RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. HORAS EXTRAS. PERÍODO DESTINADO À TROCA DE UNIFORME. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. SÚMULA 366 DO TST.

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1 A C Ó R D Ã O 7.ª Turma GMDMA/LPS/eo RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. HORAS EXTRAS. PERÍODO DESTINADO À TROCA DE UNIFORME. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. SÚMULA 366 DO TST Hipótese em que o Tribunal Regional entendeu que os minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho, utilizados para troca de uniforme, o qual foi estipulado em 12 minutos, não podem ser considerados como horas extras, pois, durante esse período, o empregado não permanece à disposição do empregador Decisão que contraria os termos da Súmula 366 do TST, segundo a qual "Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal" Verbete que se aplica a todas as hipóteses em que os cartões de ponto do empregado revelam excesso de jornada superior a cinco minutos antes e/ou após a duração normal do trabalho, independentemente das atividades que o obreiro desempenhava nesse período Precedentes.Recurso de revista conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n. TST-RR , em que é Recorrente VERA LUCIA DE ARAÚJO e Recorrida MINERVA S.A. O Tribunal Regional do Trabalho da 24.ª Região deu provimento ao recurso ordinário da reclamada, por entender que o tempo gasto pelo empregado para troca de uniforme não é considerado como tempo à disposição da empresa. A reclamante interpõe recurso de revista. Insiste na tese de que o tempo despendido para troca de uniforme significa tempo à disposição do empregador, razão pela qual deve ser considerado como hora extra. Admitido o recurso. Contrarrazões foram apresentadas. Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, consoante o art. 83, 2.º, II, do RITST.

2 É o relatório. V O T O 1 - CONHECIMENTO Satisfeitos os pressupostos genéricos de admissibilidade, passa-se ao exame dos específicos do recurso de revista. UNIFORME HORAS EXTRAS. TEMPO DESTINADO À TROCA DE O Tribunal Regional deu provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada sob o seguinte fundamento: "Insurge-se a ré em face da sentença que deferiu horas extras decorrentes do tempo utilizado na troca de uniforme. Sustenta, em síntese, que os minutos de preparo não constituem tempo à disposição do empregador. Assiste-lhe razão. As partes convencionaram em audiência que o tempo de troca de uniforme era de 12 minutos por dia efetivamente trabalhado (ata de f. 34). Este Tribunal tem reiteradas decisões entendendo que o tempo gasto pelo empregado para troca de uniforme não é considerado como tempo à disposição da empresa, uma vez que nessas circunstâncias não se dá a atividade produtiva do empregado. A respeito, colaciono a seguinte ementa, de minha lavra: 'HORAS EXTRAS - TROCA DE UNIFORME - TEMPO À DISPOSIÇÃO - NÃO- CABIMENTO. O tempo gasto pelo empregado para troca de uniforme não é considerado como tempo à disposição da empresa, uma vez que nessas circunstâncias não se dá a atividade produtiva do empregado. (TRT/RO Rel. Des. Nicanor de Araújo Lima - DEJT ). Assim, dou provimento para excluir da condenação as horas relativas ao tempo despendido para a troca de uniformes (12 minutos por dia efetivamente trabalhados)" No recurso de revista, a reclamante sustenta que o tempo destinado à troca de uniforme - que segundo convencionado entre as partes era de 12 minutos diários - deve ser considerado como à disposição do empregador e remunerado como hora extra. Indica violação aos arts. 5.º, XXXVI, 6.º, XXVI, 8.º VI, da Constituição Federal e contrariedade à Súmula 366 do TST.

3 É pacífico nesta Corte o entendimento de que as variações de horário do registro de ponto que excederem cinco minutos no começo e/ou término da jornada laboral devem ser consideradas como horas extras. Nesse sentido, dispõe a Súmula 366 do TST,in verbis: "CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO (conversão das Orientações Jurisprudenciais n.ºs 23 e 326 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal. (ex-ojs da SBDI-1 n.ºs 23 - inserida em e DJ )" Referido verbete é aplicável a todas as hipóteses em que os cartões de ponto do empregado revelam excesso de jornada superior a cinco minutos antes e/ou após a duração normal do trabalho, sendo, portanto, desnecessário investigar as atividades que o obreiro desempenhava nesse período. Essa conclusão decorre do fato de o empregado sujeitar-se ao poder diretivo e disciplinar do empregador durante todo o intervalo entre o registro no ponto do horário de entrada e de saída, permanecendo, desse modo, à disposição da empresa. Assim, deve-se considerar como tempo de serviço até mesmo aquele gasto pelo trabalhador dentro das dependências da empresa com afazeres pessoais, como troca de uniforme. Nesse sentido, inclusive, tem decidido a SBDI- 1 desta Corte: "RECURSO DE EMBARGOS - REGÊNCIA PELA LEI Nº / VOLKSWAGEN - PERÍODO QUE ANTECEDE O INÍCIO DA JORNADA DE TRABALHO APÓS A MARCAÇÃO DO PONTO DESTINADO À ALIMENTAÇÃO E À TROCA DE UNIFORME- SÚMULA Nº 366 DO TST. A reiterada jurisprudência desta Corte estratificou a tese jurídica de que o tempo despendido pelo empregado para troca de uniforme, alimentação e higiene pessoal no âmbito da empresa, após a marcação do ponto na entrada e anteriormente ao registro no cartão na saída há de ser considerado tempo à disposição do empregador. Essa era a exegese da antiga Orientação Jurisprudencial nº 326 da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do TST que, ao ser absorvida na aglutinação com a Orientação Jurisprudencial n 23, transformando-se na Súmula nº 366 do TST, passou a estabelecer que a aludida remuneração extraordinária subsistirá apenas quando aquele período ultrapassar dez minutos da jornada de trabalho. Dessa sorte, não obstante não permaneça na redação da nova súmula a remissão expressa ao lanche ou à higiene pessoal do empregado, restou

4 sustentado o mesmo entendimento. Portanto, merece ser mantida a decisão recorrida que aplicou os termos da Súmula nº 366 do TST, o que inviabiliza o conhecimento do recurso por divergência. Recurso de embargos não conhecido. (...)" (E-ED-ED-RR , Rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 15/10/2012). "RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI /2007. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. SÚMULA 366 DO TST. O recurso encontra óbice na parte final do inciso II do art. 894 da CLT, segundo o qual não cabem embargos quando a decisão recorrida houver sido proferida em consonância com súmula do Tribunal Superior do Trabalho. No caso, a Turma, ao considerar o período que antecede e sucede a jornada de trabalho como horas extraordinárias, decidiu em conformidade com a Súmula 366 do TST. O fato de o tempo residual haver sido utilizado pelo reclamante com troca de uniforme não tem o condão de alterar o julgado, como pretende a embargante. A Súmula 366 desta Corte é fruto da conversão das Orientações Jurisprudenciais 23 e 326 da SBDI-1 do TST, sendo que essa última assim estabelecia: -o tempo gasto pelo empregado com troca de uniforme, lanche e higiene pessoal, dentro das dependências da empresa, após o registro de entrada e antes do registro de saída, considera-se tempo à disposição do empregador-. Os minutos residuais são equiparados ao tempo de serviço efetivo para fins de duração da jornada, nos termos do art. 4º da CLT. Correta, portanto, a aplicação da Súmula 366 do TST pela Turma. Recurso de embargos não conhecido." (E-ED-RR , Rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 14/09/2012). "RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº / HORAS EXTRAS - TROCA DE UNIFORME- Não se há falar em divergência hábil, de modo a configurar a divergência jurisprudencial específica, na medida em que a decisão embargada está em consonância com a Súmula nº 366 desta Corte, pela qual -Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal.- O referido Verbete não excepciona nenhuma situação em que o tempo despendido com a troca de uniforme não seria considerado como tempo à disposição do empregador, seja essa situação decorrente de lei ou de convenção das partes, não se havendo falar em exceção quanto a vigilante de empresa de transporte de valores, como a Reclamada. O apelo encontra óbice no artigo 894, II, da CLT. Recurso de Embargos não conhecido." (E-ED- RR , Rel. Juiz Convocado: Sebastião Geraldo de Oliveira, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 14/10/2011). Nesse cenário, conclui-se que a decisão do Tribunal Regional contraria o disposto na Súmula 366 deste Tribunal. Diante do exposto, CONHEÇO do recurso de revista por contrariedade à Súmula 366 do TST. 2 - MÉRITO

5 2.1 - HORAS EXTRAS. TEMPO DESTINADO À TROCA DE UNIFORME O reconhecimento de contrariedade à Súmula 366 do TST impõe, como consequência lógica, o provimento do recurso de revista. Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso de revista para restabelecer a sentença quanto à condenação ao pagamento,como extra, dos 12 minutos relativos à troca de uniforme, e reflexos, nos termos da Súmula 366 do TST. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por contrariedade à Súmula 366 do TST e, no mérito, dar-lhe provimento para restabelecer a sentença quanto à condenação ao pagamento como extra, dos 12 minutos relativos à troca de uniforme, e reflexos, nos termos da Súmula 366 do TST. Brasília, 20 de Fevereiro de Firmado por Assinatura Eletrônica (Lei nº /2006) DELAÍDE MIRANDA ARANTES Ministra Relatora fls. PROCESSO Nº TST-RR Firmado por assinatura eletrônica em 21/02/2013 pelo Sistema de Informações Judiciárias do Tribunal Superior do Trabalho, nos termos da Lei nº /2006.