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DO RECURSO DO RECLAMANTE Conheço do recurso, porque preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade.

Transcrição:

Acórdão 10a Turma ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE. Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. Exegese da nova redação da Súmula 364 do TST. Vistos os presentes autos de Recursos Ordinários, interpostos contra sentença (fls.302/311) proferida pela Dra. Maria Letícia Gonçalves, Juíza da 69ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, em que figuram como recorrentes e recorridos, ROBSON CARDOSO THEOTONIO e OPPORTRANS CONCESSÃO METROVIÁRIA S.A. Insurgem-se as partes contra a sentença que julgou o pedido procedente em parte, cujos embargos de declaração, opostos pela reclamante às fls.313/316 e pela reclamada às fls.317/321, foram rejeitados (fls.323/324). A reclamada, em seu recurso (fls.332/342), argúi a nulidade da sentença por prestação jurisdicional incompleta. No mérito, entende que não foi comprovada a jornada elastecida, não havendo que se falar em horas extras. Aduz que o reclamante usufruía de 30 minutos de intervalo intrajornada, nos termos da norma coletiva. No que tange à hora extra noturna, sustenta que o adicional correspondente era quitado com o percentual de 37,14%, superior à previsão legal de 20%. O reclamante, em seu recurso (fls.326/331), alega ter havido redução salarial em razão da alteração de sua jornada de trabalho de 180 horas mensais para 200 horas mensais. Sustenta que, mesmo no exercício do cargo de encarregado de tráfego, era exposto a risco, pois trabalhava em local alimentado por alta tensão. Pleiteia o restabelecimento do adicional de periculosidade. contrarrazões. Contrarrazões do reclamante às fls.346/4349. A reclamada não ofereceu Depósito recursal às fls.343 e guia de custas às fls.344. É o relatório. VOTO CONHECIMENTO admissibilidade. Conheço dos recursos ordinários, porque atendidos seus requisitos de 20433 1

FUNDAMENTAÇÃO RECURSO DA RECLAMADA Preliminar de Prestação Jurisdicional Incompleta Argúi a reclamada a nulidade da sentença, sob o fundamento de que a decisão de embargos não sanou as omissões e contradições da sentença a quo, apontadas em seus embargos de declaração de fls.317/321. Não lhe assiste razão. Tanto a sentença de fls.302/311, quanto a decisão de embargos de fls.323/324, fundamentaram o entendimento da Julgadora sobre a matéria, estando completa a prestação jurisdicional, o que basta para afastar a arguição de nulidade. Ademais, cabe salientar que o efeito devolutivo do recurso transfere ao Tribunal toda a matéria debatida na primeira instância (CPC, art. 515, 1º), sendo certo que qualquer matéria, eventualmente, não apreciada, pode ser revista pela esfera ad quem. Rejeito. Horas Extras O reclamante afirma que a partir de junho de 2000, no cargo de encarregado de tráfego, laborava nos seguintes horários: das 06:00 às 14:30 horas, com prorrogação da jornada até as 16:30horas, das 14:00 às 22:00 horas, com chegada antecipada às 13:00 horas, e ainda no horário noturno, das 22:00 às 06:30 horas. Aduz que usufruía de apenas 10/15 minutos de intervalo intrajornada, quando o trabalho era diurno. Em contestação, a reclamada resistiu à pretensão alegando que o autor cumpria a jornada contratual e que dispunha de 30 minutos de pausa. Compulsando os autos, especialmente os espelhos de ponto de fls.112/122, nota-se que a reclamada não computava a hora noturna devidamente, deixando de observar os 52 minutos e 30 segundos da ficção legal. Tanto não bastasse, o depoimento da testemunha do autor corroborou o labor em jornada elastecida. O Sr. Antonio Carlos assim declara (fls.275): que o depoente encontrava o reclamante diariamente, quando da passagem do serviço de um turno ao outro, e também nas reuniões diárias, que se iniciavam às 13 horas e se estendiam até as 16:15/16:30; que nestas reuniões participavam todos os encarregados de tráfego dos 2 turnos. No que tange ao intervalo intrajornada, o depoimento do Sr. Antonio Carlos foi firme ao asseverar que o intervalo concedido pela reclamada era de apenas 15 minutos e nem esse era possível de ser gozado; que não havia equipe para possibilitar a rendição durante o intervalo. Muito embora a reclamada alegue que quitou o adicional noturno utilizando o percentual de 37,14%, bem acima do previsto em lei, tal fato não afasta a condenação ao pagamento das horas extras em função da não observância da hora noturna. Neste sentido, vale reproduzir o aresto trazido pelo autor em suas contrarrazões: 20433 2

ADICIONAL NOTURNO - O pagamento de adicional noturno em percentual superior ao previsto em lei, não desobriga a empresa a computar a hora noturna como de 52 minutos e 30 segundos nos termos do 1º do artigo 73". (TRT 12ª Região RO 1042/82 - Rel. Juiz Anselmo Raimundo) Assim, tendo em vista a prova constante dos autos e o acima exposto, reputo correta a sentença de 1º grau, nada havendo a reparar. Nego provimento. RECURSO DO RECLAMANTE Diferenças Salariais O reclamante sustenta que cumpria escala de revezamento com 180 horas mensais. Esclarece que em 2000 foi promovido para a função de encarregado de tráfego, cujo salário é maior que aquele pago para o cargo anteriormente ocupado, não havendo sido fixada nenhuma alteração de jornada. Aduz que a norma coletiva da categoria relativa ao período 2000/2002, em sua cláusula 25ª, estabeleceu que o salário do encarregado de tráfego seria fixado mediante acordo individual com a empresa, restando expresso que não poderia ocorrer qualquer redução na remuneração dos trabalhadores. Contudo, a partir de fevereiro de 2002 a jornada de 180 horas foi alterada unilateralmente para 200 horas mensais, o que provocou redução salarial ao obreiro. A Julgadora a quo entendeu que a alteração da carga horária decorreu da evolução funcional do empregado, o que foi previsto em norma coletiva, onde foi estipulada a faculdade das partes em firmar acordo individual de trabalho. Argumentou que o autor recebeu razoável acréscimo salarial, não podendo se falar em redução da remuneração. Inicialmente, cabe notar que, tendo em vista a promoção do autor em 2000 para o cargo de encarregado de tráfego (cargo superior ao anteriormente exercido), tem-se que o acréscimo salarial ocorrido não guarda nenhuma relação com a alteração de jornada, que foi realizada em 2002. Não se pode, ainda, falar que houve majoração salarial, uma vez que o plus recebido, em verdade, decorreu da mudança de cargo e não do aumento da remuneração. Da análise dos autos, verifica-se que no mês de fevereiro de 2002, a reclamada alterou unilateralmente o divisor de horas trabalhadas, de 180 para 220, sem conferir o correspondente aumento salarial, o que trouxe ao autor diferenças mensais em sua remuneração. Neste sentido os documentos de fls.46/59. Note-se que a irredutibilidade do salário é um princípio de fundamental importância na legislação trabalhista. ARNALDO SÜSSEKIND, em sua obra Instituições do Direito do Trabalho, esclarece que "um dos aspectos de maior relevo da proteção que a legislação dispensa ao salário concerne à sua irredutibilidade, que decorre do princípio da inalterabilidade contratual, assegurada, de forma ampla, pelo art. 468 da CLT." Também de relevo os ensinamentos de MOZART RUSSOMANO, em Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, quando aduz que "o salário não pode ser alterado quanto ao seu modo de pagamento (por dia, por semana, por mês), nem quanto à sua forma (por tarefa, diária, hora, mensalidade, etc.), nem também no quantum ajustado para a tarefa, dia, hora, mês, etc." 20433 3

Neste diapasão, entendo que o acordo individual que fixou a alteração da jornada descumpriu a norma coletiva de 2000/2002, na medida em que esta determinava, de forma expressa, que os acordos não poderiam trazer redução nas remunerações. Via de consequência, afasto a sua aplicação, neste particular, e condeno a reclamada ao pagamento de diferenças salariais, em razão da redução salarial, do período de fevereiro de 2002 até a ruptura do pacto laboral, conforme vindicado no pedido A1" do rol da inicial. Dou provimento. Adicional de periculosidade O reclamante aduz que, embora promovido a encarregado de tráfego, continuou a a desempenhar as mesmas funções antes desenvolvidas, além de outras inerentes ao novo cargo. Sustenta que teve suprimido o adicional de periculosidade. A perícia realizada (fls.193/211) demonstrou que o autor laborava no Posto de Comando do Tráfego - PCT, que se constitui num complexo de salas amplas e climatizadas, onde estão instalados conjuntos de mesas informatizadas do controle de tráfego e segurança do Metro-Rio (fls.195/197). Como bem pontuado pela Magistrada de 1º grau, o autor, em verdade, exercia função em nível operacional, com atribuições de comando e não de execução de tarefas em que poderia se expor ao risco de eletricidade (fls.304). A conclusão do laudo foi no sentido de que, no exercício do cargo de encarregado de tráfego, o autor tinha ingresso ou permanência eventual em área de risco da reclamada. Desta forma, tem-se que o autor não trabalhava exposto a risco de forma permanente ou intermitente, e sim eventual, o que inviabiliza a pretensão de recebimento do adicional de periculosidade. Neste sentido o disposto na Súmula 364 do TST, in verbis: Nego provimento. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE (cancelado o item II e dada nova redação ao item I) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-ojs da SBDI-1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003). Isto posto, conheço de ambos os recursos ordinários e, no mérito, nego provimento ao recurso da reclamada e dou parcial provimento ao recurso do reclamante para condenar a reclamada ao pagamento de diferenças salariais, em razão da redução salarial, do período de fevereiro de 2002 até a ruptura do pacto laboral, conforme vindicado no pedido A1" do rol da inicial. Arbitro à condenação o valor de R$25.000,00. Custas de R$500,00. Acordam os Desembargadores que compõem a 10ª Turma do Tribunal 20433 4

Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer de ambos os recursos ordinários e, no mérito, negar provimento ao recurso da reclamada e dar parcial provimento ao recurso do reclamante para condenar a reclamada ao pagamento de diferenças salariais, em razão da redução salarial, do período de fevereiro de 2002 até a ruptura do pacto laboral, conforme vindicado no pedido A1" do rol da inicial. Arbitrar à condenação o valor de R$25.000,00. Custas de R$500,00. Rio de Janeiro, 13 de julho de 2011. Desembargador Federal do Trabalho Célio Juaçaba Cavalcante Relator 20433 5