscal e o gestor a sanções administrativas, penais e reparação do dano. 7. GESTÃO E FISCALIZAÇÃO NA ÓTICA DO TCU: ANÁLISE DOS PRINCIPAIS ACÓRDÃOS DA CORTE DE CONTAS Palestrante: Prof. Luiz Bernardo Dias Costa
- O Tribunal de Contas da União exerce o controle externo das contratações públicas e profere decisões que constituem verdadeiro roteiro para os fiscais e para os gestores. - Decisões do TCU fixam com precisão a responsabilidade do fiscal e do gestor do contrato administrativo. - Os limites para alterações contratuais foram objeto da Decisão nº 215/99, que hoje é uma referencia da Corte de Contas para aferir a legitimidade das condutas. - A análise pormenorizada de decisões do TCU constitui um poderoso instrumento para orientar a conduta de fiscais e de gestores, evitando a responsabilização por atos que a Corte de Contas já antecipou considerar ilegais, ilegítimos ou antieconômicos.