DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA NÃO GOZADO - NORMA COLETIVA PREVENDO O PAGAMENTO APENAS DE ADICIONAL.

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1 A C Ó R D Ã O 2ª Turma GMRLP/nz/mme/th AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA NÃO GOZADO - NORMA COLETIVA PREVENDO O PAGAMENTO APENAS DE ADICIONAL. Ante a razoabilidade da tese de violação ao artigo 71, 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho, recomendável o processamento do recurso de revista, para exame da matéria veiculada em suas razões. Agravo provido. RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA NÃO GOZADO - NORMA COLETIVA PREVENDO O PAGAMENTO APENAS DE ADICIONAL. Entendo que não há como desconsiderar-se a particularidade contida no instrumento normativo pactuado entre as partes. É que a autonomia privada coletiva restou elevada a nível constitucional pela Carta Maior de 1988 (artigo 7º, inciso XXIV), e, portanto, merece ser privilegiada. Ora, como vem entendendo esta Corte trabalhista, é imprescindível prestigiar e valorizar a negociação levada a efeito pelas organizações sindicais, interlocutores legítimos de empregados e empregadores, na busca de solução para os conflitos de seus interesses. A Constituição Federal está a sinalizar em seu artigo 7º, incisos VI e XXVI, que este é o caminho a ser seguido. Assim, tem-se como válida a disposição albergada na norma coletiva prevendo o pagamento apenas do adicional nas hipóteses de intervalo intrajornada não gozado, diante da força negocial autônoma que a ela se encontra condicionada. E nem se invoque a inviabilidade da flexibilização do dispositivo legal em comento, pois a indenização pela não concessão ou redução do intervalo intrajornada é direito patrimonial disponível. Recurso de revista não conhecido. AGRAVO DE INSTRUMENTO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n TST-AIRR , em que é Agravante GENIVALDO SANTANA DO AMARAL e são Agravadas COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ - SANEPAR e ALERTA SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA LTDA. Agrava do r. despacho de fls. 197/198, originário do Tribunal Regional do Trabalho da Nona Região, que denegou seguimento ao recurso de revista interposto, sustentando, em suas razões de agravo de fls. 03/08, que o seu recurso merecia seguimento. Instrumento às fls. 09/199. Contraminuta apresentada pela primeira agravada às fls.

2 204/207. Dispensado o parecer da d. Procuradoria-Geral, nos termos do artigo 83, 2º, II, do RITST. É o relatório. V O T O Conheço do agravo de instrumento, posto que presentes os pressupostos de admissibilidade. Insurge-se o agravante, em suas razões recursais, contra o despacho que denegou seguimento ao seu recurso de revista, sustentando que logrou demonstrar violação de lei federal e de preceito constitucional, bem como divergência jurisprudencial. Em suas razões de recurso de revista, alegou que faz jus ao pagamento das horas relativas ao intervalo intrajornada não concedido. Indicou violação dos artigos 71, 3º e 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho, 7º, XXII, da Constituição Federal, contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI-1, desta Corte. Transcreveu jurisprudência. O Tribunal Regional, ao analisar o tema, deixou consignado, in verbis: -O Juízo de origem considerou válido o sistema de jornada de trabalho 12x36 praticado na empresa reclamada (fl. 111), o que não sofreu impugnações por parte do Reclamante e das Reclamadas. Por sua vez, a cláusula 33, 'c', da CCT 2007/2009 (fls verso e 105) dispõe: '33. JORNADA DE 12X36: as entidades sindicais signatárias do presente instrumento, respaldadas pela manifestação expressa das categorias por elas legalmente representadas e com apoio no art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, resolvem pactuar o regime de trabalho, em compensação de 12x36 horas, mediante as condições seguintes: (...) c) na impossibilidade de concessão do intervalo intrajornada, em face da peculiaridade do trabalho, a empresa deverá pagar o adicional da hora suprimida; (...)', norma que reputo plenamente válida e eficaz, vez que deflui da efetiva participação sindical, nos termos assegurados constitucionalmente (artigo 7º, XXVI da CF). De modo que tem razão a Reclamada no sentido de que é devido ao Reclamante apenas o adicional de horas extras incidente sobre as horas destinadas a repouso e alimentação, não fruídos pelo obreiro, impondo-se reparos ao r. julgado, no particular. Destarte, ACOLHO o recurso da 2ª reclamada, para LIMITAR o pagamento do tempo de intervalo intrajornada suprimido, ao adicional de horas extras, conforme disposto na cláusula 33, 'c' da CCT. Não se trata de inovação recursal a tese da 2ª Reclamada, consoante argumentos trazidos pelo Autor em suas contrarrazões (fl. 146), eis que consta da peça de defesa pleito no mesmo sentido (fl. 68), inclusive no tocante ao abatimento dos valores pagos sob o mesmo título (fl. 73), o que se reconhece como direito da 2ª Ré, eis que já tinha sido reconhecido anteriormente em sentença (fl. 162).

3 Restou consignado pelo Tribunal Regional, de forma expressa, a existência de cláusula de acordo coletivo, estipulando que, na impossibilidade de concessão do descanso intrajornada, ante a peculiaridade do trabalho, a empresa deverá pagar apenas o adicional da hora suprimida. O Tribunal Regional entendeu pela validade da cláusula. Entendo razoável a tese de violação ao artigo 71, 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho. Recomendável, pois, o processamento do recurso de revista, para exame da matéria veiculada em suas razões, posto que presentes os pressupostos da alínea -c- do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho. Do exposto, conheço do agravo de instrumento para dar-lhe provimento e, em consequência, determinar o processamento do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente GENIVALDO SANTANA DO AMARAL e são Recorridas COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ - SANEPAR e ALERTA SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA LTDA. O Tribunal Regional da Nona Região deu provimento ao recurso da reclamada para limitar o pagamento do tempo de intervalo intrajornada suprimido, ao adicional de horas extras, conforme disposto na cláusula 33, -c- da CCT. Dispensado o parecer da d. Procuradoria-Geral, nos termos do artigo 83, 2º, II, do RITST. V O T O Recurso tempestivo, subscrito por procurador habilitado, preparo desnecessário, adequado e cabível o que autoriza a apreciação dos seus pressupostos específicos de admissibilidade. INTERVALO INTRAJORNADA NÃO GOZADO - NORMA COLETIVA PREVENDO O PAGAMENTO APENAS DO ADICIONAL CONHECIMENTO

4 O reclamante sustenta que faz jus ao pagamento das horas relativas ao intervalo intrajornada não concedido. Indica violação dos artigos 71, 3º e 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho, 7º, XXII, da Constituição Federal, contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI- 1, desta Corte. Transcreve jurisprudência. O Tribunal Regional, ao analisar o tema, deixou consignado, in verbis: -O Juízo de origem considerou válido o sistema de jornada de trabalho 12x36 praticado na empresa reclamada (fl. 111), o que não sofreu impugnações por parte do Reclamante e das Reclamadas. Por sua vez, a cláusula 33, 'c', da CCT 2007/2009 (fls verso e 105) dispõe: '33. JORNADA DE 12X36: as entidades sindicais signatárias do presente instrumento, respaldadas pela manifestação expressa das categorias por elas legalmente representadas e com apoio no art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, resolvem pactuar o regime de trabalho, em compensação de 12x36 horas, mediante as condições seguintes: (...) c) na impossibilidade de concessão do intervalo intrajornada, em face da peculiaridade do trabalho, a empresa deverá pagar o adicional da hora suprimida; (...)', norma que reputo plenamente válida e eficaz, vez que deflui da efetiva participação sindical, nos termos assegurados constitucionalmente (artigo 7º, XXVI da CF). De modo que tem razão a Reclamada no sentido de que é devido ao Reclamante apenas o adicional de horas extras incidente sobre as horas destinadas a repouso e alimentação, não fruídos pelo obreiro, impondo-se reparos ao r. julgado, no particular. Destarte, ACOLHO o recurso da 2ª reclamada, para LIMITAR o pagamento do tempo de intervalo intrajornada suprimido, ao adicional de horas extras, conforme disposto na cláusula 33, 'c' da CCT. Não se trata de inovação recursal a tese da 2ª Reclamada, consoante argumentos trazidos pelo Autor em suas contrarrazões (fl. 146), eis que consta da peça de defesa pleito no mesmo sentido (fl. 68), inclusive no tocante ao abatimento dos valores pagos sob o mesmo título (fl. 73), o que se reconhece como direito da 2ª Ré, eis que já tinha sido reconhecido anteriormente em sentença (fl. 162). Restou consignado pelo Tribunal Regional, de forma expressa, a existência de cláusula de acordo coletivo, estipulando que, na impossibilidade de concessão do descanso intrajornada, ante a peculiaridade do trabalho, a empresa deverá pagar apenas o adicional da hora suprimida. Insta ressaltar, assim, que ao contrário do que alega o recorrente, não se trata de hipótese de supressão do intervalo intrajornada, por meio de previsão em norma coletiva. Entendo que não há como desconsiderar-se a particularidade contida no instrumento normativo pactuado entre as partes. É que a autonomia privada coletiva restou elevada a nível constitucional pela Carta Maior de 1988 (artigo 7º, inciso XXIV), e, portanto, merece ser privilegiada. Ora, como vem entendendo esta Corte trabalhista, é imprescindível prestigiar e valorizar a negociação levada a efeito pelas organizações

5 sindicais, interlocutores legítimos de empregados e empregadores, na busca de solução para os conflitos de seus interesses. A Constituição Federal está a sinalizar em seu artigo 7º, incisos VI e XXVI, que este é o caminho a ser seguido. Assim, tem-se como válida a disposição albergada na norma coletiva, diante da força negocial autônoma que a ela se encontra condicionada. E nem se invoque a inviabilidade da flexibilização do dispositivo legal em comento, pois a indenização pela não concessão ou redução do intervalo intrajornada é direito patrimonial disponível. Ilesos, portanto, os artigos 71, 3º e 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho e 7º, XXII, da Constituição Federal. Por derradeiro, não prospera a alegação de divergência jurisprudencial, eis que as decisões transcritas às fls. 188/191 das razões de revista, são inservíveis à demonstração do dissenso. A de fls. 188, a primeira de fls. 189 e a de fls. 189/190, a teor do disposto na alínea -a- do art. 896 da Consolidação das Leis do Trabalho, porque originárias de Turma desta Corte. As demais, porquanto inespecíficas, eis que tratam da invalidade de instrumento coletivo prevendo a redução do intervalo intrajornada, enquanto que na hipótese dos autos o que se discute é a validade de cláusula de acordo coletivo, estipulando que, na impossibilidade de concessão do descanso intrajornada, ante a peculiaridade do trabalho, a empresa deverá pagar apenas o adicional da hora suprimida. Aplicabilidade da Súmula n 296 desta Corte. Do exposto, não conheço do recurso de revista. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento para destrancar o recurso de revista. Por maioria, não conhecer do recurso de revista. Vencido o Exmo. Ministro José Roberto Freire Pimenta. Brasília, 09 de fevereiro de Firmado por assinatura digital (MP /2001) Renato de Lacerda Paiva Ministro Relator fls.

6 PROCESSO Nº TST-RR Firmado por assinatura digital em 11/02/2011 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP /2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.!